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20_Lei n 8 078-1990 Código de Defesa do Consumidor

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DIREITO CIVIL
LEI Nº 8.078/1990 – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Livro Eletrônico
DICLER FORESTIERI
Ex-Auditor-Fiscal do Estado da Paraíba, Ex-
Auditor-Fiscal de Tributos do Município de São 
Paulo e atual Conselheiro Substituto do TCM-RJ 
(aprovado em 2º lugar). Também foi aprovado 
nos concursos de Auditor-Fiscal do Estado do Rio 
Grande do Sul e Conselheiro Substituto do TCE-
AM. Ministra aulas das disciplinas Direito Civil, 
Direito Penal e Legislação Tributária Municipal.
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Relações de Consumo .................................................................................4
1. A Constituição Federal e o CDC .................................................................4
2. Relação Jurídica de Consumo ....................................................................5
Conceito de Fornecedor ...............................................................................6
Conceito de Produto ....................................................................................7
Conceito de Serviço ....................................................................................8
Conceito de Consumidor ..............................................................................9
3. Política Nacional de Relações de Consumo ................................................12
4. Periculosidade dos Produtos e Serviços ....................................................17
5. Modificação e Revisão das Cláusulas Contratuais .......................................18
6. Responsabilidade Civil no CDC ................................................................19
7. Decadência e Prescrição ........................................................................29
8. Desconsideração da Personalidade Jurídica ...............................................31
Questões de Concurso ...............................................................................33
Gabarito ..................................................................................................38
Gabarito Comentado .................................................................................39
Questões de Concurso ...............................................................................48
Gabarito ..................................................................................................59
Gabarito Comentado .................................................................................60
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RELAÇÕES DE CONSUMO
1. A Constituição Federal e o CDC
A defesa do consumidor busca a proteção da pessoa humana, que deve sempre 
se sobrepor aos interesses produtivos e patrimoniais. Dessa forma, cumprindo di-
versas diretrizes da Constituição Federal de 1988, foi publicado, em 1990, o Código 
de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/1990).
Vejamos alguns pontos da Constituição Federal que tratam da Defesa do Consumidor:
Art. 5º, XXXII da CF – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Art. 170. da CF – A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e 
na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames 
da justiça social, observados os seguintes princípios:
[...]
V – defesa do consumidor;
Art. 48. do ADCT – O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação 
da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.
Ressalta-se que as regras estabelecidas pelo CDC são de ordem pública e de 
interesse social. Ou seja, são normas de interesse privado por reger relações entre 
particulares, mas com forte interesse público no assunto, e, por essa razão, não 
pode o consumidor afastar a aplicação do CDC por sua simples autonomia de von-
tade. Vide art. 1º do CDC:
Art. 1º do CDC – O presente código estabelece normas de proteção e defesa do con-
sumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 
170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
Além disso, por serem normas de caráter cogente, as regras do CDC podem, 
em regra, ser aplicadas de ofício pelo magistrado e legitimam o Ministério Público 
e as Associações de Defesa do Consumidor a requerer em juízo o fiel cumprimento 
dos direitos dos consumidores. Uma interessante exceção sobre a possibilidade de 
aplicação de ofício das normas do CDC é estabelecida pela Súmula n. 381 do STJ:
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STJ 381. – Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abu-
sividade das cláusulas.
2. Relação Jurídica de Consumo
É cabível salientar que as normas do CDC somente serão aplicáveis quando se 
configurar uma relação jurídica de consumo. Tal relação possui três elementos:
1) elemento subjetivo: são as partes envolvidas na relação jurídica (con-
sumidor e fornecedor);
2) elemento objetivo: é o objeto sobre o qual recai a relação jurídica de 
consumo (produto ou serviço);
3) elemento finalístico: traduz a ideia de que o consumidor deve adquirir 
ou utilizar o produto ou o serviço como destinatário final.
O esquema gráfico a seguir ilustra de forma sintetizada o que vem a ser a rela-
ção jurídica de consumo.
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Conceito de Fornecedor
O legislador, por meio do art. 3º, caput, do CDC classificou como fornecedor 
todos aqueles que desenvolvem atividades tipicamente profissionais, mediante re-
muneração, excluindo da relação de consumo aqueles que eventualmente tenham 
colocado produto ou serviço no mercado de consumo sem o caráter profissional.
Art. 3º do CDC – Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, na-
cional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem ativida-
de de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exporta-
ção, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
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Por meio do conceito de fornecedor, percebe-se o seguinte: se uma empresa 
tem por objeto social a prestação de serviço de auditoria e, para renovar a sua frota 
de carros, vende veículos de sua propriedade a particular, então, ela não poderá ser 
considerada fornecedora, pois a sua habitualidade está na prestação de serviços de 
auditoria e não no comércio de veículos. Ou seja, na hipótese em questão incidem 
as regras do Código Civil e não do CDC.
Ainda sobre o assunto fornecedor, três pontos importantes devem ser discutidos:
• sociedade sem fins lucrativos: segundo a jurisprudência, se desem-
penhar atividade no mercado de consumo mediante remuneração, será 
considerada fornecedora;
• poder público: é enquadrado como fornecedor se atuar no mercado de con-
sumo prestando serviço mediante a cobrança de preço. Salienta-se que preço 
público ou tarifa não é o mesmo que tributo (taxas, impostos e contribuições 
de melhoria). Na cobrança de tributos, não se tem uma relação de consumo, 
mas sim uma relação tributária. Para exemplificar, temos as concessionárias 
de serviço público de telefonia ou de fornecimento de energia elétrica, que 
são fornecedores de uma relação consumerista; e
• entes despersonalizados: os entes sem personalidade jurídica serão con-
siderados fornecedores se exercerem atividades produtivas no mercado de 
consumo. Dessa forma, podem ser considerados fornecedores o espólio de 
comerciante individual, a massa falida e as pessoas jurídicas de fato (socie-
dades irregulares).
Conceito de Produto
O legislador por meio do art. 3º, § 1º do CDC definiu o que vem a ser produto.
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Art. 3º, § 1º do CDC – Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Dessa forma, qualquer bem corpóreo ou incorpóreo suscetível de apropriação 
que tenha valor econômico, destinado a satisfazer uma necessidade do consumidor, 
é considerado produto nos termos do CDC.
Estão inseridos no conceito de produto aqueles que decorrem de uma remuneração 
indireta, tais como os adquiridos em promoções do tipo pague 2 e leve 3, além dos 
produtos recebidos a título de brinde pela celebração de um contrato de consumo.
Conceito de Serviço
O legislador, por meio do art. 3º, § 2º do CDC, definiu o que vem a ser serviço.
Art. 3º, § 2º do CDC – Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e 
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Conclui-se que serviço é toda atividade remunerada desenvolvida em favor 
do consumidor.
Sobre o conceito de serviço destacam-se as seguintes questões:
• atividades bancárias, financeiras, de crédito e securitárias: apesar de 
essas atividades estarem inseridas de forma expressa no rol dos serviços que 
caracterizam uma relação de consumo, o assunto já foi objeto de discussão 
doutrinária e jurisprudencial. As instituições financeiras defendiam que a Lei 
n. 4.595/1964 (que regulamenta as instituições financeiras) era a única legis-
lação aplicável às suas atividades. Porém, a solução para este conflito ocorreu 
com a seguinte súmula:
STJ 297. – O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.
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• entidades de previdência privada: também foram alvo de discussão sobre 
a aplicação do CDC ou da LC n. 108/2001. Tal discussão teve fim com o pro-
nunciamento do STJ por meio da súmula abaixo:
STJ 321. – O Código de Defesa do Consumidor é aplicável à relação jurídica entre en-
tidade de previdência privada e seus participantes.
• locações de imóveis: tal atividade também já foi alvo de discussão sobre a 
aplicação do CDC ou da Lei n. 8.245/1991 nas relações locatícias. Neste caso, 
a jurisprudência majoritária expressa entendimento de que não se aplicam as 
regras do CDC.
A expressão “mediante remuneração” deve ser entendida de modo abran-
gente, uma vez que pode ser feita pelo consumidor de forma direta ou indireta. 
Muitas vezes o produto ou serviço é oferecido gratuitamente ao consumidor, mas o 
custo daí inerente está inserido em outros pagamentos efetuados. É o que ocorre 
com os estacionamentos “gratuitos” de supermercados, com a aquisição de rádios 
para automóvel com o serviço de instalação “gratuito”. Esses dois casos caracteri-
zam uma remuneração indireta e estão incluídos na relação de consumo.
Conceito de Consumidor
O legislador, por meio do art. 2º do CDC, definiu o que vem a ser consumidor.
Art. 2º do CDC – Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que in-
determináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Analisando o dispositivo legal em questão, concluímos que o consumidor pode 
ser de três tipos:
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• pessoa física;
• pessoa jurídica; e
• coletividade de pessoas (consumidor por equiparação).
Percebe-se que o legislador não inseriu a figura dos entes despersonalizados 
como consumidor, apenas como fornecedor.
Embora o CDC tenha definido o que vem a ser consumidor, a aplicação ao caso 
concreto é de grande complexidade e, por isso, existe uma forte discussão doutri-
nária e jurisprudencial para explicar a expressão “destinatário”, que representa o 
elemento finalístico da relação de consumo. A discussão gira em torno da seguinte 
pergunta: quem é o destinatário final de um bem de consumo?
Ao longo de mais de 20 anos de aplicação do CDC, desenvolveram-se três cor-
rentes para o assunto:
• doutrina finalista: entende que o consumidor é quem retira definitivamente 
o produto ou serviço de circulação do mercado para suprir uma necessidade 
exclusivamente pessoal e não para o desenvolvimento de uma outra ativi-
dade de cunho empresarial ou profissional, o que descaracterizaria a forma-
ção da relação de consumo. Para exemplificar, por esta doutrina, os móveis e 
os utensílios que compõem o estabelecimento ou os programas de computa-
dor utilizados em um escritório não caracterizam a destinação final do bem, 
pois ingressam, direta ou indiretamente, na atividade econômica, ou seja, no 
ciclo produtivo de outros bens e serviços.
• doutrina maximalista: entende que, para ser consumidor, basta que este 
utilize ou adquira produto ou serviço na condição de destinatário final, não 
interessando o uso particular ou profissional do bem. Entretanto, não 
será consumidor quem adquirir ou utilizar produto ou serviço (matéria-prima) 
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que participe diretamente do processo de produção, transformação, monta-
gem, beneficiamento ou revenda. Para exemplificar, segundo esta doutrina, 
os móveis e utensílios que compõem o estabelecimento caracterizam destina-
ção final. Temos aqui uma interpretação ampla do art. 2º do CDC.
• doutrina finalista temperada: esta corrente é um desdobramento da 
corrente finalista, pois considera consumidor somente quem adquire pro-
duto ou serviço para uso próprio, porém, admite em casos excepcionais 
considerar destinação final de um produto a sua utilização para fins profissio-
nais ou econômicos se houver vulnerabilidade do consumidor na relação. Te-
mos como exemplo o taxista que compra um automóvel para trabalhar trans-
portando passageiros. Lógico que o produto será usado de forma econômica, 
mas o taxista é tão vulnerável quanto qualquer outra pessoa que adquire o 
veículo para passeio.
Temos o seguinte resumo:
CONCEITO DE DESTINATÁRIO FINAL
DOUTRINA FINALISTA
(interpretação restrita)
Consumidor é apenas quem usa o produto ou ser-
viço para suprir uma necessidade exclusivamente 
pessoal.
DOUTRINA MAXIMALISTA
(interpretação ampla)
Para definir consumidor, não leva em consideração 
o uso pessoal ou profissional do produto ou serviço.
DOUTRINA FINALISTA TEMPERADA
(interpretação restrita mitigada)
Consumidor é apenas quem usa o produto ou ser-
viço para suprir uma necessidade exclusivamente 
pessoal, mas admite exceções para o uso profissio-
nal quando houver vulnerabilidade.
Sobre a aplicação do CDC, a jurisprudência apresenta soluções que estão em 
conformidade tanto com a corrente maximalista, como com a corrente finalista. En-
tretanto, há uma certa tendência do STJ de manter a corrente finalista temperada, 
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ou seja, quando ficar demonstrada a vulnerabilidade do consumidor.
Para finalizar o conceito de consumidor, resta saber o que é um consumidor 
por equiparação ou consumidor by stander. Por meio do art. 2º, § único do 
CDC, conclui-se que todos os prejudicados no evento (vítimas), mesmo não tendo 
relação direta de consumo com o prestador ou fornecedor, podem ingressar com 
ação de reparação baseada no CDC. É o que acontece quando se compra uma tele-
visão e várias pessoas estão na casa do consumidor direto assistindo a um jogo da 
copa quando, de repente, a Argentina faz um gol e a televisão explode, atingindo 
todos que estão no local. Além do comprador, as outras pessoas também podem 
pleitear indenização para o fabricante pela ocorrência do evento danoso. O mesmo 
ocorre com um acidente de avião em que as pessoas que não eram passageiras 
acabaram se envolvendo no evento. É o que preconizam os art. 17 e 29 do CDC.
Art. 17 do CDC – Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores to-
das as vítimas do evento.
Art. 29 do CDC – Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos con-
sumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
3. Política Nacional de Relações de Consumo
Os objetivos e os princípios da Política Nacional das Relações de Consumo pro-
postos pela legislação consumerista estão estampados no art. 4º do CDC. Já os 
instrumentos estão no art. 5º do CDC.
Art. 4º do CDC – A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o 
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde 
e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade 
de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os 
seguintes princípios:
I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II – ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
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c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segu-
rança, durabilidade e desempenho.
III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e com-
patibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento eco-
nômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem 
econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio 
nas relações entre consumidores e fornecedores;
IV – educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos 
e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V – incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade 
e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução 
de conflitos de consumo;
VI – coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consu-
mo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações indus-
triais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos 
aos consumidores;
VII – racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII – estudo constante das modificações do mercado de consumo.
Art. 5º do CDC – Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, con-
tará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros:
I – manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;
II – instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Mi-
nistério Público;
III – criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores 
vítimas de infrações penais de consumo;
IV – criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a 
solução de litígios de consumo;
V – concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do 
Consumidor.
Farei quadros separados para que você visualize separadamente os princípios, 
os objetivos e os instrumentos:
OBJETIVOS
• O atendimento das necessidades dos consumidores;
• O respeito à dignidade, saúde e segurança dos consumidores;
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• A proteção dos interesses econômicos dos consumidores;
• A melhoria da qualidade de vida dos consumidores; e
• A transparência e a harmonia das relações de consumo.
PRINCÍPIOS
• Reconhecimentoda vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
• Ação governamental para a proteção do consumidor;
• Harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo;
• Educação e informação de fornecedores e consumidores;
• Controle de qualidade e segurança de produtos e serviços;
• Coibição e repressão das práticas abusivas;
• Racionalização e melhoria dos serviços públicos; e
• Estudo constante das modificações do mercado de consumo.
• Como se não bastasse, além dos princípios e objetivos, o aluno deve atentar 
para os instrumentos que o poder público deve utilizar para o cumprimento 
de tais princípios e objetivos. Ou seja, não confunda princípios com objetivos 
e com instrumentos. A banca pode fazer uma “poderosa pegadinha” com isso.
INSTRUMENTOS
• Manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;
• Instituição de Promotorias especializadas na Defesa do Consumidor;
• Criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumi-
dores vítimas de infrações penais de consumo;
• Criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas 
para a solução de litígios de consumo; e
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• Concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de 
Defesa do Consumidor.
Sobre os princípios elencados no art. 4º do CDC, é interessante comentarmos o 
“reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo”.
Tendo em vista o desequilíbrio existente entre o consumidor e o fornecedor nas 
relações de consumo, o legislador pretendeu igualar esta equação, deixando claro 
que o consumidor é a parte mais fraca e por isso deve ser protegido. A doutrina 
aponta três tipos de vulnerabilidade do consumidor:
• técnica ou científica: quando o consumidor não possui conhecimento específico 
sobre o objeto que está adquirindo, tanto no que diz respeito às características do 
produto quanto no que diz respeito à utilidade do produto ou serviço;
• jurídica: o legislador reconhece que o consumidor não possui conhecimento 
jurídico de contabilidade ou economia para esclarecimento, por exemplo, do 
contrato que está assinando ou se os juros cobrados estão em consonância 
com o combinado;
• fática ou socioeconômica: baseia-se na presunção de que o consumidor 
é o elo fraco da corrente, e que o fornecedor encontra-se em posição de su-
premacia, sendo o detentor do poder econômico.
A vulnerabilidade citada no art. 4º do CDC é a fática. Ou seja, a qualificação 
técnica ou jurídica do consumidor não lhe atribui a qualidade de vulnerável, pois 
os consumidores bem informados e com qualificação técnica e jurídica continuam 
vulneráveis aos apelos do mercado de consumo.
Não se pode confundir a vulnerabilidade com a hipossuficiência. Para o CDC, 
todos os consumidores são vulneráveis, mas nem todos são hipossuficientes.
A hipossuficiência se apresenta basicamente de duas formas:
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• hipossuficiência econômica: quando o consumidor apresenta dificuldades 
financeiras e o fornecedor se aproveita desta condição; e
• hipossuficiência processual: quando o consumidor tem dificuldades para 
fazer prova em juízo.
Por meio do art. 6, VIII do CDC, percebe-se que o diploma legal em estudo trata 
da hipossuficiência processual ao possibilitar a inversão do ônus da prova.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no 
fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e servi-
ços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com espe-
cificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos inci-
dentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais 
coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no 
fornecimento de produtos e serviços;
V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações despro-
porcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem exces-
sivamente onerosas;
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individu-
ais, coletivos e difusos;
VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção 
ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, 
assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da 
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alega-
ção ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser 
acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento.
Também merece destaque o art. 6º, III, que teve a sua redação alterada pela 
Lei n. 12.741/2012, que inseriu no CDC a necessidade de se informar ao consumi-
dor os tributos incidentes sobre o preço.
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Mais recentemente, a Lei n. 13.146/2015 inseriu no CDC o § único do art. 6º em 
decorrência da ampliação dos direitos pelo Estatuto dos Deficientes.
Trataremos dos principais direitos básicos do consumidor.
4. Periculosidade dos Produtos e Serviços
O art. 6º, I do CDC garante ao consumidor a proteção da vida, saúde e seguran-
ça contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços 
considerados perigosos ou nocivos. Em complemento a esta regra, o CDC, no ca-
pítulo IV, trata da qualidade, da prevenção e da reparação dos danos causados por 
produtos e serviços inseridos no mercado de consumo.
Na 1a seção deste capítulo, temos regras para proteção à saúde e segurança dos 
consumidores, que são de fácil compreensão. Vejamos do art. 8º ao 10 do CDC:
Art. 8º Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão 
riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e pre-
visíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em 
qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as 
informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam 
acompanhar o produto.
Art. 9º O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigososà 
saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da 
sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis 
em cada caso concreto.
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço 
que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde 
ou segurança.
§ 1º O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mer-
cado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comu-
nicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante 
anúncios publicitários.
§ 2º Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na 
imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
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§ 3º Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à 
saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
nicípios deverão informá-los a respeito.
Ainda sobre a periculosidade, temos a seguinte classificação:
• periculosidade latente ou inerente: se refere aos produtos que trazem 
consigo uma periculosidade que lhes é própria; no entanto, esta periculosida-
de deve ser informada e prevista pelo consumidor;
• periculosidade adquirida: aqui, os produtos e serviços apresentam defei-
tos de fabricação que põem em risco a incolumidade física do consumidor. 
Além disso, esta periculosidade não é prevista pelo consumidor; e
• periculosidade exagerada: trata-se de produto ou serviço em que, mesmo 
o fornecedor tomando os devidos cuidados no que tange à informação dos 
consumidores, não são diminuídos os riscos apresentados, não podendo ser 
inseridos no mercado de consumo.
5. Modificação e Revisão das Cláusulas Contratuais
O art. 6º, V do CDC garante apenas ao consumidor (ao fornecedor não) a modifi-
cação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua 
revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas.
Por meio do dispositivo legal ora citado, foi introduzida no ordenamento jurídico 
a teoria da imprevisão que, até então, era sustentada apenas de forma doutrinária. 
Por meio dessa teoria o consumidor pode requerer revisão de cláusula contratual 
em decorrência da superveniência de fato novo, a fim de adequar o contrato à nova 
realidade. Entretanto, há doutrinadores que sustentam que a teoria da imprevisão 
não foi abraçada pelo CDC, pois a ocorrência de causa imprevisível não é es-
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sencial para o consumidor requerer a revisão contratual.
No art. 478 do CC, há a necessidade de o fato ser extraordinário e imprevisível, além 
de o contrato ser de execução continuada ou diferida, porém, no CDC, basta que o fato 
ensejador da revisão seja superveniente, independentemente do tipo de contrato.
Art. 478 do CC – Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação 
de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a 
outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o de-
vedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão 
à data da citação.
Dessa forma, podemos fazer o seguinte quadro comparativo sobre os requisitos 
do Código Civil e do Código de Defesa do Consumidor para que se proceda a revisão 
judicial do contrato:
CÓDIGO CIVIL
(art. 478 do CC)
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
(art. 6º, V do CDC)
 – contratos de execução continuada ou 
diferida;
 – onerosidade excessiva;
 – extrema vantagem para a outra parte; e
 – fato extraordinário e imprevisível.
 – contratos de execução imediata, con-
tinuada ou diferida;
 – onerosidade excessiva; e
 – fato superveniente.
6. Responsabilidade Civil no CDC
A responsabilidade civil corresponde à aplicação de medidas que obriguem al-
guém a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros por meio da prática 
de um ato ilícito.
A prática de um ato ilícito com um correspondente dano, seja ele patrimonial ou 
extrapatrimonial (moral), acarreta a obrigação de indenizar. Dessa forma, podemos 
listar três requisitos para haver a responsabilidade civil:
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1) conduta: vem a ser o ato humano, comissivo ou omissivo, voluntário ou 
não, que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do 
lesado. A conduta é composta da parte objetiva (ação ou omissão) e da parte 
subjetiva (dolo ou culpa); entretanto, nem sempre a parte subjetiva (dolo ou 
culpa) será necessária, como ocorre nos casos de responsabilidade objetiva.
2) ocorrência de dano: não haverá dever de reparação quando inexistir pre-
juízo. As classificações mais importantes de dano são:
a) quanto à extensão do dano: o prejuízo compreende o dano emergente 
(efetiva diminuição do patrimônio da vítima) e o lucro cessante (quantia 
que a vítima deixou de ganhar).
b) quanto à natureza do bem violado: o dano, de acordo com o art. 5º, V 
da CF, pode ser material quando se tratar de prejuízo causado a bem pa-
trimonial, moral, quando recair sobre bens extrapatrimoniais, e à imagem, 
quando compromete a aparência da pessoa lesada.
Art. 5º, V da CF – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem;
STJ 37. – São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do 
mesmo fato.
STJ 387. – É possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral.
c) quanto às consequências do dano: o dano pode ser direto, aquele su-
portado pela própria vítima da ação lesiva, ou indireto, também chamado 
de dano reflexo ou por ricochete, quando se revela decorrência de um dano 
anterior sofrido pela própria vítima ou por outrem.
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3) nexo de causalidade: relação entre a conduta do agente e o dano sofrido 
pela vítima. Caso a existência do dano não esteja relacionada com o compor-
tamento do agente, não haverá que se falar em relação de causalidade e, via 
de consequência, em obrigação de indenizar.
Para sintetizar, temos o seguinte gráfico esquemático:
No CDC, o legislador entendeu que, pelo fato de o fornecedor exerceratividade 
lucrativa no mercado de consumo, então, ele deve responder por eventuais vícios 
ou defeitos dos bens e serviços. Este dever está ligado à obediência de normas 
técnicas e de segurança (dever de segurança), bem como os critérios de lealdade 
perante os consumidores.
Com base no critério de lealdade perante os consumidores que possuem con-
fiança nos produtos e serviços, foi adotada pelo CDC a regra da responsabilidade 
civil objetiva para a reparação dos danos provocados aos consumidores.
O legislador preferiu dividir a responsabilidade civil ligada com a relação de consu-
mo em duas partes: a responsabilidade pelo fato do produto ou serviço (arts. 12 a 17 
do CDC) e a responsabilidade por vício do produto ou serviço (arts. 18 a 21 do CDC).
Tenha em mente as seguintes correlações:
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• fato (acidente) → extrapola os limites da coisa gerando danos materiais, 
morais e estéticos;
• vício → permanece nos limites do produto.
Se uma pessoa compra um liquidificador e o copo estoura, vindo o consumidor 
a sofrer diversos cortes, temos um fato do produto; mas, se a hélice solta e fica 
dentro do próprio liquidificador, temos um vício do produto.
a) Responsabilidade pelo Fato do Produto
A responsabilidade pelo fato do produto é disciplinada nos arts. 12 e 13 do CDC:
Art. 12 do CDC – O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o 
importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação 
dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, 
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de 
seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua 
utilização e riscos.
§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se 
espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I – sua apresentação;
II – o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III – a época em que foi colocado em circulação.
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter 
sido colocado no mercado.
§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado 
quando provar:
I – que não colocou o produto no mercado;
II – que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Para que o consumidor tenha seus prejuízos ressarcidos face a um acidente de 
consumo, ele deverá provar o nexo de causalidade entre a ação ou a omissão do 
fornecedor e o dano, bem como a extensão dos danos. Conclui-se que o consumi-
dor, em caso de fato do produto, fica dispensado de provar a culpa do fornecedor 
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no evento danoso por se tratar de uma responsabilidade civil objetiva.
Nesses moldes, são responsáveis pela reparação civil três tipos de fornecedores:
• fornecedor real: compreende o fabricante, produtor e construtor;
• fornecedor presumido: importador de produto industrializado in natura; e
• fornecedor aparente: aquele que põe seu nome ou marca no produto final.
Não apenas o fornecedor, mas o comerciante também pode ser responsabilizado 
pelo fato do produto, na forma do art. 13 do CDC.
Art. 13 do CDC – O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo ante-
rior, quando:
I – o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II – o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, cons-
trutor ou importador;
III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o di-
reito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação 
do evento danoso.
Apesar de o CDC adotar a responsabilidade civil objetiva para o fornecedor de 
produto, em algumas hipóteses expressas no art. 12, § 3º do CDC, ele poderá ser 
exonerado de reparar o dano. Tais hipóteses são causas excludentes de respon-
sabilidade do fornecedor:
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR
• Provar que não colocou o produto no mercado;
• Provar que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; e
• Provar a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros.
Além das causas excludentes de responsabilidade elencadas acima de forma 
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expressa, outros comentários sobre o assunto devem ser feitos:
Culpa concorrente do consumidor → há discussão na doutrina sobre a exclu-
são da responsabilidade do fornecedor havendo culpa concorrente do consumidor. 
A doutrina majoritária, assim como o STJ, pensa que a culpa concorrente da vítima 
permite a redução da condenação imposta ao fornecedor. Ou seja, a responsabi-
lidade do fornecedor, em razão de culpa concorrente do consumidor, pode 
ser mitigada, mas não excluída.
Atos de prepostos e representantes → por meio do art. 34 do CDC, é prevista a 
responsabilidade solidária entre os atos dos prepostos e representantes do fornecedor.
Art. 34 do CDC – O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pe-
los atos de seus prepostos ou representantes autônomos.
Ou seja, o fornecedor não pode alegar a exclusão de sua responsabilidade base-
ado em atos de seus prepostos ou representantes, pois ele é solidário na obrigação. 
A jurisprudência do STJ admite a solidariedade em questão mesmo que não haja 
vínculo empregatício entre o fornecedor e os seus prepostos ou representantes.
Caso fortuito e força maior → a teoria clássica da responsabilidade civil inse-
re o caso fortuito (evento totalmente previsível) e a força maior (evento previsível, 
mas inevitável) como excludentes de responsabilidade, pois são elementos que 
rompem o nexo de causalidade. Vide o art. 393 do CC.
Art. 393 do CC – O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito 
ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos 
efeitos não era possível evitar ou impedir.
Entretanto, pelo fato de o CDC não ter elencado o caso fortuito e a força maior 
entre as causas de exclusão da responsabilidade, existem diversos posicionamen-
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tos doutrinários sobre o assunto.
Aprofundando um pouco mais o estudo do controvertido tema caso fortuito 
e força maior, temos os ensinamentos de Sergio Cavalieri Filho, que segue a 
jurisprudência do STJ e subdivide os conceitos de caso fortuito e força maior 
em internos e externos.
O caso fortuito e a força maior internos são aqueles decorrentes diretamente 
da fabricação ou serviço e que não excluem a responsabilidade do fabricante ou 
prestador (ex.: estar em um restaurante jantando e sofrer um assalto → é interno, 
pois a contratação de seguranças poderia evitar o acontecimento). Por outro lado, o 
caso fortuito e a força maior externos não mantêm profissionalização com a cadeia 
de consumo e representam sim excludentes de responsabilidade (ex.: a queda de 
um meteoro no restaurante, causando ferimento às pessoas que lá estavam → é 
externo, pois não teria como se evitar o acontecimento).
Para concluir, temos o seguinte:
CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR INTERNOS → não excluem a responsabilidade.
CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR EXTERNOS → excluem a responsabilidade.
b) Responsabilidade pelo Fato do Serviço
Vamos analisar a responsabilidade civil do fornecedor em razão da prestação de 
serviços defeituosos (fato do serviço). O assunto é disciplinado no art. 14 do CDC:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência 
de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à 
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prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre 
sua fruição e riscos.
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele 
pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I – o modo de seu fornecimento;
II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III – a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a 
verificação de culpa.
Com exceção dos profissionais liberais (art. 14, § 4º do CDC), cuja responsabili-
dade é subjetiva, percebe-se que a responsabilidade dos fornecedores de serviços 
com defeito é do tipo objetiva.
São exemplos de defeitos na prestação de serviços com jurisprudência no STJ:
• erro de resultado em exame laboratorial, gerando dever de indenização pelos 
danos morais e materiais;
• furto ou roubo de veículo em estacionamento;
• ausência de manutenção de rodovia, causando acidente ao consumidor em 
razão de animais mortos na estrada.
Sobre o furto e o roubo, é interessante salientar o art. 25 do CDC, que não exonera 
ou atenua a responsabilidade do fornecedor por cláusula estipulada em contrato.
Art. 25 do CDC – É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exo-
nere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
Sobre as excludentes da responsabilidade, valem as mesmas considerações fei-
tas à responsabilidade pelo fato do produto.
A responsabilidade civil do profissional liberal aqui citada merece des-
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taque, pois ela é orientada pela teoria da responsabilidade subjetiva. Ou seja, 
quando o fornecedor do serviço for um profissional liberal, abrangendo os médicos, 
engenheiros, dentistas, advogados, dentre outros, deve o consumidor provar a cul-
pa do fornecedor para que haja o dever de indenizar, além do nexo de causalidade 
e da extensão dos danos.
Cabe ressaltar que, para se aplicar a responsabilidade civil subjetiva a um pro-
fissional liberal, este deve assumir uma obrigação de meio, ou seja, deve fornecer 
meios necessários para a realização de um fim. Caso o fornecedor assuma uma 
obrigação de resultado, como é o caso do cirurgião plástico, ele responderá pelo 
simples inadimplemento obrigacional, pois não terá cumprido o dever que foi assu-
mido. Veja a jurisprudência a seguir:
Contratada a realização de cirurgia estética embelezadora, o cirurgião assume obriga-
ção de resultado (responsabilidade contratual ou objetiva), devendo indenizar pelo não 
cumprimento da mesma, decorrente de eventual deformidade ou de alguma irregulari-
dade. (STJ, REsp.81.101/PR, rel. Min. Waldemar Zveiter, DJU 31.5.99, p.140)
c) Responsabilidade pelo Vício do Produto
O vício do produto o torna impróprio ao consumo, produz a desvalia, a dimi-
nuição do valor e frustra a expectativa do consumidor, mas sem colocá-lo em ris-
co (lembre-se do exemplo do liquidificador). O vício pode ser de qualidade ou de 
quantidade. Tal assunto é abordado nos arts. 18 e 19 do CDC.
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Art. 18 do CDC – Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis 
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem 
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam 
o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações 
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitá-
ria, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor 
exigir a substituição das partes viciadas.
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor 
exigir, alternativamente e à sua escolha:
I – a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo 
de eventuais perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do preço.
§ 2º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto 
no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oi-
tenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em 
separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.
§ 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º deste artigo 
sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder 
comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar 
de produto essencial.
§ 4º Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1º deste artigo, e não 
sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, 
marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual dife-
rença de preço, sem prejuízo do dispostonos incisos II e III do § 1º deste artigo.
§ 5º No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consu-
midor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.
§ 6º São impróprios ao uso e consumo:
I – os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II – os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompi-
dos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo 
com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III – os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produ-
to sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido 
for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensa-
gem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I – o abatimento proporcional do preço;
II – complementação do peso ou medida;
III – a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os 
aludidos vícios;
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IV – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo 
de eventuais perdas e danos.
§ 1º Aplica-se a este artigo o disposto no § 4º do artigo anterior.
§ 2º O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o 
instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.
d) Responsabilidade pelo Vício do Serviço
Os vícios do serviço estão previstos no art. 20 do CDC:
Art. 20 do CDC – O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os 
tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles de-
correntes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publici-
tária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I – a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo 
de eventuais perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do preço.
§ 1º A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacita-
dos, por conta e risco do fornecedor.
§ 2º São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavel-
mente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamen-
tares de prestabilidade.
7. Decadência e Prescrição
O assunto é tratado nos arts. 26 e 27 do CDC:
Art. 26 do CDC – O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação 
caduca em:
I – trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
II – noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
§ 1º Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto 
ou do término da execução dos serviços.
§ 2º Obstam a decadência:
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I – a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de 
produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida 
de forma inequívoca;
II – (Vetado).
III – a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
§ 3º Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar 
evidenciado o defeito.
Art. 27 do CDC – Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causa-
dos por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se 
a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
Por meio do artigo 26, percebemos que o consumidor dispõe de um prazo deca-
dencial para exigir que os vícios de qualidade ou quantidade sejam sanados. Veja 
a tabela a seguir:
DECADÊNCIA DO DIREITO DE RECLAMAR DOS VÍCIOS NO CDC
Início do prazo 
decadencial
Vícios aparentes
a partir da entrega efetiva do produto.
a partir do fim da execução do serviço.
Vícios ocultos
a partir do momento em que ficar evi-
denciado o defeito.
Prazo 
decadencial
Produtos não duráveis
30 dias
Fornecimento de serviço
Produtos duráveis 90 dias
Causas de 
suspensão 
do prazo 
decadencial
– a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o for-
necedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que 
deve ser transmitida de forma inequívoca; e
– a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
Já o art. 27 do CDC prevê prazo prescricional para perda da pretensão da repa-
ração pelos danos causados por meio de fato do produto ou do serviço.
PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DE REPARAÇÃO DE FATO DO PRODUTO OU SERVIÇO
Início do prazo prescricional a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
Prazo prescricional 5 anos.
Causas de suspensão do prazo 
prescricional
não há previsão no CDC.
Para que a banca não lhe aplique a famosa “pegadinha do malandro”, temos o seguinte:
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– Prazo decadencial → reclamar dos vícios de qualidade ou quantidade;
– Prazo prescricional → pretensão de reparação por fato do produto ou do serviço.
Antes de apresentar as questões, quero ressaltar que há uma forte corrente 
doutrinária que defende a ideia de que o prazo prescricional do CDC tem validade 
apenas para as pretensões de natureza individual. Para ações coletivas ou difusas, 
sendo indetermináveis os sujeitos, não há que se falar em prazos prescricionais, 
pois tais ações são de interesse social.
Vale enfatizar também duas Súmulas do STJ:
STJ 412: A ação de repetição de indébito de tarifa de água e esgoto sujeita-se ao prazo 
prescricional estabelecido no Código Civil.
STJ 291: A ação de cobrança de parcelas de complementação de aposentadoria pela 
previdência privada prescreve em cinco anos.
8. Desconsideração da Personalidade Jurídica
A pessoa jurídica, a partir do momento que efetua o registro dos seus atos 
constitutivos, adquire personalidade jurídica por meio da qual se configura uma 
existência própria e distinta da dos seus membros. Dessa forma, a pessoa jurídica 
é capaz de assumir direitos e obrigações na ordem civil, sem atingir diretamente as 
pessoas que formam a sociedade.
Pelo fato de a personalidade jurídica não confundir a pessoa jurídica com a pes-
soa dos sócios, muitas são as possibilidades de fraudes e abusos praticados pelos 
sócios e administradores que ficam acobertados pela figura do ente moral.
A teoria da desconsideração da personalidade jurídica, também chamada de 
disregard doctrine, consiste na possibilidade de afastamento da autonomia patri-
monial da sociedade, passando os sócios e administradores a responderem com o 
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próprio patrimônio pelos prejuízos causados por meio da pessoa jurídica.
O CDC, por meio do seu art. 28, foi o primeiro diploma legal brasileiro a positi-
var a desconsideração da personalidade jurídica:
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quan-
do, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração 
da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração 
também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou 
inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
§ 1º (Vetado).
§ 2º As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são 
subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 3º As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações de-
correntes deste código.
§ 4º As sociedades coligadas só responderão por culpa.
§ 5º Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade 
for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
A teoria da desconsideração da pessoa jurídica divide-se em duas: a teoria 
maior e a teoria menor.
Na teoria maior, também denominada de teoria subjetiva, o magistrado, 
usando de seu livre convencimento, se entender que houve fraude ou abuso de 
direito, pode aplicar a desconsideração da personalidade jurídica.
Já na teoria menor, teoria objetiva, como denomina parte da doutrina, o 
critério adotado é a existência de confusão patrimonial.
Segundo os doutrinadores, no ordenamento jurídico brasileiro, a teoria maior é 
adotada como regra geral, enquanto a teoria menor é acolhida, excepcionalmen-
te, na legislação especial, como no Direito Ambiental (art. 4º da Lei n. 9.605/1998) 
e no Direito do Consumidor (art. 28 do CDC).
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QUESTÕES DE CONCURSO
Lista de exercícios OAB da banca FGV
Questão 1 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2017) Heitor foi surpreendi-
do pelo recebimento de informação de anotação de seu nome no cadastro restri-
tivo de crédito, em decorrência de suposta contratação de serviços de telefonia e 
Internet. Heitor não havia celebrado tal contrato, sendo o mesmo fruto de fraude, 
e busca orientação a respeito de como proceder para rescindir o contrato, cancelar 
o débito e ter seu nome fora do cadastro negativo, bem como o recebimento de 
reparação por danos extrapatrimoniais, já que nunca havia tido o seu nome inscrito 
em tal cadastro.
Com base na hipótese apresentada, na qualidade de advogado(a) de Heitor, assi-
nale a opção que apresenta o procedimento a ser adotado.
a) Cabe o pedido de cancelamento do serviço, declaração de inexistência da dívida 
e exclusão da anotação indevida, inexistindo qualquer dever de reparação, já que 
à operadora não foi atribuído defeito ou falha do serviço digital, que seria a moti-
vação para tal pleito.
b) Trata-se de cobrança devida pelo serviço prestado, restando a Heitor pagar 
imediatamente e, somente assim, excluir a anotação de seu nome em cadastro ne-
gativo, e, então, ingressar com a medida judicial, comprovando que não procedeu 
com a contratação e buscando a rescisão do contrato irregular com devolução em 
dobro do valor pago.
c) Heitor não pode ser considerado consumidor em razão da ausência de vincula-
ção contratual verídica e válida que consagre a relação consumerista, afastando-se 
os elementos principiológicos e fazendo surgir a responsabilidade civil subjetiva da 
operadora de telefonia e Internet.
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d) Heitor é consumidor por equiparação, aplicando-se a teoria do risco da ativida-
de e devendo a operadora suportar os riscos do contrato fruto de fraude, caso não 
consiga comprovar a regularidade da contratação e a consequente reparação pelos 
danos extrapatrimoniais in re ipsa, além da declaração de inexistência da dívida e 
da exclusão da anotação indevida.
Questão 2 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2017) Alvina, condômina de 
um edifício residencial, ingressou com ação para reparação de danos, aduzindo 
falha na prestação dos serviços de modernização dos elevadores. Narrou ser mora-
dora do 10º andar e que hospedou parentes durante o período dos festejos de fim 
de ano. Alegou que o serviço nos elevadores estava previsto para ser concluído em 
duas semanas, mas atrasou mais de seis semanas, o que implicou falta de elevado-
res durante o período em que recebeu seus hóspedes, fazendo com que seus con-
vidados, todos idosos, tivessem que utilizar as escadas, o que gerou transtornos 
e dificuldades, já que os hóspedes deixaram de fazer passeios e outras atividades 
turísticas diante das dificuldades de acesso. Sentindo-se constrangida e tendo que 
alterar todo o planejamento de atividades para o período, Alvina afirmou ter sofrido 
danos extrapatrimoniais decorrentes da mora do fornecedor de serviço, que, ainda 
que regularmente notificado pelo condomínio, quedou-se inerte e não apresentou 
qualquer justificativa que impedisse o cumprimento da obrigação de forma tempes-
tiva. Diante da situação apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) Existe relação de consumo apenas entre o condomínio e o fornecedor de servi-
ço, não tendo Alvina legitimidade para ingressar com ação indenizatória, por estar 
excluída da cadeia da relação consumerista.
b) Inexiste relação consumerista na hipótese, e sim relação contratual re-
gida pelo Código Civil, tendo a multa contratual pelo atraso na execução do 
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serviço cunho indenizatório, que deve servir a todos os condôminos e não a 
Alvina, individualmente.
c) Existe relação de consumo, mas não cabe ação individual, e sim a perpetrada 
por todos os condôminos, em litisconsórcio, tendo como objeto apenas a cobrança 
de multa contratual e indenização coletiva.
d) Existe relação de consumo entre a condômina e o fornecedor, com base da teo-
ria finalista, podendo Alvina ingressar individualmente com a ação indenizatória, já 
que é destinatária final e quem sofreu os danos narrados.
Questão 3 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2015) Saulo e Bianca são 
casados há quinze anos e, há dez, decidiram ingressar noramo das festas de 
casamento, produzindo os chamados “bem-casados”, deliciosos doces recheados 
oferecidos aos convidados ao final da festa. Saulo e Bianca não possuem registro 
da atividade empresarial desenvolvida, sendo essa a fonte única de renda da famí-
lia. No mês passado, os noivos Carla e Jair encomendaram ao casal uma centena 
de “bem-casados” no sabor doce de leite. A encomenda foi entregue conforme 
contratado, no dia do casamento. Contudo, diversos convidados que ingeriram os 
quitutes sofreram infecção gastrointestinal, já que o produto estava estragado. A 
impropriedade do produto para o consumo foi comprovada por perícia técnica.
Com base no caso narrado, assinale a alternativa correta.
a) O casal Saulo e Bianca se enquadra no conceito de fornecedor do Código do 
Consumidor, pois fornecem produtos com habitualidade e onerosidade, sendo 
que apenas Carla e Jair, na qualidade de consumidores indiretos, poderão plei-
tear indenização
b) Embora a empresa do casal Saulo e Bianca não esteja devidamente registrada 
na Junta Comercial, pode ser considerada fornecedora à luz do Código do Consu-
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midor, e os convidados do casamento, na qualidade de consumidores por equipara-
ção, poderão pedir indenização diretamente àqueles.
c) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável ao caso, sendo certo que tanto 
Carla e Jair quanto seus convidados intoxicados são consumidores por equiparação 
e poderão pedir indenização, porém a inversão do ônus da prova só se aplica em 
favor de Carla e Jair, contratantes diretos.
d) A atividade desenvolvida pelo casal Saulo e Bianca não está oficialmente regis-
trada na Junta Comercial e, portanto, por ser ente despersonalizado, não se enqua-
dra no conceito legal de fornecedor da lei do consumidor, aplicando-se ao caso as 
regras atinentes aos vícios redibitórios do Código Civil.
Questão 4 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2015) A responsabilidade ci-
vil dos fornecedores de serviços e produtos, estabelecida pelo Código do Consumi-
dor, reconheceu a relação jurídica qualificada pela presença de uma parte vulnerá-
vel, devendo ser observados os princípios da boa-fé, lealdade contratual, dignidade 
da pessoa humana e equidade.
A respeito da temática, assinale a afirmativa correta.
a) A responsabilidade civil subjetiva dos fabricantes impõe ao consumidor a com-
provação da existência de nexo de causalidade que o vincule ao fornecedor, me-
diante comprovação da culpa, invertendo que tange ao resultado danoso suportado.
b) A responsabilidade civil do fabricante é subjetiva e subsidiária quando o comer-
ciante é identificado e encontrado para responder pelo vício ou fato do produto, 
cabendo ao segundo a responsabilidade civil objetiva.
c) A responsabilidade civil objetiva do fabricante somente poderá ser imputada se 
houver demonstração dos elementos mínimos que comprovem o nexo de causali-
dade que justifique a ação proposta, ônus esse do consumidor.
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d) A inversão do ônus da prova nas relações de consumo é questão de ordem pú-
blica e de imputação imediata, cabendo ao fabricante a carga probatória frente ao 
consumidor, em razão da responsabilidade civil objetiva
Questão 5 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2011) No âmbito do Código 
de Defesa do Consumidor, em relação ao princípio da boa-fé objetiva, é correto 
afirmar que
a) sua aplicação se restringe aos contratos de consumo.
b) para a caracterização de sua violação imprescindível se faz a análise do caráter 
volitivo das partes.
c) não se aplica à fase pré-contratual.
d) importa em reconhecimento de um direito a cumprir em favor do titular passivo 
da obrigação.
Questão 6 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2011) Em relação aos prin-
cípios previstos no Código de Defesa do Consumidor, assinale a alternativa correta.
a) O CDC é uma norma tipificadora de condutas, prevendo expressamente o com-
portamento dos consumidores e dos fornecedores.
b) A boa-fé prevista no CDC é a boa-fé subjetiva.
c) O princípio da vulnerabilidade, que presume ser o consumidor o elo mais fraco 
da relação de consumo, diz respeito apenas à vulnerabilidade técnica.
d) O princípio da transparência impõe um dever comissivo e um omissivo, ou seja, 
não pode o fornecedor deixar de apresentar o produto tal como ele se encontra 
nem pode dizer mais do que ele faz; não pode, portanto, mais existir o dolus bonus.
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GABARITO
1. d
2. d
3. b
4. c
5. d
6. d
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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2017) Heitor foi surpreendi-
do pelo recebimento de informação de anotação de seu nome no cadastro restri-
tivo de crédito, em decorrência de suposta contratação de serviços de telefonia e 
Internet. Heitor não havia celebrado tal contrato, sendo o mesmo fruto de fraude, 
e busca orientação a respeito de como proceder para rescindir o contrato, cancelar 
o débito e ter seu nome fora do cadastro negativo, bem como o recebimento de 
reparação por danos extrapatrimoniais, já que nunca havia tido o seu nome inscrito 
em tal cadastro.
Com base na hipótese apresentada, na qualidade de advogado(a) de Heitor, assi-
nale a opção que apresenta o procedimento a ser adotado.
a) Cabe o pedido de cancelamento do serviço, declaração de inexistência da dívida 
e exclusão da anotação indevida, inexistindo qualquer dever de reparação, já que 
à operadora não foi atribuído defeito ou falha do serviço digital, que seria a moti-
vação para tal pleito.
b) Trata-se de cobrança devida pelo serviço prestado, restando a Heitor pagar 
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com a contratação e buscando a rescisão do contrato irregular com devolução em 
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