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alimentos gravidicos

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AO DOUTO JUIZO DE DIREITO DA VARA DE FAMÍLIA DA CIDADe/go 
 
 
 
 
 
 
CATARINA PRENOME, brasileira, solteira, estudante, residente e 
domiciliada na Rua Y, nº. 0000, na Cidade/UF – CEP..., inscrita no CPF (MF) 
sob o nº..., com endereço eletrônico..., vem, com o devido respeito à presença 
de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado constituído que abaixo 
assina – instrumento procuratório acostado – causídico inscrito na Ordem dos 
Advogados do Brasil, Seção do Estado, sob o nº..., razão qual, em atendimento 
à diretriz do art. 77, inc. V c/c art. 287, caput, um e outro do Código de 
Processo Civil, indica o endereço constante do mandato para os fins de 
intimações, com supedâneo no artigo 2º, da Lei nº 11.804/2008 (Lei dos 
Alimentos Gravídicos) c/c art. 1º e segs., da Lei nº. 5.478/68 (Lei de Alimentos), 
ajuizar a presente 
 
AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS 
COM PEDIDO DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS 
 
contra JHON PRENOME, mexicano, solteiro, executivo, domiciliado na Rua X, 
nº..., na Cidade/UF– CEP..., inscrito no CPF (MF) sob o nº..., endereço 
eletrônico desconhecido, em decorrência das seguintes razões de fato e de 
direito. 
 
1 - Justiça gratuita 
 
Inicialmente, afirma a Autora que não possui condições de arcar com 
custas processuais e demais despesas do processo, sem prejuízo do sustento 
próprio, bem como o de sua família. 
Por isso, alicerçada no art. 1º, § 2º, da Lei de Alimentos, requer lhe 
seja concedido os benefícios da gratuidade da justiça, pleito esse que o faz por 
meio de seu patrono que ora assina. 
 
2 – Dos fatos 
 
A AUTORA manteve um relacionamento amoroso com o 
REQUERENTE pelo período de... meses. O romance foi intenso e público, de 
modo que a autora foi apresentada aos colegas de trabalho do réu, bem como 
o réu foi apresentado a família da autora. 
O relacionamento era de ciência de todos os familiares e amigos. A 
ratificar tal hipótese, colaciona-se documentos que atestam a coabitação, 
vínculo de afinidade amorosa, a saber, fotos, e-mails, mensagens de 
Whatsapp. Tudo isso, inegavelmente, demonstra intenso afeto. (docs. 06/25) 
 Lado outro, na tarde do dia/mês/ano, a Autora informou ao Réu, via 
whatsapp, que estava grávida. Na hipótese, após suspeitas, havia realizado 
exame de gravidez, certificando-se do resultado positivo. (doc. 26) 
 Diante disso, o Réu passou a tratar mal a Autora, num gesto 
covarde,afirmou que não tem interesse na gravidez e sugeriu que a autora 
realizasse um aborto. 
Apesar dos insistentes apelos para que o mesmo colaborasse com 
os cuidados da gravidez, pois a autora é estudante, bolsista, desempregada e 
não possui plano de saúde, aquele, peremptoriamente, negou-se a pagar 
qualquer valor. 
Além disso, fora constatado complicações na gravidez, identificadas 
no pré-natal, e recomendado repouso absoluto durante a gestação que já conta 
com 5 meses. 
Assim agindo, deixou a Autora em situação de extrema dificuldade. 
 
3 - Proteção ao nascituro 
 
Acerca do tema, dispõe a Legislação Substantiva Civil que: 
 
Art. 2º - A personalidade civil da pessoa começa do 
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a 
concepção, os direitos do nascituro. 
 
Dessarte, sob a égide dos contornos da lei civil, a personalidade jurídica 
do nascituro já se inicia com a concepção, vinculada, contudo, ao seu 
nascimento com vida. 
Noutro giro, registre-se que o nascituro, segundo aquele mesmo diploma 
legal, tem direito a curador (art. 1.779), pode ser reconhecido pelo pai (art. 
1609, parágrafo único) e, até mesmo, receber doações (art. 542). 
Deveras, plausível que aquele tenha direito a alimentos, como ora a 
Autora procura receber, antes mesmo do nascimento com vida, na fase da 
gestação. 
 
4 - Indícios da paternidade 
 
Existindo, portanto, “indício”(s) ou “começo de prova” acerca dos fatos 
alegados, a regra é a concessão de alimentos gravídicos. 
A propósito, estes são os ditames da legislação especial que rege o 
tema: 
 
Lei dos Alimentos Gravídicos (Lei nº. 11.804/2008) 
Art. 6º - Convencido da existência de indícios da 
paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que 
perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as 
necessidades da parte autora e as possibilidades da parte 
ré. 
( ... ) 
 
Da mesma maneira são as lições de Cristiano Chaves de Farias e 
Nelson Rosenvald, máxime no tocante à produção de provas quanto à 
paternidade, os quais professam, verbo ad verbum: 
 
Promovida a ação de alimentos gravídicos, o juiz fixará o 
valor da pensão alimentícia quando houver mero indício 
de paternidade, não se exigindo uma comprovação 
definitiva da perfilhação. Sob o ponto de vista prático, 
significa a desnecessidade de realizar exame de DNA no 
ácido aminiótico, sendo suficiente demonstrar a existência 
de indícios de paternidade, através da produção de outras 
provas, como, por exemplo, a colheita de testemunhos ou 
a juntada de documentos (fotografias, filmes, cartas e 
bilhetes de amor, mensagens cibernéticas etc.). Trata-se 
de um momento processual bastante singular, pois o 
magistrado deferirá os alimentos gravídicos com base em 
juízo perfunctório, independentemente de prova efetiva da 
paternidade, bastando a existência de meros indícios... 
( ... ) 
 
Nesse sentido, é altamente ilustrativo transcrevermos os arestos que se 
seguem: 
 
APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE ALIMENTOS 
GRAVÍDICOS. REDUÇÃO DA VERBA. 
DESCABIMENTO. INCIDÊNCIA SOBRE OS 
RENDIMENTOS DO PAI. CONCLUSÃO Nº 47 DO 
CENTRO DE ESTUDOS DESTA CORTE. 
CONDENAÇÃO DO GENITOR AO PAGAMENTO DE 
METADE DAS DESPESAS DECORRENTES DO PARTO 
E DOS EXAMES REALIZADOS. DESCABIMENTO. 
GRATUIDADE JUDICIÁRIA EM FAVOR DO RÉU. 
MANUTENÇÃO. MAJORAÇÃO DA VERBA 
HONORÁRIA. DESCABIMENTO. 
1. No caso, não merece redução a verba alimentar fixada 
na sentença no equivalente a 65% do salário mínimo em 
favor do filho menor, uma vez que o alimentante, não 
obstante seja pai de outros dois filhos, que também 
sustenta, não comprovou sua efetiva impossibilidade em 
arcar com o valor estabelecido, que, em si, mostra-se 
https://www.peticoesonline.com.br/modelo-recurso-apelacao-civel-novo-cpc-pn808
módico ao fim que se destina. 2. No entanto, possuindo o 
alimentante fonte de renda fixa, cabível a alteração da 
base de cálculo do pensionamento, a fim de que o 
percentual incida sobre os rendimentos paternos, e não 
sobre o salário mínimo, segundo orientação consolidada 
na conclusão nº 47 do centro de estudos desta corte. 
Fixação da pensão alimentícia em valor equivalente em 
15% dos rendimentos líquidos do alimentante (excluídos 
do valor bruto apenas os descontos obrigatórios, e não 
todos os descontos contidos no contracheque, como 
pretendia o alimentante em sua apelação). 3. É descabida 
a condenação do alimentante ao pagamento de metade 
das despesas decorrentes do procedimento de cesariana 
e dos exames realizados durante a gravidez, uma vez que 
tais gastos justamente são o que constituem a justificação 
da fixação dos alimentos gravídicos, segundo preconiza o 
art. 2º da Lei nº 11.804/08. 4. Tendo o alimentante 
demonstrado a alegada insuficiência de recursos para 
suportar os valores das despesas processuais, restam 
satisfeitos os requisitos à concessão do benefício da 
assistência judiciária gratuita, devendo ser mantida, nesse 
ponto, a sentença. 5. Os honorários advocatícios fixados 
na sentença observam ao disposto no art. 85, § 8º, do 
CPC, sendo adequados à espécie. Apelação do 
alimentante parcialmente provida. Apelação do 
alimentado desprovida [ ... ] 
 
 
Com apoio nas provas, acostadas com esta peça vestibular, há vestígios 
(notórios) de que, efetivamente, há a paternidade do nascituro, sendo essa 
atribuída ao Réu. 
 
5 – Dos alimentos gravídicos 
 
Na hipótese vertente, a autora além de não possuir plano de saúde, se 
encontradesempregada, passando por graves dificuldades financeiras, não 
podendo, destarte, arcar com os custos com alimentação, exames e demais 
despesas advindas da gestação, conforme comprovantes em anexo. 
Já o réu, é diretor executivo de uma multinacional e percebe um 
rendimento de R$ 00000000000 (REAIS) mensais. 
A lei n. 11.804/2008 que disciplina o direito a alimentos gravídicos e a 
forma como ele será exercido estabelece em seu artigo 2º, que: 
 
os alimentos de que trata esta lei compreenderão os 
valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do 
período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da 
concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação 
especial, assistência medica e psicológica, medicamentos 
e demais prescrições preventivas e terapêuticas 
indispensáveis, a juízo do medico, além de outras que o 
juiz considere pertinentes. 
 
Para Maria Berenice, honorável doutrinadora sobre o tema, destaca: 
 
Basta o juiz reconhecer a existência de indícios da 
paternidade para concessão dos alimentos (...). Para a 
concessão dos alimentos, não é necessária prova da 
necessidade da gestante. Ainda que o valor dos alimentos 
deva atentar as possibilidades do alimentante, o encargo 
não guarda proporcionalidade com os seus ganhos, tal 
como ocorre com os alimentos devidos ao filho. Existe um 
limite: as despesas decorrentes da gravidez. Além do 
pagamento de prestações mensais, possível impor o 
atendimento de encargos determinados, como, por 
exemplo, exames médicos. 
 
Portanto, o dever do requerido em suprir as principais despesas desta 
difícil fase é inequívoco. O Art, 6º da referida lei traz ainda que para a 
concessão dos alimentos gravídicos, basta a existência de indícios da 
paternidade, independente da comprovação de vinculo de parentesco. 
No presente caso, não há duvidas sobre a paternidade da criança uma 
vez que as provas colacionadas corroboram com a alegação. 
Assim, diante da presença do binômio: necessidade do alimentando e 
possibilidade do alimentante, considerando ainda que a gestante está 
passando por dificuldade financeira e sem plano de saúde, outra alternativa 
resta senão a determinação imediata de alimentos provisórios. 
Posto isto, diante do evidente periculum in mora, haja vista que a 
demandante não tem condições de custear a gravidez, requer a fixação liminar 
dos alimentos gravídicos, no importe de R$... mensais. 
 
6 – Dos alimentos provisórios 
 
Nesse contexto, existindo “indícios” da paternidade, há de se conceder 
alimentos provisórios em favor da Autora. Do contrário, há possibilidade de se 
prejudicar o regular desenvolvimento da gravidez, atingindo, por via reflexa, o 
nascituro. 
Assim, mister que referidos alimentos sejam concedidos, de sorte a 
atender às necessidades da gestante. De mais a mais, esses alimentos devem 
compreender valores de modo a suprirem despesas adicionais do período de 
gravidez. É dizer, aquelas decorrentes da concepção ao parto, inclusive os 
referentes à alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames 
complementares, internações, o parto em si, medicamentos e demais 
prescrições preventivas e terapêuticas, na forma dos artigos 1º e 2º, da Lei nº. 
11.804/2008. 
 
7 – DOS PEDIDOS 
 
Ante o exposto requer: 
 
a. Concessão dos benefícios da justiça gratuita, por ser a autora pobre em 
sentido legal, conforme os preceitos da Lei 1060/50 e declaração de 
pobreza em anexo; 
b. Intimação do Ministério Público, por se tratar de interesse de menor, nos 
moldes do art. 82, I, NCPC; 
c. Concessão, de imediato, dos alimentos provisórios, no importe de R$ ... 
mensais a serem descontados diretamente em folha de pagamento; 
d. Citação do réu para contestar no prazo de 5 dias, sob pena de revelia; 
e. Julgamento procedente para condenar o réu a pagar a autora o valor 
mensal de R$ 0000000 (REAIS) durante toda a gravidez. Após o 
nascimento com vida, que sejam convertidos em pensão alimentícia em 
favor do menor; 
f. Condenação do réu ao pagamento das custas processuais e honorários 
advocatícios no montante de 20% (vinte por cento) sobre o valor da 
causa. 
 
Protesto provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, 
notadamente, documental, testemunhal e, após o nascimento com vida, a 
pericial. 
 
Dar-se-á à presente causa o valor de R$ 000000000 (REAIS) 
 
Termos em que, 
Pede Deferimento. 
 
CIDADE, 00, MÊS, ANO. 
 
Advogado... 
Oab/UF

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