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Terapêutica D E G R A N D E S A N I M A I S REVISÃO SEMIOLÓGICA Para compreensão do funcionamento dos anti-inflamatórios não esteroidais, é importante compreender o mecanismo de funcionamento da inflamação. Para que a inflamação ocorra, é necessário que haja um estímulo lesivo (seja ele, físico, químico ou mecânico), posteriormente há o início do processo inflamatório e a liberação de mediadores químicos, que acarretaram em intumescimento tecidual, extravasamento de proteínas plasmáticas, saída de água dos tecidos e penetração de células inflamatórias, isso tudo com o objetivo de eliminar o agente. A inflamação pode ser aguda (curta duração e manifestação de sinais) ou crônica (longo período e sem os sinais padrão da inflamação). Os eicosanoides são os principais mediadores químicos nos quais atuam os AINES e AIES. Os eicosanoides são os leucotrienos (encontrados nas plaquetas, pulmões e leucócitos), tromboxanos (obtidos a partir de plaquetas) e prostaglandinas (produzidas no endotélio). ANTI - INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS INFLAMAÇÃO Os anti-inflamatórios esteroidais estão relacionados com a glândula adrenal (responsável pela produção de hormônios esteroides). MINERALOCORTICOIDES: aldosterona, responsáveis pelo equilíbrio hídrico e eletrolítico. GLICOCORTICOIDES: hidrocortisona (cortisol) e corticosterona, responsáveis pelo metabolismo de carboidratos e atividade anti-inflamatória e imunossupressora. Terapêutica D E G R A N D E S A N I M A I S REVISÃO SEMIOLÓGICA Os esteroides sintéticos podem ser classificados de acordo com a duração dos seus efeitos (ação rápida, intermediária e prolongada). DE AÇÃO RÁPIDA: hidrocortisona (indicado para terapia de reposição e emergências) e cortisona (necessita ser convertida em hidrocortisona, fraca ação anti-inflamatória). DE AÇÃO INTERMEDIÁRIA: prednisolona (indicada para terapias sistêmicas anti-inflamatórias e imunossupressoras crônicas), prednisona (deve ser convertida em prednisolona), metilprednisona (efeito imunossupressor), triancinolona (mais tóxica), isoflupredona e flumetasona. DE AÇÃO PROLONGADA: dexametasona (terapias anti- inflamatórias e imunossupressoras agudas) e betametasona. Diferentemente dos AINES os AIES atuam na fosfolipase A2, inibindo a síntese de ácido araquidônico e consequentemente COX 1, COX 2 e LOX. NO TGI: ↑ suco gástrico, pepsina e suco pancreático; NA PELE: Inibe colágeno e ác. hialurônico; ↓ da espessura, hiperqueratose, hiperpigmentação, atrofia das glândulas sebáceas e do folículo piloso; NO MÚSCULO: efeito proteolítico; NOS OSSOS: ↑ reabsorção óssea; ENDÓCRINO: supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal AIES como a cortisona e prednisona são metabolizados no fígado, para tornarem-se hidrocortisona e prednisolona. Quando transformados em compostos hidrossolúveis, em sua maioria, excretados por via renal, ou podem ligar-se a bile e ser excretada pela rota intestinal. Os AIES são hiperglicemiantes pois inibem a captação e utilização da glicose (são antagônicos a insulina) e aumentam a síntese de glicogênio. Aumentam o catabolismo proteico, diminuem a síntese de proteínas e aumentam a lipólise. Inibem o ADH. Realizam a retenção de Na+, excreção de K+ e expansão de volume celular. Seus efeitos nos sistemas orgânicos estão relacionados a hipersecreção endógena ou administração crônica maciça. (atrofia de adrenal); Terapêutica D E G R A N D E S A N I M A I S REVISÃO SEMIOLÓGICA EFEITO ANTI-INFLAMATÓRIO E IMUNOSUPRESSOR: AIES atuam em todos os tipos de resposta inflamatória, realizam a queda da migração de neutrófilos e estímulo da sua produção na medula. Direcionam os linfócitos para o baço, linfonodos e medula óssea. A imunossupressão ocorre pela diminuição da atividade linfoide (afeta linfócitos T) e diminui a imunidade mediada por células e a produção de anticorpos. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO TÓPICA: em casos em que há alta necessidade de concentração da droga em um local restrito. ORAL: via mais segura para terapias a longo prazo. SUBCUTÂNEA E INTRAMUSCULAR: mais usadas na medicina veterinária e menos dolorosa. INTRALESIONAL ENDOVENOSA: medicamentos de alta solubilidade, indicada para condições agudas. É importante considerar que uma dose única de glicocorticoide de ação rápida (mesmo em ↑[]) não causa efeitos colaterais; corticoides de efeito rápido, por poucos dias e dose baixa, é improvável de causar efeitos nocivos; terapias prolongadas e com altas doses aumentam as chances de efeitos colaterais; interrupção abrupta em casos de terapia prolongada e em altas doses pode levar a hipoadrenocorticismo. INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS INSUFICIÊNCIA DE ADRENAL: em casos endógenos ou iatrogênicos, indicada a prednisona. Em casos de ausência ou diminuição da aldosterona adm também hidrocortisona. IRA ou CHOQUE HIPOVOLÊMICO: hidrocortisona. DOENÇAS IMUNOMEDIADAS: prednisona ou prednisolona. Em casos mais graves ou agudos dexametasona. Terapêutica D E G R A N D E S A N I M A I S REVISÃO SEMIOLÓGICA DOENÇAS ALÉRGICAS: para cães, gatos e equinos prednisona ou prednisolona, para doenças alérgicas agudas é indicado a dexametasona. TRAUMAS ARTICULARES: triancinolona, isoflupredona, metilprednisolona e flumetasona. TRAUMAS E EDEMAS CEREBROESPINHAIS: dexametasona e prednisona. CHOQUE HEMORRÁGICO OU SÉPTICO: dexametasona associada a antibioticoterapia e fluidoterapia. AIES são contra-indicados em doenças autoimunes (efeito imunossupressor), hemorragias e perfuração gástrica (pela interferência na secreção gástrica e na reeptelização da mucosa), diabetes melittus (efeito hiperglicemiante), pancreatites (aumentam a viscosidade das secreções pancreáticas e provoca lipemia), doenças renais (aumento do catabolismo proteico, ocasionando azotemia) e cardiopatias (pois aumentam a retenção de água). ATENÇÃO! O uso intra-articular pode causar diminuição da elasticidade da cartilagem, degeneração, depósito de cálcio na superfície hialina, adelgaçamento e fissura da cartilagem. Além disso é contra- indicado em casos de dano estrutural, instabilidade articular e infecções.
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