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Aula 6 - Dermatologia Isabelle L. Doença autoimune, de grande complexidade clínica e que cursa com lesões cutâneas localizadas ou generalizadas. Podemos ter lesões puramente cutâneas, que é o lúpus eritematoso cutâneo e, lesões cutâneas como parte das manifestações clínicas do lúpus eritematoso sistêmico O lúpus eritematoso cutâneo pode ser dividido desta forma: - Lúpus Eritematoso Cutâneo Crônico (Lupus eritematoso discoide - LED) - Lúpus Eritematoso Cutâneo Subagudo - Lúpus Eritematoso Cutâneo Agudo (LES) ETIOPATOGENIA - Radiação Ultravioleta - Apoptose de queratinócitos - Liberação de Citocinas - Hiperatividade de Células B - Ativação de linfócitos T e células dendríticas - Apresenta 5 variantes: o lúpus eritematoso discóide, a paniculite lúpica, o lúpus eritematoso hipertrófico, a perniose lúpica e o lúpus túmido. LUPUS ERITEMATOSO DISCOIDE (LED) - Variante mais comum, atinge mais mulheres após a quarta década de vida. - Se manifesta com pápulas ou placas, eritematosas, com atrófica central e descamação. As localizações mais frequentes são malar, nariz, pavilhão auricular, couro cabeludo, colo e braços. - Pode haver lesões disseminadas e nestes casos pode haver sintomas sistêmicos, como febre, artralgia e, isto pode indicar uma transgressão para a forma sistêmica da doença. Aula 6 - Dermatologia Isabelle L. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Rosácea - Psoríase - Dermatite Seborreica - Alopecia areata, alopecia por esclerodermia DIAGNÓSTICO - Quadro clínico - Histopatológico-Não distingue o subtipo. - Imunofluorescência direta com depósito na ZBM de IgA, IgG, IgM e complemento. - Exames laboratoriais em geral são negativos, quando temos anti-DNA nativo e dupla hélice positivos devemos pensar em disseminação para forma sistêmica da doença e são indicativos de nefrite lúpica. TRATAMENTO - Evitar exposição ao sol e usar fotoprotetor. - Suspender o tabagismo por interferir no tratamento e favorecer evolução para a forma sistêmica. - Corticóides tópicos de alta potência ou infiltração intralesional. - Inibidores da Calcineurina - Hidroxicloroquina: droga de escolha, tem que suspender tabagismo, fazer exame oftalmológico de controle, hemograma e função hepática e renal - Methotrexate, azatioprina, talidomida, dapsona - Acomete mais mulheres jovens e, tem participação dos antígenos de histocompatibilidade HLA-B8 E HLA- DR3 e, costuma ser a forma clinica mais comum do lúpus induzido por drogas. - Em quase 50% há evolução para lúpus sistêmico, porém sem lesões renais muito graves e sem alterações do SNC. Anti Ro costuma ser positivo e sua antigenicidade pode ser ativada pela radiação ultravioleta, permitindo a liberação de mediadores inflamatórios pelos queratinócitos e células de Langerhans. - Forma mais comum de lúpus por drogas, pode evoluir para lúpus eritematoso sistêmico (pedir PCR, VHS, hemograma, creatinina, FAN, anti Ro) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - São pápulas e placas eritematosas, com descamação na periferia ou lesões anulares, que podem assumir aspecto em íris e ter bolhas na periferia. As lesões acometem mais troncos e membros superiores. - O quadro evolui em surtos, podendo deixar áreas com hipocromia ou acromia, porém sem atrofia. Aula 6 - Dermatologia Isabelle L. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Psoríase - Dermatite seborreica - Vitiligo - Farmacodermia - Dermatomiosite - Eritema multiforme – lembrando que um quadro de lúpus pode iniciar com eritema multiforme também. DIAGNÓSTICO - Quadro clínico - Histopatológico - Imunofluorescência Direta - FAN, anti-Ro/SSA, anti-La/SSB, anti-Sm e anti-RNP. devem ser pesquisados, sendo que o FAN é positivo em cerca de 70% dos casos e, corresponde à presença do anticorpo anti-Ro/SSA. - Evitar exposição ao sol e usar fotoprotetor. TRATAMENTO - Suspender o tabagismo por interferir no tratamento e favorecer evolução para a forma sistêmica. - Corticóides tópicos de alta potência ou infiltração intralesional. - Inibidores da calcineurina - Hidroxicloroquina: droga de escolha, tem que suspender tabagismo, fazer exame oftalmológico de controle, hemograma e função hepática e renal - Methotrexate, azatioprina, talidomida, dapsona - O lúpus eritematoso cutâneo agudo ocorre no lúpus sistêmico em atividade e, é um sinal importante para diagnóstico da doença. - A lesão característica é a placa eritematosa em asa de borboleta em face. - Pode haver também lesões em tronco e membros superiores evidenciando o importante fenômeno de fotosensibilidade. - É raro porém o quadro pode cursar com bolhas, simulando os pênfigos e o eritema multiforme major. Aula 6 - Dermatologia Isabelle L. - Pode se manifestar como o lúpus eritematoso cutâneo crônico, agudo ou subagudo. - Quando se manifesta como lúpus sistêmico exibe o auto-anticorpo anti- histona em 70% dos casos e tende a evoluir com um quadro benigno. MEDICAMENTOS QUE PODEM INDUZIR O LÚPUS - LÚPUS ERITEMATOSO CUTÂNEO SUBAGUDO o Captopril, fenitoína, hidroxicloroquina, griseofulvina, terbinafina, tetraciclina, diltiazen, nifedipina, tamoxifeno, docetaxel, naproxena, piroxicam, omeprazol, gliburida, hidroclorotiazida - LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO o Hidralazina, isoniazida, pravastatina, sinvastatina, minociclina, procainamida, etanercept, infliximabe. - Doença que se caracteriza por acometimento da pele e dos músculos estriados. Ocorre mais em mulheres (2:1), entre 45 e 65 anos e em crianças entre 5 e 14 anos de idade. Pode estar associada a medicamentos e a neoplasias. Associada a CA de ovário ETIOPATOGENIA - Doença autoimune, a etiopatogenia não é totalmente esclarecida, mas é provável que a doença seja causada por uma microvasculopatia, mediada por complemento, que ataca as membranas na junção dermoepidérmica, vasos da derme e músculos, causando isquemia. - Há envolvimentos de células T CD4, células B, células dendríticas, macrófagos e monócitos no processo inflamatório. Existe a participação dos antígenos de histocompatibilidade. - Dermatomiosite por drogas – HLA – B8 – zidovudina, estatinas, colchicina, voriconazol, glicocorticóides. - Dermatomiosite juvenil – HLA-DR3 e HLA- DQAI. - Tem participação das radiações ultravioletas, induzindo a cascata do interferon e das interleucinas. - Infecções virais podem estar envolvidas, principalmente o HIV, hepatite B, HTLV, coxsackie, toxoplasmose e influenza A. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Em mais de 50% dos casos as lesões dermatológicas precedem a fraqueza muscular e estas precedem as lesões cutâneas em apenas 16% dos casos. - O quadro característico é um eritema róseo violáceo em face, principalmente em pálpebras, mas também atingindo malar, fronte e têmporas – eritema heliotrópico. É comum o edema de pálpebras. - As lesões patognomônicas são as pápulas de Gotron (70% dos casos). - As lesões características são as telangiectasias periungueais, heliotropo, o sinal do xale e a mão de mecânico. Aula 6 - Dermatologia Isabelle L. - As lesões compatíveis são a poiquilodermia vascular atrofiante e a calcinose. - Muitas vezes as lesões podem ser fugazes, sendo evidenciadas por eritema nodoso e eritema intermitente na face. - Prurido em couro cabeludo é relatado. - A calcinose é comum na dermatomiosite juvenil - Há flacidez e fraqueza dos músculos da porção proximal dos membros (não consegue pentear cabelo, levantar da cadeira), cintura escapular e pélvica, da faringe e língua. - Febre e mal estar geral são frequentemente relatados. Pode haver comprometimento pulmonar, cardíaco, renal, do intestino delgado, disfagia e dispneia.- Na dermatomiosite associada a neoplasias o início é brusco e as manifestações cutâneas são bastante floridas, podendo haver ulcerações e necroses. - Quando não há manifestações cutâneas a doença é denominada polimiosite. Em 10% dos casos pode não existir a miopatia, sendo chamada forma amiopática. Sinal do heliotropo Mão de mecânico Pápulas de Gotron Sinal de xale Telangiectasia periungueais Aula 6 - Dermatologia Isabelle L. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Lúpus eritematoso - Farmacodermias - Fotossensibilidade - Fotoalergia CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS - Alterações cutâneas típicas: Gotron, heliotropo, sinal do xale. - 2 – perda de força muscular proximal simétrica, disfagia e dispneia. - Elevação das enzimas musculares, DHL, CPK, TGO. - Eletromiografia característica - Biópsia da musculatura acometida com alterações características. Se houver: - 2 alterações – possível - 3 alterações – provável - 4 alterações – definido TRATAMENTO Prednisolona Rituximabe, anakinra, abatacepte e sifalimumabe Fisioterapia Sempre diante de dermatomiosite investigar neoplasias: - Ovários - Pulmão - Mamas - Colo - Reto - Estomago - Pâncreas - Doença que se manifesta por esclerose cutânea e um amplo espectro de doenças sistêmicas. - A etiologia é desconhecida, tendo relato de envolvimento com infecções bacterianas e virais, contato com substância como sílica e cloreto de polivinil e, a participação dos antígenos de histocompatibilidade. - Há anormalidades vasculares e do metabolismo do colágeno que estão implicação nas alterações autoimunes. CLASSIFICAÇÃO A esclerodermia localizada é classificada em: Morféia em placa - Atrofodermia de pasini e Pierini - Gutata - Queloideana - Placas – clássica Morféia generalizada Morféia bolhosa Morféia linear - Golpe de sabre - Esclerodermia linear - Hemiatrofia facial progressiva Morféia profunda - Fasciite eosinofílica - Profunda - Subcutânea - Panesclerótica da infância MORFEIA EM PLACAS É a forma mais comum, caracterizada por lesões placares, ovais ou arredondadas, cor branco nácar, brilhantes, delimitadas e localizadas mais em tronco e porção proximal dos membros. Nas fases iniciais é possível observar um halo circunscrevendo as lesões. MORFEIA GENERALIZADA É a variante cutânea mais grave, mais comum em mulheres. Encontra-se placas mal definidas, disseminadas, espessas e pigmentadas, aderidas a planos profundos, com evolução rápida. Aula 6 - Dermatologia Isabelle L. Pode haver esclerose dos dedos, manifestações musculoarticulares e contraturas em flexão das articulações. A face geralmente é poupada. Não costumam apresentar ulcerações, reabsorção das falanges ou fenômeno de Raynaud. Esclerodermia golpe de sabre DIAGNÓSTICO - Quadro clínico - Anamnese detalhada - Histopatológico - Pesquisa de autoanticorpos - Na esclerodermia generalizada como pode haver comprometimento de pulmão, esôfago, rins e coração estes órgãos devem ser investigados na vigência desta forma clínica. TRATAMENTO - Cuidados locais com emolientes e fotoproteção. - Lesões localizadas- calcipotriol, tacrolimo tópico, corticoides tópicos sob oclusão ou intralesionais. - Lesões extensas – fototerapia, corticoides sistêmicos. - Lesões com envolvimento de planos profundos- methotrexate e corticóides sistêmicos e ciclosporina. ESCLERODERMIA SISTEMICA MANIFESTAÇÕES CUTANEAS - Infiltração e esclerose da pele, que se torna endurecida de aderida a planos profundos, iniciando-se no tronco e com envolvimento visceral precoce. - O Fenômeno de Raynaud está presente, assim como esclerodactilia, calcinose cutânea, ulceração e gangrena de extremidades. - Pode ocorrer o desaparecimento da mimica facial com microstomia. - Existe um variante chamada CREST (Calcinose, Raynaud, hipomotilidade esofágica, esclerodactilia e telangiectasia), uma das suas primeiras manifestações é o edema das mãos e pés, caracterizando os dedos em salsicha, que evolui com endurecimento e limitação do movimento. - A evolução é prolongada, mas em geral benigna. É considerada uma forma intermediária. Aula 6 - Dermatologia Isabelle L. - Ocorre em mulheres, após quarta década de vida e se caracteriza por queratoconjuntivite seca e xerostomia, em geral associada a artrite, mas também pode ser lúpus, dermatomiosite e linfoma. - Há secura da cavidade oral, dificultando ingesta de alimentos. - A queratoconjuntivite leva a fotofobia, prurido, sensação de corpo estranho nos olhos com diminuição ou ausência de lágrimas. - O tratamento é sintomático de acordo com a doença associada.
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