Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO CIVIL LEI Nº 8.078/1990 – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Livro Eletrônico DICLER FORESTIERI Ex-Auditor-Fiscal do Estado da Paraíba, Ex- Auditor-Fiscal de Tributos do Município de São Paulo e atual Conselheiro Substituto do TCM-RJ (aprovado em 2º lugar). Também foi aprovado nos concursos de Auditor-Fiscal do Estado do Rio Grande do Sul e Conselheiro Substituto do TCE- AM. Ministra aulas das disciplinas Direito Civil, Direito Penal e Legislação Tributária Municipal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 3 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira Relações de Consumo .................................................................................4 1. A Constituição Federal e o CDC .................................................................4 2. Relação Jurídica de Consumo ....................................................................5 Conceito de Fornecedor ...............................................................................6 Conceito de Produto ....................................................................................7 Conceito de Serviço ....................................................................................8 Conceito de Consumidor ..............................................................................9 3. Política Nacional de Relações de Consumo ................................................12 4. Periculosidade dos Produtos e Serviços ....................................................17 5. Modificação e Revisão das Cláusulas Contratuais .......................................18 6. Responsabilidade Civil no CDC ................................................................19 7. Decadência e Prescrição ........................................................................29 8. Desconsideração da Personalidade Jurídica ...............................................31 Questões de Concurso ...............................................................................33 Gabarito ..................................................................................................38 Gabarito Comentado .................................................................................39 Questões de Concurso ...............................................................................48 Gabarito ..................................................................................................59 Gabarito Comentado .................................................................................60 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira RELAÇÕES DE CONSUMO 1. A Constituição Federal e o CDC A defesa do consumidor busca a proteção da pessoa humana, que deve sempre se sobrepor aos interesses produtivos e patrimoniais. Dessa forma, cumprindo di- versas diretrizes da Constituição Federal de 1988, foi publicado, em 1990, o Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/1990). Vejamos alguns pontos da Constituição Federal que tratam da Defesa do Consumidor: Art. 5º, XXXII da CF – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; Art. 170. da CF – A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [...] V – defesa do consumidor; Art. 48. do ADCT – O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor. Ressalta-se que as regras estabelecidas pelo CDC são de ordem pública e de interesse social. Ou seja, são normas de interesse privado por reger relações entre particulares, mas com forte interesse público no assunto, e, por essa razão, não pode o consumidor afastar a aplicação do CDC por sua simples autonomia de von- tade. Vide art. 1º do CDC: Art. 1º do CDC – O presente código estabelece normas de proteção e defesa do con- sumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. Além disso, por serem normas de caráter cogente, as regras do CDC podem, em regra, ser aplicadas de ofício pelo magistrado e legitimam o Ministério Público e as Associações de Defesa do Consumidor a requerer em juízo o fiel cumprimento dos direitos dos consumidores. Uma interessante exceção sobre a possibilidade de aplicação de ofício das normas do CDC é estabelecida pela Súmula n. 381 do STJ: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira STJ 381. – Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abu- sividade das cláusulas. 2. Relação Jurídica de Consumo É cabível salientar que as normas do CDC somente serão aplicáveis quando se configurar uma relação jurídica de consumo. Tal relação possui três elementos: 1) elemento subjetivo: são as partes envolvidas na relação jurídica (con- sumidor e fornecedor); 2) elemento objetivo: é o objeto sobre o qual recai a relação jurídica de consumo (produto ou serviço); 3) elemento finalístico: traduz a ideia de que o consumidor deve adquirir ou utilizar o produto ou o serviço como destinatário final. O esquema gráfico a seguir ilustra de forma sintetizada o que vem a ser a rela- ção jurídica de consumo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira Conceito de Fornecedor O legislador, por meio do art. 3º, caput, do CDC classificou como fornecedor todos aqueles que desenvolvem atividades tipicamente profissionais, mediante re- muneração, excluindo da relação de consumo aqueles que eventualmente tenham colocado produto ou serviço no mercado de consumo sem o caráter profissional. Art. 3º do CDC – Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, na- cional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem ativida- de de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exporta- ção, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesado Consumidor Prof. Dicler Ferreira Por meio do conceito de fornecedor, percebe-se o seguinte: se uma empresa tem por objeto social a prestação de serviço de auditoria e, para renovar a sua frota de carros, vende veículos de sua propriedade a particular, então, ela não poderá ser considerada fornecedora, pois a sua habitualidade está na prestação de serviços de auditoria e não no comércio de veículos. Ou seja, na hipótese em questão incidem as regras do Código Civil e não do CDC. Ainda sobre o assunto fornecedor, três pontos importantes devem ser discutidos: • sociedade sem fins lucrativos: segundo a jurisprudência, se desem- penhar atividade no mercado de consumo mediante remuneração, será considerada fornecedora; • poder público: é enquadrado como fornecedor se atuar no mercado de con- sumo prestando serviço mediante a cobrança de preço. Salienta-se que preço público ou tarifa não é o mesmo que tributo (taxas, impostos e contribuições de melhoria). Na cobrança de tributos, não se tem uma relação de consumo, mas sim uma relação tributária. Para exemplificar, temos as concessionárias de serviço público de telefonia ou de fornecimento de energia elétrica, que são fornecedores de uma relação consumerista; e • entes despersonalizados: os entes sem personalidade jurídica serão con- siderados fornecedores se exercerem atividades produtivas no mercado de consumo. Dessa forma, podem ser considerados fornecedores o espólio de comerciante individual, a massa falida e as pessoas jurídicas de fato (socie- dades irregulares). Conceito de Produto O legislador por meio do art. 3º, § 1º do CDC definiu o que vem a ser produto. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira Art. 3º, § 1º do CDC – Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. Dessa forma, qualquer bem corpóreo ou incorpóreo suscetível de apropriação que tenha valor econômico, destinado a satisfazer uma necessidade do consumidor, é considerado produto nos termos do CDC. Estão inseridos no conceito de produto aqueles que decorrem de uma remuneração indireta, tais como os adquiridos em promoções do tipo pague 2 e leve 3, além dos produtos recebidos a título de brinde pela celebração de um contrato de consumo. Conceito de Serviço O legislador, por meio do art. 3º, § 2º do CDC, definiu o que vem a ser serviço. Art. 3º, § 2º do CDC – Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Conclui-se que serviço é toda atividade remunerada desenvolvida em favor do consumidor. Sobre o conceito de serviço destacam-se as seguintes questões: • atividades bancárias, financeiras, de crédito e securitárias: apesar de essas atividades estarem inseridas de forma expressa no rol dos serviços que caracterizam uma relação de consumo, o assunto já foi objeto de discussão doutrinária e jurisprudencial. As instituições financeiras defendiam que a Lei n. 4.595/1964 (que regulamenta as instituições financeiras) era a única legis- lação aplicável às suas atividades. Porém, a solução para este conflito ocorreu com a seguinte súmula: STJ 297. – O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira • entidades de previdência privada: também foram alvo de discussão sobre a aplicação do CDC ou da LC n. 108/2001. Tal discussão teve fim com o pro- nunciamento do STJ por meio da súmula abaixo: STJ 321. – O Código de Defesa do Consumidor é aplicável à relação jurídica entre en- tidade de previdência privada e seus participantes. • locações de imóveis: tal atividade também já foi alvo de discussão sobre a aplicação do CDC ou da Lei n. 8.245/1991 nas relações locatícias. Neste caso, a jurisprudência majoritária expressa entendimento de que não se aplicam as regras do CDC. A expressão “mediante remuneração” deve ser entendida de modo abran- gente, uma vez que pode ser feita pelo consumidor de forma direta ou indireta. Muitas vezes o produto ou serviço é oferecido gratuitamente ao consumidor, mas o custo daí inerente está inserido em outros pagamentos efetuados. É o que ocorre com os estacionamentos “gratuitos” de supermercados, com a aquisição de rádios para automóvel com o serviço de instalação “gratuito”. Esses dois casos caracteri- zam uma remuneração indireta e estão incluídos na relação de consumo. Conceito de Consumidor O legislador, por meio do art. 2º do CDC, definiu o que vem a ser consumidor. Art. 2º do CDC – Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que in- determináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Analisando o dispositivo legal em questão, concluímos que o consumidor pode ser de três tipos: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira • pessoa física; • pessoa jurídica; e • coletividade de pessoas (consumidor por equiparação). Percebe-se que o legislador não inseriu a figura dos entes despersonalizados como consumidor, apenas como fornecedor. Embora o CDC tenha definido o que vem a ser consumidor, a aplicação ao caso concreto é de grande complexidade e, por isso, existe uma forte discussão doutri- nária e jurisprudencial para explicar a expressão “destinatário”, que representa o elemento finalístico da relação de consumo. A discussão gira em torno da seguinte pergunta: quem é o destinatário final de um bem de consumo? Ao longo de mais de 20 anos de aplicação do CDC, desenvolveram-se três cor- rentes para o assunto: • doutrina finalista: entende que o consumidor é quem retira definitivamente o produto ou serviço de circulação do mercado para suprir uma necessidade exclusivamente pessoal e não para o desenvolvimento de uma outra ativi- dade de cunho empresarial ou profissional, o que descaracterizaria a forma- ção da relação de consumo. Para exemplificar, por esta doutrina, os móveis e os utensílios que compõem o estabelecimento ou os programas de computa- dor utilizados em um escritório não caracterizam a destinação final do bem, pois ingressam, direta ou indiretamente, na atividade econômica, ou seja, no ciclo produtivo de outros bens e serviços. • doutrina maximalista: entende que, para ser consumidor, basta que este utilize ou adquira produto ou serviço na condição de destinatário final, não interessando o uso particular ou profissional do bem. Entretanto, não será consumidor quem adquirir ou utilizar produto ou serviço (matéria-prima) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DEANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira que participe diretamente do processo de produção, transformação, monta- gem, beneficiamento ou revenda. Para exemplificar, segundo esta doutrina, os móveis e utensílios que compõem o estabelecimento caracterizam destina- ção final. Temos aqui uma interpretação ampla do art. 2º do CDC. • doutrina finalista temperada: esta corrente é um desdobramento da corrente finalista, pois considera consumidor somente quem adquire pro- duto ou serviço para uso próprio, porém, admite em casos excepcionais considerar destinação final de um produto a sua utilização para fins profissio- nais ou econômicos se houver vulnerabilidade do consumidor na relação. Te- mos como exemplo o taxista que compra um automóvel para trabalhar trans- portando passageiros. Lógico que o produto será usado de forma econômica, mas o taxista é tão vulnerável quanto qualquer outra pessoa que adquire o veículo para passeio. Temos o seguinte resumo: CONCEITO DE DESTINATÁRIO FINAL DOUTRINA FINALISTA (interpretação restrita) Consumidor é apenas quem usa o produto ou ser- viço para suprir uma necessidade exclusivamente pessoal. DOUTRINA MAXIMALISTA (interpretação ampla) Para definir consumidor, não leva em consideração o uso pessoal ou profissional do produto ou serviço. DOUTRINA FINALISTA TEMPERADA (interpretação restrita mitigada) Consumidor é apenas quem usa o produto ou ser- viço para suprir uma necessidade exclusivamente pessoal, mas admite exceções para o uso profissio- nal quando houver vulnerabilidade. Sobre a aplicação do CDC, a jurisprudência apresenta soluções que estão em conformidade tanto com a corrente maximalista, como com a corrente finalista. En- tretanto, há uma certa tendência do STJ de manter a corrente finalista temperada, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira ou seja, quando ficar demonstrada a vulnerabilidade do consumidor. Para finalizar o conceito de consumidor, resta saber o que é um consumidor por equiparação ou consumidor by stander. Por meio do art. 2º, § único do CDC, conclui-se que todos os prejudicados no evento (vítimas), mesmo não tendo relação direta de consumo com o prestador ou fornecedor, podem ingressar com ação de reparação baseada no CDC. É o que acontece quando se compra uma tele- visão e várias pessoas estão na casa do consumidor direto assistindo a um jogo da copa quando, de repente, a Argentina faz um gol e a televisão explode, atingindo todos que estão no local. Além do comprador, as outras pessoas também podem pleitear indenização para o fabricante pela ocorrência do evento danoso. O mesmo ocorre com um acidente de avião em que as pessoas que não eram passageiras acabaram se envolvendo no evento. É o que preconizam os art. 17 e 29 do CDC. Art. 17 do CDC – Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores to- das as vítimas do evento. Art. 29 do CDC – Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos con- sumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. 3. Política Nacional de Relações de Consumo Os objetivos e os princípios da Política Nacional das Relações de Consumo pro- postos pela legislação consumerista estão estampados no art. 4º do CDC. Já os instrumentos estão no art. 5º do CDC. Art. 4º do CDC – A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; II – ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor: a) por iniciativa direta; b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira c) pela presença do Estado no mercado de consumo; d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segu- rança, durabilidade e desempenho. III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e com- patibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento eco- nômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; IV – educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo; V – incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo; VI – coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consu- mo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações indus- triais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores; VII – racionalização e melhoria dos serviços públicos; VIII – estudo constante das modificações do mercado de consumo. Art. 5º do CDC – Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, con- tará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros: I – manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente; II – instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Mi- nistério Público; III – criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo; IV – criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo; V – concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor. Farei quadros separados para que você visualize separadamente os princípios, os objetivos e os instrumentos: OBJETIVOS • O atendimento das necessidades dos consumidores; • O respeito à dignidade, saúde e segurança dos consumidores; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira • A proteção dos interesses econômicos dos consumidores; • A melhoria da qualidade de vida dos consumidores; e • A transparência e a harmonia das relações de consumo. PRINCÍPIOS • Reconhecimentoda vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; • Ação governamental para a proteção do consumidor; • Harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo; • Educação e informação de fornecedores e consumidores; • Controle de qualidade e segurança de produtos e serviços; • Coibição e repressão das práticas abusivas; • Racionalização e melhoria dos serviços públicos; e • Estudo constante das modificações do mercado de consumo. • Como se não bastasse, além dos princípios e objetivos, o aluno deve atentar para os instrumentos que o poder público deve utilizar para o cumprimento de tais princípios e objetivos. Ou seja, não confunda princípios com objetivos e com instrumentos. A banca pode fazer uma “poderosa pegadinha” com isso. INSTRUMENTOS • Manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente; • Instituição de Promotorias especializadas na Defesa do Consumidor; • Criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumi- dores vítimas de infrações penais de consumo; • Criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo; e O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira • Concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor. Sobre os princípios elencados no art. 4º do CDC, é interessante comentarmos o “reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo”. Tendo em vista o desequilíbrio existente entre o consumidor e o fornecedor nas relações de consumo, o legislador pretendeu igualar esta equação, deixando claro que o consumidor é a parte mais fraca e por isso deve ser protegido. A doutrina aponta três tipos de vulnerabilidade do consumidor: • técnica ou científica: quando o consumidor não possui conhecimento específico sobre o objeto que está adquirindo, tanto no que diz respeito às características do produto quanto no que diz respeito à utilidade do produto ou serviço; • jurídica: o legislador reconhece que o consumidor não possui conhecimento jurídico de contabilidade ou economia para esclarecimento, por exemplo, do contrato que está assinando ou se os juros cobrados estão em consonância com o combinado; • fática ou socioeconômica: baseia-se na presunção de que o consumidor é o elo fraco da corrente, e que o fornecedor encontra-se em posição de su- premacia, sendo o detentor do poder econômico. A vulnerabilidade citada no art. 4º do CDC é a fática. Ou seja, a qualificação técnica ou jurídica do consumidor não lhe atribui a qualidade de vulnerável, pois os consumidores bem informados e com qualificação técnica e jurídica continuam vulneráveis aos apelos do mercado de consumo. Não se pode confundir a vulnerabilidade com a hipossuficiência. Para o CDC, todos os consumidores são vulneráveis, mas nem todos são hipossuficientes. A hipossuficiência se apresenta basicamente de duas formas: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira • hipossuficiência econômica: quando o consumidor apresenta dificuldades financeiras e o fornecedor se aproveita desta condição; e • hipossuficiência processual: quando o consumidor tem dificuldades para fazer prova em juízo. Por meio do art. 6, VIII do CDC, percebe-se que o diploma legal em estudo trata da hipossuficiência processual ao possibilitar a inversão do ônus da prova. Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e servi- ços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com espe- cificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos inci- dentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações despro- porcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem exces- sivamente onerosas; VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individu- ais, coletivos e difusos; VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alega- ção ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. Também merece destaque o art. 6º, III, que teve a sua redação alterada pela Lei n. 12.741/2012, que inseriu no CDC a necessidade de se informar ao consumi- dor os tributos incidentes sobre o preço. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira Mais recentemente, a Lei n. 13.146/2015 inseriu no CDC o § único do art. 6º em decorrência da ampliação dos direitos pelo Estatuto dos Deficientes. Trataremos dos principais direitos básicos do consumidor. 4. Periculosidade dos Produtos e Serviços O art. 6º, I do CDC garante ao consumidor a proteção da vida, saúde e seguran- ça contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos. Em complemento a esta regra, o CDC, no ca- pítulo IV, trata da qualidade, da prevenção e da reparação dos danos causados por produtos e serviços inseridos no mercado de consumo. Na 1a seção deste capítulo, temos regras para proteção à saúde e segurança dos consumidores, que são de fácil compreensão. Vejamos do art. 8º ao 10 do CDC: Art. 8º Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e pre- visíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto. Art. 9º O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigososà saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança. § 1º O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mer- cado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comu- nicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários. § 2º Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira § 3º Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- nicípios deverão informá-los a respeito. Ainda sobre a periculosidade, temos a seguinte classificação: • periculosidade latente ou inerente: se refere aos produtos que trazem consigo uma periculosidade que lhes é própria; no entanto, esta periculosida- de deve ser informada e prevista pelo consumidor; • periculosidade adquirida: aqui, os produtos e serviços apresentam defei- tos de fabricação que põem em risco a incolumidade física do consumidor. Além disso, esta periculosidade não é prevista pelo consumidor; e • periculosidade exagerada: trata-se de produto ou serviço em que, mesmo o fornecedor tomando os devidos cuidados no que tange à informação dos consumidores, não são diminuídos os riscos apresentados, não podendo ser inseridos no mercado de consumo. 5. Modificação e Revisão das Cláusulas Contratuais O art. 6º, V do CDC garante apenas ao consumidor (ao fornecedor não) a modifi- cação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas. Por meio do dispositivo legal ora citado, foi introduzida no ordenamento jurídico a teoria da imprevisão que, até então, era sustentada apenas de forma doutrinária. Por meio dessa teoria o consumidor pode requerer revisão de cláusula contratual em decorrência da superveniência de fato novo, a fim de adequar o contrato à nova realidade. Entretanto, há doutrinadores que sustentam que a teoria da imprevisão não foi abraçada pelo CDC, pois a ocorrência de causa imprevisível não é es- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira sencial para o consumidor requerer a revisão contratual. No art. 478 do CC, há a necessidade de o fato ser extraordinário e imprevisível, além de o contrato ser de execução continuada ou diferida, porém, no CDC, basta que o fato ensejador da revisão seja superveniente, independentemente do tipo de contrato. Art. 478 do CC – Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o de- vedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. Dessa forma, podemos fazer o seguinte quadro comparativo sobre os requisitos do Código Civil e do Código de Defesa do Consumidor para que se proceda a revisão judicial do contrato: CÓDIGO CIVIL (art. 478 do CC) CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (art. 6º, V do CDC) – contratos de execução continuada ou diferida; – onerosidade excessiva; – extrema vantagem para a outra parte; e – fato extraordinário e imprevisível. – contratos de execução imediata, con- tinuada ou diferida; – onerosidade excessiva; e – fato superveniente. 6. Responsabilidade Civil no CDC A responsabilidade civil corresponde à aplicação de medidas que obriguem al- guém a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros por meio da prática de um ato ilícito. A prática de um ato ilícito com um correspondente dano, seja ele patrimonial ou extrapatrimonial (moral), acarreta a obrigação de indenizar. Dessa forma, podemos listar três requisitos para haver a responsabilidade civil: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira 1) conduta: vem a ser o ato humano, comissivo ou omissivo, voluntário ou não, que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado. A conduta é composta da parte objetiva (ação ou omissão) e da parte subjetiva (dolo ou culpa); entretanto, nem sempre a parte subjetiva (dolo ou culpa) será necessária, como ocorre nos casos de responsabilidade objetiva. 2) ocorrência de dano: não haverá dever de reparação quando inexistir pre- juízo. As classificações mais importantes de dano são: a) quanto à extensão do dano: o prejuízo compreende o dano emergente (efetiva diminuição do patrimônio da vítima) e o lucro cessante (quantia que a vítima deixou de ganhar). b) quanto à natureza do bem violado: o dano, de acordo com o art. 5º, V da CF, pode ser material quando se tratar de prejuízo causado a bem pa- trimonial, moral, quando recair sobre bens extrapatrimoniais, e à imagem, quando compromete a aparência da pessoa lesada. Art. 5º, V da CF – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; STJ 37. – São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato. STJ 387. – É possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral. c) quanto às consequências do dano: o dano pode ser direto, aquele su- portado pela própria vítima da ação lesiva, ou indireto, também chamado de dano reflexo ou por ricochete, quando se revela decorrência de um dano anterior sofrido pela própria vítima ou por outrem. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira 3) nexo de causalidade: relação entre a conduta do agente e o dano sofrido pela vítima. Caso a existência do dano não esteja relacionada com o compor- tamento do agente, não haverá que se falar em relação de causalidade e, via de consequência, em obrigação de indenizar. Para sintetizar, temos o seguinte gráfico esquemático: No CDC, o legislador entendeu que, pelo fato de o fornecedor exerceratividade lucrativa no mercado de consumo, então, ele deve responder por eventuais vícios ou defeitos dos bens e serviços. Este dever está ligado à obediência de normas técnicas e de segurança (dever de segurança), bem como os critérios de lealdade perante os consumidores. Com base no critério de lealdade perante os consumidores que possuem con- fiança nos produtos e serviços, foi adotada pelo CDC a regra da responsabilidade civil objetiva para a reparação dos danos provocados aos consumidores. O legislador preferiu dividir a responsabilidade civil ligada com a relação de consu- mo em duas partes: a responsabilidade pelo fato do produto ou serviço (arts. 12 a 17 do CDC) e a responsabilidade por vício do produto ou serviço (arts. 18 a 21 do CDC). Tenha em mente as seguintes correlações: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira • fato (acidente) → extrapola os limites da coisa gerando danos materiais, morais e estéticos; • vício → permanece nos limites do produto. Se uma pessoa compra um liquidificador e o copo estoura, vindo o consumidor a sofrer diversos cortes, temos um fato do produto; mas, se a hélice solta e fica dentro do próprio liquidificador, temos um vício do produto. a) Responsabilidade pelo Fato do Produto A responsabilidade pelo fato do produto é disciplinada nos arts. 12 e 13 do CDC: Art. 12 do CDC – O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. § 1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I – sua apresentação; II – o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III – a época em que foi colocado em circulação. § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. § 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I – que não colocou o produto no mercado; II – que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Para que o consumidor tenha seus prejuízos ressarcidos face a um acidente de consumo, ele deverá provar o nexo de causalidade entre a ação ou a omissão do fornecedor e o dano, bem como a extensão dos danos. Conclui-se que o consumi- dor, em caso de fato do produto, fica dispensado de provar a culpa do fornecedor O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira no evento danoso por se tratar de uma responsabilidade civil objetiva. Nesses moldes, são responsáveis pela reparação civil três tipos de fornecedores: • fornecedor real: compreende o fabricante, produtor e construtor; • fornecedor presumido: importador de produto industrializado in natura; e • fornecedor aparente: aquele que põe seu nome ou marca no produto final. Não apenas o fornecedor, mas o comerciante também pode ser responsabilizado pelo fato do produto, na forma do art. 13 do CDC. Art. 13 do CDC – O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo ante- rior, quando: I – o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; II – o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, cons- trutor ou importador; III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis. Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o di- reito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso. Apesar de o CDC adotar a responsabilidade civil objetiva para o fornecedor de produto, em algumas hipóteses expressas no art. 12, § 3º do CDC, ele poderá ser exonerado de reparar o dano. Tais hipóteses são causas excludentes de respon- sabilidade do fornecedor: EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR • Provar que não colocou o produto no mercado; • Provar que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; e • Provar a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros. Além das causas excludentes de responsabilidade elencadas acima de forma O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira expressa, outros comentários sobre o assunto devem ser feitos: Culpa concorrente do consumidor → há discussão na doutrina sobre a exclu- são da responsabilidade do fornecedor havendo culpa concorrente do consumidor. A doutrina majoritária, assim como o STJ, pensa que a culpa concorrente da vítima permite a redução da condenação imposta ao fornecedor. Ou seja, a responsabi- lidade do fornecedor, em razão de culpa concorrente do consumidor, pode ser mitigada, mas não excluída. Atos de prepostos e representantes → por meio do art. 34 do CDC, é prevista a responsabilidade solidária entre os atos dos prepostos e representantes do fornecedor. Art. 34 do CDC – O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pe- los atos de seus prepostos ou representantes autônomos. Ou seja, o fornecedor não pode alegar a exclusão de sua responsabilidade base- ado em atos de seus prepostos ou representantes, pois ele é solidário na obrigação. A jurisprudência do STJ admite a solidariedade em questão mesmo que não haja vínculo empregatício entre o fornecedor e os seus prepostos ou representantes. Caso fortuito e força maior → a teoria clássica da responsabilidade civil inse- re o caso fortuito (evento totalmente previsível) e a força maior (evento previsível, mas inevitável) como excludentes de responsabilidade, pois são elementos que rompem o nexo de causalidade. Vide o art. 393 do CC. Art. 393 do CC – O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. Entretanto, pelo fato de o CDC não ter elencado o caso fortuito e a força maior entre as causas de exclusão da responsabilidade, existem diversos posicionamen- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVILLei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira tos doutrinários sobre o assunto. Aprofundando um pouco mais o estudo do controvertido tema caso fortuito e força maior, temos os ensinamentos de Sergio Cavalieri Filho, que segue a jurisprudência do STJ e subdivide os conceitos de caso fortuito e força maior em internos e externos. O caso fortuito e a força maior internos são aqueles decorrentes diretamente da fabricação ou serviço e que não excluem a responsabilidade do fabricante ou prestador (ex.: estar em um restaurante jantando e sofrer um assalto → é interno, pois a contratação de seguranças poderia evitar o acontecimento). Por outro lado, o caso fortuito e a força maior externos não mantêm profissionalização com a cadeia de consumo e representam sim excludentes de responsabilidade (ex.: a queda de um meteoro no restaurante, causando ferimento às pessoas que lá estavam → é externo, pois não teria como se evitar o acontecimento). Para concluir, temos o seguinte: CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR INTERNOS → não excluem a responsabilidade. CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR EXTERNOS → excluem a responsabilidade. b) Responsabilidade pelo Fato do Serviço Vamos analisar a responsabilidade civil do fornecedor em razão da prestação de serviços defeituosos (fato do serviço). O assunto é disciplinado no art. 14 do CDC: Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I – o modo de seu fornecimento; II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III – a época em que foi fornecido. § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. § 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. § 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. Com exceção dos profissionais liberais (art. 14, § 4º do CDC), cuja responsabili- dade é subjetiva, percebe-se que a responsabilidade dos fornecedores de serviços com defeito é do tipo objetiva. São exemplos de defeitos na prestação de serviços com jurisprudência no STJ: • erro de resultado em exame laboratorial, gerando dever de indenização pelos danos morais e materiais; • furto ou roubo de veículo em estacionamento; • ausência de manutenção de rodovia, causando acidente ao consumidor em razão de animais mortos na estrada. Sobre o furto e o roubo, é interessante salientar o art. 25 do CDC, que não exonera ou atenua a responsabilidade do fornecedor por cláusula estipulada em contrato. Art. 25 do CDC – É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exo- nere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores. Sobre as excludentes da responsabilidade, valem as mesmas considerações fei- tas à responsabilidade pelo fato do produto. A responsabilidade civil do profissional liberal aqui citada merece des- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira taque, pois ela é orientada pela teoria da responsabilidade subjetiva. Ou seja, quando o fornecedor do serviço for um profissional liberal, abrangendo os médicos, engenheiros, dentistas, advogados, dentre outros, deve o consumidor provar a cul- pa do fornecedor para que haja o dever de indenizar, além do nexo de causalidade e da extensão dos danos. Cabe ressaltar que, para se aplicar a responsabilidade civil subjetiva a um pro- fissional liberal, este deve assumir uma obrigação de meio, ou seja, deve fornecer meios necessários para a realização de um fim. Caso o fornecedor assuma uma obrigação de resultado, como é o caso do cirurgião plástico, ele responderá pelo simples inadimplemento obrigacional, pois não terá cumprido o dever que foi assu- mido. Veja a jurisprudência a seguir: Contratada a realização de cirurgia estética embelezadora, o cirurgião assume obriga- ção de resultado (responsabilidade contratual ou objetiva), devendo indenizar pelo não cumprimento da mesma, decorrente de eventual deformidade ou de alguma irregulari- dade. (STJ, REsp.81.101/PR, rel. Min. Waldemar Zveiter, DJU 31.5.99, p.140) c) Responsabilidade pelo Vício do Produto O vício do produto o torna impróprio ao consumo, produz a desvalia, a dimi- nuição do valor e frustra a expectativa do consumidor, mas sem colocá-lo em ris- co (lembre-se do exemplo do liquidificador). O vício pode ser de qualidade ou de quantidade. Tal assunto é abordado nos arts. 18 e 19 do CDC. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira Art. 18 do CDC – Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitá- ria, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. § 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I – a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III – o abatimento proporcional do preço. § 2º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oi- tenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. § 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. § 4º Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1º deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual dife- rença de preço, sem prejuízo do dispostonos incisos II e III do § 1º deste artigo. § 5º No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consu- midor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor. § 6º São impróprios ao uso e consumo: I – os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II – os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompi- dos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; III – os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam. Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produ- to sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensa- gem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I – o abatimento proporcional do preço; II – complementação do peso ou medida; III – a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira IV – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. § 1º Aplica-se a este artigo o disposto no § 4º do artigo anterior. § 2º O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais. d) Responsabilidade pelo Vício do Serviço Os vícios do serviço estão previstos no art. 20 do CDC: Art. 20 do CDC – O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles de- correntes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publici- tária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I – a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III – o abatimento proporcional do preço. § 1º A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacita- dos, por conta e risco do fornecedor. § 2º São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavel- mente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamen- tares de prestabilidade. 7. Decadência e Prescrição O assunto é tratado nos arts. 26 e 27 do CDC: Art. 26 do CDC – O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: I – trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II – noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. § 1º Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. § 2º Obstam a decadência: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira I – a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; II – (Vetado). III – a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. § 3º Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. Art. 27 do CDC – Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causa- dos por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. Por meio do artigo 26, percebemos que o consumidor dispõe de um prazo deca- dencial para exigir que os vícios de qualidade ou quantidade sejam sanados. Veja a tabela a seguir: DECADÊNCIA DO DIREITO DE RECLAMAR DOS VÍCIOS NO CDC Início do prazo decadencial Vícios aparentes a partir da entrega efetiva do produto. a partir do fim da execução do serviço. Vícios ocultos a partir do momento em que ficar evi- denciado o defeito. Prazo decadencial Produtos não duráveis 30 dias Fornecimento de serviço Produtos duráveis 90 dias Causas de suspensão do prazo decadencial – a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o for- necedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; e – a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. Já o art. 27 do CDC prevê prazo prescricional para perda da pretensão da repa- ração pelos danos causados por meio de fato do produto ou do serviço. PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DE REPARAÇÃO DE FATO DO PRODUTO OU SERVIÇO Início do prazo prescricional a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. Prazo prescricional 5 anos. Causas de suspensão do prazo prescricional não há previsão no CDC. Para que a banca não lhe aplique a famosa “pegadinha do malandro”, temos o seguinte: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira – Prazo decadencial → reclamar dos vícios de qualidade ou quantidade; – Prazo prescricional → pretensão de reparação por fato do produto ou do serviço. Antes de apresentar as questões, quero ressaltar que há uma forte corrente doutrinária que defende a ideia de que o prazo prescricional do CDC tem validade apenas para as pretensões de natureza individual. Para ações coletivas ou difusas, sendo indetermináveis os sujeitos, não há que se falar em prazos prescricionais, pois tais ações são de interesse social. Vale enfatizar também duas Súmulas do STJ: STJ 412: A ação de repetição de indébito de tarifa de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil. STJ 291: A ação de cobrança de parcelas de complementação de aposentadoria pela previdência privada prescreve em cinco anos. 8. Desconsideração da Personalidade Jurídica A pessoa jurídica, a partir do momento que efetua o registro dos seus atos constitutivos, adquire personalidade jurídica por meio da qual se configura uma existência própria e distinta da dos seus membros. Dessa forma, a pessoa jurídica é capaz de assumir direitos e obrigações na ordem civil, sem atingir diretamente as pessoas que formam a sociedade. Pelo fato de a personalidade jurídica não confundir a pessoa jurídica com a pes- soa dos sócios, muitas são as possibilidades de fraudes e abusos praticados pelos sócios e administradores que ficam acobertados pela figura do ente moral. A teoria da desconsideração da personalidade jurídica, também chamada de disregard doctrine, consiste na possibilidade de afastamento da autonomia patri- monial da sociedade, passando os sócios e administradores a responderem com o O conteúdo destelivro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 32www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira próprio patrimônio pelos prejuízos causados por meio da pessoa jurídica. O CDC, por meio do seu art. 28, foi o primeiro diploma legal brasileiro a positi- var a desconsideração da personalidade jurídica: Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quan- do, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. § 1º (Vetado). § 2º As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 3º As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações de- correntes deste código. § 4º As sociedades coligadas só responderão por culpa. § 5º Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. A teoria da desconsideração da pessoa jurídica divide-se em duas: a teoria maior e a teoria menor. Na teoria maior, também denominada de teoria subjetiva, o magistrado, usando de seu livre convencimento, se entender que houve fraude ou abuso de direito, pode aplicar a desconsideração da personalidade jurídica. Já na teoria menor, teoria objetiva, como denomina parte da doutrina, o critério adotado é a existência de confusão patrimonial. Segundo os doutrinadores, no ordenamento jurídico brasileiro, a teoria maior é adotada como regra geral, enquanto a teoria menor é acolhida, excepcionalmen- te, na legislação especial, como no Direito Ambiental (art. 4º da Lei n. 9.605/1998) e no Direito do Consumidor (art. 28 do CDC). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 81www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira QUESTÕES DE CONCURSO Lista de exercícios OAB da banca FGV Questão 1 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2017) Heitor foi surpreendi- do pelo recebimento de informação de anotação de seu nome no cadastro restri- tivo de crédito, em decorrência de suposta contratação de serviços de telefonia e Internet. Heitor não havia celebrado tal contrato, sendo o mesmo fruto de fraude, e busca orientação a respeito de como proceder para rescindir o contrato, cancelar o débito e ter seu nome fora do cadastro negativo, bem como o recebimento de reparação por danos extrapatrimoniais, já que nunca havia tido o seu nome inscrito em tal cadastro. Com base na hipótese apresentada, na qualidade de advogado(a) de Heitor, assi- nale a opção que apresenta o procedimento a ser adotado. a) Cabe o pedido de cancelamento do serviço, declaração de inexistência da dívida e exclusão da anotação indevida, inexistindo qualquer dever de reparação, já que à operadora não foi atribuído defeito ou falha do serviço digital, que seria a moti- vação para tal pleito. b) Trata-se de cobrança devida pelo serviço prestado, restando a Heitor pagar imediatamente e, somente assim, excluir a anotação de seu nome em cadastro ne- gativo, e, então, ingressar com a medida judicial, comprovando que não procedeu com a contratação e buscando a rescisão do contrato irregular com devolução em dobro do valor pago. c) Heitor não pode ser considerado consumidor em razão da ausência de vincula- ção contratual verídica e válida que consagre a relação consumerista, afastando-se os elementos principiológicos e fazendo surgir a responsabilidade civil subjetiva da operadora de telefonia e Internet. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 81www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira d) Heitor é consumidor por equiparação, aplicando-se a teoria do risco da ativida- de e devendo a operadora suportar os riscos do contrato fruto de fraude, caso não consiga comprovar a regularidade da contratação e a consequente reparação pelos danos extrapatrimoniais in re ipsa, além da declaração de inexistência da dívida e da exclusão da anotação indevida. Questão 2 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2017) Alvina, condômina de um edifício residencial, ingressou com ação para reparação de danos, aduzindo falha na prestação dos serviços de modernização dos elevadores. Narrou ser mora- dora do 10º andar e que hospedou parentes durante o período dos festejos de fim de ano. Alegou que o serviço nos elevadores estava previsto para ser concluído em duas semanas, mas atrasou mais de seis semanas, o que implicou falta de elevado- res durante o período em que recebeu seus hóspedes, fazendo com que seus con- vidados, todos idosos, tivessem que utilizar as escadas, o que gerou transtornos e dificuldades, já que os hóspedes deixaram de fazer passeios e outras atividades turísticas diante das dificuldades de acesso. Sentindo-se constrangida e tendo que alterar todo o planejamento de atividades para o período, Alvina afirmou ter sofrido danos extrapatrimoniais decorrentes da mora do fornecedor de serviço, que, ainda que regularmente notificado pelo condomínio, quedou-se inerte e não apresentou qualquer justificativa que impedisse o cumprimento da obrigação de forma tempes- tiva. Diante da situação apresentada, assinale a afirmativa correta. a) Existe relação de consumo apenas entre o condomínio e o fornecedor de servi- ço, não tendo Alvina legitimidade para ingressar com ação indenizatória, por estar excluída da cadeia da relação consumerista. b) Inexiste relação consumerista na hipótese, e sim relação contratual re- gida pelo Código Civil, tendo a multa contratual pelo atraso na execução do O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 81www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira serviço cunho indenizatório, que deve servir a todos os condôminos e não a Alvina, individualmente. c) Existe relação de consumo, mas não cabe ação individual, e sim a perpetrada por todos os condôminos, em litisconsórcio, tendo como objeto apenas a cobrança de multa contratual e indenização coletiva. d) Existe relação de consumo entre a condômina e o fornecedor, com base da teo- ria finalista, podendo Alvina ingressar individualmente com a ação indenizatória, já que é destinatária final e quem sofreu os danos narrados. Questão 3 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2015) Saulo e Bianca são casados há quinze anos e, há dez, decidiram ingressar noramo das festas de casamento, produzindo os chamados “bem-casados”, deliciosos doces recheados oferecidos aos convidados ao final da festa. Saulo e Bianca não possuem registro da atividade empresarial desenvolvida, sendo essa a fonte única de renda da famí- lia. No mês passado, os noivos Carla e Jair encomendaram ao casal uma centena de “bem-casados” no sabor doce de leite. A encomenda foi entregue conforme contratado, no dia do casamento. Contudo, diversos convidados que ingeriram os quitutes sofreram infecção gastrointestinal, já que o produto estava estragado. A impropriedade do produto para o consumo foi comprovada por perícia técnica. Com base no caso narrado, assinale a alternativa correta. a) O casal Saulo e Bianca se enquadra no conceito de fornecedor do Código do Consumidor, pois fornecem produtos com habitualidade e onerosidade, sendo que apenas Carla e Jair, na qualidade de consumidores indiretos, poderão plei- tear indenização b) Embora a empresa do casal Saulo e Bianca não esteja devidamente registrada na Junta Comercial, pode ser considerada fornecedora à luz do Código do Consu- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 81www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira midor, e os convidados do casamento, na qualidade de consumidores por equipara- ção, poderão pedir indenização diretamente àqueles. c) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável ao caso, sendo certo que tanto Carla e Jair quanto seus convidados intoxicados são consumidores por equiparação e poderão pedir indenização, porém a inversão do ônus da prova só se aplica em favor de Carla e Jair, contratantes diretos. d) A atividade desenvolvida pelo casal Saulo e Bianca não está oficialmente regis- trada na Junta Comercial e, portanto, por ser ente despersonalizado, não se enqua- dra no conceito legal de fornecedor da lei do consumidor, aplicando-se ao caso as regras atinentes aos vícios redibitórios do Código Civil. Questão 4 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2015) A responsabilidade ci- vil dos fornecedores de serviços e produtos, estabelecida pelo Código do Consumi- dor, reconheceu a relação jurídica qualificada pela presença de uma parte vulnerá- vel, devendo ser observados os princípios da boa-fé, lealdade contratual, dignidade da pessoa humana e equidade. A respeito da temática, assinale a afirmativa correta. a) A responsabilidade civil subjetiva dos fabricantes impõe ao consumidor a com- provação da existência de nexo de causalidade que o vincule ao fornecedor, me- diante comprovação da culpa, invertendo que tange ao resultado danoso suportado. b) A responsabilidade civil do fabricante é subjetiva e subsidiária quando o comer- ciante é identificado e encontrado para responder pelo vício ou fato do produto, cabendo ao segundo a responsabilidade civil objetiva. c) A responsabilidade civil objetiva do fabricante somente poderá ser imputada se houver demonstração dos elementos mínimos que comprovem o nexo de causali- dade que justifique a ação proposta, ônus esse do consumidor. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 37 de 81www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira d) A inversão do ônus da prova nas relações de consumo é questão de ordem pú- blica e de imputação imediata, cabendo ao fabricante a carga probatória frente ao consumidor, em razão da responsabilidade civil objetiva Questão 5 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2011) No âmbito do Código de Defesa do Consumidor, em relação ao princípio da boa-fé objetiva, é correto afirmar que a) sua aplicação se restringe aos contratos de consumo. b) para a caracterização de sua violação imprescindível se faz a análise do caráter volitivo das partes. c) não se aplica à fase pré-contratual. d) importa em reconhecimento de um direito a cumprir em favor do titular passivo da obrigação. Questão 6 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2011) Em relação aos prin- cípios previstos no Código de Defesa do Consumidor, assinale a alternativa correta. a) O CDC é uma norma tipificadora de condutas, prevendo expressamente o com- portamento dos consumidores e dos fornecedores. b) A boa-fé prevista no CDC é a boa-fé subjetiva. c) O princípio da vulnerabilidade, que presume ser o consumidor o elo mais fraco da relação de consumo, diz respeito apenas à vulnerabilidade técnica. d) O princípio da transparência impõe um dever comissivo e um omissivo, ou seja, não pode o fornecedor deixar de apresentar o produto tal como ele se encontra nem pode dizer mais do que ele faz; não pode, portanto, mais existir o dolus bonus. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 38 de 81www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira GABARITO 1. d 2. d 3. b 4. c 5. d 6. d O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE OLIVEIRA - 39678987848, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 39 de 81www.grancursosonline.com.br DIREITO CIVIL Lei n. 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor Prof. Dicler Ferreira GABARITO COMENTADO Questão 1 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2017) Heitor foi surpreendi- do pelo recebimento de informação de anotação de seu nome no cadastro restri- tivo de crédito, em decorrência de suposta contratação de serviços de telefonia e Internet. Heitor não havia celebrado tal contrato, sendo o mesmo fruto de fraude, e busca orientação a respeito de como proceder para rescindir o contrato, cancelar o débito e ter seu nome fora do cadastro negativo, bem como o recebimento de reparação por danos extrapatrimoniais, já que nunca havia tido o seu nome inscrito em tal cadastro. Com base na hipótese apresentada, na qualidade de advogado(a) de Heitor, assi- nale a opção que apresenta o procedimento a ser adotado. a) Cabe o pedido de cancelamento do serviço, declaração de inexistência da dívida e exclusão da anotação indevida, inexistindo qualquer dever de reparação, já que à operadora não foi atribuído defeito ou falha do serviço digital, que seria a moti- vação para tal pleito. b) Trata-se de cobrança devida pelo serviço prestado, restando a Heitor pagar imediatamente e, somente assim, excluir a anotação de seu nome em cadastro ne- gativo, e, então, ingressar com a medida judicial, comprovando que não procedeu com a contratação e buscando a rescisão do contrato irregular com devolução em dobro do valor pago. c) Heitor não pode ser considerado consumidor em razão da ausência de vincula- ção contratual verídica e válida que consagre a relação consumerista, afastando-se os elementos principiológicos e fazendo surgir a responsabilidade civil subjetiva da operadora de telefonia e Internet. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DOUGLAS DE ANDRADE
Compartilhar