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1 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Programa de Educação Continuada a Distância Curso de Enfermagem em Neurologia Aluno: EAD - Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 2 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Curso de Enfermagem em Neurologia MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 3 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores SUMÁRIO MÓDULO I NEUROANATOMIA Embriologia do sistema nervoso Anatomia do sistema nervoso Sistema nervoso central (SNC) Sistema nervoso periférico (SNP) MÓDULO II NEUROTRAUMA Trauma Cranioencefálico (TCE) Diagnóstico Avaliação Neurológica Tratamento Prognóstico Cuidados de Enfermagem Trauma Raquimedular (TRM) Diagnóstico Tratamento Cuidados de Enfermagem MÓDULO III Doenças cerebrovasculares Acidente Vascular Cerebral – Isquêmico (AVCI) Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH) Malformação Arteriovenosa (MAV) Aneurisma Cerebral Anexo I - Escala de AVC NIH 4 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO IV Patologias neurológicas Epilepsia Tumores Cerebrais Neuromiopatias Síndrome de Guillain-barré Miastenia Grave MÓDULO V Morte Encefálica Diagnóstico Cuidados de Enfermagem Referências Bibliográficas 5 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores APRESENTAÇÃO O curso de enfermagem em neurologia busca de uma forma dinâmica abranger a neuroanatomia e algumas patologias neurológicas, estas que se encontram divididas por grupos descritas dentre os cinco módulos do curso. Serão apresentados em todas as patologias neurológicas, os conceitos, fisiopatologia, tratamento e os cuidados de enfermagem adequados. Todos os módulos possuem ilustrações para facilitar o aprendizado e elucidar o conteúdo do material. Por ser muito específica a neurologia é ainda um campo a ser explorado pela equipe de enfermagem. OBJETIVO O objetivo deste curso é capacitar o enfermeiro para assistência de enfermagem especializada frente o paciente neurológico, visto que, o paciente neurológico necessita de uma avaliação e assistência específica. 6 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO I NEUROANATOMIA Embriologia do sistema nervoso O sistema nervoso é um tecido originário de um folheto embrionário denominado ectoderme, mais precisamente de uma área diferenciada deste folheto embrionário, a placa neural. Inicialmente a placa neural contém cerca de 125 mil células, que vão dar origem a um sistema que é composto por aproximadamente 100 bilhões de neurônios no futuro. Reis (2000) explica que a placa neural surge aproximadamente na 3º semana de gestação, e com a evolução da gestação ela se fecha, formando um tubo longitudinal (tubo neural) que na sua região anterior vai sofrer uma dilatação que dará origem a uma parte fundamental do Sistema Nervoso Central, o Encéfalo. Em sua região posterior, o tubo neural dá origem à medula espinhal. O canal neural persiste nos adultos, correspondendo aos ventrículos cerebrais, no interior do encéfalo, e ao canal do epêndimo, no interior da medula. Nos pontos de encontro ou fechamento das extremidades da placa neural, no recém-formado tubo neural, forma-se a crista neural que dá origem a componentes que a neuroanatomia denomina como elementos periféricos e componentes celulares gliais. (Fig. 1) Na quarta semana, inicia-se a formação do encéfalo, onde o tubo neural irá realizar a fusão das pregas neurais, o fechamento no neuróporo rostral e dará início a formação das vesículas encefálicas primárias: • Anterior (Prosencéfalo); • Médio (Mesencéfalo); 7 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores • Posterior (Rombencéfalo). A partir da quinta semana, ocorre a formação das vesículas encefálicas secundárias (Fig. 2): • Prosencéfalo – Telencéfalo e Diencéfalo; • Mesencéfalo – Mesencéfalo; • Rombencéfalo – Metencéfalo e Mielencéfalo. Figura 1. Embriologia do sistema nervoso central. (adaptado de: Reis. Embriologia do sistema nervoso. Disponível em: <www.neurocirurgia.ufam.edu.br/aulas/embrioneuro1.ppt>. Acesso em: 05 fev. 2009. 8 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 2. Embriologia do sistema nervoso central. (adaptado de: Reis. Embriologia do sistema nervoso. Disponível em: <www.neurocirurgia.ufam.edu.br/aulas/embrioneuro1.ppt>. Acesso em: 05 fev. 2009. O prosencéfalo e o rombencéfalo sofrem estrangulamento, dando origem, cada um deles, a duas outras vesículas. O mesencéfalo não se divide. Desse modo, o encéfalo do embrião é constituído por cinco vesículas em linha reta. O 9 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores prosencéfalo divide-se em telencéfalo (hemisférios cerebrais) e diencéfalo (tálamo e hipotálamo); o mesencéfalo não sofre divisão e o romboencéfalo divide-se em metencéfalo (ponte e cerebelo) e mielencéfalo (bulbo). As divisões do S.N.C se definem já na sexta semana de vida fetal. (Fig. 3) (Reis 2000) Figura 3. Embriologia do sistema nervoso central. (adaptado de: Reis. Embriologia do sistema nervoso. Disponível em: <www.neurocirurgia.ufam.edu.br/aulas/embrioneuro1.ppt>. Acesso em: 05 fev. 2009. 10 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Anatomia do sistema nervoso O Sistema Nervoso Humano realiza um enorme número de funções executadas por muitas de suas subdivisões. Na verdade, a complexidade do cérebro humano tornou o estudo da neuroanatomia uma tarefa que demanda tempo. Esta tarefa pode ser muito simplificada se o estudo do sistema nervoso for feito levando- se em consideração a Anatomia Regional e Funcional. A Neuroanatomia Funcional examina aquelas partes do sistema nervoso que trabalham em conjunto para executar uma determinada ação, por exemplo, na percepção visual. O entendimento da arquitetura neural que está por trás de um comportamento é obtido facilmente, considerando a Neuroanatomia Funcional. Ao contrário, o estudo da Neuroanatomia Regional examina as relações espaciais entre estruturas cerebrais em uma dada região do sistema nervoso. (Dias e Schneider 2002) Neste módulo daremos ênfase apenas a neuroanatomia regional, conhecendo e analisando as estruturas e suas localizações. Magno (2008)apresenta a seguinte divisão do sistema nervoso: 11 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Sendo assim, podemos dizer que o sistema nervoso é dividido em duas partes fundamentais que são o sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O sistema nervoso central é a porção de recepção de estímulos, de comando e desencadeadora de respostas, sendo formado pelo encéfalo e pela medula espinal. A porção periférica está constituída pelas vias que conduzem os estímulos ao sistema nervoso central ou que levam até aos órgãos efetuadores as ordens emanadas da porção central, sendo formado pelos nervos cranianos e espinais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas. (Silva 2003) No entanto, podemos dividir o sistema nervoso funcionalmente em somático ou de vida de relação, que lembra o sistema nervoso que atua em todas as relações que são percebidas por nossa consciência; e em visceral ou vegetativo aquele interage de forma inconsciente, no controle e na percepção do meio interno e vísceras. Tanto o somático quanto o vegetativo, possuem componentes aferentes (sensitivos) e eferentes (motores). Observe a esquematização de Magno (2008) a seguir: 12 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Sistema nervoso central (SNC) O SNC é formado pelo encéfalo e medula espinhal, que constituem o neuroeixo. O encéfalo está localizado dentro do crânio neural e a medula espinhal se localiza dentro do canal vertebral. O encéfalo corresponde ao (Fig. 4): • Cérebro: telencéfalo (hemisférios cerebrais) e diencéfalo (tálamo e hipotálamo); • Tronco cefálico: bulbo (situado caudalmente), mesencéfalo (situado cranialmente) e ponte (situada entre ambos). • Cerebelo. E ainda, contém cerca de 35 bilhões de neurônios e pesa aproximadamente 1,4Kg. 13 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 4. O encéfalo e suas divisões (retirado de arquivo pessoal). O telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo e uma pequena parte mediana situada na porção anterior do III ventrículo. Cada hemisfério possui três pólos: frontal, occipital e temporal; e três faces: face súpero- lateral, que é convexa; face medial, que é plana; e face inferior, ou base do cérebro, muito irregular, repousando anteriormente nos andares anterior e médio da base do crânio e posteriormente na tenda do cerebelo (Fig. 5) 14 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 5. Encéfalo em divisões de lóbulos (retirado de arquivo pessoal). O lobo frontal é essencial para comportamento motor, não apenas para regular as ações mecânicas simples dos movimentos, tais como a força, mas também na decisão de quais movimentos serão executados para alcançar um determinado objetivo. Na superfície lateral, restante da maior parte do lobo frontal, é importante em funções cognitivas e nas emoções. Para integrar as funções dos dois hemisférios, axônios dessa estrutura atravessam-na em cada uma de suas partes fundamentais: rosto, joelho, corpo e esplênio. O órgão sensorial do olfato, o bulbo olfatório, está localizado na superfície inferior do lobo frontal. Regiões dos giros orbitais e do prosencéfalo basal, ambas localizadas na superfície ventral do lobo frontal, são importantes no processamento de informações olfatórias. (Silva 2003) 15 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores O lobo parietal além de desempenhar um papel excepcional na percepção do tato, dor e posição dos membros, também integra nossas experiências sensoriais provenientes da pele, músculos e articulações, permitindo-nos perceber o tamanho e a forma de objetos manuseados. O lóbulo parietal superior é fundamental para autoimagem completa e serve de intermédio para interações comportamentais com o mundo que nos cerca. O lobo parietal inferior está envolvido na integração de diversas informações sensoriais relacionadas à fala e a percepção. (Silva 2003) O lobo occipital é o mais simples quanto à função, estando envolvido na percepção visual. O lobo temporal participa de uma variedade de funções sensoriais, bem como da memória e o das emoções. O córtex auditivo, localizado no giro temporal superior, age com áreas vizinhas, auxiliando na percepção e localização de sons. Um centro cortical importante para o reconhecimento da palavra, denominada área de Wernicke, está localizado no giro temporal superior. Esta área está conectada com a área frontal da linguagem, denominada área de Broca, importante para articulação da palavra. O giro temporal inferior serve para percepção de formas visuais e da cor. (Silva 2003) Os hemisférios possuem quatro componentes maiores: o córtex cerebral, hipocampo, amígdala e os núcleos da base. O córtex cerebral, localizado na superfície hemisférica, é repleto de dobras, as circunvoluções representam uma adaptação evolutiva que serve para ajustar uma grande área superficial dentro do espaço restrito da cavidade craniana. Estas circunvoluções, também denominadas giros, são separadas por depressões chamadas fissuras ou sulcos. As fissuras são depressões muito pronunciadas que sistematicamente podem ser encontradas em todos os encéfalos. (Dias e Schneider 2002) Os sulcos não são tão profundos como as fissuras e suas formas e localizações não são tão constantes, existem para permitir um considerável aumento de superfície sem grande aumento do volume cerebral. Em cada hemisfério cerebral, 16 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores os dois sulcos mais importantes são o sulco lateral e o sulco central, que serão descritos a seguir: • Sulco lateral: inicia-se na base do cérebro separando o lobo frontal do lobo temporal, dirige-se para face súpero-lateral do cérebro, onde termina dividindo- se em três ramos: ascendente, anterior e posterior. Os ramos, ascendente e anterior são curtos e penetram no lobo frontal; o ramo posterior é muito mais longo, dirige-se para trás e para cima, terminando no lobo parietal. • Sulco central: sulco profundo e geralmente contínuo. Inicia-se na face medial do hemisfério, aproximadamente no meio de sua borda dorsal e a partir deste ponto, dirige-se para baixo, em direção ao ramo posterior do sulco lateral, do qual é separado por uma pequena prega cortical. É ladeado por dois giros paralelos, um anterior, giro pré-central, e outro posterior, giro pós-central. Figura 6. Giros e sulcos cerebrais (retirado de: Silva, Atlas de Anatomia. Disponível em: <http://laboratoriodeanatomia.blogspot.com>. Acesso em: 5 fev. 2009. 17 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Entre os hemisférios, estão os ventrículos cerebrais (ventrículos laterais e terceiro ventrículo); contamos ainda com um quarto ventrículo, localizado mais abaixo, ao nível do tronco encefálico. Estes ventrículos são reservatórios do líquido cefalorraquidiano, (líquor- LCR), participando na nutrição, proteção e excreção do sistema nervoso. No SNC, existem as chamadas substâncias, cinzenta e branca. A substância cinzenta é formada pelos corpos dos neurônios e a branca, por seusprolongamentos. Com exceção do bulbo e da medula, a substância cinzenta ocorre mais externamente e a substância branca, mais internamente. (Fig. 7) Figura 7. Hemisférios cerebrais evidenciando substância branca e cinzenta (retirado de arquivo pessoal). 18 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores O diencéfalo compreende as seguintes partes: tálamo e hipotálamo, onde cada uma destas estruturas compete (Fig. 8): • Tálamo: substância cinzenta localizada entre o tronco encefálico e o cérebro. Atua como estação retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral. • Hipotálamo: também constituído por substância cinzenta, é o principal centro integrador das atividades dos órgãos viscerais, sendo um dos principais responsáveis pela homeostase corporal. Figura 8. Tálamo e hipotálamo adaptado de: http://bp2.blogger.com/_BeOZo4q2- Q8/Rn0sn9bsQzI/AAAAAAAAAGk/jTwrqAmlt4E/s1600-h/talamo.jpg>. Acesso em: 5 fev.2009. 19 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Magno (2008) afirma que o tronco encefálico é uma área do encéfalo que fica entre o tálamo e a medula espinhal. Possui várias estruturas como o bulbo, o mesencéfalo e a ponte. Algumas destas áreas são responsáveis pelas funções básicas para a manutenção da vida como a respiração, o batimento cardíaco e a pressão arterial. Muitos dos núcleos do tronco encefálico recebem ou emitem fibras nervosas que entram na constituição dos nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem conexão no tronco encefálico (Fig. 9). Figura 9. Tronco encefálico (retirado de arquivo pessoal). • Bulbo: recebe informações de vários órgãos do corpo, controlando as funções autônomas (a chamada vida vegetativa): batimento cardíaco, respiração, pressão do sangue, reflexos de salivação, tosse, espirro e o ato de engolir. • Ponte: Participa de algumas atividades do bulbo, interferindo no controle da respiração, além de ser um centro de transmissão de impulsos para o cerebelo. Serve ainda de passagem para as fibras nervosas que ligam o cérebro à medula. 20 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores • Mesencéfalo: Interpõe-se entre a ponte e o cérebro, do qual é separado por um plano que liga os corpos mamilares, pertencentes ao diencéfalo, à comissura posterior. O cerebelo deriva da parte dorsal do metencéfalo e fica situado dorsalmente ao bulbo e a ponte, contribuindo para a formação do teto do IV ventrículo. É constituído de um centro de substância branca, corpo medular do cerebelo, de onde irradiam as lâminas brancas do cerebelo, revestidas externamente por uma fina camada de substância cinzenta, o córtex cerebelar (Fig.10). Figura 10. Cerebelo (retirado de arquivo pessoal). 21 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Ao contrário dos hemisférios cerebrais, o lado esquerdo do cerebelo está relacionado com os movimentos do lado esquerdo do corpo, enquanto o lado direito, com os movimentos do lado direito do corpo. O cerebelo recebe informações do córtex motor e dos gânglios basais de todos os estímulos enviados aos músculos. Após a comparação entre desempenho e aquilo que se teve em vista realizar, estímulos corretivos são enviados de volta ao córtex para que o desempenho real seja igual ao pretendido. Dessa forma, o cerebelo relaciona-se com os ajustes dos movimentos, equilíbrio, postura e tônus muscular. (Silva 2003) Os órgãos do SNC são protegidos por estruturas esqueléticas (caixa craniana, protegendo o encéfalo; e coluna vertebral, protegendo a medula) e por membranas denominadas meninges, situadas sob a proteção esquelética: dura- máter (a externa), aracnoide-máter (a do meio) e pia-máter (a interna). Entre às meninges aracnoides e pia-máter há um espaço preenchido por liquor (Fig. 11). Figura 11. Camadas protetoras do SNC (retirado de Silva. Altas de anatomia. Disponível em: <http://laboratoriodeanatomia.blogspot.com>. Acesso em: 5 fev. 2009. 22 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A meninge mais superficial é a dura-máter espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas, contendo vasos e nervos. A dura- máter do encéfalo difere da dura-máter espinhal por ser formado por dois folhetos, externo e interno, dos quais apenas o interno continua com a dura-máter espinhal. O folheto externo adere intimamente aos ossos do crânio e comporta-se como periósteo desses ossos. Em virtude da aderência da dura-máter aos ossos do crânio, não existe no encéfalo um espaço epidural como na medula. A dura-máter, e em particular seu folheto externo, é muito vascularizado. No encéfalo, a principal artéria que irriga a dura-máter é a artéria meníngea média, ramo da artéria maxilar. É também ricamente inervada, ou seja, toda a sensibilidade intracraniana se localiza na dura-máter, sendo responsável pela maioria das dores de cabeça. Em algumas áreas, o folheto interno da dura-máter destaca-se do externo para formar pregas que dividem a cavidade craniana em compartimentos que se comunicam amplamente. As principais pregas são as seguintes: foice do cérebro, tenda do cérebro, foice do cerebelo e tenda da hipófise. A dura-máter também possui dois seios que são: seios venosos da dura- máter, espaços entre as duas lâminas da dura-máter que funcionam como coletores de seios venosos. As veias encefálicas drenam para os seios venosos que drenam para veias jugulares internas. Os seios cavernosos, bem no centro do crânio é uma cavidade ampla e irregular, que recebe o sangue das veias oftálmicas superiores e central da retina. Além destes temos os seios intracavernosos, esfenoidal e petroso A membrana aracnoide é uma membrana delgada, ajustada por dentro da dura-máter, sem estar colada a esta, logo existe um espaço virtual entre ela e a dura-máter, preenchido por líquido tissular. Ela emite franjas para se prender tanto na dura-máter como na pia-máter. Essas franjas lembram um aspecto de patas de aranhas, daí o seu nome aracnoide. A membrana pia-máter é a mais fina e segue colocada ao tecido nervoso. Entre a pia-máter e a aracnoide, existe um espaço real chamado subaracnoide. Esse 23 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores espaço contém o liquor. Não é uniforme, em determinados trechos, ele pode estar estreitados ou dilatado formando cisternas, dentre as quais estão: • Cisterna Lombar – dilatação entre o fim da medula e o saco dural; • Cisterna magna – dilatação atrás do bulbo e debaixo do cerebelo; • Cisterna Pontina – atrás da ponte; • Cisterna Quiasmática – próximo ao quiasma óptico; • Cisterna cerebral – atrás do mesencéfalo. O líquido cefalorraquidiano ou liquor é um fluido aquoso e incolor que ocupa o espaço subaracnoideo e as cavidades ventriculares. A função primordial do liquor é de proteção mecânica do SNC formando um coxin líquido entre este e o estojo ósseo. Desse modo, o liquor constitui um eficiente mecanismo amortecedor do choque que frequentemente atingem o sistema nervoso central. Por outro lado, em virtude da disposição do espaço subaracnoideo,que envolve todo o sistema nervoso central, este fica totalmente submerso em líquido, o que reduz o risco de traumatismo do encéfalo resultante do contato com os ossos do crânio. (Fig. 12) (Dias e Schneider 2002) 24 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 12. Fluxo do LCR. Disponível em: <http://www.medicalservices.com.br/atualizacao/ADAM/index_php.htm?mid=subMenu_02>. Acesso em: 5 fev.2009. A última divisão do SNC é a medula espinhal, e pode ser descrita como uma maça cilindroide de tecido nervoso dentro do canal vertebral, sem ocupá-lo completamente. No homem adulto, mede aproximadamente 45 cm, sendo um pouco menor na mulher. Cranialmente a medula delimita-se com o bulbo, aproximadamente em nível do forame magno do osso occipital. O limite caudal da medula tem importância clínica e no adulto situa-se na 2ª vértebra lombar (L2). A medula termina afilando-se para formar um cone, o cone medular, que continua com um delgado filamento meníngeo, o filamento terminal. (Dias e Schneider 2002) A superfície da medula apresenta os seguintes sulcos longitudinais, que percorrem toda extensão: sulco mediano posterior, fissura mediana anterior, sulco lateral anterior e sulco lateral posterior. Na medula cervical existe ainda o sulco 25 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores intermédio posterior, situado entre mediano posterior e o lateral posterior e que continua em um septo intermédio posterior no interior do funículo posterior. Nos sulcos, lateral anterior e lateral posterior fazem conexão, respectivamente, as raízes ventrais e dorsais dos nervos espinhais. (Dias e Schneider 2002) Na medula, a substância cinzenta se localiza por dentro da branca e apresenta forma de uma borboleta ou de um H. No centro da substância cinzenta localiza-se o canal central da medula, resquício da luz do tubo neural do embrião (Fig.13). Nos sulcos, lateral anterior e lateral posterior há uma conexão de pequenos filamentos nervosos denominados filamentos radiculares, que se unem para formar, respectivamente as raízes, ventral e dorsal dos nervos espinhais. As duas raízes, por sua vez, se unem para formar os nervos espinhais, ocorrendo à união em um ponto situado distalmente ao ângulo espinhal que existe na raiz dorsal. Figura 13. Corte da medula espinhal. Disponível em: <http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso4.asp>. Acesso em: 5 fev.2009. 26 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Existem 31 pares de nervos espinhais aos quais correspondem 31 segmentos medulares assim distribuídos (Fig. 13): • Oito cervicais; • Doze torácicos; • Cinco lombares; • 5 sacrais; • 1 coccígeo. Figura 14. Nervos espinhais (retirado de arquivo pessoal). 27 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores O primeiro par cervical (C1) emerge acima da primeira vértebra cervical, portanto, entre ela e o osso occipital. Já o oitavo par (C8) emerge abaixo da sétima vértebra, o mesmo acontecendo com os nervos espinhais abaixo de C8, que emerge, de cada lado, sempre abaixo da vértebra correspondente. Para finalizar os estudos do SNC será descrito as funções principais: 1. Córtex Cerebral o Funções: · Pensamento; · Movimento voluntário; · Linguagem; · Julgamento; · Percepção. 2. Cerebelo o Funções: · Movimento; · Equilíbrio; · Postura; · Tônus muscular; 3. Tronco Encefálico. o Funções: · Respiração; · Ritmo dos batimentos cardíacos; · Pressão Arterial. 28 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 4. Mesencéfalo o Funções: · Visão; · Audição; · Movimento dos Olhos; · Movimento do corpo. Sistema nervoso periférico (SNP) O sistema nervoso periférico é formado por nervos encarregados de fazer as ligações entre o sistema nervoso central e o corpo. Para compreender melhor, no sistema nervoso diferenciam-se duas linhagens celulares: os neurônios e as células da glia (ou da neuróglia). Os neurônios são as células responsáveis pela recepção e transmissão dos estímulos do meio (interno e externo), possibilitando ao organismo a execução de respostas adequadas para a manutenção da homeostase. É uma célula composta de um corpo celular (onde está o núcleo, o citoplasma e o citoesqueleto), e de finos prolongamentos celulares denominados neuritos, que podem ser subdivididos em dendritos e axônios. (Silva 2003) Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam como receptores de estímulos, funcionando, portanto como "antenas" para o neurônio. Os axônios são prolongamentos longos que atuam como condutores dos impulsos nervosos. O terminal axonal é o local onde o axônio entra em contato com outros neurônios e/ou outras células e passa a informação (impulso nervoso) para eles. A região de passagem do impulso nervoso de um neurônio para a célula adjacente chama-se sinapse. O axônio está envolvido por um dos tipos celulares seguintes: célula de Schwann (encontrada apenas no SNP) ou oligodendrócito (encontrado apenas no SNC). Em muitos axônios, esses tipos celulares determinam a formação da bainha 29 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores atuam como isolante térmico e facilita a transmissão do impulso nervoso. Em axônios mielinizados existem regiões de descontinuidade da bainha de mielina, que acarretam a existência de uma constrição (estrangulamento) denominada nódulo de Ranvier. (Dias e Schneider 2002) O percurso do impulso nervoso no neurônio é sempre no sentido dendrito e corpo celular è axônio. Figura 15. Neurônio (retirado de arquivo pessoal). Do sistema nervoso central partem os prolongamentos dos neurônios, formando feixes chamados nervos, que constituem o Sistema Nervoso Periférico (SNP). Podem ser os nervos sensoriais (nervos aferentes ou nervos sensitivos), que são formados por prolongamentos de neurônios sensoriais (centrípetos) e também os nervos motores ou eferentes, que são feixes de axônios de neurônios motores (centrífugos). (Fig. 16) Existem ainda os nervos mistos, formados por axônios de neurônios sensoriais e por neurônios motores. 30 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Figura 16. Nervos sensores e motores, saídos da medula espinhal (retirado de arquivo pessoal). O conjunto de nervos cranianos e raquidianos forma o sistema nervoso periférico, estão descritos na tabela a seguir: Com base na sua estrutura e função, o sistema nervoso periférico pode ainda subdividir-se em duas partes: o sistema nervoso somático e o sistema nervoso autônomo ou de vida vegetativa. As ações voluntárias resultam da contração de músculos estriados esqueléticos, que estão sob o controle do sistema nervoso periférico voluntário ou somático. Já as ações involuntárias resultam da contração das musculaturas lisa e cardíaca, controladas pelo sistema nervoso periférico autônomo, também chamado involuntário ou visceral. 31 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditosdeste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Tabela 1. Pares cranianos (tipos e funções) Nervo craniano Tipo Função I-olfatório Sensitiva Percepção do olfato. II-óptico Sensitiva Percepção visual. III-oculomotor Motora Controle da movimentação do globo ocular, da pupila e do cristalino. IV-troclear Motora Controle da movimentação do globo ocular. V-trigêmeo Mista Controle dos movimentos da mastigação (ramo motor); Percepções sensoriais da face, seios da face e dentes (ramo sensorial). VI-abducente Motora Controle da movimentação do globo ocular. VII-facial Mista Controle dos músculos faciais – mímica facial (ramo motor); Percepção gustativa no terço anterior da língua (ramo sensorial). VIII-vestíbulo-coclear Sensitiva Percepção postural originária do labirinto (ramo vestibular); Percepção auditiva (ramo coclear). IX-glossofaríngeo Mista Percepção gustativa no terço posterior da língua, percepções sensoriais da faringe, laringe e palato. X-vago Mista Percepções sensoriais da orelha, faringe, laringe, tórax e vísceras. Inervação das vísceras torácicas e abdominais. XI-acessório Motora Controle motor da faringe, laringe, palato, dos 32 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores músculos esternoclidomastoideo e trapézio. XII-hipoglosso Motora Controle dos músculos da faringe, da laringe e da língua. Figura 17. Nervos cranianos (retirado de arquivo pessoal). O SNP Voluntário ou Somático tem por função reagir a estímulos provenientes do ambiente externo. Ele é constituído por fibras motoras que conduzem impulsos do sistema nervoso central aos músculos esqueléticos. O SNP Autônomo ou Visceral, como o próprio nome diz, funciona independentemente de nossa vontade e tem por função regular o ambiente interno 33 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores do corpo, controlando a atividade dos sistemas, digestório, cardiovascular, excretor e endócrino. Ele contém fibras nervosas que conduzem impulsos do sistema nervoso central aos músculos lisos das vísceras e à musculatura do coração (Fig. 18) Figura 18. Sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático) (retirado de arquivo pessoal). O sistema nervoso autônomo divide-se em sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático. De modo geral, esses dois sistemas têm funções contrárias (antagônicas). Um corrige os excessos do outro. Por exemplo, se o 34 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores sistema simpático acelera demasiadamente as batidas do coração, o sistema parassimpático entra em ação, diminuindo o ritmo cardíaco. (Magno 2002) Uma das principais diferenças entre os nervos simpáticos e parassimpáticos é que as fibras pós-ganglionares dos dois sistemas normalmente secretam diferentes hormônios. O hormônio secretado pelos neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso parassimpático é a acetilcolina, razão pela qual esses neurônios são chamados colinérgicos. Os neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso simpático secretam principalmente noradrenalina, razão por que a maioria deles é chamada de neurônios adrenérgicos. As fibras adrenérgicas ligam o sistema nervoso central à glândula suprarrenal, promovendo aumento da secreção de adrenalina, hormônio que produz a resposta de "luta ou fuga" em situações de estresse. (Dias e Schnedeir 2002) A acetilcolina e a noradrenalina têm a capacidade de excitar alguns órgãos e inibir outros, de maneira antagônica. Além do mecanismo da descarga em massa do sistema simpático, algumas condições fisiológicas podem estimular partes localizadas desse sistema. Duas das condições são as seguintes: • Reflexos calóricos: o calor aplicado à pele determina um reflexo que passa por meio da medula espinhal e volta a ela, dilatando os vasos sanguíneos cutâneos. Também o aquecimento do sangue que passa por meio do centro de controle térmico do hipotálamo aumenta o grau de vasodilatação superficial, sem alterar os vasos profundos. • Exercícios: durante o exercício físico, o metabolismo aumentado nos músculos tem um efeito local de dilatação dos vasos sanguíneos musculares; porém, ao mesmo tempo, o sistema simpático tem efeito vasoconstritor para a maioria das outras regiões do corpo. A vasodilatação muscular permite que o sangue flua facilmente por intermédio dos músculos, enquanto a vasoconstrição diminui o fluxo sanguíneo em todas as regiões do corpo, exceto no coração e no cérebro. 35 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Nas junções neuromusculares, tanto nos gânglios do SNPA simpático como nos do parassimpático, ocorrem sinapses químicas entre os neurônios pré- ganglionares e pós-ganglionares. Nos dois casos, a substância neurotransmissora é a acetilcolina. Esse mediador químico atua nas dobras da membrana, aumentando a sua permeabilidade aos íons sódio, que passa para o interior da fibra, despolarizando essa área da membrana do músculo. Essa despolarização local promove um potencial de ação que é conduzido em ambas às direções ao longo da fibra, determinando uma contração muscular. Quase imediatamente após ter a acetilcolina, estimulado a fibra muscular, ela é destruída, o que permite a despolarização da membrana. (Dias e Schnedeir 2002) ------------------ FIM DO MÓDULO I ---------------------
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