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Transtorno Obsessivo Compulsivo - Módulo 02

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Curso de 
TRANSTORNO OBSESSIVO-
COMPULSIVO 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
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MÓDULO II 
 
 
ETIOLOGIA 
 
Devem estar envolvidos, segundo Knijnik: 
Fatores biológicos: 
 
o Neurofarmacologia: 
o - Resposta aos IRS (inibidores de recaptação de serotonina); 
 - Função serotoninérgica. 
o Neuroanatomia funcional: 
o - Dano cerebral; 
o - Hiperatividade do córtex órbito-frontal e núcleo caudato. 
o Genética: 
- Alta concordância entre gêmeos idênticos: 53 a 87%; 
- Risco maior para TOC e TOC subclínico em parentes de pacientes: 18,2% 
para 4,0% nos controles; 
- A incidência de sintomas e tiques em parentes de pacientes com TOC 
associado a tiques foi de 10,6%, e de apenas 3,2% quando havia TOC sem tiques. 
o Cingulotomia, capsulotomia; 
o Infecção pós-streptocóccica. 
 
Aprendizagem: 
o A ansiedade é uma resposta aprendida, assim como as estratégias 
que o indivíduo utiliza para livrar-se dela (evitação, neutralização, rituais); 
o As compulsões têm uma relação funcional com as obsessões; 
o O medo e o desconforto se tornam associados a situações ou a 
pensamentos (condicionamento); 
 
 
 
 
 
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o Em função da contigüidade são estendidos a objetos ou situações 
neutras (condicionamento clássico); 
o O indivíduo descobre (aprende) que rituais ou evitações aliviam, 
mesmo que temporariamente a ansiedade, e passa a repeti-los (reforço negativo); 
o A exposição in vivo produz uma nova aprendizagem - a formação 
do hábito, com a conseqüente eliminação dos sintomas; 
o Disfunções cognitivas no TOC. 
 
Sistemas de crenças ou esquemas cognitivos: 
 
o Avaliar de forma exagerada a importância dos pensamentos, 
pensar é igual a agir ou acontecer (fusão do pensamento e ação); 
o Responsabilidade exagerada por eventos que estão fora do próprio 
controle e por possíveis conseqüências para si ou para os outros; 
o Avaliar de forma exagerada os riscos bem como as probabilidades 
de eventos negativos e a severidade de suas conseqüências; 
o Perfeccionismo: necessidade de ter controle total sobre 
pensamentos, ações e o futuro, (simetria, alinhamento) e de ter certeza absoluta; 
o Crença de que a ansiedade provocada pelos pensamentos é 
perigosa, impossível de ser suportada e jamais desaparece; 
o Pensamento mágico: imaginam que podem modificar o curso futuro 
dos acontecimentos, impedir que desastres ou doenças aconteçam, com a execução 
dos rituais. 
 
 
Cultura e religião: 
o Tipo de cultura em que vive ou educação recebida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Estresse: 
o Situações de estresse mínimo, como uma picada de agulha ou uma 
relação sexual, podem desencadear a doença em indivíduos suscetíveis; 
o É usual o aumento dos sintomas em situações de estresse leve ou 
moderado; 
o Em situações de estresse coletivo (guerras) ou de estresse elevado 
pode haver uma redução dos sintomas. 
 
Aspectos educacionais: 
o Supõe-se ainda que fatores ligados ao tipo de educação (mais ou 
menos severa ou exigente, incutindo culpa ou não), ao tipo de cultura social e 
familiar. Possam também influir na origem de crenças e regras que regem a vida da 
pessoa, criando uma espécie de terreno propício para o surgimento do transtorno. 
 
O TOC ainda não tem uma etiologia clara. Estudos ainda procuram 
esclarecer se estamos diante de um único transtorno ou de um grupo de transtornos 
com características em comum, visto que os sintomas, o curso e a resposta aos 
tratamentos variam muito entre seus portadores. 
 
Pesquisas sobre as Causa de TOC: 
 
Atualmente, através de muitas pesquisas, já se pode averiguar o TOC e sua 
origem através de recursos da neuroimagem, neuroquímica, neuropsicologia e 
estudos genéticos. Ballone (2005) diz que em relação à neuroimagem, alguns 
trabalhos mostram anormalidades nas vias córtico-estriatal-talâmico, em casos de 
TOC, em adultos e crianças. Já quando são feitos estudos buscando as alterações 
neurofisiológicas, tais como nas imagens funcionais, neuroimagens, nos tratamentos 
farmacológicos e eventuais terapias cirúrgicas, sugere-se que o TOC estaria 
relacionado a anormalidades orgânicas. 
Sadock (2007) cita estudos sobre as neuroimagens de pacientes com TOC, 
relatando que foram produzidos dados que implicam na alteração de função na 
 
 
 
 
 
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circuitaria neural entre o córtex orbitofrontal, o caudado e o tálamo. Existem vários 
estudos de imagens cerebrais, por exemplo, nós temos o PET (tomografia por 
emissão de pósitrons), exame que ao ser realizado exibiu aumento da atividade nos 
lobos frontais, nos gânglios basais e no cíngulo, ou seja, houve um aumento do 
metabolismo da glicose no córtex órbito-frontal e pré-frontal, núcleo caudado direito 
e giro cingulado anterior, tanto em adultos como em crianças com TOC, e também 
confirmou o tratamento bem sucedido com fármacos inibidores da recaptação 
seletiva de serotonina que, além de normalizar o metabolismo da glicose nessas 
regiões, atenuam também a sintomatologia da doença. 
 
Os vários ensaios clínicos sugerem que as anormalidades nas atividades da 
serotonina e dos receptores serotoninérgicos do sistema nervoso central estão 
fortemente relacionadas ao Transtorno Obsessivo Compulsivo, ou seja, a 
desregulação da serotonina no organismo está envolvida na origem das obsessões 
e compulsões. Quanto ao sistema noradrenérgico do TOC, Kaplan (1999) diz que no 
momento há menos evidências que esteja envolvido. 
Ballone (2006) afirma que a sustentação preliminar para a "hipótese da 
serotonina" origina-se da observação que os inibidores da recaptação seletiva da 
serotonina (ISRS) são bastante eficientes para o TOC infantil e adulto. Alguns 
pesquisadores relacionam a duração e severidade de sintomas de TOC com níveis 
de prolactina (hormônio elaborado pela hipófise). Essa hipótese explica o TOC 
relacionando-o com uma desregulação no sistema da serotonina, mas ainda não 
está clara sua ação sobre o transtorno. Outros pesquisadores acreditam ter 
envolvimento dos sistemas colinérgicos e dopaminérgicos. 
Apesar das alterações anatômicas, microscópicas, bioquímicas, etc, não 
existe ainda um exame de laboratório que confirme a doença, como ocorre na 
psiquiatria em geral. 
Os achados dos estudos da imagem, neurológicos e neuropsicológicos, 
implicam em um predomínio das disfunções no hemisfério cerebral direito. 
Encontram-se também na literatura, tanto que os estudos de imagens cerebrais 
funcionais são consistentes com os estudos de imagens cerebrais estruturais. Tanto 
 
 
 
 
 
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estudos de imagem com tomografia computadorizada, como com ressonância 
magnética, encontraram bilateralmente caudados menores com pacientes com TOC. 
Sadock (2007) também confirma que o cíngulo estejaenvolvido no transtorno. 
Crianças com TOC exibem índices aumentados de sinais neurológicos 
leves, incluindo déficits no raciocínio não-verbal, e não podemos deixar de frisar que 
esses sinais, quando encontrados na infância, podem ser um fator preditivo para o 
TOC no adulto, segundo Ballone (2006). 
Enfim, pode-se dizer que vários fatores neurobiológicos (incluindo os 
genéticos), fatores de natureza psicológica e fatores ambientais, atuam na origem, 
agravamento e manutenção dos sintomas do TOC. 
Percebemos que as pessoas com TOC são mais suscetíveis aos medos, 
ansiedades, experimentam excesso de responsabilidade, interpretam riscos de 
forma exagerada, lidando de forma errada com suas angústias e temores tentando 
neutralizá-los através de realizações de rituais ou evitações, formas erradas. Mas 
que para eles pode surtir um grande efeito, pois eles sentem a diminuição da 
ansiedade e de sua angústia cada vez que realizam um comportamento, ou melhor, 
dizendo, uma compulsão. 
Daniela Carneiro, psicóloga, fala que pesquisas genéticas apontam também 
para uma alteração cromossômica envolvida nessa questão, onde algumas 
alterações neurológicas, como por exemplo, a epilepsia do lobo temporal, coréia de 
Sydenhan, Parkinson pós-encefalites, Síndrome de Giles e de Tourette, com muita 
freqüência provocam obsessões e compulsões. Os avanços na neurofarmacologia, 
através da boa resposta do TOC a antidepressivos inibidores da recaptação da 
serotonina, têm levado a pesquisas nas bases biológicas deste transtorno. 
O padrão de herança genética também parece exercer importância 
significativa comprovada em alguns estudos de concordância em gêmeos. Não 
foram ainda identificados genes específicos do TOC, porém a pesquisa sugere que 
os genes têm um papel no desenvolvimento do transtorno, em alguns casos. 
O surgimento do TOC na infância tende a ser uma característica familiar, às 
vezes associada a algum transtorno de tiques. Quando um dos pais tem TOC, existe 
 
 
 
 
 
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um risco ligeiramente maior de que a criança desenvolva TOC, embora o risco ainda 
seja pequeno. 
Quando há ocorrência de TOC na família, a natureza geral do TOC 
aparentemente é hereditária, mas não os sintomas específicos. Portanto, a criança 
poderá ter rituais de verificação, enquanto que a mãe se lava de maneira 
compulsiva. 
Uma variedade de anormalidades biológicas tem sido associada ao 
Transtorno Obsessivo-Compulsivo na tentativa de estudarem-se as causas desse 
transtorno. Carneiro faz referência a nascimentos traumáticos, sugerindo papel 
importante de um sofrimento cerebral precoce que comumente faz parte da história 
de tais pacientes. E frisando mais uma vez, não podemos esquecer que por outro 
lado, há uma concordância significativa entre a ocorrência de sintomas obsessivo-
compulsivos e a epilepsia do lobo temporal. Bem como o aumento de atividade 
metabólica no giro orbital esquerdo, constatado pela tomografia por emissão de 
pósitrons nos pacientes diagnosticados como Obsessivo-Compulsivo. 
Os fatores comportamentais também podem influir; as obsessões são 
estímulos condicionados, primeiramente um estímulo neutro se associa a um medo 
ou ansiedade quando são pareados em uma situação comum, depois, aquele 
estímulo neutro se torna ansiogênico. Completando o problema, surge uma 
compulsão quando o indivíduo descobre uma ação que reduz aquela ansiedade 
causada pelo estímulo primariamente neutro. Essa é a explicação para a hipótese 
das obsessões e compulsões serem na verdade aprendidas. 
 
 
INCIDÊNCIA 
 
Até o início dos anos 80, o TOC era considerado um transtorno incomum e 
com fraca resposta ao tratamento, uma doença rara, pois se levava em conta no 
estabelecimento de estimativas de sua incidência ou prevalência, o pequeno número 
de pacientes que procuravam atendimento especializado. Hoje em dia, a procura ao 
tratamento especializado mudou esses índices significativamente. 
 
 
 
 
 
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O início da doença se dá em torno dos 20 anos, podendo também se iniciar 
na infância. 
A prevalência durante a vida do Toc é de 2 a 3% e podem ser encontrados 
em até 10% dos pacientes ambulatoriais, segundo Sadock (2007). 
A incidência do TOC é maior também nos familiares de 1º grau de 
portadores de TOC, é igual entre homens e mulheres e um pouco maior em 
adolescentes masculinos, é maior em pessoas com conflitos conjugais, divorciados, 
separados e desempregados. 
 
CO-MORBIDADE 
 
O indivíduo com Toc costuma ser afetado por outros transtornos mentais. 
Relacionaremos agora o TOC com alguns transtornos, mas no quesito de 
diagnóstico diferencial voltaremos a discutir o assunto. 
Na realidade paira uma dúvida na psicopatologia e Ballone (2006) nos faz 
refletir sobre ela: seria realmente um caso de co-morbidade se estivermos diante de 
um paciente com depressão mais sintomas obsessivo-compulsivos, ou este seria 
uma sintomatologia atípica da própria depressão? Pode-se dizer que é comum a 
associação de TOC com transtornos depressivos e ansiosos e até com a 
esquizofrenia em aproximadamente 10% dos casos, com o estresse pós-traumático, 
com a dismorfobia, com transtornos da alimentação, com a hipocondria, e outros. A 
depressão, segundo Ballone e confirmada por Kaplan (1999), é um achado muito 
significativo nos obsessivos e esta ocorrência, juntamente com a melhora do quadro 
através dos antidepressivos sugerem, no mínimo, alguma semelhança bioquímica 
entre estes distúrbios, mas até o momento nenhuma das teorias etiológicas pode ser 
definitivamente confirmada como verdadeira. Percebemos que aproximadamente um 
terço dos pacientes portadores de TOC tem também um diagnóstico de depressão, o 
que causa um mal-estar considerável, pois quando se faz o diagnóstico de TOC, 
dois terços dos pacientes costumam ter histórico de um episódio de depressão maior 
em algum momento de sua vida. 
 
 
 
 
 
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Ainda é muito difícil o paciente ir ao consultório médico porque suspeita ter 
TOC. Para ele é bem mais comum e talvez mais fácil solicitar ajuda pela depressão 
ou pela ansiedade, que são atualmente doenças mais aceitas socialmente, do que 
por suas obsessões ou rituais do TOC. 
Outras patologias associadas com certa freqüência são o abuso de álcool, o 
transtorno somatoforme ou os transtornos alimentares. 
O distúrbio da personalidade Obsessivo-Compulsivo não caracteriza ainda 
um estado mórbido, ou seja, não proporciona ainda sofrimento ou comprometimento 
significativo na vida ou na capacidade ocupacional; na verdade é uma maneira 
metódica, insegura e ritualística de se relacionar com a realidade. Mais 
especificamente suas características são: forte inclinação ao perfeccionismo, 
preocupação excessiva com detalhes, regras, listas, ordens, organização ou 
horários, insistência em impor aos outros o seu modo de desenvolver tarefas, 
excessiva devoção à produtividade, indecisão, excesso de responsabilidade, 
inflexibilidade a respeito de questões morais ou éticas. Extrema dificuldade para 
expressar sentimentos, incapacidade de desfazer-se de objetos inúteis, enquanto 
que no Transtorno Obsessivo-Compulsivo franco já deve haver alguma inibição da 
conduta social, sofrimento, comprometimento ocupacional, e nos relacionamentos. 
 
INÍCIO DO TRANSTORNO 
 
O TOC pode começar em qualquer momento, desde a infância até a adulta. 
Porém, segundo Kaplan (1999), sua idade média de início é de 20 anos, sendo que 
os homens têm idade levemente mais precoce (por voltados 19 anos) e as mulheres 
ligeiramente mais tardio (22 anos). Na verdade, aproximadamente dois terços dos 
pacientes têm início dos sintomas antes dos 25 anos e menos de 15% têm início 
após os 35 anos. Mas também pode ter início na adolescência ou até mesmo na 
infância, havendo relatos de casos em crianças de 2 anos de idade (Kaplan 1999). 
Sadock (2007) afirma que mais da metade dos pacientes com TOC apresentam 
início súbito dos sintomas. De 50 a 70% acontecem depois de um acontecimento 
estressante, como gravidez, morte de parente, separação ou outros. O que pode 
 
 
 
 
 
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atrapalhar o controle ou as estimativas corretas é que muitas vezes ele passa 
despercebido. Através de pesquisas constatou-se que as pessoas com TOC 
consultam 3 a 4 médicos e passam quase 10 anos à procura de tratamento, sem 
saber realmente o que os acomete. Outros estudos comprovaram ainda que 
transcorram em média 17 anos, desde o momento em que se instala o TOC até que 
as pessoas consigam tratamento adequado. Outros passam de 5 a 10 anos sem 
tratamento por manterem seus sintomas em segredo. 
 
CLÍNICA E DIAGNÓSTICO 
Ainda percebem-se muitos pacientes com TOC que tendem a ser 
subdiagnosticados e subtratados, porque essas pessoas podem manter segredo 
sobre seus sintomas. Percebemos também nos serviços médicos, entre profissionais 
dessa área, que muitos não estão familiarizados com os sintomas e não estão 
treinados para dar o tratamento adequado. Outro fator que ajuda bastante na 
evolução da doença em algumas ou muitas pessoas é não ter acesso aos recursos 
de tratamento, o que seria imprescindível, pois o diagnóstico precoce e o tratamento 
adequado, inclusive a prescrição dos medicamentos corretos. Podem ajudar as 
pessoas a evitar o sofrimento associado ao TOC e diminuir o risco de 
desenvolverem outros problemas, como a depressão, problemas conjugais, 
profissionais, ou seja, problemas sociais. 
Como já dissemos anteriormente, mais de 50% dos pacientes com TOC 
experimentam um início súbito dos sintomas e 50 a 70% dos pacientes têm início 
dos sintomas após um acontecimento estressante. 
O transtorno em questão não se deve a efeitos de drogas ou condição 
médica geral. 
Almeida, (1996) diz que a pessoa que sofre de TOC sente um forte desejo 
de lhe resistir, mas o que geralmente acontece é que cerca da metade dos pacientes 
oferece pouca resistência à compulsão, mas podemos confirmar que grande parte 
dos deles percebe que a compulsão é irracional ou absurda, em torno de 80%. 
 
 
 
 
 
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Pesquisas mostram que a obsessão mais comum é a de contaminação 
seguida de lavagens ou de fuga compulsiva de objetos supostamente contaminados; 
a segunda obsessão mais comum é a dúvida seguida de uma compulsão de 
verificação; a terceira compulsão mais comum é a de pensamento obsessivo 
meramente intrusivo sem uma compulsão (essa obsessão consiste de pensamentos 
repetitivos sobre algum ato sexual ou agressivo repreensível aos olhos do paciente); 
o quarto padrão mais comum é a necessidade de simetria ou precisão, que pode 
levar a uma compulsão de lentidão. 
 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
 
O TOC se diferencia dos hábitos comuns levemente excessivos devido à 
ocorrência de um sofrimento pessoal e comprometimento das atividades rotineiras. 
De acordo com Sadock (2007), as considerações psiquiátricas que temos dizem 
respeito à esquizofrenia, que se diferenciam pela ausência de outros sintomas 
esquizofrênicos, pela natureza menos bizarra dos sintomas e pelo insight do 
paciente de seu transtorno. Temos o Transtorno da Personalidade Obsessiva 
Compulsiva, que se diferencia porque este não tem o grau de comprometimento que 
o TOC tem. Temos as Fobias que são diferenciadas pela ausência de uma relação 
entre os pensamentos obsessivos e as compulsões, em geral uma compulsão de 
evitação. E temos também o Transtorno Depressivo Maior que pode se associar a 
idéias obsessivas, mas o paciente com TOC isolado deixa de satisfazer o critério 
para este transtorno de Depressão. 
Nas condições médicas, as principais condições neurológicas a considerar 
nesse tipo de diagnóstico é o transtorno de Tourette (tiques motores e vocais que 
acontecem com freqüência e quase o dia todo), outros transtornos de tique, 
epilepsia do lobo temporal, e em alguns casos, complicações pós-traumáticas e pós-
encefalíticas. 
 
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DO DSM-IV 
 
 
 
 
 
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O DSM IV estabelece os seguintes critérios para diagnóstico do TOC: 
A. Presença de compulsões ou obsessões: 
Obsessões definidas: 
1. Pensamentos, impulsos ou imagens persistentes e recorrentes que são 
experimentados em algum momento durante o transtorno, como intrusivos e 
impróprios e que causam acentuada ansiedade ou desconforto; 
2. Os pensamentos, impulsos ou imagens não são simplesmente 
preocupações excessivas sobre problemas da vida real; 
3. A pessoa tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou 
imagens ou neutralizá-los com outros pensamentos ou ações; 
4. A pessoa reconhece, no entanto, que os pensamentos obsessivos, 
impulsos ou imagens são produtos de sua mente e não como originados de fora. 
Compulsões definidas: 
1. Comportamentos repetitivos (p.ex.lavar as mãos, organizar, verificar), ou 
atos mentais (rezar, contar, repetir palavras em silêncio) que a pessoa é levada a 
executar em resposta a uma obsessão ou em virtude de regras que devem ser 
seguidas rigidamente. 
2. Os comportamentos ou atos mentais são destinados a prevenir ou reduzir 
o desconforto, prevenir algum evento ou situação temida; entretanto não possuem 
uma conexão realística ou direta com o que pretendem neutralizar ou prevenir ou 
são claramente excessivos. 
 
B. Em algum momento durante o curso da doença a pessoa reconheceu que 
suas obsessões ou compulsões são excessivas e não razoáveis (isto não se aplica a 
crianças); 
 
C. As obsessões ou compulsões são excessivas, consomem muito tempo 
(mais de uma hora por dia), ou interferem significativamente nas rotinas normais da 
pessoa, no seu funcionamento ocupacional (ou acadêmico), nas atividades sociais 
ou relacionamentos habituais; 
 
 
 
 
 
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D. Se no eixo 1 houver outro transtorno as obsessões ou compulsões não 
devem ser restritas a ele (Por exemplo, preocupação com comida em Transtornos 
Alimentares; arrancar cabelos na Tricotilomania; preocupação com aparência no 
Transtorno do Corpo Dismórfico; preocupação com uma droga no Transtorno de Uso 
de Substâncias, ou em ter uma doença como na Hipocondria; com impulsos ou 
fantasias sexuais na presença de Parafilias ou ruminações de culpa na presença de 
Depressão Maior); 
 
E. O transtorno não pode ser devido ao efeito direto de uma substância (por 
exemplo, uma droga de abuso, uma medicação) ou uma condição médica geral. 
Especificar: com insight pobre ou não. 
 
 
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA CID-10: 
 
A CID-10 estabelece os seguintes critérios para diagnóstico de TOC: 
A. Compulsões ou obsessões estão presentes na maioria dos dias, por um 
período de pelo menos duas semanas. 
 
B.1) São reconhecidas como originando-se da mente do paciente e não 
impostas por pessoas ou influências externas; 
2) São repetitivas e desagradáveis devendo estar presente pelo menos uma 
obsessão ou compulsão reconhecida como excessiva e irracional; 
3) O pacientetenta resistir a elas, mesmo que minimamente, existindo pelo 
menos uma obsessão ou compulsão à qual resiste sem sucesso; 
4) A vivência das obsessões ou a realização dos atos compulsivos não são 
prazerosas (distinguir alívio de ansiedade). 
 
C. Causam angústia ou interferem no funcionamento social ou individual 
usualmente pela perda de tempo. 
 
 
 
 
 
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D. Não são resultados de outros transtornos mentais. 
OBS. Todos os critérios devem estar presentes. 
A CID-10 distingue diferentes formas de TOC (F42): 
*predominantemente pensamentos obsessivos ou ruminações (F42.0); 
*predominantemente atos compulsivos ou rituais (F42.1); 
*pensamentos e atos obsessivos mistos (F42.2); 
*outros transtornos obsessivos (F42.8); 
* transtorno obsessivo-compulsivo não especificado (F42.9). 
 
 
DIFERENÇAS ENTRE O DSM-IV E A CID-10 
 
Ao analisarmos a classificação do DSM-IV e do CID-10, podemos perceber 
algumas diferenças sobre o transtorno, como por exemplo, ele ser incluído como 
transtorno de ansiedade ou de neurose, sobre o tempo gasto e quanto aos conceitos 
de compulsão e obsessão. Veremos mais detalhadamente a seguir: 
DSM IV: 
 Esta classificação inclui o TOC nos transtornos de ansiedade, ou seja, 
ele é provocado por aumento da ansiedade; 
 Estabelece um tempo mínimo gasto em rituais ou obsessões, em torno 
de uma hora por dia; 
 Esta classificação reconhece atos mentais como compulsões, e não 
como obsessões. 
 
CID 10: 
 Inclui o TOC nos Transtornos Neuróticos, relacionados ao estresse e 
somatoformes como podemos confirmar indo até a categoria que vai do F40-
48; 
 Deve haver pelo menos um sintoma ao qual o paciente não consegue 
resistir; 
 
 
 
 
 
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 Não exige um tempo mínimo gasto por dia em rituais ou obsessões; 
 A execução da compulsão é totalmente desprazerosa; 
 Os sintomas devem está presentes na maior parte dos dias, por pelo 
menos duas semanas. 
 
TRANSTORNOS DO ESPECTRO IMPULSIVO-COMPULSIVO 
 
O Espectro Obsessivo-Compulsivo agrupa transtornos com o 
comprometimento do controle de impulsos em comum, ou seja, com sintomas 
impulsivos e/ou compulsivos. Os transtornos do espectro obsessivo-compulsivo 
(TEOC) apresentam diversas relações entre si e são representados, dentre outros, 
por transtorno dismórfico corporal, tricotilomania, tiques e jogo compulsivo, anorexia, 
bulimia. 
 
Transtornos incluídos dentro do Espectro Obsessivo-Compulsivo: 
• Transtorno Obsessivo-Compulsivo; 
• Transtornos Alimentares e também relacionados ao Transtorno 
Dismórfico Corporal: 
o Anorexia; 
o Bulimia; 
o Vigorexia; 
o Comer Compulsivo. 
• Outros Transtornos do Controle dos Impulsos: 
o Tricotilomania; 
o Jogo Compulsivo; 
o Sexo Compulsivo; 
o Transtorno de Tique; 
o Síndrome de Toureute; 
o Piromania; 
o Compulsão para Compras; 
o Compulsão à Internet. 
 
 
 
 
 
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Sousa, Guimarães e Ballone (2004) afirmam que do ponto de vista genético, 
um mesmo gene poderia predispor as diversas condições desse espectro, ou seja, 
um determinado gene poderia conter inúmeras características que poderiam dispor 
uma pessoa a ter um dos transtornos desse espectro, seja para obsessões-
compulsões, seja para compulsão em mentir, comprar, trabalhar, comer, jogar, 
roubar... etc., visto que até hoje não foi possível encontrar genes específicos para 
nenhum dos transtornos psiquiátricos classificados em nossos manuais. . 
. Ballone (2007) diz que de qualquer forma, reconhece-se existir em 
psiquiatria uma heterogeneidade clínica, ou seja, diversos transtornos decorrerem de 
um mesmo perfil genético, como por exemplo, fobia, ansiedade generalizada, pânico 
e etc., todos decorrentes do mesmo tronco constitucional, ou melhor, do biológico, 
de propensão à ansiedade. Algumas síndromes em psiquiatria podem, a partir de 
grupos de sintomas afins, ser classificadas como doenças de semelhantes 
características neurobiológicas e genéticas. 
De acordo com a classificação que citamos acima percebemos que se 
algumas pessoas têm uma falsa imagem do próprio corpo, algumas achando que 
estão gordas (Anorexia e Bulimia), outras achando que não são fortes e perfeitas o 
suficiente (Vigorexia) e ainda e outros achando que sempre estão doentes 
(Hipocondria). Podemos dizer que todos estes exemplos citados pertencem a 
alterações do nosso pensamento, ou seja, alterações sobre nosso esquema corporal 
e se está alterado é porque existe algo de errado, algo que não está funcionando 
bem. Observamos que em todos esses estados as pessoas acabam desenvolvendo 
comportamentos compulsivos, repetitivos. Com o objetivo de aliviar pensamentos 
obsessivos desconfortáveis, como por exemplo, param de comer no caso da 
Anorexia. Provocam vômitos ao pensarem que estão gordos na Bulimia, fazem 
exercícios excessivamente se acreditam que não estão malhadas e “saradas” o 
suficiente na Vigorexia, ou até submetem-se a exames médicos constantes se 
percebem a idéia de doença, na hipocondria e assim por diante. 
Não podemos deixar de citar os Transtornos do Controle dos Impulsos que 
são hábitos aprendidos e repetidos em busca de alguma gratificação emocional 
 
 
 
 
 
imediata. Como exemplos podem citar: o jogo patológico, comprar compulsivo, 
trabalhar compulsivo, personalidade Borderline, a tricotilomania, onde essas 
pessoas apresentam comportamentos repetitivos que não estão associados a 
obsessões, mas ainda assim estando comprometida a sua vontade. 
A tricotilomania, que também tem a vontade comprometida, se caracteriza 
por um desejo incontrolável de arrancar seus cabelos, muitos chegando ao ponto de 
ficar careca. Aqui o paciente sente alívio ao arrancar seus cabelos o que 
conseqüentemente faz sua ansiedade diminuir, tornando-se um ciclo vicioso, até 
quando a pessoa se dá conta de quão escasso estão seus cabelos. Nesse caso o 
prazer e digamos, a gratificação (diminuição da tensão que o paciente sente) obtidos 
através dos comportamentos impulsivos deixam de levar em conta os danos que os 
mesmos podem causar à própria pessoa. Mas esses danos existem tanto nesse 
exemplo da Tricotilomania como da Bulimia, Vigorexia, Anorexia e etc. 
 
 
 
Fonte: http://www.gettyimages.com.br 
 
 
Até onde se sabe, não há uma causa bem estabelecida para explicar a 
ocorrência desses comportamentos compulsivos; talvez vulnerabilidades, 
predisposições adquiridas no seio familiar (hábitos conseqüentes à extrema 
insegurança), ou razões individuais relacionadas às vivências do passado e ao 
dinamismo psicológico pessoal, ou ainda por razões biológicas, de acordo com o 
funcionamento orgânico e mental de cada organismo. 
Esses comportamentos compulsivos podem ser entendidos como atitudes 
mal-adaptadas de enfrentamento da ansiedade, da tensão, da angústia, trazendo 
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conseqüências físicas, psicológicas e sociais graves. Devido à grande dificuldade 
em prevalecer a vontade sobre a compulsão, os comportamentos compulsivos são 
também chamados de Comportamentos Aditivos, mesmo termo que empregamos 
aos vícios ou a drogadicção. 
Segundo Sousa, Guimarães e Ballone (2004) pode-se dizer que existe uma 
grande semelhança entre ComportamentosCompulsivos e dependência química: a 
angústia provocada pela ausência, os sintomas emocionais da abstinência, tais 
como tremores, sudorese, taquicardia, etc., o caráter compulsivo e repetitivo, a 
importância que essa atitude ocupa na vida da pessoa, o comprometimento na 
qualidade da vida familiar, profissional, afetiva e social. 
Nesse tipo de problema a pessoa acaba tornando-se dependente dessas 
atitudes, as quais ocupam um espaço importante no seu cotidiano. Em alguns casos 
ocorrem danos físicos, como na pessoa com Vigorexia, na Bulimia, na Anorexia e 
etc. Algumas pessoas apresentam comportamentos com caráter compulsivo, que 
levam a conseqüências negativas em suas vidas, como por exemplo, recorrer ao uso 
abusivo do álcool, das drogas, à fuga do convívio social e etc. Essas pessoas 
sentem desconforto emocional se não fizerem esses comportamentos, apresentam 
grande angústia ou ansiedade na ausência ou na impossibilidade em realizar a 
atividade compulsiva. 
Esses Comportamentos Compulsivos precisam de tratamento quando têm 
como conseqüências, prejuízos significativos à vida da pessoa ou ao seu entorno 
sócio-familiar. 
 
 
Tipos de Comportamentos Compulsivos: 
 
• Vigorexia: 
Caracteriza-se por uma procura incontrolável por padrões de beleza exigidos 
pela sociedade, que levam a pessoa a ficar escrava de academias. Aqui há uma 
preocupação exagerada com a estética corporal, buscando beleza e perfeição nas 
curvas, tornando-se uma obsessão. Obsessão em musculatura, pela compulsão aos 
 
 
 
 
 
exercícios e ingestão de substâncias que aumentam a massa muscular, quanto pela 
evidente distorção do esquema corporal que essas pessoas experimentam. 
Quando começamos a malhar são liberadas em nosso cérebro substâncias 
responsáveis pelo nosso bem-estar, prazer. Isso acontece porque a atividade física 
nos proporciona esse prazer e psicologicamente faz nos sentir melhor, com 
sensação de estar cuidando do nosso corpo, sensação de bem-estar. Até aqui tudo 
bem, mas quando passamos a exercitar-nos em excesso, sem respeitar nossos 
próprios limites, isso já pode ser considerado um comportamento compulsivo, pode 
resultar em prejuízo físico, atingindo as articulações, aparelho respiratório e o 
coração. Não só físicos, mas também nosso sistema emocional pode ficar 
comprometido, proporcionando sofrimento significativo em outros aspectos. 
 
 
 
Fonte: http://www.gettyimages.com.br 
 
 
• Jogar Compulsivo: 
Esse transtorno também pode ser chamado de Jogo Patológico, 
caracterizado por uma compulsão pelos jogos. A pessoa mantém uma preocupação 
exagerada com o jogo, passa um bom tempo planejando jogadas, como vai ganhar 
o que vai fazer para adquirir mais dinheiro, freqüentemente continua jogando, apesar 
de repetidos esforços no sentido de controlar, reduzir ou cessar o comportamento. 
Esse comportamento de jogo mal adaptativo é recorrente, persistente chegando a 
desestruturar a área pessoal, familiar e/ou ocupacional. 
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Os compulsivos por jogos dizem que estão mais em busca de ação do que 
de dinheiro e, por causa dessa busca de ação, apostas ou riscos cada vez maiores 
podem ser necessários para continuar produzindo o nível de excitação desejado. 
Existe ainda uma sensação especial no comportamento de risco, o que ocupa suas 
mentes fazendo com que passem a repetir o comportamento, o que acarreta a 
dependência. 
O jogador compulsivo costuma se tornar inconseqüente, gastando aquilo 
que tem e que não tem, perdendo a noção de realidade, perdendo a noção de tempo 
(ele passa horas jogando, ou melhor, dizendo, esquece que o mundo existe). Aqui a 
síndrome de abstinência pode estar presente e ele está sempre na expectativa de 
ganhar. 
 
Se analisarmos essa compulsão à luz da abordagem comportamental, 
podemos dizer que esse comportamento seja aprendido, onde ganhar é um reforço 
positivo imediato e perder é apenas uma circunstância aleatória, não se esquecendo 
do reforço emocional intermitente. 
 
• Comprar Compulsivo: 
 
Esse comportamento consumista compulsivo de comprar pode também ser 
chamado de Shopaholic, o que na definição quer dizer viciados por compras. É uma 
prática compulsiva e recorrente, o consumismo exacerbado ou oneomania tem até 
nome e registro no DSM-IV, o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações 
Mentais. Este é um problema grave e que traz muito incômodo. Além de uma casa 
entupida de tralhas e um guarda-roupa com peças nunca usadas, o shopaholic vê-
se freqüentemente atolado em dívidas, que impedem a formação de um patrimônio 
sólido. O comprador compulsivo acaba por consumir coisas pelo fato de consumir e 
não mais pela necessidade do objeto que é consumido. Muitas vezes sente-se 
culpado, porém, como em qualquer comportamento aditivo, o mais comum é perder 
o controle da situação. 
 
 
 
 
 
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Ele costuma ser um dependente do comportamento de comprar, precisando 
fazê-lo sem limites para se sentir bem, pelo menos bem naquele momento (para 
depois arrepender-se). 
Os shopaholics não são, necessariamente, pessoas fúteis ou fisgadores de 
promoções, ele sai às compras mais para despejar sua ansiedade e minimizar suas 
frustrações. Às vezes, em situações mais comuns, essa tática de compensação 
funciona. Nesse caso os hábitos de consumo são mais emocionais que racionais, o 
compulsivo vai às compras como um viciado que sai de casa para jogar ou em 
busca das drogas, e a compulsão acaba sendo uma atitude que exclui logo o prazer 
pela aquisição do novo produto. Ele sente a necessidade de comprar determinado 
produto, mas passado pouco tempo já deixa o objeto de lado. 
Por trás do consumismo excessivo, geralmente estão escondidos vários 
problemas. O “pacote” completo costuma incluir uma família desestruturada, 
frustrações na infância ou adolescência, problemas de relacionamento conjugal e 
até depressão. 
Vale ressaltar a diferença existente entre pessoas compulsivas das pessoas 
impulsivas, a primeira foi tudo que relatamos acima, a segunda comete pequenas 
compras, como estar passando num local e comprar uma caixa de chocolate, porque 
deu vontade de comer. 
 
• Trabalhar Compulsivo: 
 
Também chamado de Workaholic, uma expressão americana que teve 
origem na palavra alcoholic (alcoólico), pode ser definida como pessoa viciada em 
trabalho. 
Esse tipo de pessoa geralmente não consegue se desligar do trabalho, 
mesmo fora dele, acaba por deixar de lado seu parceiro(a), filhos, pais, amigos. Os 
seus melhores amigos passam a ser aqueles que de alguma forma têm ligação com 
seu trabalho. Nessa compulsão a pessoa vai de casa para o trabalho, do trabalho 
para a casa, excluindo-se de sua vida as opções do lazer, as pausas nos finais de 
semana, o convívio descontraído com a família, etc. 
 
 
 
 
 
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O trabalhar perde sua função natural passando a ser prejudicial ao bem 
estar físico, familiar, psicológico e social do indivíduo. 
Geralmente as pessoas com esse tipo de transtorno são muito difíceis de 
trabalhar com elas, pois freqüentemente exige dos outros o mesmo ritmo que tem 
para si. Costuma criticar muito os que estão ao seu redor no ambiente de trabalho, 
exigem perfeição, dedicação e devoção ao trabalho, tal como elas próprias se 
comportam. 
Ballone (2005) afirma que normalmente são pessoas severas, isoladas,inflexíveis, perfeccionistas, amargas e exageradamente realistas, pois racionalizam 
tudo na vida, ocultam seus próprios sentimentos, têm um contato mínimo com eles 
próprios e mantêm abafados seus conflitos íntimos. 
Este tipo de pessoa sofre por trazer para si uma qualidade de vida muito 
ruim, pois as pressões diárias e a auto-estima exagerada fazem com que este tipo 
de profissional tenha insônia, surtos de mau-humor, impotência, atitudes agressivas 
em situações de pressão ou desconformidade. E pode até chegar a ter depressão, 
entre outros efeitos nocivos como o medo. Este medo, que é especificamente de 
fracassar, condiciona e impulsiona o viciado a estar cada vez mais forte e mais 
concentrado na busca por resultados. Na verdade ele é um insatisfeito consigo 
mesmo, acha que é potente e meritoso, mas na verdade, toda essa compulsão por 
trabalho pode estar aliviando sentimentos de angústia por se acreditar um pai 
omisso ou uma mãe ausente, um companheiro fugidio, etc. 
 
• Comer Compulsivo: 
 
É um Transtorno Alimentar. De um modo geral, o pensamento das pessoas 
portadoras dessa patologia se caracteriza por uma obsessão pela perfeição do 
corpo. 
Consiste em episódios de ingestão compulsiva, mas nestes casos não 
ocorrem episódios compensatórios como vômito, uso de laxantes, prática de 
exercício físico intenso, etc., e por isso se distingue da Bulimia. 
 
 
 
 
 
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O que os especialistas percebem é que os transtornos alimentares vêem 
aumentando sua incidência perigosamente, tudo porque as pessoas estão perdendo 
a noção de realidade e tendo alterações psíquicas caracterizadas por distúrbios na 
representação pessoal do esquema corporal. 
Os indivíduos com BED (Binge Eating Disorder), o outro nome que essa 
compulsão recebe, tendem a comer mais no final do dia e a ingerirem mais gordura 
em detrimento de hidratos de carbono, sob a forma de sobremesas, doces, 
bombons. 
 
 
 
 
 
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TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO EM CRIANÇAS 
 
Em crianças, a identificação do TOC pode ser mais difícil devido a inúmeras 
fases que esta passa, onde muitas situações são puramente normais para aquele 
momento de vida da criança. Um exemplo claro, é quando as crianças aprendem a 
contar. Nesta fase elas querem contar tudo que vêem pela frente, o que é normal, 
mas no caso da criança contar o tempo todo buscando exatidão, já seriam indícios 
de obsessão. Para essa identificação seria necessário um olhar atento de um adulto 
para ser identificada a anormalidade. As crianças obsessivas não distinguem a 
obsessão das brincadeiras, mas brincam sem se divertirem, brincam com ar de 
seriedade. 
Uma dica de que algo está errado, é que é normal uma criança abandonar 
as brincadeiras, jogos e brinquedos depois de algum tempo (dias, semanas), mas 
quando há a persistência prolongada, deve tentar ver o que está acontecendo, com 
salva exceção às bonecas (os), que além de brinquedos as crianças os vêem como 
companhia, como companheiro; nesse caso não seria necessariamente uma 
obsessão. 
O que se percebe com as características do transtorno em crianças é que 
estas são escravas de seus próprios pensamentos, de suas obsessões, de suas 
repetições de gestos, no caso a compulsão. Da mesma forma que nos adultos, os 
pensamentos continuados nos “pequeninos” geram angústia e ansiedade e as ações 
compulsivas são tentativas de controlá-los. 
De acordo com Campos (2001), embora esse quadro tenha geralmente 
início na adolescência ou começo da idade adulta, ele pode aparecer na infância de 
forma muito comum. A única diferença da criança para o adulto é com relação à 
imaturidade. As situações inerentes da idade e também a forma da apresentação da 
doença, nas crianças demonstram muitos casos de compulsões sem obsessões, 
mas também da mesma forma que os adultos, obsessões com compulsões. 
Sintetizando de uma forma mais compreensível, podemos dizer que na 
infância as compulsões comumente vêm antes das obsessões, uma característica 
 
 
 
 
 
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contrária à dos adultos, existindo um intervalo em torno de 18 meses entre os 
sintomas obsessivos e os compulsivos em pacientes com menos de dez anos de 
idade. Como já falamos antes, alguns sintomas de repetição são comuns na idade 
infantil (2 - 4 anos) fazendo parte do desenvolvimento da criança. A partir dos 6 anos 
os rituais podem ser vividos em grupos. Nessa idade certas superstições surgem e 
acabam envolvendo comportamentos ritualísticos ou repetitivos, também sendo 
considerados normais nessa idade. 
Pesquisas mostram que entre 30-50% dos adultos com este problema 
iniciaram o quadro sintomático na infância entre 6-11 anos. Já outros autores dizem 
que se inicia em torno de 9-12 anos, alguns de forma bem gradual outros de forma 
aguda, o curso geralmente é crônico ou flutuante (inconstante), com períodos de 
melhora e piora, além dos sintomas mutáveis ao longo do tempo. Os pequenos na 
maioria das vezes não percebem que têm o transtorno, ao contrário dos adultos. 
Percebe-se aqui que é comum para as crianças a dificuldade em relatar e descrever 
seus sintomas, principalmente solicitar ajuda, o que dificulta o diagnóstico e o início 
do tratamento. Geralmente a idade de início costuma ser um pouco mais precoce 
nos meninos que meninas; para cada cinco casos de transtorno obsessivo-
compulsivo na infância três são meninos e duas são meninas. 
Alguns exemplos de Toc em crianças nos mostram como elas agem. Os 
comportamentos vão desde pegar em carros, contar as árvores, postes que passam 
ou objetos até não pisar nos riscos das calçadas e etc. 
Segundo Sousa, Guimarães e Ballone (2004) as idéias obsessivas nas 
crianças são de dúvida (caracterizadas pela dificuldade em acreditar que uma tarefa 
foi realizada de modo adequado, ou grande indecisão quanto ao caminho a seguir. 
Pode-se perceber esse sintoma averiguando o caderno escolar dessas crianças, que 
têm um número muito grande de sinais de borracha por ter que apagar e escrever 
diversas vezes a mesma palavra); de sujeira ou contaminação (estas crianças têm 
inúmeros pensamentos como pensar que estão sujas ou contaminadas porque 
tiveram contato com poeira, urina, animais, sangue e outros); outras podem ser 
obsecadas com tarefas da escola (conferência ininterrupta de contas, problemas 
matemáticos, figuras geométricas, solução de quebra-cabeças e enigmas, joguinhos 
 
 
 
 
 
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e outros dispositivos de segurança, ordenação no arranjo dos mais variados objetos, 
determinadas palavras e números); pode também haver um medo patológico de 
perder o controle e realizar algum ato inadequado socialmente onde ela possa se 
constranger publicamente, engasgar, derramar comida, etc., o que a leva a retração 
social. Aqui também as idéias obsessivas fazem com que a criança pergunte 
inúmeras vezes a mesma coisa, e mesmo sabendo a resposta à sua dúvida, elas 
insistem em ouvir de novo e seguidamente. 
Um alerta bastante importante aos pais, que às vezes não compreendem 
aquele comportamento da criança, chegando a advertências, castigos e até 
agressões, por imaginar que o comportamento compulsivo expressado por aquela 
criança é de vontade própria. 
De acordo Com Vieten (2006) os pais devem tentar identificar em seus filhos 
algumas lesões cutâneas devido à lavagem excessiva das mãos, gasto excessivo de 
sabãoe papel toalha, trejeitos e tiques, tempo excessivo gasto para a realização das 
tarefas, seja de casa ou da escola, buracos nos cadernos ocasionados por apagar 
seguidamente, solicitação para familiares responderem a mesma pergunta, como já 
citamos antes, perguntar várias vezes a mesma coisa, aumento excessivo na 
quantidade de roupas para lavar,isso indica o medo de sujeira ou contaminação, 
tempo excessivo para preparar a cama. Aqui podemos perceber a simetria, ordem, 
medo persistente e absurdo de que algo terrível aconteça para alguém, preocupação 
constante com a saúde dos familiares. Questão que também merece atenção é o 
declínio do rendimento escolar, conseqüente à diminuição da capacidade de 
concentração, isso porque a criança se apega muito a detalhes que tomam muito do 
seu tempo e atenção à aula. Também alguns problemas dermatológicos devem 
chamar a atenção, sobretudo as dermatites eczematóides, geralmente ocasionadas 
por lavagens excessivas com água ou detergentes. 
Segundo Ballone (2006), com o passar do tempo a sintomatologia do TOC 
infantil pode mudar, mas de modo geral o quadro clínico obedece aos sintomas 
relacionados abaixo: 
SINTOMAS DO TOC INFANTIL 
 
 
 
 
 
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Sintoma % de indivíduos que queixaram 
 
OBSESSÕES 
 
% 
Pensamentos e preocupações com sujeira, germes. 40 
Medo de algo terrível em si ou em alguém amado: fogo, morte, doença. 24 
Pensamentos sobre simetria, ordem, exatidão. 17 
Escrupulosidade excessiva, obsessões religiosas. 13 
Preocupação em perder secreção do corpo, urina, saliva. 8 
Pensamentos sobre números de sorte ou azar. 8 
Medo de ter impulsos de agressividade, algo proibido, impulsos sexuais. 4 
Medo de ferir os outros ou a si próprio. 4 
Sons, palavras ou músicas intrusas que “não saem da cabeça”. 1 
 
COMPULSÕES 
 
% 
Lavar as mãos, escovar os dentes, tomar banhos. 85 
Rituais de repetição como abrir e fechar a porta, descer escada. 51 
Checagem de portas, travas, tarefas, luzes. 46 
Diferentes rituais (manias) de escrever, falar, se movimentar. 26 
Rituais para se livrar de contaminantes. 23 
Ter que tocar as coisas. 20 
Medidas preventivas para não machucar ninguém. 16 
 
 
 
 
 
60 
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Arranjar as coisas, colocar em certa ordem. 17 
Contar e recontar. 19 
Empilhar ou colecionar. 11 
Rituais de limpar a casa ou objetos inanimados. 6 
Fonte: http://virtualpsy.locaweb.com.br 
 
 
Normalmente, essas manias obsessivas consomem muito tempo, gerando 
angústia e ansiedade tanto para a criança quanto para seus familiares. O ideal é que 
os pais procurem apoio psicológico e dependendo dos sintomas outras 
especialidades também estarão envolvidas. 
 
 
 
 
 
 
------------------------------------- FIM DO MÓDULO II---------------------------------- 
	 
	TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO EM CRIANÇAS 
	 
	Em crianças, a identificação do TOC pode ser mais difícil devido a inúmeras fases que esta passa, onde muitas situações são puramente normais para aquele momento de vida da criança. Um exemplo claro, é quando as crianças aprendem a contar. Nesta fase elas querem contar tudo que vêem pela frente, o que é normal, mas no caso da criança contar o tempo todo buscando exatidão, já seriam indícios de obsessão. Para essa identificação seria necessário um olhar atento de um adulto para ser identificada a anormalidade. As crianças obsessivas não distinguem a obsessão das brincadeiras, mas brincam sem se divertirem, brincam com ar de seriedade. 
	Uma dica de que algo está errado, é que é normal uma criança abandonar as brincadeiras, jogos e brinquedos depois de algum tempo (dias, semanas), mas quando há a persistência prolongada, deve tentar ver o que está acontecendo, com salva exceção às bonecas (os), que além de brinquedos as crianças os vêem como companhia, como companheiro; nesse caso não seria necessariamente uma obsessão. 
	O que se percebe com as características do transtorno em crianças é que estas são escravas de seus próprios pensamentos, de suas obsessões, de suas repetições de gestos, no caso a compulsão. Da mesma forma que nos adultos, os pensamentos continuados nos “pequeninos” geram angústia e ansiedade e as ações compulsivas são tentativas de controlá-los.

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