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FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS DERMATOLOGIA GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A Lúpus Eritematoso Definição: O lúpus eritematoso é uma doença múltipla sistêmica que tem como órgãos-alvo a pele, os rins e as articulações. É mais frequente no sexo feminino. As manifestações cutâneas ocorrem 72 a 82% dos pacientes e ela pode ser muitas vezes a manifestação inicial da doença. O lúpus é uma doença que tem etiologia multifatorial envolvendo genética (vários genes c/ pleomorfismo), hormônios (prevalência em mulheres → estrógeno), anormalidades do sistema imune (produção de autoanticorpos) e fatores ambientais (vírus, radiação UV, sílica). Diagnóstico: Em relação aos critérios diagnósticos cutâneos temos alopecia não cicatricial, úlceras orais ou as lesões específicas como lúpus subagudo, lúpus discóide cutâneo. Existem manifestações que são da doença exclusivamente cutânea e manifestações que são decorrentes do lúpus eritematoso sistêmico Manifestações cutâneas específicas: divergem de acordo com o curso da doença - Lúpus eritematoso cutâneo agudo: mais características como sinal de doença sistêmica. - Localizada: lesão característica em rash malar (asa de borboleta) poupando sulco nasolabial → na maioria das vezes compõe parte da doença sistêmica. Em geral resultado de fotoexposição. - Generalizada: rash maculopapular difuso em áreas fotos expostas, bastante pruriginosas. Principalmente no tronco, face e MMSS. Regride espontaneamente. - A variante bolhosa associada ao rash indica doença sistêmica - Essa lesão não deixa cicatrizes mas pode culminar em hipercromia pós-inflamatória. - Em pacientes com fototipos mais altos o rash pode se pronunciar de maneira mais hipercrômica do que eritematosa. - Lúpus eritematoso cutâneo subagudo: metade dos pacientes com essas lesões têm leves sintomas sistêmicos mas a maioria tem fotossensibilidade. - São lesões cutâneas em áreas fotoexpostas principalmente no tórax superior (decote), dorso superior, MMSS. Tendem a acometer mais o corpo e menos a face. - Associação com Anti-Ro +, além do FAN. Passa na barreira transplacentária - Lúpus neonatal → manifestações cutâneas devido ao ataque da pele pelos anticorpos da mãe. - É a principal forma de lúpus induzido por drogas, principalmente terbinafina, antiepilépticos e inibidores de bomba de prótons. - As lesões têm aspecto infiltrativo (placas ou pápulas eritematoinfiltradas), sem atrofia e podem ter duas variantes: - Anular - Papuloescamosa - Não deixam cicatrizes, no máximo máculas hiper ou hipocrômicas pós inflamatórias - Lúpus eritematoso cutâneo crônico: - LE discóide: clássico, É o principal tipo de lesão cutânea - 5 a 20% tem a doença sistêmica, e a maior probabilidade é se houver acometimento do palato ou maior quantidade de lesões. As lesões acometem principalmente a cabeça, pescoço, couro cabeludo e pavilhão auricular. - As lesões se constituem por placas eritemato escamosas, bem demarcadas, com escamas grosseiras aderidas e atrofia cicatricial. Pode haver alopecia cicatricial, acometimento de mucosas. Fenômeno de Koebner → lesões após trauma e fotoexposição. FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS DERMATOLOGIA GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A - Tem uma variante hipertrófica ou ver o cosa, constituída por lesões grosseiras por resposta epitelial proliferativa exagerada. - LE profundo: acometimento do tecido adiposo pelo lúpus cutâneo (diferente da paniculite lúpica, que tem acometimento do mesmo tecido mas pela doença sistêmica). 5 a 10% dos pacientes têm a doença sistêmica, e essas lesões cursam cronicamente e intermitentemente. acometem principalmente face, braços e coxas (locais de mais gordura) como nódulos palpáveis com ou sem lesão cutânea adjacente. Pode ter dor e ulceração e deixa cicatrizes atróficas, podendo evoluir com calcinose. - LE túmido: Forma dérmica de lúpus, em que há fotossensibilidade extrema, placas eritemato edematosas urticariformes. Não deixa cicatriz. Não existe lúpus túmido no LES, é 100% cutâneo. - Perniose Lúpica (LE chilblain): mais raro, de nódulos nas extremidades por frio. LE Agudo LE Discoide LE Profundo LE no RN Rash Malar LE Subagudo Manifestações Cutâneas Inespecíficas: sozinhas não são suficientes para dar o diagnóstico de lúpus. - Fotossensibilidade: frequente, predisposição a queimaduras - Livedo Reticular: vasoespasmo das arteríolas, diminuindo o fluxo sanguíneo e há aumento secundário de vascularização - Fenômeno de Raynaud - Telangiectasias periungueal - Púrpuras em MMII → plaquetopenia + vasculite - Vasculites - Bolhas → anticorpos contra o colágeno 7. - Eflúvio telógeno FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS DERMATOLOGIA GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A - Calcinose cutânea - Ceratodermia plantar - Ulceração oral - Eritema polimorfo Lesões mucosas: Ocorre em todas as formas da doença, e 45% dos doentes com LES apresentam lesões em mucosa jugal, palato. Entre as lesões temos petecas, ulcerações, enantema, placas esbranquiçadas e queilite lúpica. O diagnóstico do Lúpus é feita através da anamnese, em conjunto com o exame clínico, amparado pela propedêutica, como FAN, anticorpos específicos, realização de biópsia e exame histopatológico (degeneração hidrópica da basal e infiltrado linfocítico), imunofluorescência direta (banda lúpica - deposição de Ig e complemento na JDE). Os pacientes devem ser muito bem orientados em relação a fotoproteção. O protetor deve ser aplicado entre 15-30 min antes da exposição solar, deve ser reaplicado a cada 2 horas e também após contato com água/suor. Quando as lesões são localizadas pode ser feito o uso de agentes tópicos como corticóides (diminui inflamação e a produção de auto-ac) e inibidores de calcineurina (se necessário uso prolongado, poupador de corticóide - imunomodulador). O tratamento sistêmico é constituído por algumas drogas como hidroxicloroquina ou outros antimaláricos, corticoide sistêmico, metotrexato, micofenolato mofetil, rituximabe, belimumabe, dapsona, talidomida.
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