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TEORIA GERAL DOS RECURSOS 
E 
RECURSOS EM ESPÉCIE 
 
TEORIA GERAL DOS RECURSOS 
CONCEITO 
A finalidade do recurso é reexaminar uma decisão 
por órgão jurisdicional superior ou, em certos 
casos, pelo mesmo órgão que a proferiu. 
FUNDAMENTO 
A existência dos recursos encontra fundamento no 
princípio do duplo grau de jurisdição. 
Entretanto, não se trata de um princípio absoluto, 
ou seja, há decisões que são irrecorríveis como a 
expressa no artigo 273 do CPP e 93, §2º do CPP. 
A parte que se julgar prejudicada poderá fazer uso 
dos remédios constitucionais (habeas corpus e 
mandado de segurança) 
CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS 
QUANTO À FONTE 
a) Constitucionais: São previstos no texto da 
Constituição Federal, como recurso extraordinário 
ou recurso especial. Os regramentos desses 
recursos estão em leis ordinárias, porém, sua 
existência emana de texto constitucional. 
b) Legais: emanam do CPP e de leis especiais. O 
diploma processual regula os recursos de apelação, 
em sentido estrito, embargos de declaração, 
infringentes ou de nulidade, revisão criminal e a 
carta testemunhável. Nas leis especiais, por 
exemplo, se tem o recurso de agravo em execução 
QUANTO À INICIATIVA 
a) Voluntários: a interposição do recurso fica a 
critério da parte que se sente prejudicada pela 
decisão. (Artigo 574, CPP). 
b)Necessários: hipóteses determinadas pelo 
legislador para que o juiz de ofício recorra da 
própria decisão. 
QUANTO AOS MOTIVOS 
a)Ordinários: Que não exigem requisito específico 
para seu cabimento, bastando o simples 
inconformismo da parte. Ex: recursos de apelação 
em sentido estrito. 
b)Extraordinários: Exigem requisitos específicos 
para a interposição. Ex: recurso extraordinário, 
embargos de declaração. 
PRESSUPOSTOS RECURSAIS 
PRESSUPOSTOS OBJETIVOS 
I)Previsão Legal (cabimento): Para a interposição 
de recurso deve existir dispositivo legal prevendo 
seu cabimento. Alguns autores apontam também a 
adequação como pressuposto recursal autônomo, 
ou seja, a interposição do recurso correto pela 
parte no caso concreto. 
II)Observância das formalidades legais: A 
apelação e o recurso em sentido estrito devem ser 
interpostos por petição ou por termo (manifestada 
oralmente pelo interessado e certificada 
por escrito por quem tenha fé pública). O recurso 
extraordinário, o recurso especial, os embargos 
infringentes, os embargos de declaração, a carta 
testemunhável, o habeas corpus e a correição 
parcial só podem ser interpostos por petição. 
Quando a sentença é proferida em audiência, as 
partes podem declarar, imediatamente, sua 
intenção de recorrer, hipótese em que o juiz a 
reduzirá a termo na própria audiência. 
III)Tempestividade: A interposição do recurso 
deve ser feita dentro do prazo legal. Observando o 
disposto no artigo 798, §1º e §3º do CPP. 
A Lei nº 9.800/99 permite que as partes utilizem 
sistema de transmissão de dados e imagens do tipo 
fac-símile para a prática de atos processuais que 
dependam de petição. Nessa hipótese, os originais 
deverão ser entregues em juízo em até 5 dias após 
o término do prazo (artigos 1º e 2º). 
PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS 
I- Legitimidade: O recurso poderá ser interposto 
pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou 
pelo réu, seu procurador ou seu defensor (artigo 
577 do Código de Processo Penal). Também pode 
recorrer o assistente de acusação. 
II- Interesse: O artigo 577, parágrafo único, do 
Código de Processo Penal determina que só pode 
recorrer aquele que tenha algum interesse na 
reforma ou modificação da decisão. O interesse 
está ligado à ideia de sucumbência e prejuízo, isto 
é, refere-se àquele que não obteve com a decisão 
judicial tudo o que pretendia. 
O Ministério Público possui regras próprias e pode 
recorrer em favor do réu, mas existindo recurso 
idêntico por parte da defesa, o interposto pelo 
órgão ficará prejudicado. 
Juízo de admissibilidade (ou de prelibação) 
O recurso somente é viável quando presentes 
todos os pressupostos objetivos e subjetivos. A 
análise destes pressupostos é chamada de juízo de 
admissibilidade, em regra, feito pelo próprio órgão 
jurisdicional que prolatou a decisão 
EXTINÇÃO ANORMAL DOS RECURSOS 
I- Desistência: acontece quando, após a 
interposição e o recebimento do recurso pelo juízo 
a quo, o responsável por sua interposição desiste 
formalmente do seu prosseguimento. Nota-se que 
o artigo 576 do CPP proíbe o Ministério Público de 
desistir do recurso por ele interposto. 
II- Deserção decorrente da falta de preparo (artigo 
806, § 2º, do CPP): o preparo só é exigível nos 
recursos interpostos pelo querelante, nos crimes 
de ação privada exclusiva ou personalíssima. 
EFEITOS DOS RECURSOS 
Devolutivo: a interposição reabre a possibilidade 
de análise da questão combatida no recurso, por 
meio de um novo julgamento; 
Suspensivo: a interposição de determinado 
recurso impede a aplicabilidade da decisão 
recorrida. Salienta-se a regra no processo penal da 
não existência desse efeito, portanto, um recurso 
somente o terá quando a lei expressamente 
declarar; 
Regressivo: a interposição faz com que o próprio 
juiz prolator da decisão tenha de reapreciar a 
matéria. Poucos recursos possuem o efeito, 
podendo ser citado como exemplo o recurso em 
sentido estrito e os embargos de declaração; 
Extensivo: havendo dois ou mais réus com idêntica 
situação processual e fática, se apenas um deles 
recorrer e obtiver benefício, será este aplicado 
também aos demais que não impugnaram a 
sentença ou decisão (artigo 580 do Código de 
Processo Penal). O efeito não se aplica quando se 
trata de circunstância de caráter pessoal. 
 
Reformatio in pejus 
A denominada reformatio in pejus é vedada pelo 
artigo 617 do Código de Processo Penal. Assim, se 
houver recurso apenas por parte da defesa, o 
tribunal não pode proferir decisão que torne mais 
gravosa a situação do réu. 
“Reformatio in pejus” indireta 
Apesar de não haver previsão expressa, é pacífico 
na doutrina e jurisprudência que, se anulada uma 
decisão em decorrência de recurso exclusivo da 
defesa, no novo julgamento o juiz não poderá 
tornar a situação do acusado mais gravosa do que 
aquela proferida na decisão inicial tornada sem 
efeito. Há, contudo, uma exceção referente às 
decisões do Tribunal do Júri, situação em que 
havendo anulação do primeiro julgamento, no 
novo plenário os jurados poderão reconhecer 
crime mais grave. 
Reformatio in mellius 
Por fim, destaca-se que apesar de existirem 
divergências, entende-se que, sendo o recurso 
exclusivo da acusação, poderá o tribunal 
reconhecer e aplicar ao réu reprimenda mais 
benéfica, uma vez que o artigo 617 do Código de 
Processo Penal somente proíbe a reformatio in 
pejus. 
 
 
RECURSOS EM ESPÉCIE 
1. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO: arts. 581-592, 
CPP. 
1.1. REQUISITOS OBJETIVOS: Cabimento e 
adequação: tem cabimento nos casos previstos no 
art. 581, cujo rol é taxativo. Os incisos XVII, XIX, XX, 
XXI, XXII, XXIII e XXIV perderam eficácia com o 
advento da LEP. Interposição por petição ou termo 
nos autos. → Tempestividade: 5 dias para 
interposição (art. 586) e 2 dias para razões (art. 
588). Assistente: 5 dias habilitado – 15 dias não 
habilitado. → Preparo: tem cabimento nas ações 
penais privadas (art. 806). 
1.2. REQUISITOS SUBJETIVOS: Legitimidade (art. 
577) e gravame/prejuízo. 
1.3. EFEITOS: efeito devolutivo misto (regressivo e 
depois reiterativo ou devolutivo propriamente 
dito). Efeito suspensivo nos casos previstos no art. 
584. 
 
TEORIA GERAL DOS RECURSOS 
E 
RECURSOS EM ESPÉCIE 
 
1.4. ASPECTOS DO PROCEDIMENTO: pode subir 
nos próprios autos (art. 583) ou por instrumento 
(demais casos), sendo que o instrumento deverá 
conter as peças obrigatórias (art. 587, parágrafo 
único) e as indicadas pelas partes e o juiz (art. 589). 
2. APELAÇÃO: arts. 593-603. 
2.1. REQUISITOS OBJETIVOS: Cabimentoe 
adequação: pode ser interposta por petição ou 
termo nos autos, nos casos previstos no art. 593. 
→ Art. 593, II: é residual em relação à taxatividade 
do RSE, cabendo em relação às decisões 
interlocutórias mistas não abrangidas pelo art. 581. 
→ Art. 593, III: o inciso III dirige-se exclusivamente 
às decisões proferidas pelo Tribunal do Júri. Nas 
alíneas “a” e “d”, se acolhido o recurso, a 
consequência será a realização de novo júri. Nas 
alíneas “b” e “c”, acolhendo o recurso, o tribunal 
faz a retificação se enviar a novo júri. → Art. 593, § 
3º: decisão manifestamente contrária à prova dos 
autos é aquela completamente dissociada da prova 
dos autos, sem qualquer apoio no processo. O que 
se entende por “mesmo motivo”? Significa novo 
recurso com base na letra “d”, sendo irrelevante a 
tese sustentada. Quanto ao cabimento do recurso 
de apelação, por parte do acusador, com base no 
art. 593, III, d, quando o réu é absolvido no quesito 
genérico da absolvição, existe uma divisão no STJ e 
uma importante decisão do STF no sentido do não 
cabimento. → Tempestividade: 5 dias para 
interposição (art. 593) e 8 dias para razões. 
Assistente: 5 dias habilitado – 15 dias não 
habilitado. → Preparo: exige-se nas ações penais 
privadas. 
2.2. REQUISITOS SUBJETIVOS: legitimidade (art. 
577) e gravame/prejuízo. 2.3. EFEITOS: devolutivo 
(total ou parcial) e suspensivo (apelação de 
sentença absolutória nunca tem efeito suspensivo, 
art. 596). Quanto ao direito de recorrer em 
liberdade, art. 387, § 1º, deve ser analisado à luz do 
sistema cautelar e das regras da prisão preventiva 
(arts. 311 e s.). 
3. EMBARGOS INFRINGENTES E EMBARGOS DE 
NULIDADE: art. 609, parágrafo único. 
→ Embargos Infringentes: voto vencido tem por 
objeto da divergência uma questão de mérito. → 
Embargos de Nulidade: voto vencido tem por 
objeto divergência sobre questão processual. 
3.1. REQUISITOS OBJETIVOS: Cabimento: contra 
decisão não unânime proferida por tribunal no 
julgamento de apelação, RSE ou agravo em 
execução. É recurso exclusivo da defesa. Está 
limitado ao objeto da divergência, demarcado 
pelos limites do voto vencido. → Adequação: deve 
ser interposto por petição acompanhada das 
razões, circunscritas ao objeto da divergência. → 
Tempestividade: prazo de 10 dias, único para 
interposição e razões. → Preparo: predomina 
entendimento de que não é necessário, nem 
mesmo nas ações penais privadas, bastando o 
preparo feito para a apelação. 
 3.2. REQUISITOS SUBJETIVOS: é um recurso 
exclusivo da defesa. Quanto ao gravame, deve 
haver um voto divergente favorável à defesa que 
represente uma vantagem jurídica, se acolhido. 
 3.3. EFEITOS: → Devolutivo: devolve a discussão 
nos limites do voto vencido. → Suspensivo: ainda 
que se aceite a execução antecipada da pena (HC 
126.292 do STF, com o qual não concordamos), na 
pendência do julgamento dos embargos ainda não 
terá ocorrido o esgotamento da jurisdição de 
segundo grau, sendo inviável a decretação da 
prisão. Em relação a outros recursos (REsp e RE), o 
mais recomendado é a interposição simultânea dos 
embargos infringentes e do REsp/RE, conforme o 
caso (ausência de efeito suspensivo ou interruptivo 
do prazo). Mas a matéria não é pacífica. 
4. EMBARGOS DECLARATÓRIOS 
 4.1. REQUISITOS OBJETIVOS: Cabimento: Podem 
ser utilizados em relação a qualquer decisão, 
inclusive interlocutória ou despacho, desde que 
contenha omissão, obscuridade, contradição ou 
ambiguidade. Arts. 382 (decisões de 1º grau), 619 
e 620 (decisões de tribunais). Excepcionalmente 
podem ter efeitos modificativos e podem ser 
utilizados para fins de prequestionamento nos 
recursos especial e extraordinário. → Adequação: 
interpostos por petição contendo as razões. → 
Tempestividade: 2 dias. No JECrim: 5 dias (art. 83 
da Lei n. 9.099/95). → Preparo: não se exige. 
4.2. REQUISITOS SUBJETIVOS: estão legitimadas as 
partes ativa, passiva e assistente da acusação. O 
interesse recursal vincula-se à (in)eficácia da 
garantia da motivação das decisões. 4.3. EFEITOS: 
possuem efeito regressivo (devolvendo para o 
mesmo órgão prolator). Excepcionalmente 
poderão ter efeitos modificativos ou infringentes. 
Como regra, interrompem o prazo para 
interposição de outros recursos (art. 1.026 do CPC). 
5. AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL: art. 197 da 
LEP. 
Segue o mesmo procedimento e requisitos do RSE. 
5.1. REQUISITOS OBJETIVOS: Cabimento: decisões 
interlocutórias tomadas no curso da execução 
criminal. → Adequação: pode ser interposto por 
petição ou termo nos autos. → Tempestividade: 5 
dias para interposição e 2 dias para razões. → 
Preparo: não se exige. 
5.2. REQUISITOS SUBJETIVOS: estão legitimados o 
MP, defensor ou réu. O gravame decorre do 
prejuízo pela concessão ou denegação do pedido 
feito na execução penal. 5.3. EFEITOS: efeito 
devolutivo misto (regressivo e depois reiterativo 
ou devolutivo propriamente dito). Não possui 
efeito suspensivo. 
6. CARTA TESTEMUNHÁVEL: arts. 639 a 646. 
6.1. REQUISITOS OBJETIVOS: Cabimento: 
impugnar a decisão que denegou o 
prosseguimento a recurso em sentido estrito ou 
agravo em execução, ou obstaculizou sua subida. 
→ Adequação: recurso interposto por petição. → 
Tempestividade: 2 dias. → Preparo: não se exige. 
6.2. REQUISITOS SUBJETIVOS: legitimidade 
vinculada àquela necessária para interposição do 
recurso originário a que foi denegado o 
prosseguimento. Interesse: gravame pelo não 
prosseguimento do recurso. 6.3. EFEITOS: 
devolutivo misto. 
7. RECURSO ESPECIAL 
art. 105, III, da Constituição. → Órgão julgador: 
Superior Tribunal de Justiça. → Cabimento: julgar, 
em recurso especial, as causas decididas, em única 
ou última instância, pelos Tribunais Regionais 
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito 
Federal e Territórios, quando a decisão recorrida 
(ver Súmula 203 do STJ): a) contrariar tratado ou lei 
federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato 
de governo local contestado em face de lei federal 
(inaplicável na esfera penal); c) der a lei federal 
interpretação divergente da que lhe haja atribuído 
outro tribunal (Súmulas 13 e 83 do STJ). → 
Prequestionamento: há decisões aceitando o 
prequestionamento implícito. Importância do art 
1.025 do CPC. → Repercussão Geral não é exigida. 
→ Objeto: tutela da Legislação Infraconstitucional. 
→ Tempestividade: 15 dias, art. 1.030 do CPC. → 
Legitimidade: Ministério Público, assistente da 
acusação, querelante e o réu. → Preparo: exige-se, 
conforme a Súmula 187 do STJ. 
8. RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
 art. 102, III, da Constituição. → Órgão julgador: 
Supremo Tribunal Federal. → Cabimento: julgar, 
mediante recurso extraordinário, as causas 
decididas em única ou última instância, quando a 
decisão recorrida (ver Súmulas 281 e 640 do STF): 
a) contrariar dispositivo desta Constituição (a 
ofensa tem que ser“direta”, se antes violar o CPP 
não cabe RE); b) declarar a inconstitucionalidade 
de tratado ou lei federal (ver Súmula Vinculante n. 
10); c) julgar válidos lei ou ato de governo local 
contestados em face desta Constituição; d) julgar 
válida lei local contestada em face de lei federal. → 
Prequestionamento: é exigido prequestionamento 
explícito, como regra (Súmula 211). Ver art 1.025 
do CPC. → Repercussão Geral: é exigida a 
demonstração através de preliminar formal (art. 
102, §3º, da CB c/c art 1.035 do CPC). → Objeto: 
tutela da Constituição. Violação da CADH. → 
Tempestividade: 15 dias, art. 1.030 do CPC. → 
Legitimidade: Ministério Público, assistente da 
acusação, querelante e o réu. → Preparo: exige-se. 
Aplica-se a ambos casos (REsp e RE) → 1. Recurso 
contra a decisão que nega seguimento: agravo em 
REsp e RE (art 1.042 do CPC). → 2. Efeitos: 
Devolutivo propriamente dito. Ausência de efeito 
suspensivo: Art 1.029 do CPC autoriza pedido de 
concessão de efeito suspensivo por simples 
petição.Cáritha Caroline Monteiro Bueno e 
Lorhanne Claudine Mendes Neto

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