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1 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN FARMACOLOGIA BÁSICA U3 Aula 01 – Anti-inflamatórios CLASSIFICAÇÃO DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs); Anti-inflamatórios esteroidais ou glicocorticoides. SINAIS DA INFLAMAÇÃO Dor, calor, rubor e edema. O processo inflamatório é o alvo desses fármacos e se instala no organismo por diferentes maneiras. Com o estímulo lesivo (mudança de temperatura, lesão traumática, entre outras coisas), ocorre liberação de mediadores inflamatórios (histamina, derivados do ácido araquidônico, citocinas, fatores de necrose tumoral, interleucinas). Os mediadores avisam ao organismo que há algo errado que deve ser combatido. Isso vai gerar: Ação vascular: vasodilatação para poder mobilizar um grupo maior de células de defesa ao local. Ocorre aumento da temperatura (aquecimento) no local. Com o aumento da permeabilidade, ocorre exsudação de líquidos e formação de edema. Ação algogênica: agem nas terminações nervosas sensitivas. A histamina produz dor e a as prostaglandinas tornam essas terminações mais sensíveis às substâncias algogênicas. Infiltração de leucócitos: de forma rápida para fagocitar o agressor, mas com meia-vida curta. Ocorre formação de pus causada pela morte do neutrófilo que fagocitou a bactéria. Depois ocorre degeneração, necrose e reparo tecidual. Isso é o que normalmente devia acontecer. A inflamação é uma reação de defesa do organismo, mas ela tende a ser exacerbada, gerando dor e febre. Os mediadores também podem agir no SNC, no ponto fixo do hipotálamo, levando ao aumento da temperatura. EICOSANÓIDES Produzidos a partir de fosfolipídeos de membrana. Década de 30 século XX – sêmen causava a contração uterina. Próstata – Prostaglandinas. Eicosanóides são mediadores inflamatórios (que modulam a resposta inflamatória) de origem lipídica, sintetizados a partir dos ácidos graxos ômega-6, como o ácido araquidônico (AA), ou dos ácidos graxos ômega-3, como os ácidos eicosapentanóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA). ESTRUTURA E BIOSSÍNTESE Derivados do ácido araquidônico (20 carbonos com 4 duplas ligações) produzido pela fosfolipase A2. Prostaglandinas: agem na função reprodutiva, o controle da pressão sanguínea, a função renal, a formação de trombos, os processos inflamatórios, o fluxo sanguíneo regional, a função exercida pelo músculo liso, a atividade neuronal e determinados processos patológicos. Prostaciclinas (PGI2): inibe a agregação plaquetária. Agem nas células parietais inibindo a secreção de suco gástrico. Agem nas células epiteliais superficiais estimulando a secreção de muco e bicarbonato, aumentando a proteção da mucosa gástrica. Tromboxanos: agregantes plaquetários; Doses de AAS inibem a formação desses tromboxanos (80 mg, por exemplo, podem ser usados como prevenção de trombos e coágulo inibindo o tromboxano A2). Leucotrienos: vasodilatadores e broncoconstrictores, produtores de muco. Quando se inibe as prostaglandinas pela via das cicloxigenases, todo o conteúdo é desviado para formar esses leucotrienos, que podem gerar, por exemplo, crises de asma. Os anti-inflamatórios não agem sobre todos os mediadores; eles tentam controlar a liberação dos mediadores derivados do ácido araquidônico (substâncias pró-inflamatórias) presentes em vários tecidos; tentam diminuir a dor, a febre, o edema. O ácido araquidônico encontra-se esterificado nos fosfolipídios da membrana celular. Quando ocorre estímulo lesivo qualquer, a fosfolipase A2 é ativada e libera o ácido araquidônico para o citoplasma. O ácido araquidônico só vai dar origem às substâncias inflamatórias se ele estiver livre no citoplasma; ele serve de substrato para a produção de mediadores inflamatórios. METABOLISMO DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO Fosfolipídeos → Fosfolipase A2 → Acido araquidônico → Essas três substâncias. Vias das cicloxigenases → prostaglandinas. COX-1 (enzima constitutiva): desencadeia funções fisiológicas, independente de estímulo lesivo. Envolvida com a gastroproteção. Por isso os anti- inflamatórios geram a longo prazo o desenvolvimento de gastrites e úlceras. Abundante em vários tecidos: endotélio vascular, rins, plaquetas, trato gastrintestinal. Ação curta, pontes de H+ instantaneamente reversíveis. COX-2 (células inflamatórias): incremento da produção de prostaglandinas, independente da produção fisiológica diária. Produzida por células inflamatórias e imunológicos, ligações covalentes irreversíveis, ação prolongada. Via das lipoxigenases → leucotrienos. 2 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN A produção se dá por duas vias: a via da lipoxigenase e a via da cicloxigenase (mais atuante não só na inflamação, mas também na manutenção de vários processos fisiológicos). Se ele for degradado pela via da lipoxigenase, irá gerar leucotrienos, que são importantes vasodilatadores e broncoconstrictores. Na asma, os leucotrienos são mais importantes do que a histamina. A cicloxigenase degrada o ácido araquidônico gerando prostaglandina cíclica (PGG2), a qual vai dar origem ao precursor de vários endoperóxidos (prostaglandina E, prostaglandina F, prostaciclina e tromboxano). O que vai determinar qual endoperóxido será produzido é a célula em que o estímulo está agindo. Os anti-inflamatórios, principalmente os não seletivos, podem causar gastrite, pois inibem, além da Cox2, a Cox1. Os glicocorticóides também. Os anti-inflamatórios não esteroidais inibem cicloxigenase (1 e/ou 2, dependendo do fármaco), diminuindo a produção de tromboxano, prostaglandina e prostaciclina, mas não de leucotrienos. AINES → perigoso para asmáticos. O ideal é só inibir a 2 para não prejudicar os processos fisiológicos. Na reação inflamatória, a cicloxigenase 1 aumenta um pouco (até 3 vezes). Até mesmo os seletivos para COX2 causam efeitos adversos. Os anti-inflamatórios esteroidais (corticoides) inibem a fosfolipase A2; assim, não haverá produção nem de endoperóxidos nem de leucotrienos. Provocam mais efeitos adversos. PGE2 e PGI2: são produzidas normalmente pela mucosa do estômago, diminuem a secreção de HCl, produzem mucina e bicarbonato (proteção) e mantêm o fluxo sanguíneo renal (causam uma certa vasodilatação para ajudar a perfusão renal). A histamina estimula a bomba de prótons. Hiperalgésica. PGI2: inibe agregação plaquetária. PGD2: vasodilatação, inibe agregação plaquetária. TXA: agregação plaquetária. As plaquetas devem aderir nos locais onde há lesão para formar o coágulo. PGF2α: importante no trabalho de parto, associada à contração do miométrio. PGF2: importante para a permeabilidade da luz vascular no embrião. Por isso, há a contraindicação da administração de anti-inflamatórios em grávidas, para evitar o fechamento precoce do canal arterial. Lipoxinas: atuam na resolução da infecção, no fim do processo, diminuindo a produção de prostaglandinas. Via da 12-lipoxigenase (12-HETE): quimiotaxia (atrai células para os locais inflamados). AÇÃO DOS PROSTANÓIDES PGD2: vasodilatação, inibe a agregação plaquetária, relaxamento do músculo GI, relaxamento uterino. PGF2α: contração do miométrio, luteólise e broncoconstrição (gatos e cães, em seres humanos não é comprovado). Associada às cólicas menstruais e a dismenorreia. PGI2: Vasodilatação, inibição da agregação plaquetária, febre, liberação da renina e natriurese através de efeitos sobre a reabsorção tubular de sódio. Associada com a febre, assim como a PGD2. Tromboxano A2: vasoconstrição, agregação plaquetária e broncoconstrição. O AAS interfere aqui. Sua inibição minimiza risco de trombos e coágulos neste paciente. PGE2 - EP1: contração do músculo liso do brônquio e GI. PGE2 - EP2: Broncodilatação, vasodilatação, febre,estimulação da secreção de líquido intestinal e relaxamento do músculo liso GI. PGE2 - EP3: Contração do músculo liso intestinal, inibição da secreção do ácido gástrico, aumento da secreção de muco gástrico, estimulação da contração uterina gravídica. Efeito gastroprotetor das prostaglandinas. Leva a menor produção de ácido clorídrico e aumento a produção do muco, protegendo o estômago. Ao minimizar esta prostaglandina (PG), terá mais HCl e o estômago fica menos protegido, aumenta a chance de gastrites e úlceras. Foi usado para aborto → famoso cytotec. É um análogo da prostaglandina E1. Atualmente, tem seu uso restrito, hospitalar. PRINCIPAIS CÉLULAS PRODUTORAS DE PROSTANÓIDES 3 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN LEUCOTRIENOS Produzidos a partir da via das lipoxigenases. 5-LOX → 5-HPETE → LTA4 (leucotrieno A4, precursor dos demais). LTA4 → LTB4, LTC4, LTD4, LTE4, LTF4. LTB4: Quimiotaxia para neutrófilos e macrófagos. Cisteinil leucotrienos (os demais): sistema respiratório (espasmógenos e produção de muco) e sistema cardiovascular (queda rápida e de curta duração da PA). Antagonistas dos receptores de CysLT (cisteil leucotrienos): Montelucaste e Zafirlucaste. BRADICININA Nonapeptídeo. Vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, estimulação das terminações nervosas para dor, contração da musculatura lisa intestinal e uterina. AINEs Anti-inflamatórios de origem não-esteroidal. Existem mais de 50 disponíveis no mercado. Podem apresentar efeitos indesejáveis significativos, em especial nos idosos, principalmente no TGI (gastrites, úlceras). MECANISMO DE AÇÃO DOS AINES Inibição das cicloxigenases: Diminuição da síntese dos prostaglandinas; Pode ser reversível ou irreversível. Quando a inibição é irreversível, o organismo produz novas cicloxigenases. Só quem não produz é a plaqueta, pois não possui núcleo. Os anti-inflamatórios podem inibir as duas COX ou podem ser seletivos para um tipo. Os inibidores seletivos para COX2 causam menos efeitos adversos gastrintestinais. Inibem COX1 também, mas têm maior seletividade para COX2. EFEITOS FARMACOLÓGICAS DOS AINES Ação Anti-inflamatória: Os AINEs diminuem a síntese das prostaglandinas. As prostaglandinas causam vasodilatação, aumento da permeabilidade, migração de leucócitos (quimiotaxia). Ação Analgésica: Inibem a síntese de PGE2, que sensibiliza os receptores da dor, diminuindo o limiar de excitação das fibras nociceptoras C responsáveis transmissão do impulso de dor. Haverá menos percepção do estímulo doloroso, já que em condições patológicas, essa fibra C fica mais excitável com maior propensão à dor. Ação Antipirética: Existem pirógenos endógenos (interleucinas) e pirógenos exógenos (produzidos por bactérias). Os pirógenos atravessam BHE, agem no centro termorregulador no hipotálamo, aumento a síntese PGE2 no hipotálamo, que via receptor IP aumenta os níveis de AMPc que estimula o hipotálamo a aumentar a temperatura corporal, causando febre. Os AINEs diminuem a síntese de PGE2, o que baixa a temperatura. Nem todos possuem boa ação antipirética, pois não atravessam barreira hematoencefálica (BHE). Se um indivíduo com temperatura normal tomar um AINE, ele não ficará com hipotermia, pois ele age na PGE e não diretamente no hipotálamo. Paracetamol: bom antitérmico e analgésico, mas não é tão bom como anti-inflamatório. EFEITOS INDESEJÁVEIS Distúrbios gastrintestinais: dispepsia, diarreia, náuseas e vômitos, sangramentos gástricos e duodenais, úlceras. Reações alérgicas e cutâneas: erupções leves, urticárias, reações de fotossensibilidade. Efeitos renais: insuficiência renal aguda, nefropatia (nefrite crônica e necrose papilar renal). Outros: Distúrbios de medula óssea, distúrbios hepáticos, asma. SALICILATOS (DERIVADOS DO ÁCIDO SALICÍLICO) Analgésico, antipirético, antiagregante e anti- inflamatório. Indicações clínicas: Analgesia – dores leves a moderadas. Cefaleias, mialgias, artralgias e neuralgias. Antitérmico. Anti-inflamatório. Profilaxia da trombose → tromboxano A2. Fármacos: Ácido Acetil Salicílico: AAS® Salicilato de Sódio: Enterosalicil® Salicilamida: Benesal® Diflunisal: Dolobid® Benorilato: Benoral® 4 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN INIBIÇÃO DA COX PELO AAS A aspirina® inibe a cicloxigenase de forma irreversível. É utilizada como antiagregante plaquetário. Isso evita trombose e tromboembolia. Inibidor irreversível não seletivo da COX. Seu uso crônico provoca muitos efeitos do ponto de vista do TGI e riscos de sangramento pelo impedindo da formação do tromboxano A2, que ocorre mesmo em pequenas dosagens. EFEITOS INDESEJÁVEIS - ASPIRINA Os mesmo dos demais AINEs; Salicismo (zumbido nos ouvidos, vertigem, diminuição da audição, náuseas e vômitos) → atinge muito o sistema vestibular e a audição. Síndrome de Reye: encefalopatia e distúrbio hepático. Comum em crianças com infecções virais, ao usar a aspirina, podem desenvolver essa síndrome. O cérebro inflama e essa aumento da PIC fica grave, podendo levar ao óbito. Altera o equilíbrio eletrolítico e ácido-base. Pode provocar acidose. DERIVADOS DOS ÁCIDOS ANTRANÍLICOS - FENAMATOS Fármacos: Ácido mefenâmico (Ponstan®), ácido flufenâmico Indicações: Analgesia de cólicas menstruais Uso profilático. São mais tóxicos que a maioria dos AINEs, Não deve ser usado por mais de 1 semana e jamais em crianças. Contraindicado para crianças. DERIVADOS PIRAZOLÔNICOS Fármacos: Fenilbutazona, dipirona (Novalgina®), antipirina. Principais efeitos colaterais: fenômenos hemorrágicos, agranulocitose, púrpura, trombocitopenia, hemolíticas e anemia aplásica → defeito das células hematopoiéticas. Não pode ser usado de forma crônica, portanto. Terapia de curta duração para gota (acúmulo de cristais de ácido úrico nas articulações) e artrite A Dipirona (Novalgina®) nos EUA não é mais prescrita por causa das ações sobre células sanguíneas, o FDA proíbe. DERIVADOS DE PARAMINOFENOL Derivados do p-aminofenol: representantes Fenacetina (provoca efeitos colaterais graves, sua venda foi proibida) e Acetaminofeno (paracetamol, derivado do fenacetina menos tóxico). Propriedades farmacológicas: Efeito analgésico e antitérmico: aspirina, paracetamol Efeitos anti-inflamatório: é reduzido, não serve tanto para essa ação. O paracetamol é hepatotóxico, por isso, usado em pacientes com dengue, tem maior chance de lesar o fígado duplamente, pelo vírus e pelo paracetamol. Efeitos tóxicos: Intoxicação crônica: metemoglobinemia e Intoxicação aguda: necrose hepática. Pode levar a hepatite medicamentosa e até cirrose com o uso prolongado. Tem um intermediário hepatotóxico que induz hepatite medicamentosa. DERIVADOS DO ÁCIDO FENILACÉTICO Fármacos: Diclofenaco de potássio (Cataflan®) e de sódio (Voltaren®). Existe também o dietilamônio, que é a forma tópica, usada em contusões, por exemplo. A forma mais comum são os comprimidos de 50 mg. Toma-se 3x ao dia. Não seletivos para a COX: Efeitos indesejáveis: podem provocar sangramento gastrintestinal, dor estomacal e ulceração. Indicação: Dores osteomioarticulares, osteoartrite, artrite reumatoide, dores musculoesqueléticas agudas. Dores de garganta e amigdalites associados com antibióticos. DERIVADOS DO ÁCIDO INDOLACÉTICO Fármaco: Indometacina (Indocid®). Usado para doenças osteoarticulares, prescrição não usual. Efeitos indesejáveis: cefaleia, neutropenia (diminuição de neutrófilos, maior sujeição a infecções) e trombocitopenia (diminuindo as plaquetas, aumenta risco de sangramentos). DERIVADOS PIRROACÉTICOS Fármacos: Etodolaco, zomepiraco. Mais seletivo para a COX-2 → menos efeitos no TGI. 5 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN DERIVADOS DA FENOXIMETANOSULFANILIDA Fármaco: Nimesulida (Scaflam®, Nisulide®) Inibidor fraco de PGs. Analgésico, anti-inflamatório e antipirético. DERIVADOS PROPIÔNICOS Flurbiprofeno (plastilha), cetoprofeno (analgésico potente - dor aguda, injeção ou comprimido 12/12h), ibuprofeno (Alivium®), naproxeno (Flanax®) Analgésicos e anti-inflamatórios Tratamento crônico da artrite e osteoartrite Dor na dismenorreia DERIVADOS DO OXICAN Tenoxicam, Meloxicam, Piroxican Meia-vida longa: vantagem sobre os outros, pois podem ser usados a cada 12 horas ou apenas 1 vez por dia. Excelentes analgésicos e anti-inflamatórios Age bem sobre o sistema musculoesquelético Dor de dente, muscular, articular São menos irritantes que o diclofenaco INIBIDORES SELETIVOS DE COX-2 (COXIB) Celecoxib (Celebra) e Rofecoxib (Vioxx) Não produzem distúrbios gastrintestinais, aumentam a incidência de problemas cardiovasculares, como hipertensão, parada cardíaca, infarto do miocárdio (formação de trombos) → vasoconstrição e aumento da agregação plaquetário pela ação da COX-2. Alguns foram proibidos e outros estão sob suspeita da ANVISA → Rofecoxib. O uso de AINE por 1 ano: para paciente entre 16-40 anos, a chance de morrer de hemorragia digestiva é 1:12. 300 pacientes. Já em um idoso, é de 1:640 pacientes. Esquerda: Mais seletivos para COX-2 → menos efeito TGI, efeito cardiovascular. Direita: Inibem tanto COX-1 quanto COX-2 → menos efeito cardiovascular, mais efeito TGI. ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS CORTICOIDES - HORMÔNIOS DO CÓRTEX DA ADRENAL Glicocorticoides: cortisol Mineralocorticoides: aldosterona Esteroides sexuais: andrógenos e estrógenos Uso dos corticoides: ações anti-inflamatórias, antialérgicas (problemas alérgicos do trato respiratório, como asma) e imunossupressoras (rejeição de transplantes e doenças crônicas autoimunes, como miastenia e lúpus). Usado por asmáticos, que não podem usar os AINES. EFEITOS METABÓLICOS DOS GLICOCORTICÓIDES Aumento da neoglicogênese: Reduz utilização periférica de glicose; Aumenta armazenamento de glicogênio; Aumenta glicemia; Redução da síntese proteica; Aumento da degradação proteica → atrofia muscular, principalmente nos membros; Resulta em balanço nitrogenado negativo. Aumenta a lipólise (mais nos membros): aumento dos ácidos graxos livres → hiperlipidemia Redistribuição da gordura corporal: obesidade centrípeta → deposição centrípeta de gordura, principalmente na face (“de lua”), no pescoço (“corcova de búfalo”) e no abdome GLICOCORTICÓIDES - BIOSSÍNTESE E LIBERAÇÃO A glândula adrenal ou suprarrenal sintetiza glicocorticoides (endógenos) a partir do colesterol. O colesterol é o substrato de suma importância na síntese de hormônios esteroidais. A medula produz adrenalina e noradrenalina. O córtex produz corticosteroides (mineralocorticoides e glicocorticoides) e esteroides sexuais. 6 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN R* R* Os mineralocorticóides são sintetizados na zona glomerulosa: aldosterona, que tem como função regular o equilíbrio hidroeletrolítico. Os glicocorticóides são produzidos na zona fasciculada e na zona reticular e alguns podem ter ação antidiurética também, retendo sódio e água. O importante é o cortisol. Há intenso envolvimento do eixo hipotalâmico- hipofisário-adrenocortical. O estímulo para a liberação de glicocorticóides vem do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), produzido pela adenohipófise. Os glicocorticoides fazem feedback negativo com o hipotálamo e com a adenohipófise. O cortisol age no metabolismo de lipídios, carboidratos, proteínas, tanto no catabolismo como no anabolismo. Estimula a gliconeogênese (produção de glicose a partir de aminoácidos, ácidos graxos e glicerol), a proteólise no tecido muscular (fonte de aminoácidos), a hiperglicemia e a lipólise no tecido adiposo (quebra de triglicerídeos, produzindo glicerol e ácidos graxos). Os ácidos graxos servem como fonte energética para a gliconeogênese. É um antagonista fisiológico da insulina, pois libera glicose no sangue (hiperglicemia) e faz uma certa reserva no fígado. Também age no tecido linfoide, nos músculos, no tecido conjuntivo, na pele, inibindo a captação periférica de glicose. Na pele, também estimula a proteólise, inibindo a deposição de colágeno, o que causa estrias e ressecamento. ESTRUTURA DE ALGUNS CORTICOSTERÓIDES Prednisona → pró-fármaco, converte-se em prednisolona Dexametasona: Preparações injetáveis com vitamina B: tratamento de neurites e dores articulares e preparações tópicas para tratamentos cutâneos. Diprogenta: associa betametasona com gentamicina, trata infecções tópicas. Triamcinolona: pomada omcilon para aftas e ferimentos na boca, região bucal. Também usado para dermatites na pele. Tem o injetável para tratar alopecia. MECANISMO DE AÇÃO DOS GLICOCORTICÓIDES O mecanismo básico de ação é por ligação a receptores citoplasmáticos. O glicocorticóide se liga ao seu receptor citoplasmático, forma um complexo; esse complexo penetra no núcleo e age estimulando a expressão de determinado gene e a transcrição. Assim, ocorrerá a formação do RNA mensageiro e, posteriormente, a síntese da proteína que causará o efeito biológico. As proteínas podem ser enzimas envolvidas nos processos fisiológicos em que o fármaco atua. O glicocorticóide pode também inibir a expressão de um gene que está sendo transcrito, inibindo, assim, a síntese desse RNA mensageiro e também a síntese da proteína efetora. Inibição da Fosfolipase A2 Aumenta a expressão do gene que codifica a lipocortina, estimulando, assim, a lipocortina, o que inibe a fosfolipase A2. Dessa forma, não há liberação de ácido araquidônico, nem de leucotrienos nem de prostaglandinas. Inibição da transcrição dos genes da COX-2 Atuam nos receptores nucleares, interferem na transcrição gênica, dificultando a formação de COX- 2. 7 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN Inibição da NO sintase Responsável pela síntese do óxido nítrico, que tem efeito vasodilatador. Síntese de anexina-1 (retroalimentação negativa do hipotálamo e da adeno-hipófise) Analgesia preemptiva: dá um corticoide desses para pequenos procedimentos cirúrgicos, usado muito na odontologia, diminui a dor e o inchaço. FÁRMACOS - CORTICÓSTERÓIDES Os fármacos são divididos de acordo com o tempo de duração. Ação curta: Hidrocortisona (Nutracort); Cortisona: primeiro. Não é tão utilizada. Ação intermediária: Prednisona (Meticorten®), Prednisolona (Prelone®), Metilprednisolona (Depomedrol®) e Triancinolona (Oncilon A®). Os três primeiros são muito utilizados em uso crônico e o último é utilizado em aftas (diminui a dor, mas retarda a cicatrização). Ação prolongada: Dexametasona (Decadron®) e Betametasona (Celestone®). EFEITOS DO TRATAMENTO PROLONGADO SISTEMA ENDÓCRINO-METABÓLICO Supressão do eixo HHA, Interrupção do crescimento (em crianças), Intolerância aos carboidratos (resistência à insulina, hiperinsulinemia, testes de tolerância à glicose anormal, diabetes mellitus), irregularidades menstruais. Retardo do crescimento, distribuição anormal da gordura, hiperglicemia. Nem todos os adipócitos são sensíveis à ação dos glicocorticóides. A lipólise ocorre mais nos membros e ocorre deposição centrípeta de gordura, principalmente na face, no pescoço e no abdome. Síndrome de Cushing: dificuldade de cicatrização, acúmulo de gordura (coxim). Irregularidade menstrual, impotência Hipocalemia, alcalose metabólica Manifestações cutâneas: estrias puérperas, hiperpigmentação, hirsutismo (pelosem mulheres exacerbados), hipertricose. Alterações neuropsiquiátricas: irritabilidade, euforia, insônia, psicoses, dependência aos glicocorticóides. Distribuição de gordura: corcova de búfalo, deposição supraclavicular, obesidade centrípeta, fácies em lua-cheia. Metabólitos/circulatórios: Hipertensão arterial, alcalose hipocalêmica, intolerância a carboidratos, diabetes mellitus, hiperlipidemia, calculose renal. Sistema músculo esquelético: Osteoporose, fraturas ósseas, fraqueza, miopatia, atrofia muscular proximal. Disfunção hipofisária/gonadal: alteração menstrual, diminuição da libido, impotência, interrupção do crescimento, nanismo, hipotireoidismo. SISTEMA GASTROINTESTINAL Irritação gástrica, úlceras pépticas (menor que os AINES), Pancreatite aguda (rara), Infiltração gordurosa do fígado e hepatomegalia (rara). Úlcera péptica (aumento da secreção de HCl e aumento da pepsina, por causa da diminuição de prostaglandinas e prostaciclina); SISTEMA HEMATOPOEITICO Leucocitose (com neutrofilia), Linfocitopenia, Eosinopenia, Monocitopenia. Tromboembolismo (diminuição de prostaciclina no endotélio, provoca agregação plaquetária). Ocorre também vasoconstricção, acúmulo de células, diminuição da migração e aumento da síntese de fatores de coagulação. 8 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN SISTEMA IMUNOLÓGICO Supressão da hipersensibilidade tardia Supressão da resposta antigênica primária Supressão da função dos linfócitos T helper 1; predominância dos T helper 2 Imunossupressão (diminuição da ação fagocítica, diminuição da migração de leucócitos). SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO Osteoporose e fraturas espontâneas Necrose asséptica de cabeça de fêmur e úmero Miopatia Perda de massa muscular (proteólise) e osteoporose. Deve-se fazer atividade física para estimular a hipertrofia muscular. SISTEMA OFTÁLMICO Catarata subcapsular posterior (comum em crianças), Aumento da pressão intraocular, Glaucomas (em adultos, por causa do aumento da pressão intraocular) É importante fazer exame periódico em pacientes com uso crônico, analisando pressão e opacidade. DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS (SNC) Distúrbios do sono e Insônia Euforia e Depressão Mania e Psicose Pseudotumor cerebral (aumento benigno da pressão intracraniana) - ocorre principalmente na retirada do fármaco “Dependência aos Glicocorticóides” Alterações de comportamento e convulsões, principalmente em pacientes pré-dispostos que fazem uso crônico e dose-dependente. Os corticóides atravessam barreira hematoencefálica. SISTEMA RENAL Nefrolitíase, Nefrocalcinose (cálculos renais de cálcio), Uricosúria (ácido úrico elevado na urina). SISTEMA CARDIOVASCULAR Hipertensão arterial, Infarto do miocárdio (raro), Acidente vascular cerebral (raro). Pele: fina e inelástica (diminuição de colágeno), retardo na cicatrização (diminuição da deposição de fibrina e diminuição da proliferação de fibroblastos). Água e eletrólitos: hipocalemia (diminuição de potássio). Alguns glicocorticóides têm ação de mineralocorticóide também. O uso contínuo e crônico (administração exógena) deprime o eixo e, quando o uso é suspenso, pode demorar meses para ele voltar a funcionar, caso tenha sido suprimido por muito tempo. Assim, em situações de estresse, o organismo não liberará os hormônios como deveria. A retirada do fármaco (desmame) deve ser lenta e gradual, para desbloquear esse eixo.
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