Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
@veterinariando_ 1. Fosfolipídeos da membrana celular ao sofrer ação da enzima fosfolipase A2 dá origem ao ácido araquidônico 2. Sobre o ácidos araquidônico há ação de dois grandes grupos de enzimas: lipoxigenase (LOX) e cicloxigenase (COX) 3. Ação do LOX sobre o ácido araquidônico dará origem a produção de leucotrienos, que possui função importante no aumento de permeabilidade vascular e na broncoconstrição 4. Ação do COX sobre o ácido araquidônico dará origem a produção de prostaglandinas e tromboxano ➢ Os AIEs (anti-inflamatórios esteroidais) impedem a atividade da fosfolipase A2 na conversão do fosfolipídeos da membrana em ácido araquidônico, pois na presença de AIE e de esteroides exógenos há a produção de uma proteína denominada lipomodulina 1, responsável por diminuir a atividade da fosfolipase ✓ Há diminuição da produção de ácido araquidônico e consequentemente na ação da cicloxigenase (COX), diminuído sua expressão (esteroides inibem a indução de COX) Não há motivos para se fazer associação entre AINEs e AIEs, uma vez que os AINEs agem na COX diminuído a formação de prostaglandinas e o AIEs agem na enzima que converte fosfolipídeos da membrana em ácido araquidônico. Os AIEs têm grande ação no eixo que comanda a adrenal, na produção de alguns hormônios importantes • A adrenal é responsável pela produção de diversas substâncias de acordo com cada região Zona glomerulosa – responsável por secretar substâncias consideradas mineralocorticoides: aldosterona, hormônio responsável por promover equilíbrio hídrico e eletrolítico Zona fasciculada – responsável por secretar substâncias consideradas glicocorticoides: cortisol, hormônio responsável pelo metabolismo de carboidratos e proteínas, possui ação anti-inflamatória e imunossupressora Zona reticulada – responsável por secretar substâncias consideradas andrógenos: esteroides sexuais ➢ O hipotálamo inicia a regulação por meio de estímulos de emoção, físicos, hipoglicemia e luminosos ➢ O hipotálamo manda sinal para a hipófise, por meio da produção de uma substância denominada CRH (hormônio liberador de corticotropina) ➢ Essa substância faz com que a hipófise libere uma substância denominada ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) ➢ O ACTH estimula a adrenal a liberar o cortisol que é um glicocorticoide endógeno • Quando há administração de AIEs/glicocorticoides, além de ter ação na cascata do ácido araquidônico esse medicamento ele também interfere no eixo hipotálamo- hipófise-adrenal (HHA) ➢ A adrenal entende que não há necessidade de liberar o cortisol, assim como a hipófise não irá liberar o ACTH e o hipotálamo não irá liberar CRH – a via acaba tendo sua menor atividade, pois há administração de glicocorticoides exógenos • Toda vez que os glicocorticoides endógenos são liberados pela adrenal, essas substâncias precisam interagir com receptores (do tipo intracelular) – o glicocorticoide adentra a membrana celular e se ligam a receptores glicocorticoides que estão na região do citoplasma • O complexo glicocorticoide + receptor glicocorticoide seguirá para a região do núcleo • No núcleo da célula ele interage com sítios de ligação existentes nas estruturas gênicas, desta maneira ele acaba interferindo na transcrição gênica de algumas substâncias, como: substâncias inflamatórias, imunológicas • Os AIEs fazem o mesmo processo, mas se administração desse medicamento ocorrer por longos períodos em doses altas, essa atividade de alteração na transcrição gênica começa a ficar muito intensas, ocorrendo: inibição de células pró-inflamatórias (interleucinas, TNF alfa, COX, fator estimulante de macrófagos • São hiperglicemiantes, pois inibem a liberação e a atividade da insulina • Aumentam o catabolismo de proteínas, causam atrofia muscular importante e piora a cicatrização • Potencializam a lipólise • Se tiver efeito mineralocorticoide: ➢ Alteram a produção de aldosterona, hormônios esse que regula a retenção de sódio. Podendo ocasionar hipertensão, redução na absorção intestinal de cálcio e hipercalciúria SISTEMA DIGESTÓRIO • Aumento de secreções gástricas (HCl, pepsina) • Aumento da secreção pancreática • Induz produção de isoenzima hepática (Fosfatase Alcalina) • Polifagia e polidipsia SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO • Fraqueza e atrofia muscular, devido ao catabolismo de proteínas • Aumento da reabsorção óssea • Reduzem a formação de matriz óssea (maior ação dos osteoclastos e menor ação dos osteoblastos) PELE • Inibem a síntese de colágeno e ácido hialurônico • Dificulta cicatrização e induz hiperqueratose • Atrofia de glândulas sebáceas e folículo piloso • Hiperpigmentação • Alopecia/rarefação pilosa SISTEMA ENDÓCRINO • Atrofia da adrenal • Diminuição da secreção de diversos hormônios: THS, T4 abaixo do limite de normalidade, GH, FSH, LH, prolactina e ADH NEUTRÓFILO (NEUTROFILIA HIPORREATIVA) • Diminuição da migração neutrofilica • Aumento da descarga medular de neutrófilos • Redução das atividades dos neutrófilos MACRÓFAGOS E MONÓCITOS • Diminuição da atividade fagocitária • Redução da apresentação de antígeno • Em doses elevadas reduzem a liberação de citocinas • Diminuição da síntese de histamina LINFÓCITOS • Linfopenia (redução de linfócitos circulantes) • Redistribuição dos linfócitos para os órgão linfoides é afetada • Linfócito T é o mais afetado • Reduz ativação de linfócitos B pelos linfócitos T INIBIÇÂO DA FOSFOLIPASE A2 E CICLOXIGENASE • Redução da síntese destas enzimas • Produção de lipomodulina-1 • Fisiologicamente no cão e no gato é produzido 1mg/kg/24h de glicocorticoides • Quando há administração de uma dosagem anti-inflamatória, essa dose é 10x maior do que a fisiológica • Quando o AIE é utilizado com função imunossupressora, a dose administrada é 2x maior que a dose anti-inflamatória Os gatos costumam ser mais tolerantes com relação aos efeitos adversos, pois possuem menores quantidades de receptores de glicocorticoides – administração de AIE é 2x maior do que a dose em cães (nº de receptores: 3000 a 1000) • A administração desse fármaco deve ser feita pela manhã, pois é nesse período que a adrenal libera maior quantidade de cortisol (nos cães, pois o ciclo é similar ao do humano) • No gato percebeu-se que eles possuem 2 picos de liberação do cortisol, um pela manhã e um pela tarde (a administração em gatos deve ser feita pela manhã) • 70% da biotransformação é hepática – mas pode ser exercida por outros órgão, por exemplo: rim • A biotransformação no fígado, é decorrente da via de administração oral que ocorre em 2 fases. Essas fases são responsáveis pela inativação de compostos, para que o metabolito seja eliminado de forma inativa • Alguns compostos são inativos, precisando da biotransformação hepática para serem ativados ➢ Prednisona/cortisona: requer biotransformação em prednisolona/hidrocortisona (metabolitos ativos), respectivamente ➢ No gato geralmente é receitado o metabolito ativo, pois se administrar o composto com metabolito inativo, haverá uma baixa conversão em metabolitos ativos e uma menor ação dos anti-inflamatórios esteroidais • A excreção predominante é renal e uma pequena parte é biliar AÇÃO RÁPIDA – 8 a 12h – exige que o paciente tome mais vezes a medicação ao longo das 24h Hidrocortisona ✓ Afinidade por receptor glicocorticoide: 1 ✓ Potência glicocorticoide (anti-inflamatória): 1 ✓ Potência mineralocorticoide: 1 ✓ Anti-inflamatório efeito em situações de emergências e de reposição de glicocorticoide de forma mais rápida – ex: animal com não funcionamento da adrenal (hipoadrenocorticismo) Cortisona ✓ Afinidade por receptor glicocorticoide: 0,01 ✓ Potência glicocorticoide: 0,08 ✓ Potência mineralocorticoide: 0,08 ✓ Precisa ser ativada em hidrocortisona (no fígado); possuifraca atuação como anti-inflamatório, por isso não é o medicamento de eleição AÇÃO INTERMEDIÁRIA – 12 a 36h Prednisona ✓ Afinidade por receptor glicocorticoide: 0,05 ✓ Potência glicocorticoide: 4 ✓ Potência mineralocorticoide: 0,8 ✓ Inativa até sua conversão em prednisolona; utilizada em processos inflamatórios e doenças autoimunes, principalmente se o paciente precisa de tratamento crônico Prednisolona ✓ Afinidade por receptor glicocorticoide: 2,2 ✓ Potência glicocorticoide: 4 ✓ Potência mineralocorticoide: 0,8 ✓ Medicamento de escolha para terapias sistêmicas anti-inflamatórias e/ou imunossupressivas de caráter crônico Metilprednisolona ✓ Afinidade por receptor glicocorticoide: 11,9 ✓ Potência glicocorticoide: 5 ✓ Potência mineralocorticoide: mínima ✓ Anti-inflamatório e imunossupressivas, eficiente sob a forma de acetato; meia vida prolongada consequentemente maior tempo de ação Triancinolona ✓ Afinidade por receptor glicocorticoide: 1,9 ✓ Potência glicocorticoide: 5 ✓ Potência mineralocorticoide: 0 ✓ Usados como anti-inflamatórios e imunossupressores, usados quando o paciente apresenta efeitos adversos importantes com anti-inflamatórios dessa classe AÇÃO PROLONGADA – 72h Dexametasona ✓ Afinidade por receptor glicocorticoide: 7,1 ✓ Potência glicocorticoide: 3 ✓ Potência mineralocorticoide: mínima ✓ Usado em processos inflamatórios, crise aguda de doenças autoimune; indicada para testes de supressão Betametasona ✓ Afinidade por receptor glicocorticoide: 5,4 ✓ Potência glicocorticoide: 30 ✓ Potência mineralocorticoide: negligível ✓ Alternativa terapêutica à dexametasona Via oral: maior facilidade em controlar efeitos adversos Via intravenosa: fosfatos ou succinatos (formas injetáveis) Tópica: AIEs por via tópica também é capaz de ganhar a corrente sanguínea Cascata do ácido araquidônico • Uma das utilizações clínica é feita na cascata do ácido araquidônico, promovendo a diminuição de prostaglandinas que estão relacionadas ao processo inflamatório e dor. A maior produção de lipomodulina 1, faz com que ocorra a diminuição da ação da fosfolipase A em converter fosfolipídeos da membrana em ácido araquidônico. • Os anti-inflamatórios esteroidais diminuem a expressão genica da cicloxigenase (COX) – o ácido araquidônico que porventura tenha uma produção mesmo que pequena, acaba não tendo sua conversão em prostaglandinas devido a menor atividade da COX Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal • Pacientes com hipoadrenocorticismo, tem uma deficiência muito grande na liberação de glicocorticoides e na liberação de mineralocorticoide (de forma menor). Nessas condições é feita a suplementação dessa deficiência com o uso de anti-inflamatório esteroidal Doenças autoimunes • Anemia hemolítica autoimune – paciente com doenças autoimunes possui atividade muito grande do sistema imunológico em combater a um tipo celular, dessa maneira é indicada medicação que diminua a atividade do sistema imune. O objetivo do uso dos AIEs nesses casos, é de diminuir o metabolismo e a liberação de mediadores pró-inflamatórios (diminuir a atividade de linfócitos T e B, cascata inflamatória, citocinas • Isso ocorre em diversos tipos de doenças, como: trombocitopenias autoimune, pênfigos, lúpus eritematoso, artrose reumatoide = uso crônico • Numa situação menos grave pode-se iniciar o tratamento com: prednisona/prednisolona (via oral) • Numa situação mais grave inicia-se o tratamento com: dexametasona; depois que o paciente está estável pode fazer a manutenção com prednisona/prednisolona Câncer • Nessa situação é utilizado muito como anti-inflamatório e como imunossupressor • Associada a protocolos de quimioterapia de alguns tipos de câncer: linfomas, mastocitoma – utilização de prednisona/prednisolona para diminuir a resposta inflamatória em decorrência da grande quantidade de mastócitos existentes na região onde se localiza o tumor • Inibe a proliferação de linfócitos e do crescimento tumoral, diminuí a inflamação e dor (os AIEs são medicamentos de primeira linha para o controle de dor) • Reduz edema cerebral em pacientes com tumores primários ou metastáticos • Controle do vômito na quimioterapia • Estimulador de apetite (máximo 7 dias) Alergias • Dermatopatias alérgicas (atopia, DAAP, dermatite alérgica de contato, hipersensibilidade alimentar • Para aliviar de forma mais rápida as reações alérgicas intensas pode fazer o uso do AIE (prednisona/prednisolona, corticoide tópico), mas com cautela é necessário eliminar a causa base da alergia • Picada de animais – dexametasona via intravenosa • Doenças broncopulmonares (asma, bronquite crônica) – glicocorticoides estabiliza a ação dos mastócitos, diminuindo a inflamação/muco – fluticasona é um AIE eleito para usar nesse tipo de tratamento • Doenças digestórias autoimunes: budesonida Traumas e edemas cerebrais/espinhais • Traumas com formação de edemas que comprimem estruturas nervosas – uso de corticoide que tenha potência anti-inflamatória grande como a dexametasona Doenças osteoarticulares • Muito comum em equinos, em situações de inflamações articulares que não possui componente infeccioso – aplicação do AIE por via intra-articular = menor efeito sistêmico (USO: triancinolona, Betametasona) ✓ Contra indicação: risco de infecção, dano estrutural e instabilidade articular Ação hiperglicemiante Inibição da ação da insulina/neoglicogênese Diminuição da massa muscular/gordura Há aumento do catabolismo proteico/lipólise Aumento da diurese Eleva a taxa de filtração glomerular, inibe os efeitos e a expressão gênica do ADH Trato gastrointestinal Aumento da secreção gástrica, pepsina e suco pancreático Endócrino Atrofia de adrenal/reduz secreção de diversos hormônios Pele Diminuição da síntese de colágeno, ácido hialurônico/atrofia folículo piloso e gl. Sebáceas Imunidade Diminuição de citocinas, prostaglandinas, Igg, leucócitos, linfócitos, fagocitose • Síndrome de Cushing iatrogênica • Condição ativada devido a administração contínua dos anti-inflamatórios esteroidais por qualquer via (VO, tópica, oftálmica, ótica) = insuficiência da adrenal iatrogênica ✓ Poliúria, polidipsia e a polifagia (comum com a diabete) ✓ Aumento de volume abdominal, perda de peso ✓ Dificuldade respiratória ✓ Alterações cutâneas ✓ Alterações no sistema reprodutivo SÍNDROME DA RETIRADA BRUSCA OU PRIVAÇÃO DO GLICOCORTICOIDE • Retirada brusca: atrofia das adrenais (insuficiência da adrenal secundária, devido á supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal) ➢ Animal pode apresentar anorexia, náuseas, vômitos, fraqueza, fadiga, prostração, mialgia, artralgia, descamação da pele, febre, perda de peso, alteração comportamental (irritabilidade, depressão e insônia) ➢ Se preconiza que pacientes tratados com AIE por mais de 10 dias, tenha a retirada do medicamento de forma gradativa, a fim de fazer a adrenal comece a funcionar 1. Diminuição em 50% - 75% - 25% até que ao final de 1-2 semanas seja possível a retirada completa ➢ Outra forma de minimizar a atrofia da adrenal, é a administração de AIE em dias alternados • Animal imunossuprimido • Distúrbios digestórios (vômitos e diarreias com presença de sangue) • Diabete Melitus (principalmente aqueles que não tem controle adequado da glicemia) • Pancreatite (pode piorar a condição, devido o aumento da viscosidade das secreções pancreáticas levando a hiperplasia de dutos e lipemia) • Doenças renais (devido ao catabolismo proteico com produção de nitrogenados e piora da azotemia) • Cardiopatas (devido a retenção de sódio pela atividade mineralocorticoide = retenção de água) 1. Utilizar menor dose terapêutica, durante menor tempo possível (dose x potência x dias) 2. Única dose provavelmente é isenta de efeitos adversostradicionais 3. Devem ser aplicados somente quando os AINEs não são eficazes 4. Dose imunossupressora é 2x maior que a anti-inflamatória, que é 10x maior que a fisiológica 5. Após longos períodos de administração a retirada devem ser gradativa 6. A interrupção abrupta da medicação causa manifestações relacionadas a privação de glicocorticoides 7. Terapia longa deve-se tomar cuidado com hiperadrenocorticismo iatrogênico 8. Uso: reposição em pacientes com hipoadrenocorticismo (insuficiência da adrenal), onde há necessidade de potência grande de anti-inflamatórios e em casos de doenças autoimunes onde há necessidade de controlar o sistema imunológico
Compartilhar