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Petição de ação de alimentos gravídicos

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE APUCARANA-PR
Margarida, Brasileira, Solteira, Trabalhadora Rural, inscrita no CPF sob o nº XXX, RG nº XXX, residente e domiciliada na XXX, nº XXX, Bairro XXX, na cidade de Apucarana-PR, por seu advogado devidamente constituído pelo instrumento de mandado anexo(doc1), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a seguinte:
AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS
Contra Francisco, Brasileiro, Casado, Empresário Rural, inscrito no CPF sob o nº XXX, RG nº XXX, residente e domiciliado na XXX, nº XXX, Bairro XXX, na cidade de Londrina-PR, pelos motivos que passa a expor: 
I- REQUER BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Inicialmente, afirma a Autora que não possui condições de arcar com custas processuais e demais despesas do processo, sem prejuízo do sustento próprio.
Por isso, alicerçada no art. 1º, § 2º, da Lei de Alimentos, requer lhe seja concedido os benefícios da gratuidade da justiça, pleito esse que o faz por meio de seu patrono que ora assina.
II- DOS FATOS
Entre XXX (MÊS) DE XXX (ANO) e XXX (MÊS) DE XXX (ANO), a Requerente e o Requerido tiveram um relacionamento amoroso, mesmo sabendo do casamento deste com Rosa(Cônjuge). A requerente trabalhadora rural, trabalhava no plantio de milho na propriedade do Requerido,e morava em local distante da propriedade, o Requerido a convidou para morar em uma casa dentro de sua propriedade, com a intenção de facilitar os encontros, o que foi aceito pela Requerente.
Em XX/XX/XXXX, a Requerente confirmou sua gravidez com exame laboratorial, e ao informar seu cônjuge, o mesmo alegou que a criança sendo gerada no ventre da Requerente não era sua, terminando o relacionamento e pondo a autora da ação para fora de casa. 
 A Requerente encontra dificuldade para custear todas as despesas da gestação, a qual, conforme atestado por seu médico, era de risco, razão pela qual não poderia sequer exercer o seu trabalho. 
Além das despesas naturais do dia a dia (aluguel, água, luz, alimentação, moradia, transporte, vestuário, medicamentos), a Requerente necessita com urgência preparar o enxoval da criança que está por chegar (berço, fraldas, banheira, lenços, roupas, remédios etc.), assim como pagar pelos procedimentos do parto. 
O Requerido foi procurado diversas vezes pela Requerente, contudo, o mesmo se nega a prestar qualquer apoio antes de o nascimento da criança.
Diante dos fatos e da impossibilidade da resolução deste caso sem intervenção judicial, não resta a Requerente outra alternativa senão a propositura da presente ação.
III- DOS DIREITOS
Tomando como base os artigos da Lei 11.804/08, a Requerente encontra amparo onde diz: 
Art. 1o Esta Lei disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma como será exercido.
Art.2ºOs alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes.
Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos.
Acerca do tema, dispõe a Legislação Substantiva Civil que:
CÓDIGO CIVIL
Art. 2º - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
Dessarte, sob a égide dos contornos da lei civil, a personalidade jurídica do nascituro já se inicia com a concepção, vinculada, contudo, ao seu nascimento com vida.
Noutro giro, registre-se que o nascituro, segundo aquele mesmo diploma legal, tem direito a curador (art. 1.779), pode ser reconhecido pelo pai (art. 1609, parágrafo único) e, até mesmo, receber doações (art. 542).
Deveras, plausível que aquele tenha direito a alimentos, como ora a Autora procura receber, antes mesmo do nascimento com vida, na fase da gestação.
HÁ “INDÍCIOS” DA PATERNIDADE ATRIBUÍDA AO RÉU
NECESSIDADE DE SE PAGAREM ALIMENTOS GRAVÍDICOS
Existindo, portanto, “indício”(s) ou “começo de prova” acerca dos fatos alegados, a regra é a concessão de alimentos gravídicos.
A propósito, estes são os ditames da legislação especial que rege o tema:
Lei dos Alimentos Gravídicos (Lei nº. 11.804/2008)
Art. 6º - Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré.
Nesse sentido, é altamente ilustrativo transcrevermos os arestos que se seguem:
APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS. REDUÇÃO DA VERBA. DESCABIMENTO. INCIDÊNCIA SOBRE OS RENDIMENTOS DO PAI. CONCLUSÃO Nº 47 DO CENTRO DE ESTUDOS DESTA CORTE. CONDENAÇÃO DO GENITOR AO PAGAMENTO DE METADE DAS DESPESAS DECORRENTES DO PARTO E DOS EXAMES REALIZADOS. DESCABIMENTO. GRATUIDADE JUDICIÁRIA EM FAVOR DO RÉU. MANUTENÇÃO. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA. DESCABIMENTO.
1. No caso, não merece redução a verba alimentar fixada na sentença no equivalente a 65% do salário mínimo em favor do filho menor, uma vez que o alimentante, não obstante seja pai de outros dois filhos, que também sustenta, não comprovou sua efetiva impossibilidade em arcar com o valor estabelecido, que, em si, mostra-se módico ao fim que se destina. 2. No entanto, possuindo o alimentante fonte de renda fixa, cabível a alteração da base de cálculo do pensionamento, a fim de que o percentual incida sobre os rendimentos paternos, e não sobre o salário mínimo, segundo orientação consolidada na conclusão nº 47 do centro de estudos desta corte. Fixação da pensão alimentícia em valor equivalente em 15% dos rendimentos líquidos do alimentante (excluídos do valor bruto apenas os descontos obrigatórios, e não todos os descontos contidos no contracheque, como pretendia o alimentante em sua apelação). 3. É descabida a condenação do alimentante ao pagamento de metade das despesas decorrentes do procedimento de cesariana e dos exames realizados durante a gravidez, uma vez que tais gastos justamente são o que constituem a justificação da fixação dos alimentos gravídicos, segundo preconiza o art. 2º da Lei nº 11.804/08. 4. Tendo o alimentante demonstrado a alegada insuficiência de recursos para suportar os valores das despesas processuais, restam satisfeitos os requisitos à concessão do benefício da assistência judiciária gratuita, devendo ser mantida, nesse ponto, a sentença. 5. Os honorários advocatícios fixados na sentença observam ao disposto no art. 85, § 8º, do CPC, sendo adequados à espécie. Apelação do alimentante parcialmente provida. Apelação do alimentado desprovida [ ... ]
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS GRAVÍDICOS. FIXAÇÃO.
Em que pese a limitação probatória própria de processos cuja tramitação apenas se inicia, alega a agravante que manteve uma relação afetiva com o agravado e disto resultou a concepção de um filho. O relacionamento não é negado pelo agravado, embora sustente que não foi concomitante ao tempo da concepção. Conforme reiteradamente se tem salientado, em ações dessa espécie, o juiz, de regra, vê-se diante de um paradoxo: De um lado, a precariedade de prova e, de outro, a necessidade premente de fixação da verba, sob pena de tornar-se inócua a pretensão, pois, até que se processe a instrução do feito, o bebê já terá nascido. Aqui não é diferente. Alimentos gravídicos fixados em 30% do salário mínimo. Deram provimento em parte. Unânime [ ... ]
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS.
Preliminares. Ilegitimidade passiva e nulidade da citação. Rejeitadas. Mérito. Indícios mínimos de paternidade. Presença. Aplicação da Lei nº 11.804/2008. Fixação dos alimentos. Irresignação com ovalor fixado. Inexistência de comprovação de impossibilidade do alimentante. Trinômio. Necessidade, capacidade e proporcionalidade. Observado. Decisão mantida. Recurso improvido [ …]
Com apoio nas provas, acostadas com esta peça vestibular, há vestígios (notórios) de que, efetivamente, há a paternidade do nascituro, sendo essa atribuída ao requerido.
IV- DOS PEDIDOS E DOS REQUERIMENTOS
Por fim, mediante aos fatos aqui expostos, requer-se:
a) A requerente alega não possuir condições financeiras para arcar às custas processuais e honorários advocatícios presente ação, sem que acarrete prejuízo ao seu sustento e de sua família. Nestas seguintes razões, reivindica, os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela Constituição Federal artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015, art. 98 e seguintes.
b) a intimação do representante do Ministério Público para intervir no feito;
c) a fixação, in limine litis, dos alimentos provisórios no valor de R$ XXX,XX (VALOR), com ou sem audiência de justificação (oitiva das testemunhas arroladas), intimando-se o Requerido com urgência para que efetue o pagamento diretamente à Requerente, mediante recibo;
d) seja, ao final, o Requerido condenado a pagar pensão alimentícia mensal à Requerente no valor R$ XXX,XX (VALOR) de seus rendimentos líquidos.
 Provará o alegado por todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas (rol anexo), estudo social, perícia técnica de DNA e depoimento pessoal do Requerido.
Atribui-se à causa o valor R$ XXX.XXX,XX (VALOR), para fins de alçada, nos moldes do art. 292, III do NCPC/2015.
Nestes Termos. Pede e espera Deferimento.
Apucarana-PR, 22 de Abril de 2020.
Advogado
OAB/...nºXXX

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