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Introdução O lúpus eritematoso é uma doença auto-imune do tecido conjuntivo que reúne manifestações exclusivamente cutâneas ou multissistêmicas, podendo apresentar exuberância de auto-anticorpos. Caracterizada pela produção de auto-anticorpos contra vários constituintes celulares. A pele é um dos órgãos alvo afetados de forma mais variável pela doença. O LEC é um protótipo de uma colagenose, é uma doença autoimune de tecido conjuntivo, e ela representa um grupo de outras doenças autoimunes como a dermatomiosite, esclerodermia, artrite reumatoide, doença de Sjogren, doença mista do tecido conjuntivo e outras tantas. O lúpus é a mais representativa e mais comum das doenças do colágeno na pele, tem uma frequência relativamente maior que as outras doenças do colágeno (em relação à pele). É subdivido em: o Cutâneo LEC – LECA agudo, LCES Subagudo, LECC Crônico (4 tipos) só acomete a pele o Sistêmico LES (engloba cutâneo + sistêmico) tem períodos de exacerbação e acalmaria e se caracteriza por um comprometimento sistêmico (Afeta a pele, as articulações, os rins, o SNC e principalmente caracteriza-se pela presença de autoanticorpos), + comum Epidemiologia Universal; Todas as faixas etárias; Mais frequente em mulheres entre a segunda e quarta décadas de vida; Ocorrência familiar: 4,4%; Brasil, 1 caso/361 consultas novas; Literatura inglesa: mais frequente nos afro-caribenhos; Prevalência do LECC (crônico) nos EUA: 73/100 mil. As lesões cutâneas do lúpus eritematoso são polimorfas e podem ser específicas ou inespecíficas A expressão lúpus eritematoso cutâneo é aplicada a pacientes com lesões cutâneas produzidas pelo lúpus eritematoso, independentemente de o comprometimento ser exclusivamente cutâneo ou parte de uma doença sistêmica Fatores desencadeantes Exposição UVA/UVB Frio Calor Drogas: captopril, fenitoína, cloroquina, nifedipina, piroxicam, omeprazol Infecções Queimaduras químicas Cicatrizes Traumas (fenômeno de Koebner, o mesmo que pertence o líquen plano, psoríase e vitiligo) Etiologia Desconhecida Provável interação de fatores Predisposição genética; Fatores ambientais (ex.: exposição UV); Fatores hormonais com anticorpos; Induzido por drogas Patogenia UV pode ser o gatilho que inicia uma sequência de reações na pele; UV é o indutor do lúpus, porém a indução não é instantânea, imediata, ocorre após 2 a 3 semanas após a exposição (reação tardia) e ocorre→ Produção de citocinas, apoptose e necrose; Ativação de linfócitos T auto-imunes e plasmócitos → interferon alfa; Quimiotaxia de leucócitos. A pessoa tem que ter uma predisposição ao lúpus, alguns têm a predisposição genética, outros induzidos por drogas e aqui o mais comum deles que é o induzido por ultravioleta. Então a pessoa que tem predisposição ao lúpus, se expõe ao sol e o sol atua como fator desencadeante, começando a mexer no processo de produção de citocinas, ativação de linfócitos t e plasmócitos, produção de interferonalfa e quimiotaxia de leucócitos. Às vezes uma droga também demora um tempo para induzir lúpus, assim como a exposição ao frio e outros fatores como uma infecção. Normalmente a pessoa já se curou da infecção, seja uma amigdalite, sinusite ou faringite e depois de 2-3 semanas desenvolve o lúpus. Porém, em boa parte dos casos, não fica claro qual foi o fator desencadeante. Clínica Localizado: “asa de borboleta” na face Generalizado: rash máculo-papuloso (generalizado) Esta forma representa lesões cutâneas da doença sistêmica (lúpus eritematoso sistêmico). Clínica Erupção eritematosa simétrica de máculas (não enduradas) e pápulas que, posteriormente, desenvolvem finas escamas. Mais comum em mulheres jovens e de meia-idade. Formas induzidas por drogas: em ambos os sexos e em idade mais tardia. Formas Clínicas Lúpus discoide (LED): subtipo + comum dos LECC; Paniculite lúpica (lupus profundo) Lúpus túmido Lúpus pérnio Importante analisar o aspecto da lesão e sua localização 1.Paniculite lúpica (lupus profundo) É quando o lúpus atinge o panículo adiposo Nódulos firmes deprimidos comprometendo a derme e subcutâneo Depressões devido a perda do tecido hipodérmico 2.Lúpus túmido Placas eritematosas urticariformes e profundas; Subtipo de maior fotossensibilidade Poder ter muita influência da exposição a UV – muita fotossensibilidade 3.Lúpus pérnio Pápulas e placas violetas; Desencadeadas e exacerbadas pelo frio e umidade. 4.Lúpus discoide (LED) Pode ser a manifestação inicial do LES; Não necessariamente inicia na forma aguda e subaguda. As lesões cutâneas do LEDL são crônicas, persistentes e podem regredir deixando áreas cicatriciais discrômicas, telangiectasias e alopecia cicatricial perda definitiva de cabelos Pápulas eritêmato-purpúricas ou placas infiltradas – locais + acometidos Face Couro cabeludo Pavilhões auriculares Cervical anterior Braços (superfícies extensoras) Localizado ou generalizado Localizado: cabeça e pescoço, mais comum; Generalizado: abaixo do pescoço, freq. superf extensão dos antebraços e dorso de mãos. Quadro clínico Início: Mácula ou pápula eritêmato-purpúrica, bem demarcada, com escama aderente, geralmente na cabeça ou pescoço Evolução crescimento centrífugo até formar uma placa (= discoide); Podem coalescer e formar placas irregulares maiores; Pode formar “plugs” foliculares; Alterações pigmentares: Hipercromia peri-lesional / Hipocromia e atrofia central, formando cicatriz deprimidas / Telangectasia. Lesões eritêmato-escamosas, com centro atrófico-cicatricial, localizadas difusamente em lateral do pescoço, retroauricular e zona mandibular. Lesões atrófico-cicatriciais, em parte revestidas por escamas, localizadas em toda extensão do pavilhão auricular (Essa é uma lesão muito avançada. O acometimento de pavilhão auricular é bem característico do LEC) Lúpus eritematoso discoide Em couro cabeludo Lúpus eritematoso de mucosa oral Variantes clínicas do LED – além das apresentações anteriores Forma palmo-plantar: erosiva e dolorosa; Forma folicular: pápulas foliculares formando placas com 1 cm de tamanho, geralmente em cotovelos; Forma hipertrófica (verrucosa): lesões hiperqueratóticas, lembrando LP hipertrófico ou queratoacantoma. Face, Superfície extensora de MMSS, Palmas e plantas, Dorso superior Pode ter as mesmas lesões cutâneas do discoide (geralmente com lesões mais generalizadas)mais as manifestações sistêmicas frequência de manifestações clínicas em estudo de coorte prospectivo de 1.000 pacientes com LES acompanhados por 10 anos Artrite em 48,1% Erupção malar em 31,1% Nefropatia ativa em 27,9% Envolvimento neurológico em 19,4% Febre em 16,6% Fenômeno de Raynaud em 16,3% Serosite (pleurite e / ou pericardite) em 16% Trombocitopenia em 13,4% Trombose em 9,2% manifestações clínicas mais frequentes no início da doença em estudo de coorte retrospectivo com 389 pacientes com diagnóstico de LES: Artrite inflamatória em 57,6% Erupção malar em 49,6% Febre em 34,5% Fotossensibilidade em 31,6% Alopecia em 30,6% Fadiga em 28,3% Úlceras orais em 21,6% Pleurite em 22,4% Fenômeno de Raynaud em 22,1% Artralgias em 20,3% Pericardite em 18,8% Perda de peso em 13,1% Envolvimento renal em 13,1% Ananmese e exame físico Além da pele, revisar os principais sistemas (LECC → LES) Analisar: Rins, Sistema músculo-esquelético, Sistema GI, SNC e SNP, Estado psíquico. Os 2 em destaque são os que são acometidos com mais frequência Diagnóstico do lúpus cutâneo Sobretudo pelos aspectos clínicos; FAN pode eventualmente ser positivo na forma cutânea; não significa que está diante de LES Formas generalizadas têm maior propensão ao LES; Geralmente ausência de anormalidades sistêmicas ou alterações sorológicas; Biópsia pode ser necessária para confirmar o diagnóstico, não diz se é cutâneo ou sistêmico, porque histologicamente as lesões cutâneas são idênticas, quem vai dizer se é cutâneo ou sistêmico é o clínico Diagnóstico histológico Alterações liquenóides ou alteração da junção dermo-epidérmica; alterações liquenóides é uma grande quantidade de linfócitos, concentrados em faixa, na junção dermo-epidérmica. E esse concentrado nessa localização é chamado de infiltrado liquenóide Espessamento da membrana basal muito característico Degeneração vacuolar das céls basais; característico de lúpus Infiltrado inflamatório perivascular e perianexial na derme reticular; Hiperqueratose e “plug” folicular em lesões avançadas – fala muito a favor Pele fotodanificada com tampão córneo, atrofia epidérmica, degeneração vacuolar basal, ceratinócitos necróticos, espessamento de membrana basal e infiltrado linfocitário dérmico. Métodos complementares Imunofluorescência direta De pele lesada, em área não fotoexposta (para evitar resultados conflitantes com outras colage-noses) Deposição de sobretudo de IgG e C3 na junção dermo-epidérmica. Exclusão de LES Casos de lesões generalizadas e/ou sintomatologia sistêmica: Hemograma completo VHS/PCR Parcial de urina Auto-anticorpos: Anti-RO, Anti-LA, Anti-DNA: se positivo, > probabilidade, Anti-histona: lúpus por droga Função renal Função hepática Diagnóstico diferencial Hanseníase Tuberculose cutânea Tinea capitis (lesão de couro cabeludo) Sarcoidose (doença inflamatória muito parecida com lúpus) Sífilis secundária Tratamento Fotoproteção (filtros, roupas especiais) Corticóides/imunomoduladores - Tópicos: tratamento inicial; Corticóide intralesional: lesões isoladas, refratárias aos ttos Antimaláricos Primeira linha Hidroxicloroquina 400 mg/dia (resposta em 2-3meses) ou cloroquina 250 mg/dia. Opção: quinacrina. Monitoração oftálmica: pode fazer lesão de mácula lútea, da retina, podendo até levar à perda da visão. Acompanhamento a cada 6 meses com oftalmologista para monitorar se está fazendo lesão. Corticóides sistêmicos: Formas progressivas ou agudas, até estabilizar; Mais indicados nas formas sistêmicas. Outros Azatioprina Ciclosporina Imiquimod 5% creme 3 vezes por semana Metotrexato Micofenolate mofetil Talidomida 100 mg/dia (10-20% neuropatia periférica, excelente resposta) também é usada em hanseníase e formas de turbeculose – não pode receitar para mulher em idade fértil e grávidas. Biológicos? (belimumab) Complicações Progressão para LES 12% dos cutâneos passam a ser sistêmicos 17% dos cutâneos crônicos passam a ser sistêmicos 28% dos lúpus discóides passam a ser sistêmicos Fatores associados ao desenvolvimento de LES Sinais de nefropatia (proteinúria, hematúrias Artralgias FAN ≥ 1:320 Cicatrizes e alopécia cicatricial
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