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AULA 04 – A CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO 1. Decisão sobre o processo de habilitação: · Situação fática: Um casal pretendia se casar e foi ao cartório; · Não houve casamento; · O edital não foi publicado e, consequentemente, não foi emitido o certificado de habilitação; · Na ação de indenização, o réu (nesse caso, o apelante: titular do cartório) visou a contrariar a primeira decisão que havia sido favorável ao casal; · O casal ganhou em 1º grau; · O réu foi afastado do Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais de Bagé-RS após um devido processo legal, contraditório e ampla defesa. Por não ter poderes, o titular do cartório não poderia publicar o edital; · Demandante (autores do processo) = os noivos; · A apelação foi provida e a ação foi julgada improcedente: o réu venceu; · A decisão mostrou-se plausível, uma vez que o réu, inabilitado do exercício de suas funções, não poderia publicar o edital; 2. Celebração do casamento: O casamento é negócio jurídico, sendo seu componente histórico mais característico a celebração. Com efeito, não há casamento sem cerimônia formal, ainda que variável quanto ao ritual seguido. Há dez artigos no Código Civil discorrendo sobre essa celebração. Art. 1.533 – CC: Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531. Art. 1.534 – CC: A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular. § 1 o Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato. § 2 o Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever. A solenidade se realiza na sede do cartório (fórum) em data e horário previamente estabelecidos pela autoridade. A menção “portas abertas” concede à oportunidade de qualquer um entrar e se manifestar contra o casamento. Solicita-se a presença de duas testemunhas (no caso de edifício particular, quatro), que podem ser parentes ou não. Igreja, qualquer que seja ela, é edifício particular. Edifício público é aquele pertencente a uma pessoa jurídica de Direito Público (União + Estados-membro + DF + município). No que tange a edifícios particulares, as portas abertas são simbólicas (como no caso de um casamento realizado em um condomínio residencial - o condomínio não pode ficar com a porta aberta em prol de evitar assaltos). Art. 1.535 – CC: Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados." O juiz, como figura do Estado, não deve realizar discursos religiosos (tendo em vista que o Estado é laico). O ato jurídico solene é rápido (dura mais ou menos dois minutos), ocorrendo logo após a manifestação da vontade das partes. Alguns doutrinadores defendem a flexibilização dos termos dispostos no art. 1535 (excesso de formas verbais na segunda pessoa no plural no passado – termos em desuso na Língua Portuguesa). OBS: Causas suspensivas x causas de suspensão: As causas suspensivas do casamento faz o casal se casar com o regime de separação de bens; já as causas de suspensão da celebração de casamento obriga o juiz a parar. Art. 1.537 – CC: O instrumento da autorização para casar transcrever-se-á integralmente na escritura antenupcial. Art. 1.538 – CC: A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes: I - recusar a solene afirmação da sua vontade; II - declarar que esta não é livre e espontânea; III - manifestar-se arrependido. Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia. Tem dois jeitos de recusar o casamento: · Expresso: Não; · Tácito: Ficar caladinho (quem cala não consente silêncio = recusa); Nessas hipóteses, suspende-se o casamento, podendo o indivíduo se retratar até dentro do prazo da habilitação de 90 dias. OBS: Hipótese relatada por José Laramartine Corrêa de Oliveira e Francisco José Ferreira Muniz (“Direito de Família – Direito Matrimonial”; Sérgio Antônio Fabris Editor, Porto Alegre, 1990, p. 222), acerca da recusa da noiva por duas vezes, vindo a dar o consentimento somente na 3ª oportunidade. O juiz deve suspender, imediatamente, o casamento após o primeiro “não” (levando a debates jurídicos no STF) e tudo o que vem depois deve ser considerado inexistente. OBS: O arrependimento tem que ser antes da declaração do celebrante. Curiosidades: Bispo se nega a casar noivos vestidos de Shrek e Fiona. 3. Tipos especiais de casamento: Conceito: São casamentos diferenciados no que diz respeito ou ao rito, ou à presença pessoal dos nubentes, ou ainda, à condição especial de um ou de ambos os nubentes. Espécies: · Casamento por procuração: Via intermédio de outrem que representa a vontade dos futuros cônjuges; · Casamento nuncupativo: Um dos contraentes está em iminente risco de morte; · Casamento perante autoridade diplomática: As embaixadas, em algumas circunstâncias, podem realizar casamentos de brasileiros no exterior; · Casamento religioso com efeitos civis: Casamento especial mais comum. Casa na igreja católica ou evangélica com efeitos civis; 4. Casamento por procuração: Com base no art. 653 do Código Civil, em um mandato, A recebe de B poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato. A celebração do casamento é uma das etapas das formalidades matrimoniais e exige, ordinariamente, a presença pessoal dos dois nubentes. Todavia, a lei prevê exceção, dando permissão para que o matrimônio se realize através de procurador, regulamente constituído. Ex: Casamentos de D. Pedro I e de D. Pedro II com as suas noivas. Ex: No caso de pessoas que precisam viajar. Art. 1.542 – CC: O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais. § 1 o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos. § 2 o O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo. § 3 o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias. § 4 o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato. · Instrumento público: escritura pública de procuração – Tabelião/Tabelionato de Notas; · A revogação não precisa ser avisada, mas pode ensejar perdas e danos no caso não aviso; · O parágrafo 2º discorre sobre uma possibilidade rara: o nubente (aquele que está prestes a morrer) com um procurador do cônjuge que não está prestes a morrer. O que não pode nomear procurador é o enfermo; · No caso da emissão da procuração, esta apresenta eficácia de até 90 dias. A partir desse prazo, perderá a eficácia; · Consoante o parágrafo 4º, somente instrumento público poderá revogar o mandato; OBS: O procurador, o qual está representando o noivo, pode dizer não. Ex: O irmão de A o representa na celebração do seu casamento com B. O irmão de A descobre que B tinha uma relação amorosa com C. O irmão de A diz não e, portanto, o casamento não é celebrado. OBS: Ambos os nubentes podem se casar mediante procuração. Ex: A e B precisaram viajar a estudos para o Canadá. Os pais de A e B podem representá-los no Brasil e participar da celebração do casamento.
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