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AULA 1 FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO E FLUXO DE CAIXA Prof. Francisco de Oliveira Cruz Granatto 02 CONVERSA INICIAL O curso de MBA (Master in Business Administration) tem o intuito de promover reflexão, debate e aprimoramento de conteúdos teórico-práticos gerenciais e administrativos. Quando direcionado à área de Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria, deve proporcionar conteúdo e ferramentas para a alavancagem do desempenho profissional e organizacional. Com base nesse preceito, a disciplina de Financiamento do Capital de Giro e Fluxo de Caixa é estruturada em seis aulas segmentadas, abordando assuntos de relevância para o tema. • Aula 01 – Conceitos Básicos de Financiamento de Capital de Giro; • Aula 02 – Prazos Médios; • Aula 03 – Ciclometria; • Aula 04 – Fluxo de Caixa; • Aula 05 – Ativos e Passivos: Financeiros e Operacionais; • Aula 06 – Gestão do Capital de Giro. Desta forma, a presente aula versará sobre os Conceitos Básicos de Financiamento de Capital de Giro, momento este em que iniciaremos o estudo sobre temas que proporcionarão o embasamento teórico relacionado ao tema. Tenha uma excelente aula! CONTEXTUALIZANDO O universo competitivo no qual hoje em dia as empresas se encontram promove uma espécie de seleção natural, nos moldes da teoria de Darwin. Apenas os mais aptos tendem a sobreviver em um cenário de alta especialização e concorrência, impactando diretamente na saúde financeira e emocional das entidades. Em virtude disso, os resultados obtidos, em sua grande maioria, são considerados justos quando analisados pelo viés dos proprietários, que, muitas vezes, não conseguem ter margem para manter sua operação. A única saída obtida pelas empresas é buscar capital para a manutenção de suas operações e, assim, continuar em atividade, porém os custos desses 03 valores na sua maioria são exorbitantes. Isso força o empresário a estudar as possibilidades e benefícios que cada opção acarretará à empresa. TEMA 1 – CAPITAL DE GIRO Quando o intuito é conhecer o tema Financiamento de Capital de Giro, é imprescindível que o seu início percorra alguns caminhos já estudados, principalmente na sua base conceitual. Para isso, é preciso relembrar o conceito de Capital de Giro. Sabe-se que, para o funcionamento de uma empresa, é preciso uma construção do seu capital, que normalmente vislumbramos no seu ativo empresarial. Ele é composto por recursos que possuem renovação lenta, antigamente conhecidos como ativo permanente, e recursos que possuem um ciclo de renovação rápida, conhecidos como ativo circulante. Quadro 1 – Ativos empresariais Renovação Rápida Renovação Lenta • Dinheiro • Créditos • Estoques • Imóveis • Máquinas • Equipamentos O Capital de Giro representa o conjunto de valores para a empresa girar o seu negócio, ou seja, é considerado o ativo circulante que promove a operacionalização diária das atividades da empresa. 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝑮𝑮𝑪𝑪𝑮𝑮𝑮𝑮 = 𝑨𝑨𝑪𝑪𝑪𝑪𝑨𝑨𝑮𝑮 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅 O ativo circulante é composto por diversas contas: • Disponibilidades: caixa, bancos, títulos para negociação imediata; • Valores a receber em curto prazo: clientes; • Estoques; • Despesas Antecipadas. São itens de fácil conversão em moeda corrente e normalmente possuem prazo de realização de no máximo até o final do próximo exercício. Esse fator (tempo de conversão) é um diferencial no enquadramento do ativo no conceito de capital de giro, e será visto adiante quando estudarmos o tema ciclometria. 04 O ponto estrutural para o ativo circulante (capital de giro) está sedimentado nas disponibilidades, pois é com a utilização delas que a empresa compra matérias-primas e produtos para revenda, além de desenvolver as suas atividades. Retornando à estruturação do balanço patrimonial, na Figura 1 temos, do lado esquerdo, os bens e direitos, e, do lado direito, nossas obrigações. Sabe- se que esses bens e direitos são financiados pelo lado direito, no qual temos o capital próprio (patrimônio líquido) e o capital de terceiros (passivo circulante e não circulante). Normalmente, as empresas buscam recursos de curto prazo com o intuito de financiar as atividades de curto prazo, pois essa relação influencia diretamente os indicadores de liquidez. O ideal é que a empresa possua capital de giro suficiente para cobrir suas obrigações (passivo circulante), caso contrário, será necessário buscar capital para sustentar a operação. Quando a empresa possui recursos excedentes às suas necessidades, chamamos de Capital Circulante Líquido ou Capital de Giro Líquido. Figura 1 – Estruturação do Balanço Patrimonial Ativo Circulante (AC) Realizável a Longo Prazo (RLP) Ativo Permanente Passivo Circulante (PC) Exigível Longo Prazo (ELP) Patrimônio Líquido (PL) CCL = CGL = Ativo Circulante - Passivo Circulante • CCL = Capital Circulante Líquido; • CGL = Capital de Giro Líquido. Quando o ativo circulante é maior que o passivo circulante, temos uma situação de liquidez positiva, ou seja, a empresa tem capacidade de pagamento de suas contas. Caso o ativo circulante seja menor que o passivo circulante, tempos um Capital de Giro Líquido negativo. 05 TEMA 2 – CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO O Capital de Giro Líquido, também chamado de Capital Circulante Líquido, por definição é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante. Capital Circulante Líquido = Capital de Giro Líquido Capital Circulante Líquido = Ativo Circulante - Passivo Circulante Capital de Giro Líquido = Ativo Circulante - Passivo Circulante Esse indicador representa a liquidez da empresa, ou seja, reflete a capacidade de pagamento de suas contas, ou, como alguns autores gostam de defender, a capacidade da empresa de gerenciar a relação entre fornecedores e clientes com base nas atividades principais e complementares. O grande desafio está na gestão financeira de curto prazo, administrando cada item que compõe o ativo circulante com o intuito de maximizar o lucro e minimizar o risco da atividade. O Capital de Giro Líquido representa a quantia de capital que sobra em relação às obrigações de curto prazo, porém, como já sabemos, os bens e direitos são proporcionados com base no capital próprio e de terceiros. Um CCL/CGL positivo demonstra que parte desse capital de giro é proporcionado pelo passivo circulante de longo prazo (capital de terceiros) ou até mesmo pelo capital próprio. Isso demonstra que a necessidade da empresa se encontra superestimada. Caso o CCL/CGL encontre-se negativo, isso demonstra que as obrigações de curto prazo superam o valor das disponibilidades. Embora o primeiro impacto a ser percebido seja de que a empresa não tem como pagar suas obrigações a curto prazo, também é identificado que estas obrigações financiam os ativos permanentes, o que é um risco para empresa, pois o retorno do ativo permanente é considerado lento. É claro que o método para chegar aos valores do Capital de Giro Líquido passa por uma simples operação matemática de subtração. Em virtude disso, é reforçada a importância da análise por um profissional capacitado, com a finalidade de destrinchar as informações fornecidas pela Contabilidade. 06 Figura 2 – Exemplo de análise da composição do passivo de uma empresa em 2011 07 Figura 3 – Exemplo de análise da composição do passivo de uma empresa em 2012 TEMA 3 – INDICADORES DE LIQUIDEZ Conforme Assaf Neto (2010), os indicadores de liquidez são propostos na capacidade de pagamento das obrigações, levando em consideração contas, bens e direitos de curto prazo. Diretamente relacionados ao capital de giro, elenca- se três indicadores. 1. Indicador de liquidez corrente O indicador de liquidez corrente assinala quanto existe de ativo circulante para cadaR$ 1,00 (um real) de obrigação a curto prazo. Esse índice demonstra a capacidade de conversão de bens em moeda. Embora o equilíbrio das contas seja 08 encontrado na relação 1:1, Padoveze (2000) entende que o índice pode ser considerado ótimo se for mantido acima de 1,50. Esse gap demonstra capital de giro proporcionado por capitais de terceiros de longo prazo ou capital próprio. É calculado da seguinte forma: 𝑳𝑳𝑪𝑪𝑳𝑳𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅𝒅𝒅𝑳𝑳 𝑪𝑪𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝒅𝒅𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅 = 𝑨𝑨𝑪𝑪𝑪𝑪𝑨𝑨𝑮𝑮 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅 𝑷𝑷𝑪𝑪𝑷𝑷𝑷𝑷𝑪𝑪𝑨𝑨𝑮𝑮 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅 Gráfico 1 – Índice de liquidez corrente de uma empresa 2. Indicador de liquidez seca O indicador de liquidez seca designa quanto existe de ativo circulante para cada R$ 1,00 (um real). Porém, diferente do indicador de liquidez corrente, desconsidera os valores pertencentes às contas de estoque e despesas antecipadas. A justificativa para exclusão dessas contas está na questão de que o estoque não é convertido em disponibilidade imediatamente (primeiro é alocado na conta clientes). Já as despesas antecipadas não representam despesas do exercício, logo, não podem ser consideradas. A liquidez seca é calculada da seguinte forma. 𝑳𝑳𝑪𝑪𝑳𝑳𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅𝒅𝒅𝑳𝑳 𝑺𝑺𝒅𝒅𝑪𝑪𝑪𝑪 = 𝑨𝑨𝑪𝑪𝑪𝑪𝑨𝑨𝑮𝑮 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅 − 𝑬𝑬𝑷𝑷𝑪𝑪𝑮𝑮𝑳𝑳𝑪𝑪𝒅𝒅𝑷𝑷 − 𝑫𝑫𝒅𝒅𝑷𝑷𝑪𝑪𝒅𝒅𝑷𝑷𝑪𝑪𝑷𝑷 𝑨𝑨𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅𝑪𝑪𝑷𝑷 𝑷𝑷𝑪𝑪𝑷𝑷𝑷𝑷𝑪𝑪𝑨𝑨𝑮𝑮 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅 09 Gráfico 2 – Índice de liquidez seca de uma empresa 3. Indicador de liquidez imediata O indicador de liquidez imediata demonstra uma relação direta entre o que a empresa possui de disponibilidades e as suas obrigações de curto prazo. Esse indicador se difere dos outros por considerar apenas as contas de disponibilidade. Segundo Assaf Neto (2010), o quociente tende a ter valores menores devido à falta de interesse das empresas em dispor de recursos monetários em caixa, visto que a rentabilidade desse ativo é irrisória. A liquidez imediata é calculada com a seguinte fórmula: 𝑳𝑳𝑪𝑪𝑳𝑳𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅𝒅𝒅𝑳𝑳 𝑰𝑰𝑰𝑰𝒅𝒅𝒅𝒅𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪 = 𝑫𝑫𝑪𝑪𝑷𝑷𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪í𝑨𝑨𝒅𝒅𝑪𝑪 𝑷𝑷𝑪𝑪𝑷𝑷𝑷𝑷𝑪𝑪𝑨𝑨𝑮𝑮 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅 010 Gráfico 3 – Indicador de liquidez imediata de uma empresa TEMA 4 – INDICADORES DE PARTICIPAÇÃO A importância da criação de indicadores é pautada justamente na necessidade de compartilhar informações relevantes com os colaboradores envolvidos na atividade empresarial. O conceito base para o entendimento dos indicadores de participação é a já conhecida análise vertical. A análise vertical consiste em comparar um dos elementos de uma demonstração financeira, relacionando-o ao total do grupo em que se encontra. Quadro 2 – Conceitos de análise vertical PADOVEZE ASSAF NETO “A análise vertical é a análise da estrutura da demonstração de resultados e do balanço patrimonial, buscando evidenciar as participações dos elementos patrimoniais e de resultados dentro do total.” “A análise vertical é um comparativo em percentual de um componente a seu grupo dentro da demonstração contábil.” Fonte: Adaptado de Padoveze (2000) e Assaf Neto (2002). 𝑵𝑵ú𝑰𝑰𝒅𝒅𝑮𝑮𝑮𝑮 − í𝑪𝑪𝒅𝒅𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅 = 𝑽𝑽𝑽𝑽 𝑽𝑽𝑽𝑽 × 𝑽𝑽𝟏𝟏𝟏𝟏 Onde: • V1: Valor contábil da conta; • VR: Valor contábil de referência. 011 4.1 Participação das disponibilidades Quando existe o interesse em demonstrar a participação das disponibilidades financeiras, é necessária a comparação com o total do capital de giro. 𝑷𝑷𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪çã𝑮𝑮 𝒅𝒅𝑪𝑪𝑷𝑷 𝑫𝑫𝑪𝑪𝑷𝑷𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑫𝑫𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅𝑪𝑪𝒅𝒅𝒅𝒅𝑷𝑷 = 𝑫𝑫𝑪𝑪𝑷𝑷𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑫𝑫𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅𝑪𝑪𝒅𝒅𝒅𝒅𝑷𝑷 𝑨𝑨𝑪𝑪𝑪𝑪𝑨𝑨𝑮𝑮 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅 Cabe ressaltar que o cálculo da participação das disponibilidades é dependente do procedimento de reclassificação das contas contábeis, visto que é preciso identificar e classificar as contas que compõem o ativo circulante para definir realmente o que pode ser considerado disponibilidade. As contas mais comuns envolvem caixa, bancos, aplicações financeiras de curto prazo. 4.2 Participação de clientes Embora na grande maioria das empresas não receba a devida importância, a conta de Clientes (Contas a Receber) é uma das principais responsáveis por consolidar o perfil empresarial. 𝑷𝑷𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪çã𝑮𝑮 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅𝑷𝑷 = 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅𝑷𝑷 𝑨𝑨𝑪𝑪𝑪𝑪𝑨𝑨𝑮𝑮 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅 Quando a entidade demonstra um alto índice de participação de clientes, significa que é realizada a política agressiva de concessão de crédito comercial. Um dos principais impactos está relacionado à possibilidade de inadimplência. 4.3 Participação dos estoques Sabe-se que o estoque representa a oportunidade de negócios para a empresa. Sua relação com o capital de giro, assim como a conta de Clientes, deixa transparecer a gestão empresarial. 𝑷𝑷𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪çã𝑮𝑮 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝑬𝑬𝑷𝑷𝑪𝑪𝑮𝑮𝑳𝑳𝑪𝑪𝒅𝒅𝑷𝑷 = 𝑬𝑬𝑷𝑷𝑪𝑪𝑮𝑮𝑳𝑳𝑪𝑪𝒅𝒅𝑷𝑷 𝑨𝑨𝑪𝑪𝑪𝑪𝑨𝑨𝑮𝑮 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅 Altos índices podem demonstrar um acompanhamento ciclométrico deficiente. 012 TEMA 5 – OUTROS CONCEITOS SOBRE CAPITAL DE GIRO O universo que compõe o assunto Capital de Giro é enorme e, em virtude disto, diversos temas aparecem em seu estudo. O Financiamento do Capital de Giro é um ponto de alta relevância para entendermos a realidade da empresa. O índice de financiamento pode ser um indicador válido para a equipe da gestão, simplesmente pelo fato de que normalmente o capital de giro é suportado por empréstimos e financiamentos bancários. Í𝑪𝑪𝒅𝒅𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝑭𝑭𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑰𝑰𝒅𝒅𝑪𝑪𝑪𝑪𝑮𝑮 = 𝑬𝑬𝑰𝑰𝑪𝑪𝑮𝑮é𝑷𝑷𝑪𝑪𝑪𝑪𝑰𝑰𝑮𝑮𝑷𝑷+ 𝑭𝑭𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑰𝑰𝒅𝒅𝑪𝑪𝑪𝑪𝑮𝑮𝑷𝑷 + 𝑬𝑬𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑮𝑮𝑬𝑬𝑮𝑮𝑷𝑷 𝑨𝑨𝑪𝑪𝑪𝑪𝑨𝑨𝑮𝑮 𝑪𝑪𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝒅𝒅 Ter um índice de financiamento consideravelmente baixo representa que o Capital de Giro é suportado por capital próprio ou fornecedores, ou seja, com linhas de crédito bancário reduzidas. 5.1 Necessidade de Capital de Giro Uma gestão empresarial eficiente deve conhecer a sua atividade a fundo e reconhecer a necessidade de Capital de Giro, pois a alocação de recursos ineficiente pode levar ao desperdício de recursos financeiros. Como assim? Um Capital de Giro elevado (acima do necessário) demonstra a falta de conhecimento sobre a atividade e as necessidades da organização, além de que esse capital poderia ser aplicado em outros ativos da empresa. Um Capital de Giro baixo (abaixo do necessário) também demonstra uma falha no processo de gestão, pelo fato essa necessidade não ser reconhecida, o que, por consequência, restringirá a operação empresarial. É obvio que os valores relativos à necessidade de Capital de Giro são estimados, mas existem diversas ferramentas que podem servir de apoio para o seu cálculo, como o orçamento. A partir disso, a necessidade de capital de giro normalmente é estimada com base no ciclo financeiro ou nos demonstrativos contábeis. 5.1.1 Com base no Ciclo Financeiro: Realizar a estimativa do Capital de Giro com base no Ciclo Financeiro é a forma escolhida pelas empresas no início das suas atividades, pois não possuem demonstrativos contábeis. É um método bem interessante, pois cria a possibilidade de reconhecimento da necessidade de valores no chamado caixa 013 operacional. É uma forma simples, porém muito efetiva, de estimativa e demanda um conhecimento da ciclometria empresarial. Este assunto seráabordado mais para a frente. 5.1.2 Com base no Balanço Patrimonial: No momento em que decidimos utilizar as demonstrações contábeis como fonte para a elaboração da necessidade de Capital de Giro, o estudo toma a base do conteúdo inicial desta aula. A construção dos valores das contas contábeis possui algumas características específicas, como podemos entender sobre o conceito de contas flutuantes. As contas flutuantes ou transitórias, apesar de comporem ativo e passivo circulantes, não necessariamente representam uma necessidade empresarial de capital de giro. Retornamos neste ponto ao entendimento da relevância de realizar a reclassificação das contas contábeis, para que aí possam ser consideradas corretamente. Para isso, defende-se a seguinte classificação: Quadro 3 – Contas contábeis Ativo permanente: Formado pelos itens de longo prazo do ativo. Ex.: realizável a longo prazo, investimento, imobilizado. Passivo permanente: Formado pelos itens de longo prazo no passivo e recursos próprios. Ativo operacional: Representa os recursos utilizados nas operações da empresa que dependem das características do ciclo operacional. Ex.: clientes, estoques. Passivo operacional: Representa as contas vinculadas ao ciclo operacional. Ex.: fornecedores, salários. Ativo flutuante: Corresponde aos itens de curtíssimo prazo e de natureza transitória. Ex.: caixa, bancos. Passivo flutuante: Corresponde ao curtíssimo prazo do passivo que não tem vínculo direto com a operação empresarial. Fonte: Adaptado de Lima (S.d.). 𝑵𝑵𝑪𝑪𝑮𝑮 = 𝑨𝑨𝑪𝑪𝑪𝑪𝑨𝑨𝑮𝑮 𝑶𝑶𝑪𝑪𝒅𝒅𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪 − 𝑷𝑷𝑪𝑪𝑷𝑷𝑷𝑷𝑪𝑪𝑨𝑨𝑮𝑮 𝑶𝑶𝑪𝑪𝒅𝒅𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑮𝑮𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪𝑪 014 FINALIZANDO A evolução do mercado proporcionou um ambiente de concorrência hostil e fez com que as empresas buscassem cada vez mais a eficiência nas suas atividades, pois, nos últimos anos, salvo raras exceções, o mercado determina o preço do produto e cabe às empresas reduzirem seus custos. Com base nesse cenário, a disponibilidade de recursos tornou-se restrita e demandou um aperfeiçoamento do processo de gestão, a fim de evitar maiores desperdícios. Assim como a importância da área de custos, a gestão dos recursos disponíveis é um diferencial para obtenção do sucesso empresarial, visto que, se realizada corretamente, pode ser um fator de alavancagem. 015 REFERÊNCIAS ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico- financeiro. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002. _____. _____. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000. _____. _____. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. _____. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003. _____.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. São Paulo: Atlas, 2002. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. _____. _____. 10. ed. São Paulo: Pearson, 2004. LIMA, E. B. Capital de giro. Revista CADE, Rio de Janeiro, n. 7, S.d. Disponível em: <https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&cad =rja&uact=8&ved=0ahUKEwicqvHD- tLYAhWN8oMKHXEDBFEQFggwMAE&url=http%3A%2F%2Fwww.mackenzie.br %2Ffileadmin%2FFMJRJ%2Fcoordenadoria_pesq%2FRevista_CADE%2FCADE _7%2Fgiro.doc&usg=AOvVaw0AVgv31y9asPhr5S_tbwRz>. Acesso em: 12 jan. 2018. PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.