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Tema 6 – Hanseníase e eritema bolhoso Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Hanseníase Infecção granulomatosa crônica que acomete os nervos superficiais da pele e troncos nervosos periféricos da face, pescoço, terço médio do braço abaixo do cotovelo, joelhos, olhos e órgãos internos. Etiologia: Mycobacterium leprae – parasita intracitoplasmático gram- positivo do macrófago, de alta infectividade, baixa mortalidade. Bacilo álcool-ácido resistente (BAAR). Doença de notificação compulsória e investigação obrigatória. TRANSMISSÃO: contato próximo e prolongado de uma pessoa suscetível com um doente com hanseníase pelas vias respiratórias (ar) e não pelos objetos utilizados. Maioria da população tem defesa natural/imunidade. EVOLUÇÃO / ESPECTRO CLÍNICO RESPOSTA IMUNE Th1: ativação da resposta celular Th2: resposta humoral / imune CLASSIFICAÇÃO Madri – 1953: • Virchowiana (VV) ou lepromatoso: alta suscetibilidade a infecções • Dimorfa Virchowiana (DV) • Dimorfa (DD) • Dimorfa Tuberculóide (DT) • Tuberculóide (TT): alta resistência a infecções Ridley-Jopling: (boderline é o tipo mais comum) Índice de bacilos Baciloscopia Resposta celular Virchowiana Alto Positiva Pior Dirmofa ou Boderline Médio Positiva Tuberculóide Muito pequeno Negativa Melhor (Positivo no mitsuda) Operacional – facilitar e operacionalizar tratamento • Paucibacilares (PB): até 5 lesões de pele com baciloscopia negativa • Multibacilares (MB): ≥ 6 lesões de pele OU baciloscopia positiva MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Áreas de pele hipocrômicas, acastanhadas ou avermelhadas com alteração de sensibilidade (térmica → dolorosa → tátil) • Formigamentos, choques e câimbras • Pápulas e nódulos, normalmente sem sintomas • Diminuição ou queda de pelos (comum ter madarose) • Pele infiltrada com diminuição de suor local • Diminuição e/ou perda de força dos músculos inervados por nervos acometidos • Edema de mãos e pés com ou sem cianose • Febre e artralgia • Aparecimento súbito de manchas dormentes • Entupimento, feridas e ressecamento do nariz • Ressecamento e sensação de areia nos olhos Hanseníase primariamente neural: paciente sem lesões visíveis em pele e com lesões apenas nos nervos OU lesões se tornam visíveis apenas após inicio do tratamento. • Mononeuropatia: 1 nervo em 1 local • Menoneuropatia múltipla: mais de uma parte de 1 nervo • Polineuropatia: vários ramos de nervos acometidos DEFINIÇÃO DE CASO 1 ou mais dos sinais cardinais: 1. Lesão em áreas da pele com alteração da sensibilidade térmica e/ou dolorosa e/ou tátil; OU 2. Espessamento do nervo periférico, associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas; OU 3. Presença de bacilos Mycobacterium leprae confirmado na baciloscopia de esfregaço intradérmico ou na biópsia de pele. DIAGNÓSTICO Indeterminada: máculas hipocrômicas ou rosadas mal delimitadas, no dorso e na face • Poucas lesões, geralmente uma • Histopatologia: inespecífica • Biopsia: infiltrado linfomononuclear com cultura BAAR ainda negativa. Tuberculóide: lesão bem definida com boa resposta celular (Th1) • Biopsia: maior acometimento nervoso, maior quantidade de inflamação e pode ou não haver bacilos. Dimorfa: placas em padrão foveolar (queijo suíço) com membrana interna bem definida e externa mal definida. Exposição ao Mycobacterium leprae Influência dos genes e do meio ambiente Morte do M. leprae Não desenvolvimen to da doença Hanseníase indeterminada Cura Polo tuberculoide Hanseníase dimorfa Polo virchowiano Virchowiana: padrão lepromatos, disseminado com resposta celular suprimida e aumento de Th2. • Muita infiltração, pele ressecada e em aspecto de casca de laranja com dilatação dos poros pela infiltração • Tom eritematoso, acastanhados ou purpúrico mal delimitado • Fácies leonina, desabamento do nariz • Pode ter nódulos (hanseoma) cheios de bacilos • Acometimento neurológico múltiplo • Fenômeno de Lúcio: distúrbio de coagulação devido a endotélio vascular invadido. Presença de necrose arteriolar • Lepra de Lúcio: presença de madarose REAÇÕES HANSÊNICAS – mais comum nas multibacilares Decorrentes de alterações inflamatórias agudas, consequentes a mecanismos imunológicos. Ocorre antes, durante ou após o tratamento da hanseníase. Reação tipo 1 ou reversa (RR): aparecimento de novas lesões dermatológicas, infiltrações, alterações de cor e edema nas lesões antigas com ou se espessamento e dor de nervos periféricos (neurite). Pode ter sintoma sistêmicos. Reação tipo 2 (presente apenas no virchowiano): eritema nodoso hansênico (ENH) (nódulos inflamatórios de distribuição simétrica nos MMSS e MMII acompanhados ou não de sintomas sistêmicos). TESTES DIAGNÓSTICO / LABORATORIAIS Testes de sensibilidade: térmica (água quente e fria), dolorosa (agulha) e tátil (monofilamento) Prova da histamina: • Normal: eritema inicial → eritema reflexo → pápula urticária • Presença de lesão nervosa: não aparece eritema Teste da pilocarpina: estimula SNA a transpirar e liberar suor. • Área com lesão hipocrômica → ausência de suor Teste de mitsuda – valor prognóstico: aplicação intradérmica de 0,1ml de mitsudina na face anterior do antebraço direito, formando- se uma pápula. Leitura após 21-28 dias. • Positivo: pápula > 5mm Baciloscopia: coletar linfa ou esfregaço dérmico em lóbulos da orelha, cotovelo, joelhos e lesões cutâneas. Sorologia: anticorpos anti-PGL-1 Anatomopatológico: formação de granulomas. NERVOS PERIFÉRICOS ACOMETIDOS • Lesão no nervo radial: mão caída • Lesão no nervo ulnar: mão em garra ulnar (4º e 5º dedos) • Lesão no nervo mediano: mão em benção (1º, 2º e 3º dedos) • Lesão nos nervos ulnar e mediano: mão em garra • Paralisia do nervo fibular: pé equino varo (caído e para dentro) • Lagoftalmia unilateral: paralisia do músculo orbicular das pálpebras, inervado por ramo do nervo facial. Avaliação neurológica: • Início e alta do tratamento • A cada 3 meses durante tratamento, se não houver queixas • Sempre que houver queixas • Controle periódico de doentes em uso de corticoide por estados reacionais e neurites • Acompanhamento pós-operatório de descompressão neural CONTACTANTES Contatos recentes ou antigas devem ser examinados, independente do tempo de convívio. Avaliar anualmente durante 5 anos todos os contatos não doentes. Profilaxia com BCG em assintomáticos: • Ausência ou uma cicatriz de BCG → 1 dose • Duas cicatrizes de BCG → não prescrever TRATAMENTO Paucibacilar: 6 meses ou até 9 meses (> 9 meses: recomeçar) • Dose mensal supervisionada: Rifampicina (2cp) + dapsona (1cp) • Dose diária auto administrada (28 dias): dapsona Multibacilar: 1 ano ou até 18 meses • Dose mensal supervisionada: dapsona (1cp) + rifampicina (2cp) + clofazimina (3cp) • Dose diária auto administrada (28 dias): dapsona + clofazimina Multidrogaterapia uniforme (MDT-U): 6 meses para paucibacilar e 12 para multibacilar • Dose mensal supervisionada: dapsona (1cp) + rifampicina (2cp) + clofazimina (3cp) • Dose diária auto administrada (28 dias): dapsona + clofazimina Efeitos colaterais: Dapsona: anemia hemolítica, hepatite medicamentosa, metahemoglobinemia, gastrite, agranulocitose, síndrome da dapsona, eritrodermia, dermatite esfoliativa, NET e distúrbios renais. Rifampicina: alteração da cor da urina, distúrbios GI, ↓ eficácia dos anticoncepcionais orais, hepatotoxicidade, sd. pseudogripal e plaquetopenia Clofazimina: esta pode desencadear pigmentação cutânea, ictiose e distúrbios gastrointestinais. Tratamento das reações hansênicas: • Tipo 1: prednisona • Tipo 2: talidomida (teratogênica) • Manter a poliquimioterapia • Imobilizar o membro afetado em caso de neurite associada; • Avaliar a função neural sensitiva e motoraantes • Reduzir a dose do corticoide conforme resposta terapêutica; • Programar e realizar ações de prevenção de incapacidades; Diagnósticos diferenciais: Vitiligo, esclerose tuberosa, nevo acrômico, leishmaniose tegumentar, neuropatias, granuloma anular, sífilis terciária, tinha do corpo, ptiríase, dermatite seborreica, alopécia areata, farmacodermias, urticária Eritema nodoso Síndrome de hipersensibilidade a agente infecciosos, drogas e outras causas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Inicia-se com febre, dores articulares e nas panturrilhas e com aparecimento de machas eritematosas e nódulos e placas, mais palpáveis que visíveis (duros e doloroso bilateralmente em MMII). Podem adquirir cor violácea e amerelo-esverdeado. Decurso total: 3 a 6 semanas. Lesões nunca se ulceram e nunca produzem atrofia. HISTOPATOLOGIA: paniculite septal sem vasculite (inflamação da gordura do subcutâneo) PATOGENIA: • Sensibilidade tardia • Imunocomplexo S nas vênulas dos septos do subcutâneo • Isquemia por degeneração do endotélio CAUSAS • Infecções estreptocócicas • Febre reumática • Tuberculose • Hanseníase • Infecções diversas • Sarcoidose • Fármacos • Doenças diversas • Idiopático DIAGNÓSTICO: depende da etiologia TRATAMENTO • Repouso, elevação dos membros inferiores, meia elástica; • Tratar a causa; • Corticosteroide tópico, oclusivo, infiltração; • Aspirina 2-3g ao dia ou outro AINE • Corticosteroide oral (se exclusão de infecção); • Iodeto de potássio (diminuindo quimiotaxia de neutrófilos); • MH (talidomina); • Behçet: colchicina SARCOIDOSE Epidemiologia: jovens de 20 e 39 anos, sendo mais prevalente em mulheres. 30 a 60% dos casos são assintomáticos Etiopatogenia: infecções, substâncias do ambiente e outros Quadro clínico: • Linfonodos mediastinais, pulmões, fígado e baço • Neurosarcoidose: convulsões, neupatia periférica, cefaleia, paralisia de Bell. • Poliartrite aguda inespecífica Envolvimento assintomático dos músculos → 25 a 75% dos casos Diagnóstico laboratorial: exclusão de outros diagnósticos • Sorologias • Hemograma, enzimas hepáticas, função renal, eletrólitos, urina I, cálcio, calciúria, atividade inflamatória e PPD • Enzima conversora de angiotensina • Lavado broncoalveolar • Radioisótopos • PET (sinal de “panda” e de “lambda”) Diagnóstico: biopsia pelo órgão mais acessível Tratamento: • Corticosteroides • Hidroxicloroquina • Metotrexato • Azatioprina • Ciclofosfamida • Imunobiológicos
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