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Caso de sucesso em São Sebastião - Artigo Final da POS

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Inserção 
Vol. I, Nº. 1, Ano 2013 
Emerson José de Almeida 
Faculdade Anhanguera Educacional 
eja.legal@bol.com.br 
 
INSERÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA 
NO MERCADO DE TRABALHO. 
 
Caso de sucesso em São Sebastião, SP. 
RESUMO 
No terceiro milênio, as pessoas com deficiência começam a ga-
nhar espaço no mercado de trabalho. Sob a ótica da diversidade 
humana, aceitar a limitação destas pessoas é ainda ato de com-
paixão, pena ou sentimento de dó. Um equívoco! São pessoas que 
vislumbram o sucesso de uma carreira, sonham com melhores 
condições de vida e lutam. Mas o que as impedem de serem su-
cedidas? Diante a este questionamento, desenvolveu-se este estu-
do de caso, envolvendo o Posto de Gasolina da Praia das Cigar-
ras, em São Sebastião, Litoral Norte Paulista. Nesta empresa, a 
missão é oferecer melhor condição de vida ao ser humano não 
importando com as suas limitações. Ao contrário da Lei de Cotas, 
a gestão empresarial desta instituição, objeto de estudo, adotou 
como inserção 50%+1 de pessoas. Observa-se nesta empresa que a 
inserção já é prática, entretanto, as diversas barreiras são obstácu-
los para o trabalho como qualquer outro. No atual cenário de li-
mitações, com constrangimentos e tarefas incompatíveis, em que 
a exclusão ainda domina, deve-se seguir este exemplo de sucesso 
e responsabilidade social liderado por Marcelo Sobrinho. 
Palavras-chave: Mercado de trabalho. Pessoa com deficiência. Respo-
sabilidade social. 
ABSTRACT 
In the third millennium, people with disabilities start to get space 
in the labor market. From the perspective of human diversity, 
accepting the limitation of these people is still an act of compas-
sion, pity or feeling sorry. It’s a mistake! These are people who 
envision a successful career, dream of a better life and struggle. 
But that prevent them from being unassigned? Faced with this 
challenge, we developed this case study, involving the Gas Stati-
on Beach of Cicadas in São Sebastião, São Paulo North Coast. This 
company's mission is to provide better living condition to hu-
mans not caring about their limitations. Unlike the Quota Law, 
the corporate management of the institution, subject of study, 
adopted as insert 50% +1 of people. It is observed that this com-
pany is now entering practice, however, several barriers are obs-
tacles to work like any other. In today's limitations, constraints 
and incompatible tasks, in which the exclusion still dominates, 
one should follow this example of success and social responsibil-
ity led by Marcelo Sobrinho. 
Keywords: Job Market, Person with disabilities, Social responsibility. 
Anhanguera Educacional S.A. 
Correspondência/Contato 
Alameda Maria Tereza, 2000 
Valinhos, São Paulo 
CEP. 13.278-181 
rc.ipade@unianhanguera.edu.br 
Coordenação 
Instituto de Pesquisas Aplicadas e 
Desenvolvimento Educacional - IPADE 
Artigo Original 
Recebido em: 15/02/2013 
Avaliado em: 15/02/2013 
Inserção da Pessoa com Deficiência no mercado de trabalho: caso de sucesso em São Sebastião, SP. 
Inserção  Vol. I, Nº. 1, Ano 2013  p. 1-15 
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1. INTRODUÇÃO 
Abordar a pessoa com deficiência (PCD) e os desafios organizacionais é um 
assunto polêmico sob a ótica gerencial. Segundo Sassaki (1997), essas pessoas, em 
comparação as demais, apresentam habilidade significativamente superior, podendo 
até se destacar. Em contrapartida, geri-las ainda é um tabu para os gestores empresa-
riais, os quais, muitas vezes, não estão preparados para lidar com PCD. 
Alguns patamares conquistados como a visibilidade social e a empregabilida-
de proporcionaram a inserção da PCD no competitivo mercado de trabalho 
(BUSCAGLIA, 1993). Mas, como fica a inserção da PCD no ambiente laboral? Como 
prepará-los para assumirem cargos de linha de frente (serviços front of) – alto contato 
com o cliente – e de liderança? 
O relacionamento interpessoal é determinante para a adaptação da PCD, o 
que depende do acolhimento no ambiente laboral. Todo homem é um ser humano 
por questões biológicas, porém, só será considerado ser pessoa se respeito ao próxi-
mo (MORIN, 2003). 
Diante desta conjuntura, o objetivo é conscientizar a sociedade acerca dos obs-
táculos enfrentados na inserção de PCD e na gestão empresarial. 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
No conjunto da diversidade humana pode-se encontrar parcela de pessoas 
que possuem algum tipo de deficiência. É um subconjunto que enfrenta a exclusão e 
como consequência sofre com esta rejeição. É um absurdo este desprezo. Sob esta rea-
lidade, as pessoas em geral devem tratar esta questão com outros olhos, inclusive os 
gestores e políticos. A PCD vislumbra com melhores condições de vida mas enquanto 
houver favorecidos ou privilegiados este desejo não será realizado. 
2.1. Taxonomia das deficiências humanas 
O ser humano por meio do seu comportamento aceita ou até mesmo rejeita 
uma PCD, visto talvez que não conhece ou não dá importância às limitações humanas. 
Este cenário com a falta de humanização é obstáculo que as PCD enfrentam (DAFT, 
2005; MORIN, 2003). A tabela 1 conceitua os tipos de deficiência. 
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Tabela 1. Taxonomia das deficiências humanas. 
TIPOS DE DEFICIÊNCIAS DESCRIÇÃO 
Intelectual (DI) Funcionamento intelectual geral abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimen-
to. 
Concomitante com limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas 
ou da capacidade de responder adequadamente à demanda da sociedade em comunica-
ção, cuidado pessoal, habilidades sociais, desempenho na família e comunidade, inde-
pendência na locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho. 
Sempre se manifesta antes dos 18 anos. 
Visual (DV) A acuidade visual, que pode ser parcial, atingindo o porcentual de visão (subnormal) ou 
até mesmo total (cegueira), é derivada de fatores genéticos e anormais. 
Ambas podem ser desenvolvidas no decorrer da vida ou no nascimento. 
Auditiva (DA) O déficit da capacidade de ouvir, que pode ser total ou parcial, e congênita ou adquirida, 
afeta a fala da PCD, visto que uma deficiência acarreta a outra. 
De acordo com os diferentes graus da perda da audição, classifica-se a surdez em leve, 
moderada, severa e grave. 
Física (PCD) Resultante do comprometimento ou da incapacidade que limita ou impede o desempenho 
motor. 
Decorrente de lesões neurológicas, neuromusculares, ortopédicas ou de má formação 
congênita ou adquirida: 
Sensoriais: acomete em algum órgão dos sentidos, mais especificamente o da visão e o 
da audição. 
Não sensoriais: alterações completas ou parciais de um ou mais segmentos do corpo 
humano, acarretando o comprometimento da função física. 
Múltipla (DM) Associação de duas ou mais deficiências primárias (física, visual, auditiva, intelectual) 
com comprometimentos que acarretam déficit no comprometimento global na capacidade 
adaptativa de condutas típicas ou altas habilidades. 
Fonte: Adaptado de Berch e Machado, 2007; Cavalcanti, 2006; Costa, 2000; 
 DMS-IV, 1995; Fonseca, 1996; Honora e Frizano, 2008; Mantoan, 1989; Sassa
 ki, 1997. 
2.2. Incentivos para a PCD 
De acordo com a Declaração de Salamanca, o ensino de qualidade também 
deveria ser ofertado para a PCD e em sua modalidade trazer programa de orientação 
para assim evitar a rejeição no ambiente de aprendizado. 
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Assim, a PCD poderia ter oportunidade no mercado de trabalho cabendo aos 
gestores e proprietários a tarefa de abrir portas e incluir estas pessoas na empresa. 
 
53. Jovens com necessidades educacionais especiais deveriam ser auxiliados 
no sentido de realizarem uma transição efetiva da escola para o trabalho. 
Escolas deveriam auxiliá-los a se tornarem economicamente ativos e provê-
los com as habilidades necessárias ao cotidianode vida, oferecendo treina-
mento em habilidades que correspondam às demandas sociais e de comu-
nicação e às expectativas da vida adulta. Isto implica em tecnologias ade-
quadas de treinamento, incluindo experiências diretas em situações da vida 
real, fora da escola. [...] Tal atividade deveria ser levada a cabo com o en-
volvimento ativo de aconselhadores vocacionais, oficinas de trabalho, asso-
ciações de profissionais, autoridades locais e os respectivos serviços e agen-
cias (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1984) 
 
Outro aspecto importante é a família que deve participar ativamente na for-
mação de seu filho, como acompanhamento no desenvolvimento, por meio de ativi-
dades e parcerias. 
 
55. Pessoas com deficiências deveriam receber atenção especial quanto ao 
desenvolvimento e implantação de programas de educação de adultos e de 
estudos posteriores. Pessoas com deficiências deveriam receber prioridade 
de acesso a tais programas. Cursos especiais também poderiam ser no sen-
tido de atenderem às necessidades e condições de diferentes grupos de a-
dultos com deficiência (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1984) 
 
A divulgação por meio da mídia também é importante para assim chamar a 
atenção dos empregadores quanto a importância da PCD em atividades dentro de 
uma organização. 
 
67. A mídia possui função fundamental na promoção de atitudes positivas 
frente à integração de pessoas com deficiência na sociedade. Superando 
preconceitos e má informação, e difundindo um maior otimismo e imagina-
ção sobre as capacidades das pessoas com deficiência. A mídia também po-
de promover atitudes positivas em empregadores com relação ao emprego 
de pessoas com deficiência. A mídia deveria acostumar-se a informar o pú-
blico a respeito de novas abordagens em educação, particularmente no que 
diz respeito à provisão em educação especial nas escolas regulares, pela 
popularização de exemplos de boa prática e experiências bem sucedidas 
(DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1984) 
 
O alicerce da vida, sob o contexto da Conferencia de Jomtiem, trata da educa-
ção como a maneira de transformar o homem me pessoas capazes de escolherem ca-
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minhos. É uma luta constante e para que esta transformação aconteça, a Educação de-
ve estar à disposição de todos, adequada aos diferentes tipos de ensino. (JOMTIEN, 
1990). 
2.3. Inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho 
No Terceiro Milênio, o conhecimento é a ferramenta que traz vantagens no 
ambiente empresarial, por meio das pessoas que ao longo de anos enriquecem de in-
formações e experiências adquiridas no meio em que estão inseridas. Sob a visão de 
Edgar Morin, a convivência em sociedade é direito da PCD, juntamente com a educa-
ção (MORIN, 2000). 
Sob este contexto, o desenvolvimento das pessoas, que relacionam entre si a 
todo o momento é muito importante para a sua adaptação, tanto no ambiente educa-
cional quanto ao laboral. (DAFT, 2005) 
E com tanta tecnologia, esta relação com as pessoas está se estreitando devido 
à comodidade virtual, causando um cenário de violência, injustiça, desamor entre ou-
tros. Isto tudo faz com que as pessoas se afastem umas das outras. Parece que esta si-
tuação se tornou normal, segundo Moscovici (2000). 
Mesmo com tanta dificuldade, alguns avanços já podem ser observados no 
cenário da PCD que já executam tarefas profissionais de maneira majestosa, estudam, 
se especializam e transformam suas vidas nas mais diversas áreas das organizações 
desempenhando funções e galgando mais seu espaço. (BUSCAGLIA, 1993). 
Para conseguir um emprego ou se manter empregada a PCD assim como 
qualquer outro profissional deve se qualificar e superar as expectativas organizacio-
nais propostas. À luz da teoria de Chiavenato (2004), a pessoa precisa se enquadrar 
nas exigências para o cargo, passar no processo seletivo e se mostrar apto para a reali-
zação das tarefas. 
3. MÉTODO 
 O estudo de caso foi realizado no Posto de Gasolina, em São Sebastião, Litoral 
Norte Paulista. Nesta organização estão inseridas PCD num ambiente de atendimento 
ao cliente sob a gestão do proprietário Marcelo Sobrinho. 
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 Com o método de abordagem hipotético-dedutiva, confrontou-se a realidade 
social, caracterizada por meio do procedimento funcionalista sob a evolução do tema 
juntamente com o estudo de caso para melhor conhecer seis sujeitos da pesquisa. 
 Seguiram-se, os preceitos da Resolução nº 196/1996 do Conselho Nacional de 
Saúde (CNS), mantendo o anonimato dos seis pesquisados (dois do gênero feminino e 
quatro do gênero masculino, os quais foram nomeados de maneira fictícia por vocábu-
los pertinentes ao tema estudado: Superação e Esperança (mulheres) e Respeito, Cora-
gem, Liberdade e Desafio (homens). 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 A pesquisa indica que grande parte dos sujeitos (n=4) é casada e com filhos 
(Figura 1). 
2
4
0
1
2
3
4
Solteiro Casado
 
Figura 1. Amostra de profissionais com deficiências, referente ao estado civil (n=6). Fonte=autor 
Os resultados revelam, na figura 2, que o maior desafio destas PCD foi supe-
rar os preconceitos sociais (33,6%). 
2
1 1 1 1
0
0,5
1
1,5
2
Superar preconceitos Terminar Estudos
Trabalhar Voltar a andar
Reintegração
 
Figura 2. Amostra de profissionais com deficiências, referente ao maior desafio da vida (n=6). Fonte=autor 
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Dentre as respostas apresentadas quanto ao conhecimento de inclusão digital, 
16,66% não tem conhecimento do assunto e a maioria defende que inclusão está dire-
tamente ligada com a aceitação das pessoas ou na escola ou no ambiente de trabalho. 
5
1
0
2
4
6
sim Não 
 
Figura 3. Amostra de profissionais com deficiências sobre o conhecimento de inclusão social (n=6). 
Fonte=autor 
 
Como se pode perceber na próxima figura, 66,64% dos entrevistados apontam 
que a sociedade faz a inclusão da PCD no meio em que vivem ao contrário do restante 
que julga o preconceito a grande barreira para que isto de fato aconteça. 
4
2
0
1
2
3
4
Sim Não
 
Figura 4. Amostra de profissionais com deficiências referente a prática da inclusão da (n=6). 
Fonte=autor 
 
É bem explícito que as pessoas traçam objetivos na vida, que almejam melho-
res condições de vida e boa colocação profissional. Logo abaixo, a figura representa, de 
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forma unânime o quanto a oportunidade de emprego contribui para o projeto de vida 
das pessoas. 
6
00
2
4
6
Sim Não
 
Figura 5. Percepção da amostra de profissionais com deficiências referente à oportunidade de emprego 
como realização pessoal e profissional (n=6). Fonte=autor 
 
Dentre PCD que fizeram parte da amostra, encontram-se pais e mães, jovens 
diferentes que vivenciaram obstáculos para a inserção no trabalho. 
Em relato, Esperança, muito emocionada, conta que antes conseguir oportu-
nidade laboral, a vida era repleta de amarguras. Um das limitações era mobilidade 
porque as condições não eram favoráveis para a compra de um equipamento para se 
locomover – a cadeira de rodas transformaria a vida. Em casa, a movimentação era fei-
ta sem auxilio de equipamentos. Arrastar-se pela casa, foi a única maneira de atender 
ao papel de mãe e esposa. Moça jovem, nunca havia se preocupado com beleza e tão 
pouco pela vaidade. Eis que surge uma interseção. 
Marcelo Sobrinho, ao tomar conhecimento do assunto, providenciou-lhe uma 
cadeira de rodas e já a contratou para trabalho no Posto de Gasolina. A partir desta in-
serção laboral, nascia uma nova mulher – trabalhar trouxe-lhe efetividade.Dois casos dos colaboradores com deficiência são destacados devido às situa-
ções distintas. Em uma delas, a deficiência adquirida atingiu os membros inferiores, 
impedindo Superação de andar. 
Casada e com filhos enfrenta a sociedade movida de preconceitos não foi a-
gradável para Superação que comenta “a visão que se tem de uma pessoa com cadeira 
de rodas é de muita dificuldade”. Entretanto, o carinho dos familiares a fortalece para 
encarar limitações. 
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Ao contrário de Superação, a realidade de Desafio é diferente. A deficiência 
congênita atingiu o crescimento. Diz Desafio, “imagine um homem de baixa estatura 
casado com uma mulher de padrão normal, o que se enfrenta?”. 
O Posto de Gasolina analisado neste estudo de caso está localizado na Praia 
das Cigarras, em São Sebastião no Litoral Norte Paulista. Sob a direção de Marcelo So-
brinho, esta empresa visa melhor condição de vida favorável ao ser humano não im-
portando com as limitações. 
O jovem empreendedor abraçou a causa após abandonar a vida de luxo, ri-
queza e status na Capital Paulista para se dedicar ao trabalho social. A ideia era inte-
grar PCD em atendimento ao cliente – serviços front of, adotando como inserção 
50%+1 de PCD, ação condizente com a missão corporativa. 
O trabalho não foi nada fácil, porque este empreendedor não teve preparação 
para receber PCD, as quais são seres humanos que vislumbram por melhores condi-
ções de vida, que lutam por ideais próprios e buscam pela felicidade, como dito por 
Marcelo Sobrinho. 
Um dos questionamentos feitos ao empreendedor foi: Como os demais cola-
boradores aceitaram estas condições? Marcelo Sobrinho respondeu que aos poucos 
conseguiu diminuir a distancia entre elas, que, hoje, são frutos do sucesso do negócio. 
A clientela do Posto de Gasolina, num fluxo intenso diariamente, é atraída pelo bom 
atendimento prestado por PCD. 
A gestão destas pessoas tem a ajuda da gerente do Posto de Gasolina que a-
grega valor trabalho de inserção no mercado de trabalho. 
Baseando-se nos axiomas de Daft (2005), talvez a maior vantagem da inclusão 
no trabalho seja a autoestima e a realização, como comprovado pela atitude de Marce-
lo Sobrinho, proprietário do Posto de Gasolina, objeto deste estudo, que com atitude e 
boa vontade para a dignidade de PCD que não tinham perspectiva. 
À luz da teoria de Cordeiro (2009), a atitude deste empreendedor condiz com 
a relação entre a noção de participação e igualdade. 
É a inserção de PCD na sociedade com participação e se vale dos direitos. Os 
maiores desafios destas pessoas são os preconceitos sofridos diariamente na sociedade 
e no mercado de trabalho. Os empregadores não dão oportunidades para que ingres-
sem numa carreira profissional com o medo de não conseguir atingir as metas e obje-
tivos corporativos. 
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Um equívoco, uma vez que o caso apresentado é reflexo de sucesso no Estado 
de São Paulo. O diferencial para este auge implica, na visão do gestor, a abordagem 
com os subordinados. Marcelo Sobrinho enfatizou no depoimento que todos os cola-
boradores têm tratamento de igual. 
O time do Posto de Gasolina, objeto de estudo, não tem separação, e sim, um 
todo que contribui para os bons resultados organizacionais. Ao abraçar a causa de in-
serção de PCD no mercado de trabalho, Marcelo Sobrinho possibilita a transformação 
da vida de PCD, por meio de autonomia e dignidade. 
Mas, quem seguirá o modelo de Marcelo Sobrinho? A sociedade inclusiva de-
ve propiciar condições de trabalho para todos os sujeitos dela pertencentes, não admi-
tindo preconceitos, discriminações, barreiras sociais, culturais ou pessoais. 
Advoga Violante e Leite (2011), a inclusão da PCD deve, inicialmente, reco-
nhecer as necessidades individuais próprias da condição de cada individuo e, então, 
possibilitar o acesso a todas as instâncias do desenvolvimento social. 
E neste cenário, é desafio para o gestor lidar com estas pessoas. No ambiente 
em que elas estão inseridas, o gerente se depara com profissionais ditos normais e 
também da PCD. 
Lidar com as diferenças não é tarefa fácil e para que o ambiente laboral, no 
Posto de Gasolina obtivesse resultado favorável, o relacionamento interpessoal foi a 
fortaleza. 
O acolhimento constitui etapa primordial do processo de trabalho, favorecen-
do a dinâmica dos processos e os critérios de acessibilidade, como apontado por Trad 
e Esperidião (2010). 
Sob a perspectiva da Gestão de Pessoas, os empecilhos do trabalho com a 
PCD, como mobilidade humana, adequação das bombas de combustíveis e acessibili-
dade não foram fatores para interferência no Posto de Gasolina analisado. 
Lidar com estas pessoas, conhecendo e respeitando a limitação de cada uma, 
contribui para um relacionamento de igual para igual e também não gerar sentimento 
de compaixão. 
Atualmente, são tantas informações, propagandas, Lei de Cotas, dentre ou-
tras. Isto significa que o assunto é de conhecimento comum (BRASIL, 1991). Todavia, é 
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fácil olhar com indiferença, o difícil é se colocar no lugar do outro. Por isso, a filosofia 
faz a distinção de ser humano e ser pessoa, como fundamentado por Morin (2003). 
Nesse contexto, indaga-se: porque ainda há empresas que apenas cumprem 
com a Lei de Cotas? Certamente algo não é de conformidade como se deveria. Ter uma 
PCD inserida em um quadro de colaboradores significa aumento nos custos organiza-
cionais. Nem todas estão dispostas a adequar o ambiente para a necessidade destas 
pessoas. 
A priori, as organizações necessitam de um capital pensante para atingir os 
objetivos. A intelectualidade é um ativo muito valioso na empresa, mas nem todas es-
tão dispostas a dar oportunidades para a pessoa com deficiência. Não se entende o 
que impede a deficiência de contribuir com os objetivos empresariais. 
A deficiência não é motivo para sentimento de pena e sim um desafio. Embo-
ra, existam cotas, a concorrência por uma vaga é grande já que poucos empregadores 
que se dispõem a acolher profissionais com deficiências. Em alguns casos, revela Bus-
caglia (1993), é perceptível a PCD ser a última a ser contratada, mediante a exigências 
incabíveis, relativas à mínima deficiência perceptível e é também o primeiro a ser de-
mitido, sem falar na faixa salarial, que é em média, menor que a dos demais colegas de 
profissão. 
Sob os pensamentos de Carvalho-Freitas e Marques (2010), a diversidade 
humana deve, por início, praticar a inserção, porque aceitar esta diferença na socieda-
de contribuirá futuramente para o desenvolvimento pessoal de este ser humano. 
Momento que se deixa de lado o Governo e as Empresas Públicas e Privadas 
para tratar a inserção como competência social, visto que estes órgãos podem propici-
ar apenas incentivos para que a prática assertiva da inserção seja disseminada pela 
população, mas, a responsabilidade é de cada cidadão. 
 
 
 
 
 
 
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 Este estudo de caso é relevante para a relação de desafios enfrentados por 
PCD e gestor empresarial, haja vista que a inserção no mercado de trabalho já é práti-
ca, entretanto as diversas barreiras são obstáculos constantes perante limitações que 
geram constrangimentos, tarefas incompatíveis. 
 Contudo, um novo horizonte é traçado na vida da PCD, por meio do magní-
fico trabalho de Marcelo Sobrinho, proprietário do Posto de Gasolina na Praia das Ci-
garras, em São Sebastião, SP, ao abrir as portas para acolher PCD e lhes propiciar a 
dignidade do trabalho. 
 Recomenda-se,aos gestores que o modelo de inserção de PCD ao mercado de 
trabalho aplicado por este jovem empreendedor deveria ser disseminado às demais 
empresas, as quais, simplesmente, faz cumprir a Lei de Cotas e nem sempre a Lei de 
Acessibilidade por equívocos rotineiros em práticas de gestão de pessoas. 
 Àqueles que lidam com a deficiência sugere-se a interação sobre o assunto. 
Inserir não é apenas empregar a PCD, mas, oferecer-lhe acolhimento e acessibilidade, 
integração aos demais colaboradores, subsídios para que permaneça na organização e 
que possa construir a carreira profissional como qualquer ser humano. 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço este trabalho a Deus, que acolhe a qualquer condição humana e que 
nos concede forças para lutar com a exclusão. Agradeço toda minha família pelo apoio 
e confiança. 
Agradeço o Diretor Executivo Giuliani Paulini Garbi pelo comando desta u-
nidade e os professores que contribuíram para este trabalho seja por sua orientação 
quanto pela disseminação do conhecimento. 
Agradeço mais uma vez ao proprietário do posto de gasolina SOLIDAR, Mar-
celo Sobrinho Pirez pelo sucesso do seu trabalho. Agradeço a todos que contribuíram 
direta ou indiretamente neste artigo. 
Emerson José de Almeida 
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Emerson José de Almeida 
Pós graduando no MBA em Gestão Estratégica de Negócios 
pela Anhanguera Educacional de São José dos Campos 
Bacharel em Administração de Empresas pela Anhanguera 
Educacional de São José dos Campos 
Participante no INIC UNIVAP em 2011, com o trabalho 
intitulado: Inserção da Pessoa com deficiência no mercado 
de trabalho: vislumbrando a prática da efetividade. 
Professor no Colégio técnico e médio Joseense 
Emerson José de Almeida 
Inserção  Vol. I, Nº. 1, Ano 2013  p. 1-15 
15 
Professor no Colégio técnico Opção 
Professor na Ecompo 
Contato: 12 - 91791075

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