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Lesão Celular

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Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira 
BBPM II - Patologia 
 
Frente a um estímulo, as células podem se 
adaptar: 
 Hipertrofia; 
 Hiperplasia; 
 Metaplasia; 
 Atrofia. 
Caso o estímulo permaneça, essa célula 
entra em um estado de injúria, uma lesão 
que pode ser reversível ou irreversível. Em 
uma lesão reversível, quando o estímulo é 
retirado, a célula volta ao seu estado 
original. Isso não acontece em uma lesão 
irreversível, na qual o destino da célula é a 
morte celular. 
 Apoptose (sem resposta inflamatória); 
 Necrose (com resposta inflamatória). 
A lesão celular pode ter origem extrínsecas 
ou intrínsecas: 
 Estresse excessivo; 
 Exposição a agentes lesivos; 
 Anomalias próprias. 
Entre as causas da lesão celular, tem-se os 
fatores endógenos (genética, defesa, 
emocional) ou fatores exógenos (físico, 
químico, biológico). 
Os determinantes da resposta celular 
dependem: 
 Tipo de lesão; 
 Duração; 
 Gravidade. 
E além disso, dependente ainda do tipo de 
célula, do estado em que ela se encontra 
e de sua adaptabilidade. 
A lesão celular resulta de vários 
mecanismos bioquímicos que agem em 
vários componentes celulares essenciais 
(mitocôndrias, membranas, DNA, etc.) 
Toda vez que uma célula é privada de 
oxigênio, ou é exposta a agentes físico, 
químicos, infecciosos, etc., entra num 
processo de lesão celular. A privação de 
oxigênio causa: 
 Isquemia; 
 Hipóxia; 
 Anóxia. 
 
Em uma situação onde a concentração 
de oxigênio está diminuída (hipóxia), a 
célula adapta mudanças na maneira de 
utilizar energia, como: 
 Aumento da glicólise; 
 Aumento na captação de glicose; 
 Inibição da gliconeogênese; 
 Inibição de ácido graxo, triglicerídeos e 
esteroides. 
 Indução de HIF -1 (fator indutor de 
hipóxia). 
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Quando HIF -1 é ativado, ele induz 
produção de proteínas de choque 
térmico, auxiliando o correto 
enovelamento, mesmo em pH baixo em 
decorrência do ácido lático (metabolismo 
anaeróbio). 
Além disso, o HIF -1 induz a produção de 
hemácias pela medula óssea 
(eritropoietina) e de GLUT-4, que capta 
mais glicose. A angiogênese também é 
estimulada, para restaurar o aporte 
sanguíneo (VEGF), assim como a produção 
de proteínas anti-apoptóticas e de NO 
sintase, induzindo a produção de oxido 
nítrico através da L-arginina, provocando 
vasodilatação. 
 
Normalmente, o cálcio livre no citosol é 
mantido por transportadores de cálcio 
dependentes de ATP, em concentrações 
10.000 vezes menores do que a 
concentração do cálcio extracelular ou do 
cálcio intracelular sequestrado nas 
mitocôndrias e no RE. A isquemia e certas 
toxinas causam aumento da 
concentração do cálcio citosólico, 
inicialmente por causa da liberação de 
Ca2+ armazenado intracelularmente e, 
mais tarde, do cálcio que resulta do influxo 
aumentado através da membrana 
plasmática. O aumento do cálcio 
citosólico ativa várias enzimas, com efeitos 
celulares potencialmente prejudiciais: 
 Fosfolipases: causam danos à 
membrana; 
 Proteases: clivam as proteínas de 
membrana e do citoesqueleto; 
 Endonucleases: são responsáveis pela 
fragmentação da cromatina e do 
DNA; 
 ATPases: acelerando a depleção de 
ATP. 
OBS: O aumento dos níveis de Ca2+ 
intracelular resultam, também, na indução 
da apoptose, através da ativação direta 
das caspases e pelo aumento da 
permeabilidade mitocondrial. 
As duas principais características 
morfológicas da lesão celular reversível são 
a tumefação celular e a degeneração 
gordurosa. A tumefação celular é 
resultado da falência das bombas de íons 
dependentes de energia na membrana 
plasmática, levando a uma incapacidade 
de manter a homeostasia iônica e líquida. 
A degeneração gordurosa ocorre na lesão 
hipóxica e em várias formas de lesão 
metabólica ou tóxica e manifesta-se pelo 
surgimento de vacúolos lipídicos, grandes 
ou pequenos, no citoplasma. 
 Alteração hidrópica ou degeneração 
vacuolar; 
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 Aumento de turgor, palidez e aumento 
do peso do órgão; 
 Presença de pequenos vacúolos claros 
no citoplasma. 
 Ocorre em lesão hipóxica, assim como 
em lesão metabólica ou tóxica; 
 Surgimento de vacúolos lipídicos no 
citoplasma; 
 Observada em células envolvidas e 
dependentes do metabolismo de 
gordura (hepatócitos e células 
miocárdicas). 
 Oferta excessiva de acetil-CoA, 
favorecendo a síntese de ácido 
graxos, acumulados em forma de 
triglicerídeos. 
 
A lesão celular é irreversível quando a 
célula torna-se incapaz de recuperar-se 
depois de cessada a agressão, 
caminhando para a morte celular. A grave 
vacuolização das mitocôndrias, o extenso 
dano à membrana celular, assim como a 
tumefação dos lisossomos, causam: 
 Lesão as membranas lisossômicas; 
 Extravasamento de suas enzimas para 
o citoplasma e ativação das 
hidrolases; 
 Digestão enzimática dos componentes 
celulares e alterações nucleares; 
 Extravasamento das enzimas celulares 
para espaço extracelular e entrada de 
macromoléculas na célula. 
Além disso, há também um grande influxo 
de cálcio, perda de proteínas e enzimas e 
perda de metabólitos. Todas essas ações 
levam a incapacidade de reverter a 
disfunção mitocondrial. 
 
Restauração do fluxo sanguíneo em 
determinado tecido/órgão isquêmico. O 
excesso de oxigênio na matriz 
mitocondrial, onde as moléculas não 
conseguiram ser reduzidas a água, podem 
formar radicais livres, ou EROS (espécies 
reativas de oxigênio). 
Os radicais livres são espécies químicas 
que possuem um único elétron não 
pareado em órbita externa. Tais estados 
químicos são extremamente instáveis e 
reagem prontamente com químicos 
orgânicos e inorgânicos; quando gerados 
nas células, atacam avidamente os ácidos 
nucleicos, assim como uma variedade de 
proteínas e lipídios celulares. Além disso, os 
radicais livres iniciam reações 
autocatalíticas; as moléculas que reagem 
com eles são, por sua vez, convertidas em 
radicais livres, propagando, assim, a 
cadeia de danos. 
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Hipóxia de curta duração: induz lesões 
degenerativas que se recuperam 
rapidamente após a reperfusão; 
Hipóxia de duração intermediária: agrava-
se com a reoxigenação (degeneração 
mais intensa); 
Anóxia duradoura: são pouco alteradas 
após a reperfusão, embora com a 
reoxigenação ocorra ampliação da lesão 
nas suas margens.

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