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Historia da educação- A educação na Grécia antiga

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História da 
Educação
Mário Fernandes Ramires
E-book 2
Neste Tópico:
A educação na Grécia antiga ����������������� 3
O surgimento da Pedagogia ������������������ 9
A educação na Roma antiga ���������������� 14
Educação �����������������������������������������������������17
Idade Média ����������������������������������������������� 22
Educação na Idade Média ���������������������26
Renascimento �������������������������������������������30
Considerações Finais ������������������������������38
Síntese �������������������������������������������������������� 40
História da Educação
E-book 
2
2
A EDUCAÇÃO NA 
GRÉCIA ANTIGA
Após muitas civilizações se guiarem de seu início ao 
seu fim por tradições e costumes que eram trans-
mitidos entre gerações sem a presença da crítica e 
da reflexão, surge na Europa, em uma região repleta 
de ilhas e cercada pelos mares Mediterrâneo, Egeu 
e Jônico, a sociedade grega, que, em determinado 
momento, passou a questionar as formas de viver 
e de pensar.
Figura 1: Mapa da Grécia antiga. | Fonte: https://www.todamateria.
com.br/grecia-antiga/
Para entendermos a educação na Grécia antiga, é 
necessário que analisemos a forma como os his-
toriadores dividiram os períodos da história grega. 
3
• Período Pré-homérico (2000 – 1200 a.C – civili-
zação micênica): por volta do ano 2000 a.C., povos 
como Jônios, Eólios, Dórios, Aqueus e Corintos pas-
saram a ocupar, de forma gradativa as penínsulas 
gregas, principalmente sua região mais fértil, co-
nhecida como Peloponeso. Entre esses povos se 
predomina modelo social e político do patriarcado. 
Fique atento
Patriarcado é o modelo de organização social 
onde os homens mais velhos tomam as decisões 
políticas na sociedade, como a distribuição de 
terras entre as famílias.
A ocupação da região que formaria a Grécia por 
esses povos ocorreu de forma gradativa, sendo 
que os primeiros a chegar foram os aqueus, um 
povo belicoso que conquistou Creta e diversas 
regiões próximas ao Mediterrâneo. Os Jônios de-
ram origem à Atenas e os Dórios, últimos a che-
garem, conquistaram a região do Peloponeso, 
originando Esparta, uma pólis caracterizada pela 
militarização. De forma geral, eram agrupamen-
tos de pessoas que praticavam a agricultura, o 
pastoreio e realizavam trocas comerciais, prati-
cando religiões politeístas, que dariam origem a 
mitologia grega.
4
• Período Homérico (1200-800 a.C): é marcado pelos 
acontecimentos. e é marcado pelos acontecimen-
tos presentes nas obras do poeta Homero, Ilíada e 
Odisseia, nos quais as narrativas envolvendo acon-
tecimentos reais e mitológicos estão fortemente 
presentes. O ensino é voltado para valores como a 
virtude e o heroísmo.
• Período Arcaico (800-500 a.C): após os povos que 
ocuparam as planícies gregas se estabilizarem, iso-
lados por uma geografia marcada por montanhas, 
desenvolveram-se de forma autônoma e deram ori-
gem às pólis, nome pelo qual passaram a ser cha-
madas as cidades gregas que, apesar de terem a 
religião e o idioma em comum, adotaram formas de 
organização política e social bem distintas entre si, 
ou seja, praticavam a autarquia.
• Período Clássico (500-338 a.C): momento conside-
rado o apogeu da civilização grega, quando ocorreu 
a ocupação romana. Nesse período surge a Filosofia, 
assim como a Pedagogia e a democracia. Grandes 
pensadores como Sócrates, Platão e Aristóteles vi-
veram nesse tempo.
• Período Helenístico (séc. IV a.C - séc. 336 a.C): ca-
raterizado pela conquista da Grécia por macedônios 
e romanos, esse período é marcado pela propagação 
e fusão da cultura grega entre diversos povos do 
mundo conhecido, sendo levada para o Oriente e para 
a África, principalmente o Egito. Nesse momento, a 
5
Paideia se tornou Enciclopédia, ou seja, educação 
geral, abrangendo diversas áreas do conhecimento.
Da confluência desses povos, mais a influência cul-
tural advinda da ilha de Creta, uma antiga colônia 
fenícia, surgiu uma mitologia muito rica, na qual os 
deuses e deusas possuíam características e senti-
mentos comuns aos seres humanos, como amor, 
ódio, vingança, desejo sexual, entre tantos outros. 
Dessa forma, a sociedade grega, desde sua origem 
até o surgimento da Filosofia, por volta do ano VI a.C., 
se caracteriza por um pensamento voltado para há-
bitos e tradições religiosas e que eram transmitidos 
sem serem questionados.
A partir do século VI a.C., surgem, nas colônias gre-
gas da Jônia e da Magna Grécia, os filósofos pré-
socráticos, ou seja, que realizaram suas reflexões 
antes de Sócrates, o maior nome da filosofia grega. 
Esses primeiros filósofos ocupavam-se de questões 
relacionadas à origem do mundo, o cosmos e os 
elementos que formam a Natureza, percebendo que 
essa possuía leis que regulam seus ciclos. Nesse 
período, o pensamento teológico já começa a ser 
separado do racional, ou seja, as vontades e desejos 
dos deuses já não são mais vistos por todos como 
as causas de tudo o que acontecia no mundo. Entre 
esses primeiros filósofos, podemos destacar Tales 
de Mileto, Pitágoras, Demócrito e Xenófanes.
No entanto, foi no século V a.C. que houve uma gran-
de mudança na forma de pensar e refletir sobre o 
6
mundo e a humanidade. Essa transformação ocor-
reu, principalmente, por conta do pensamento de 
Sócrates (469-399 a.C.), quando a ideia de crítica e 
reflexão sobre nossas vidas e nossa sociedade foram 
feitas de forma intensa e inovadora. 
Sócrates viveu na cidade de Atenas, que, na época, 
se tratava de um grande centro de afluência cultural e 
financeira, estabelecendo conexões entre o Ocidente 
e o Oriente. Considerado por muitos como o homem 
mais sábio da Grécia, certa vez Sócrates foi ao 
Oráculo perguntar a esse respeito. Ao ouvir o Oráculo 
responder que ele realmente era o homem mais sá-
bio, Sócrates teria escrito na parede: “só sei que nada 
sei”, tendo sido essa a única vez que Sócrates escre-
veu algo a respeito de seus pensamentos. 
O método socrático de ensino é chamado de 
Maiêutica, sendo realizado por meio de diálogos, 
nos quais Sócrates apenas realizava perguntas aos 
seus discípulos, que deveriam trazer as resposta dos 
seus próprios pensamentos. Devido ao sucesso de 
seus discursos, esse grande filósofo atraía cada vez 
mais pessoas ao seu redor, pois ensinava em locais 
públicos, como praças e mercados. Acusado de cor-
romper a juventude, foi condenado a deixar Atenas, 
preferiu ficar e aceitar a pena de morte por envene-
namento, proferindo sua derradeira frase: “uma vida 
não examinada, não vale a pena ser vivida”. 
O período socrático contou com outros importantes 
filósofos, como seu grande discípulo Platão, que foi 
7
mestre de Aristóteles. No caso de Platão, ele foi res-
ponsável por registrar os diálogos e ensinamentos 
de Sócrates de forma escrita e lecionou por mais de 
40 anos em ginásios atenienses. Esse filósofo acre-
ditava na dualidade da existência, na qual a verdade 
estava no mundo das essências, que se trata de um 
mundo eterno e perfeito, de onde provém nossa alma 
e o mundo físico, assimilado por meio dos nossos 
sentidos, não contém o verdadeiro conhecimento. 
A partir desse pensamento, “aprender é lembrar”, 
uma vez que já nascemos com as formas e essên-
cias dentro de nós, pois carregamos experiências 
de outras existências que tivemos. O mundo físico, 
material, seria uma cópia imperfeita desse mundo 
das ideias, por isso Platão é considerado idealista. 
Contudo, o principal discípulo de Platão, Aristóteles, 
acreditava justamente o oposto, ou seja, que o co-
nhecimento se dava por meio de nossos sentidos, no 
mundo físico, a partir de observações e anotações. 
Aristóteles é considerado o criador da taxonomia que 
utilizamos até os dias atuais, realizando anotações 
de diversos animais, vegetais e minerais, tendo sido 
mestre de Alexandre da Macedônia que, ao retornar 
à Atenas, fundou uma escola que rivalizava com a 
de seu mestre.
Podcast 1 
8
https://famonline.instructure.com/files/33170/download?download_frd=1
O SURGIMENTODA 
PEDAGOGIA
Nesse universo repleto de transformações, surge a 
Paideia, que deu origem ao conceito de Pedagogia 
que possuímos atualmente, ou seja, a Pedagogia se 
relaciona, desde sua origem, com a Filosofia. Nesse 
mesmo momento histórico, foi criada a ideia de de-
mocracia, conceito de administração pública e polí-
tica existente até os dias atuais.
Fique atento
Democracia, termo que pode ser traduzido como 
“poder do povo”, ou “per político da maioria”, no 
conceito da Grécia antiga era diferente de como 
aplicamos atualmente. Em Atenas, berço da de-
mocracia, poucas pessoas participavam das de-
cisões políticas, apenas: homens, maiores de 20 
anos, nascidos em Atenas e filhos de atenienses, 
ou seja uma parcela pequena da população, pois 
eram excluídos os escravizados, as mulheres e 
os estrangeiros.
O paidagogo grego era o escravo que acompanhava 
as crianças e às levava até os locais de ensino, onde 
os pequenos aprendiam disciplinas como música, 
educação física, astrologia, ciências, matemática, 
entre outros. Essa nova forma de ensinar e ver o 
mundo dá origem a questionamentos acerca de quais 
9
conteúdos seriam os mais importantes e como de-
veriam ser trabalhados.
Figura 2: Cerâmica representando pedagogos, mestres e crianças 
em um local de ensino. | Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/
opombo/hfe/momentos/escola/paideia/conceitodepaideia.htm
Nesse primeiro momento de existência da Paideia, 
cabe destacar as propostas de ensino. Platão mere-
ce destaque por ser o primeiro a fundar uma escola 
pautada no pensamento filosófico socrático. No en-
tendimento desse filósofo, o processo de educação 
deveria ser feito por etapas, de forma que, até os 20 
anos de idade, as pessoas deveriam ser educadas 
da mesma maneira e haveria a separação dos que 
deveriam ser indicados aos serviços braçais, seriam 
os com “alma de bronze”. Em seguida, outra seleção 
seria feita e se distinguiriam os guerreiros, pessoas 
com “alma de prata”. Por fim, os que terminariam os 
estudos, chamados de “alma de ouro”, se tornariam 
filósofos.
10
Saiba mais
Para conhecer o pensamento de Platão, é inte-
ressante que sejam feitas as leituras de seus di-
álogos, que se tratavam de conversas entre esse 
importante filósofo e outras pessoas contempo-
râneas a ele. Esses diálogos abordam diversas 
áreas do conhecimento humano e são inspirados 
nos ensinamento de Sócrates e, o que é muito 
bom, estão publicados em português e uma das 
coleções mais completas foi lançada pela edito-
ra Edipro, no ano de 2007.
Essa divisão social na proposta da educação se re-
laciona às divisões de classes sociais existentes 
então, podendo ser observada a divisão do trabalho 
entre aqueles que são intelectuais e os que fazem o 
labor braçal. O direito ao ócio, que se tratava de um 
tempo livre para o exercício da política era reservado 
a poucos cidadãos, pois se tratava de um trabalho 
intelectual.
O discípulo de Platão, Aristóteles, também se tornou 
um grande educador de seu tempo e tem sua obra 
como uma das grandes referências do pensamento 
filosófico até os dias atuais. Esse grande pensador 
valorizou as experiências de observação e repetição 
como verdadeiros métodos para atingir o conheci-
mento. Seu pensamento, por estar sempre voltado à 
política, relaciona a formação do homem ao desen-
volvimento da ética, ou seja:
11
Diferentemente de Sócrates, que identificava prazer e 
virtude, Aristóteles enfatizava a ação da vontade, exer-
citada pela repetição, que conduz ao hábito da virtude. 
Daí ser a imitação o instrumento por excelência desse 
processo, segundo qual a criança se educa repetindo 
os hábitos de vida dos adultos, adquirindo hábitos que 
formam uma ‘segunda grandeza’. (ARANHA, 2000).
A partir do estudo deste tópico, pudemos perceber 
que, mesmo convivendo com valores tradicionais das 
sociedades mais antigas e mesmo contemporâneas 
a eles, os gregos passaram a estudar e refletir acerca 
de diversas áreas da vida social, política, cultural e 
educacional. O questionamento à ordem estabelecida 
pelo pensamento mitológico causou um impacto tão 
profundo na história da humanidade que o sentimos 
até os dias atuais. No momento em que surgiram a 
Filosofia e a Pedagogia, foram criadas muitas das 
ideias que buscamos colocar em prática nas escolas 
até os dias atuais, como, por exemplo, o estímulo ao 
desenvolvimento físico e intelectual.
No entanto, tendo em vista que as pólis gregas eram 
distintas em diversos aspectos, na educação também 
se diferiam delas. A cidade de Esparta, por exemplo, 
que se tratava de uma antiga colônia fundada pelos 
dórios, possuía acentuadas características milita-
res em seu modelo educacional. Até os 12 anos, o 
ensino era baseado na música, no canto e na dança 
12
coletiva e, conforme cresciam, iriam desenvolvendo 
habilidades físicas voltadas para a sobrevivência 
na guerra. As mulheres, diferentemente de Atenas, 
também praticavam essas atividades e, pelo fato 
de os homens estarem muitas vezes ocupados em 
treinamentos e campanhas militares, elas ocupavam 
importantes espaços na sociedade.
13
A EDUCAÇÃO NA 
ROMA ANTIGA
Quando você pensa na sociedade romana, o que vem 
à sua cabeça? Gladiadores lutando entre si e contra 
leões em arenas lotadas de espectadores? Pode 
ser que você se lembre de algum imperador ou de 
alguma guerra envolvendo os romanos. Alguns irão 
se lembrar das influências dos romanos em nossa 
sociedade, como o direito e o uso do latim como 
tronco linguístico em nosso idioma. Seja como for, 
provavelmente muitos irão encontrar alguma lem-
brança de Roma.
Durante o segundo milênio a.C., nas margens do rio 
Tibre, na região do Lácio, surgem conglomerados 
de pessoas e vilarejos que dão origem a diversas 
cidades. Entre esses povos, destacaram-se italiotas, 
latinos, sabinos e etruscos, falando idiomas dife-
rentes, sem possuírem práticas culturais homogê-
neas entre si.
Os historiadores costumam dividir a história da an-
tiguidade romana em três períodos:
• Monarquia (759 a 509 a.C.): marca o início da 
divisão social entre grupos que possuíam terras e 
riquezas, os patrícios e, por outro lado, os plebeus, 
trabalhadores, em sua maioria, camponeses. Roma, 
que havia surgido como uma cidadela cercada de 
14
barreiras protetoras, tornou-se um reino, no qual os 
últimos monarcas foram etruscos, o que mostra que 
esses conquistaram os povos latinos e italiotas, que 
buscavam evitar essas invasões.
• República (509 a 27 a.C.): durante o período re-
publicano, após deporem do trono o rei Etrusco, 
Tarquínio, o Soberbo, a classe patrícia assume to-
talmente o poder em Roma e monopoliza as ativi-
dades do Senado. Esse é o período de expansão de 
Roma, quando povos das diversas regiões do mundo 
são conquistados. 
• Império (27 a.C. a 476 d.C.): o período imperial 
marca a busca de estabilidade de Roma, Pax Romana, 
e o fim das guerras de conquista. A autoridade má-
xima se centrava na figura do imperador, que repre-
sentava a liderança militar, política e religiosa, o que 
não impediu as crises e crimes cometidos dentro 
do Senado romano.
Essa divisão facilita para que tenhamos uma dimen-
são da história da Roma antiga. A partir de suas ex-
pansões e conquistas, podemos destacar a enorme 
influência que Roma exerceu sobre outras culturas 
de seu tempo, assim como as culturas e costumes 
dos povos conquistados também passaram a fazer 
parte da sociedade romana. Os romanos chamavam 
de bárbaros todos aqueles que não pertenciam à sua 
sociedade, ou que não falassem seu idioma, o latim. 
15
Entre as influências que os povos conquistados exer-
ceram sobre Roma, vale destacar o Cristianismo, 
que surgiu no Oriente Médio, na Galileia. O cristia-
nismo foi proibido, posteriormente aceito e, por fim, 
se tornou religião oficial do Império Romano, essa 
trajetória foi trazendo diversas mudanças nos cos-
tumes romanos.
Nesse sentido, podemos estabelecer três momentos 
do pensamento religioso em Roma: primeiro, antes de 
conquistarem a Grécia,acreditavam em uma mitolo-
gia baseada nas religiões dos povos que chegaram à 
região, sendo politeístas e adorando deuses relacio-
nados à natureza e ao cotidiano. Após conquistar a 
Grécia, a sociedade romana sofreu grande influência 
da cultura grega e sua religião passou a ser pautada 
pelo pensamento religiosos dos gregos. Por último, 
temos a fase cristã da religião romana.
Podcast 2 
16
https://famonline.instructure.com/files/33171/download?download_frd=1
EDUCAÇÃO
No que diz respeito a sua Pedagogia, os romanos 
sofreram grande influência dos gregos, buscando 
uma ampla formação do ser humano, estimulando 
a formação do homem integral, desenvolvendo seu 
intelecto e suas habilidades físicas. Disciplinas como 
oratória e retórica continuaram sendo fundamentais, 
assim como o preparo para o exercício da política e 
práticas militares.
Fique atento
Oratória e retórica eram disciplinas consideradas 
indispensáveis para a formação integral do ser 
humano, desde o surgimento da pedagogia gre-
ga. Saber expressar suas ideias de forma clara e 
compreensível, ou seja, ser bom orador, contendo 
bons argumentos para justificar suas ideias, pos-
suindo dessa forma boa retórica, eram ferramen-
tas fundamentais nos debates acerca da política 
e de diversas outras áreas do conhecimento.
Tendo em vista que se tratava de uma sociedade com 
nítidas divisões e pautada pelo trabalho escravo, a 
educação não era acessível a todas as pessoas, sen-
do direcionada à classe dos patrícios e grandes se-
nhores de terras. No entanto, assim como na Grécia, 
a escravidão romana não era baseada em questões 
raciais mas, sim, por conquista e escravização de 
povos vencidos em guerras ou de pessoas que pos-
17
suíam dívidas. Sendo assim, muitos escravizados 
em Roma exerceram importantes atividades sociais, 
como professores, músicos, atores, arquitetos, en-
tre outros.
A educação romana, conhecida como humanitas, 
possui como principal característica a formação in-
tegral do ser humano, que deveria saber argumentar 
e se expressar sobre seus conhecimentos e pontos 
de vista. Essa característica da formação integral 
do ser humano está ligada à expansão romana e ao 
contato com diversas culturas e áreas do conheci-
mento. Também podemos considerá-la como uma 
educação cosmopolita, ou seja, voltada ao mundo 
urbano, das cidades, o que se trata de uma marca 
das construções romanas. O conceito de cidadão 
também surge nesse momento e se refere às pes-
soas que nasciam e eram educadas nas cidades, 
aprendendo as leis, direitos e deveres do convívio 
em sociedade.
Por ser uma sociedade guerreira, a educação mili-
tar também era comum em Roma, assim como o 
ensino de história por meio dos heróis romanos e 
suas glórias. Os jovens aprendiam técnicas de lutas 
e esportes já no seio familiar, assim como visitavam 
galerias contendo exposições de esculturas e pintu-
ras que representavam os heróis romanos.
Grandes educadores desenvolveram importantes 
teorias em Roma, podemos destacar alguns deles. 
Para Cícero, que viveu entre os séculos II e I a.C.:
18
A educação integral do orador requer cultural geral, 
formação jurídica, aprendizagem de argumentação fi-
losófica, bem como o desenvolvimento de habilidades 
literárias e até teatrais, igualmente importantes para o 
exercício da persuasão. (ARANHA, 1996, p.63).
Figura 3: Escultura de Cícero por Karl Sterrer, no Parlamento Austríaco. 
| Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%ADcero
19
Percebemos assim que, entre as pessoas que pensa-
vam sobre a educação na sociedade romana, havia a 
ideia de que o ser humano deveria ser formado para 
exercer suas atividades de cidadania, sendo conhe-
cedor de diversos assuntos e hábil retórico. No en-
tanto, nem todos os educadores romanos possuíam 
a mesma ideia em relação ao processo pedagógico. 
Sêneca (4 a.C.-65 d.C.), por exemplo, acreditava mui-
to mais na formação moral e livre de vícios do que 
na formação retórica, modelo no qual o ser humano 
deveria aprender a controlar seus impulsos e paixões. 
Sêneca lançou mão de psicologia para analisar as 
especificidades de cada ser humano.
Outro grande pedagogo romano foi Quintiliano, que 
viveu entre os anos 35 e 95 da era cristã. Ao analisar-
mos as ideias desse pensador, podemos perceber a 
existência de várias características de modelos edu-
cacionais contemporâneos que buscam inovações 
no campo pedagógico. Entre essas características, 
podemos destacar: a necessidade do brincar na edu-
cação infantil e a valorização de atividades feitas 
em grupos. Quintiliano, assim como Sêneca, enten-
dia que o conhecimento das individualidades é de 
fundamental importância no processo pedagógico.
Ele foi muito influenciado pelo pensamento de 
Aristóteles e enciclopédico, por isso valorizava o es-
tudo por meio de observações, análises, catalogação 
e discussões teóricas acerca do conteúdo estudado. 
Além disso, via os exercícios físicos como fundamen-
tais para a formação integral do ser humano e, no 
20
que diz respeito ao aprendizado gramatical, lançava 
mão de leituras de autores muito importantes para 
a formação cultural e moral greco-romana, como 
Homero e Virgílio.
Quando pensamos nos modelos pedagógicos de 
nossa sociedade, podemos identificar diversas ca-
racterísticas e influências do pensamento romano, 
como a formação integral do ser humano e sua parti-
cipação ativa na vida social, exercendo seus direitos 
e deveres. Nessa formação integral, as artes, como 
música, teatro e a dança possuíam papel fundamen-
tal, algo que infelizmente parece estar se perdendo 
em nossa sociedade.
21
IDADE MÉDIA
Após a invasão de povos nórdicos e germânicos pro-
vindos do Leste da Europa, o Império Romano do 
Ocidente, entre os séculos III e V iniciou seu declínio. 
Com a ocupação dos centros urbanos, os habitantes 
das cidades romanas buscaram refúgio no campo, 
local onde os mais ricos possuíam propriedades 
chamadas de vilas romanas. A mistura de elemen-
tos culturais romanos e de povos como alamanos, 
visigodos, ostrogodos, vikings, burgúndios, francos, 
entre outros, deu origem a uma civilização que, mes-
mo sendo distinta em diversas localidades, possuía 
características em comum.
Fique atento
Esses povos eram originários do Leste europeu, 
principalmente da região germânica, e traziam 
consigo uma cultura guerreira, onde os líderes po-
líticos também eram pessoas com destaque em 
campos de batalha. As relações entre os mem-
bros dessas sociedades eram feitas por meio de 
juramentos de fidelidade entre guerreiros. Com 
a pressão exercida pelos hunos, a Leste, os po-
vos germanos foram empurrados para o Oeste, 
onde aos poucos foram adentrando a sociedade 
romana.
22
Figura 4: Invasões de povos “bárbaros” a Roma. | Fonte: http://www.
culturabrasil.org/os_vandalos_atacam.htm
De forma geral, a sociedade medieval preservou o 
cristianismo provindo do Império Romano, assim 
como o sistema de colonato, quando pessoas sem 
propriedades passaram a trabalhar nas vilas roma-
nas em troca de alimento e de proteção. Dos povos 
provindos do Leste, permaneceu o direito consuetudi-
nário, ou seja, prevaleciam as tradições de cada povo, 
em detrimento da lei escrita, exercida em Roma. O 
juramento de fidelidade, que daria origem ao contrato 
de soberania e vassalagem entre senhores feudais, 
também era originário dos povos que adentraram as 
fronteiras do Império Romano.
A delimitação do período chamado de Idade Média 
também é bastante controversa, mas seu final ge-
23
ralmente é atribuído ao momento em que os turcos 
invadem Constantinopla, capital do Império Romano 
do Oriente, no ano de 1453, ou seja, durou mais de 
mil anos. Esse período não ocorreu de forma ho-
mogênea, de maneira que até o século VII, os povos 
invasores foram se estabilizando e dando origem a 
pequenos reinos. Até o Século XI, o período é cha-
mado de Alta Idade Média, quando o sistema de feu-
dalismo chega ao seu apogeu e grandes senhores 
feudais dominam as relações políticas, jurídicas e 
econômicasde suas localidades. 
A partir do século XII, o modelo medieval começa a 
entrar em declínio, vão surgindo novas cidades e o 
mundo urbano começa a renascer, assim como as 
trocas comerciais, por meio da abertura de novas 
rotas de comércio. Com a invenção da imprensa e 
o surgimento das primeiras universidades, a men-
talidade, até então pautada por questões religiosas, 
ganha novas formas e passa a ser influenciada por 
questões relativas ao comércio e ao uso da razão. 
Em seus costumes, a sociedade medieval era perme-
ada pelo pensamento cristão. A Igreja Católica era a 
instituição social mais poderosa da Idade Média e 
chegou a possuir 60% das terras do continente euro-
peu. Isso ocorria pela venda de indulgências (perdão 
divino) e do dízimo obrigatório. Os membros do alto 
clero figuravam entre os maiores senhores feudais 
do período, além de condes, duques e marqueses.
24
Dessa forma, tratava-se de uma sociedade com uma 
divisão social bem marcante, o que se legitimava pela 
palavra sagrada, na qual havia uma hierarquia entre 
Deus, Jesus, o Espírito, anjos, santos, ou seja, essa 
hierarquia deveria se manter no mundo terrestre. 
Assim, a sociedade se dividia da seguinte forma:
• Clero: membros da Igreja Católica, responsáveis 
pelo pensamento religioso daquela sociedade. Era 
dividido em alto clero (Papa, bispos, abades) e baixo 
clero (padres, freis, capelães).
• Nobres: donos de grandes porções de terras; divi-
diam-se em marqueses (responsáveis por administrar 
as marcas, ou fronteiras), duques (líderes dos exérci-
tos e campanhas militares) e condes (responsáveis 
por fazer valer os decretos reais).
• Servos: representavam a maioria esmagadora da 
população; durante muito tempo não podiam ser 
proprietários de terras, sempre tendo que viver nas 
terras dos senhores feudais, ou em pequenos lotes 
doados por esses, em troca de alimento e proteção. 
Pagavam diversos tributos e impostos, como: dízimo 
obrigatório, corveia (trabalho compulsório obrigatório 
prestado ao seu senhor), banalidade (pagamento 
pelo uso dos equipamentos do senhor), mão morta 
(imposto pago para permanecer nas terras dos se-
nhores quando o pai da família dos servos falecia), 
entre outras obrigações.
Podcast 3 
25
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EDUCAÇÃO NA 
IDADE MÉDIA
Compreender a educação na sociedade medieval é 
uma tarefa que está diretamente vinculada ao en-
tendimento da ação do pensamento cristão do pe-
ríodo, pautado pelas ações da Igreja Católica e pela 
sua busca de monopólio cultural. Vejamos o que diz 
Hilário Franco Júnior sobre essa questão, quando 
se refere principalmente aos primeiros séculos da 
era medieval:
Havia um monopólio da cultura intelectual por parte 
da Igreja. A educação era feita de clérigos para clé-
rigos, devido às necessidades do culto. Nas escolas 
catedralícia e, sobretudo, monásticas, praticamente as 
únicas existentes, ensinavam as chamadas sete artes 
liberais, as únicas dignas de homens livres, por oposição 
à arte mecânica, isso é, manuais, própria de escravos. 
(FRANCO JÚNIOR, 2001, p. 105).
As sete artes liberais estudadas nesse modelo de 
ensino eram: gramática, retórica, dialética, aritméti-
ca, geometria, astronomia e música. Daí podemos 
pensar que, para desenvolver conhecimentos em 
todos esses saberes, se fazia necessário o estudo de 
diversas áreas do conhecimento, tanto das ciências 
naturais, quanto das exatas e das humanas.
26
O pensador que exerceu maior influência sobre a 
educação medieval foi Santo Agostinho, que pos-
suía como nome de batismo Agostinho de Hipona e 
viveu entre os anos de 354 e 430. Em um momento 
no qual se fundiam os pensamentos filosóficos e 
educacionais de Grécia e Roma ao modelo cosmo-
lógico cristão, esses primeiros filósofos da Idade 
Média buscaram adaptar o pensamento de Platão 
ao cristianismo, fundando a escola Patrística. Dessa 
forma, em consonância com o pensamento platôni-
co, aprender é lembrar, pois as essências eternas e 
imutáveis já estão em nossa alma, que também é 
eterna, ou seja:
O saber, portanto, não é transmitido pelo mestre a alu-
no, já que a posse da verdade não é uma experiência 
que vem do interior, mas de dentro de cada um. Isso é 
possível porque ‘Cristo habita no homem interior’. Toda 
educação é, de certa forma, uma autoeducação, possi-
bilitada pela iluminação divina. (ARANHA, 2000, p.72).
O monopólio da Igreja sobre conhecimento se es-
tende por séculos durante a Idade Média, o que não 
impediu que seus membros se interessassem por 
outras obras além das sagradas escrituras. Durante 
os séculos V, VI e VII, os chamados enciclopedistas 
se debruçam sobre obras que envolvem as artes e as 
ciências do mundo antigo, inclusive o pensamento de 
Aristóteles e outros filósofos gregos, que vão sendo 
adaptados ao pensamento cristão medieval.
27
No entanto, no período conhecido como Baixa Idade 
Média, o estudo das sagradas escrituras vai cada vez 
mais dividindo espaço com os estudos sobre lógi-
ca, que inclusive servem para argumentar os ideais 
religiosos. Ao tentarem apoiar a fé na razão, muitos 
acabam por desviar a interpretação da Bíblia daquela 
realizada pela Igreja e as argumentações baseadas 
na lógica aristotélica vão abrindo caminho para o sur-
gimento das primeiras universidades, locais onde se 
amplia o conhecimento além das sete artes liberais.
Nesse momento de declínio da sociedade medieval, 
surgem novas formas de viver e de conhecimento. 
Com a revolução agrícola, novos instrumentos e téc-
nicas de plantio, como o arado e os campos rotativos, 
proporcionam um excedente de produção e os gêne-
ros passam a ser trocados entre os feudos. Dessa 
forma, vão surgindo rotas de comércios e feiras. Ao 
redor dos castelos, surgem os burgos, bairros de 
comerciantes e artesãos que oferecem uma vida 
distinta daquela existente no campo, sob domínio 
dos senhores feudais.
Essa nova classe social, a dos burgueses, se interes-
sa por uma educação voltada às práticas de ofícios 
como a carpintaria, a sapataria e o comércio:
28
De início, os burgueses frequentavam as escolas mona-
cais e catedrais, mas logo procuraram uma educação 
que atenda aos objetivos da vida prática. Por volta do 
século XII surgem pequenas escolas nas cidades mais 
importantes, com professores leigos nomeados pela 
autoridade municipal (...) são enfatizadas noções de 
história, geografia e ciências naturais, que constituíam 
de fato as artes reais. (ARANHA, 2000, p. 77).
Com essas mudanças, surgem as Corporações de 
Ofício, locais onde os mestres ensinavam profissões 
aos jovens aprendizes, que em troca trabalhavam 
sem remuneração. Esses locais de ensino eram sim-
ples, muitas vezes a própria oficina dos mestres, e 
o ensino era feito na prática, atendendo aos seus 
clientes. 
Sendo assim, podemos perceber que, por ser um 
período tão longo e heterogêneo, a educação e as 
formas de conhecimento, de maneira geral, sofreram 
diversas transformações durante a Idade Média. A 
presença do pensamento religioso exerceu monopó-
lio sobre o ensino, mas sempre houve a presença do 
pensamento filosófico, em maior ou menor medida. 
Quando surgiram outras necessidades, provindas de 
um novo modelo social, a educação acompanhou 
essas mudanças e passou a desempenhar um novo 
papel na sociedade medieval.
29
RENASCIMENTO
Após o predomínio do pensamento e da organização 
social medieval durante muitos séculos, o mundo 
Ocidental iniciou um processo de intensas mudanças 
que perpassaram os campos da arte, política, cultura, 
religião e da economia. Conforme vimos no tópico 
anterior, o surgimento de novas rotas de comércio 
e de bairros de comerciantes nas proximidades dos 
muros dos castelos medievais deram origem a novas 
formas de trabalho e sociabilidade, agora em um 
mundo cada vez mais urbano. 
O Renascimento ocorreu durante o período da Idade 
Moderna (1453-1789), logo após a Idade Média. No 
campo político, a principal mudança foi a centraliza-
ção do poder na pessoado monarca, ou seja, os reis 
se tornaram muito poderosos em diversos locais da 
Europa, como França, Espanha, Inglaterra e Portugal. 
No entanto, esse fortalecimento do poder real não 
correu em todas as regiões: na Península Itálica, ha-
via diversas cidades economicamente poderosas, 
autônomas e independentes entre si. Também pode-
mos citar a Alemanha, que não era um país unificado, 
pois se tratava de uma região com pequenos reinos, 
igualmente independentes politicamente. Além disso, 
durante a Idade Moderna, também surgiram teorias 
que combateram o poder absoluto dos reis, que se 
tratam do Iluminismo e do Liberalismo.
30
No que diz respeito à organização social e econô-
mica, ocorreram mudanças muito marcantes, pois 
a vida de servidão no campo poderia ser substituída 
pela vida nas cidades, onde se aprenderia um ofício 
para exercer alguma profissão remunerada. O poder 
do senhor feudal perdia forças, pois, mesmo muitos 
impostos sendo cobrados dos habitantes das cida-
des, esses estavam cada vez mais livres em suas 
individualidades. O nascimento da burguesia como 
classe em ascensão econômica traria enormes im-
pactos. Eram comerciantes que surgiram nos burgos, 
conseguiram poder econômico e, com o passar do 
tempo, também conquistaram o poder político.
Em relação à cultura, o pensamento religioso passou 
a ser questionado por meio do uso da razão, quando 
surge a ciência moderna. Os elementos da Natureza 
e do Cosmos passaram a ser cada vez mais estuda-
dos e debatidos, assim como a existência humana 
na Terra, inclusive prevendo a satisfação de dese-
jos individuais, o hedonismo. Muitas descobertas 
científicas ocorreram nesse período e os campos 
da medicina, astronomia, matemática e tantas ou-
tras ciências passaram por um grande processo de 
desenvolvimento. Além dessa questão, ocorreu a 
Reforma Protestante, momento no qual a cristandade 
sofre um grande abalo, pois dentro da própria Igreja 
surgiram movimentos que contestavam seus costu-
mes, com fortes críticas à venda de indulgências, ou 
seja, do perdão divino.
31
Figura 5: Galileu Galilei, por Justus Sustermans, 1636. | Fonte: https://
pt.wikipedia.org/wiki/Galileu_Galilei
Com tantas mudanças ocorrendo no mundo 
Ocidental, a educação não poderia ficar de fora e 
muitas foram as transformações no pensamento 
pedagógico. Por isso, não podemos deixar de pensar 
que a educação é formadora de qualquer modelo 
social, sendo também parte desse modelo.
32
De forma geral, todo esse movimento de mudanças, 
que iria culminar com a Revolução Francesa, pode 
ser denominado como Renascimento, ou Renascença. 
Esse nome faz alusão ao resgate do pensamento 
clássico, greco-romano, que traria a “luz” do conhe-
cimento em oposição às “trevas”; o período medieval 
e essa influência deu o tom às discussões em torno 
das formas de organização social e manifestações 
artísticas. O humanismo, ou seja, o ser humano como 
centro do conhecimento e responsável por sua exis-
tência, substituiu o teocentrismo medieval, quando a 
religião determinava as formas de agir e de pensar.
Essa forma de promover um “renascimento” na socie-
dade trouxe diversas mudanças no campo pedagó-
gico, pois as necessidades do cotidiano agora eram 
outras. Ao invés de arar a terra e realizar o plantio, 
agora os cálculos relacionados à economia e ao 
exercício de diversas profissões é que passaram a 
ditar o ritmo da produção e a transmissão de novos 
conhecimentos.
Dessa forma, podemos perceber que, sob a influên-
cia de pensadores como John Locke (1632-1704), 
o campo das ciências naturais e estudos do meio 
material tomavam espaço do ensino estritamente 
religioso. Entre os burgueses e, posteriormente, para 
os capitalistas da Revolução Industrial, era mais in-
teressante o cálculo de juros e de lucros do que o 
aprendizado das sagradas escrituras. Nesse período, 
também surge uma nova ideia de família e de infân-
cia, assim como ocorre o nascimento do colégio, tal 
33
qual conhecemos hoje. No entanto, essas mudanças 
não atingiam todos os setores sociais, pois os nobres 
permaneciam valorizando o ensino de normas de 
etiquetas e formas de comportamento. Os setores 
mais populares, como servos e muitos trabalhadores 
livres, não eram contemplados com o ensino dos 
colégios, reservado aos filhos dos comerciantes.
No entanto, o ensino, por ser liberal, não deixava de 
ser autoritário e rigoroso:
A fim de proteger as crianças de ‘más influências’ é 
proposta uma hierarquia diferente, submetendo-as a 
severa disciplina, inclusive a castigos corporais. A meta 
da escola não se restringe à transmissão de conheci-
mentos, mas à formação moral. (ARANHA, 2000).
No entanto, mesmo com o apelo para a formação 
moral das pessoas, isso não quer dizer que o ensino 
religioso esteve sempre presente. Nesse período, 
proliferam inúmeras escolas leigas, ou seja, sem a 
interferência religiosa no ensino. Essa mudança iria 
se concretizar, inclusive na política, com a Revolução 
Francesa e com o surgimento do Estado laico. Sendo 
assim, a partir do pensamento de educadores como 
Vitorino da Feltre, ocorre a formação integral do ser 
humano, sendo este a própria causa e razão do co-
nhecimento, dando margem para o surgimento de 
centros de ensino leigos.
34
As mudanças no campo religioso também contribuí-
ram para intensas investidas de protestantes e cató-
licos em instituições de ensino com o propósito de 
propagar suas crenças e seus valores na formação 
dos seres humanos. Os reformadores protestantes 
utilizaram as escolas para propagar seus ideais e o 
principal nome da Reforma Protestante, Martinho 
Lutero (1483-1546), defendia o ensino universal e 
público, mesmo que houvesse uma tendência elitista 
em seu pensamento, ou seja, os mais pobres teriam 
um ensino mais básico e elementar. 
É importante ressaltar que, no século XV, Gutemberg 
havia desenvolvido um método de imprensa base-
ado em xilogravuras chinesas, o que possibilitou a 
impressão de livros, folhetos, panfletos e demais 
formas com os mais diversos conteúdos. Com isso, 
a palavra escrita ganhou importância fundamental 
no processo de propagação de opinião e na relação 
ensino-aprendizagem. Martinho Lutero, por exemplo, 
imprimiu diversos exemplares da Bíblia em alemão 
e distribuiu aos fiéis, o que era considerado uma he-
resia pela Igreja Católica.
A reação dos católicos foi imediata, tendo como uma 
de suas principais características a construção de 
escolas em regiões colonizadas por países europeus. 
Durante o Concílio de Trento, organizado pela Igreja 
Católica e ocorrido na Itália entre os anos de 1545 
e 1563, foras decididas diversas medidas que deve-
riam ser tomadas para reafirmar os valores cristãos 
católicos, por exemplo, o reconhecimento do Papa 
35
como autoridade máxima da Igreja e o Index, lista 
de leituras proibidas.
Contudo, os colégios fundados por padres católicos 
em regiões colonizadas talvez tenham constituído 
o maior esforço da Contrarreforma católica, pois 
padres missionários partiam para regiões muito dis-
tantes da Europa, que estavam no início do processo 
de colonização. Ou seja, trata-se de uma tentativa de 
converter o maior número de almas antes que algum 
país protestante chegasse à região, por exemplo. 
No entanto, esse processo de aculturamento dos 
povos conquistados não ocorreu de forma pacífica, 
pois os europeus impunham sua fé, seus valores e 
costumes a povos que já possuíam seus valores e 
suas culturas. 
Durante essa empreitada, que se inseriu no contexto 
das Grandes Navegações, os europeus chegaram 
ao continente americano, atingindo a costa brasi-
leira. Os responsáveis por inserir a fé católica fo-
ram os padres da Companhia de Jesus, tendo como 
pioneiros: Manuel da Nóbrega, José de Anchieta e 
Azpilcuelta Navarro, encarregados de cristianizar a 
grande colônia portuguesa. Esse tema será abordado 
futuramente.
Já no século seguinte à chegada dos portugueses 
ao Brasil, influenciados pelos ideais iluministas e 
liberais, teóricos comoVoltaire (1694-1778), Barão de 
Montesquieu (1689-1755) e Jean Jaques Rousseau 
(1712-1778), trouxeram importantes contribuições 
36
para o pensamento político, que iriam influenciar 
acontecimentos importantes nas mais diversas 
partes do mundo. Por serem opostos à monarquia, 
pincipalmente ao modelo absolutista, trouxeram 
ideias de divisão dos poderes (Executivo, Legislativo 
e Judiciário) e a participação popular nas decisões 
que guiariam o Estado.
Em relação à educação, Rousseau merece destaque, 
principalmente devido a sua obra Emílio, na qual o 
autor conta a história de uma criança que é criada e 
educada em um local sem contato com outros se-
res humanos. 
Percebemos que o movimento renascentista, ocorri-
do durante a Era Moderna, teve influência dos ideais 
iluministas e liberais, que trouxeram diversas mu-
danças nas estruturas sociais, econômicas e cultu-
rais. O resgate do pensamento greco-romano trouxe 
ideias relacionadas ao estudo da natureza e ao uso 
da razão, colocando em xeque os ideais puramente 
religiosos presentes nas formas de ensino do perí-
odo medieval.
37
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
Você acaba de ver Grécia Antiga, Roma Antiga e 
Idade Média.
A história da Grécia Antiga está dividida em qua-
tro períodos: Pré-Homérico, Homérico, Arcaico e 
Clássico. Nessas etapas, há o momento de ques-
tionamento social e cultural, bem como questiona-
mentos sobre os modelos tradicionais de ensino e 
de conhecimento. Nos séculos VI e V a.C, surgem, 
em Atenas, a Filosofia e a Pedagogia. O pensamento 
mitológico sofre abalo, surge a Paideia, que é a for-
mação integral do ser humano, físico, espírito e men-
te. Nesse mesmo período na Grécia Antiga, surgem 
também as atividades físicas, teatro, música, retórica, 
oratória, línguas, entre outras áreas do conhecimento. 
Na Roma Antiga a educação romana, conhecida 
como humanitas, possui como principal caracterís-
tica a formação integral do ser humano, que deveria 
saber argumentar e se expressar sobre seus conhe-
cimentos e pontos de vista. A educação era voltada 
para a vida em cidades, exercício da cidadania e es-
tudos jurídicos, além da educação militar e exaltação 
da história por meio da vida de heróis.
38
Já na Idade Média você viu que havia o predomí-
nio da mentalidade cristã, representada pela Igreja 
Católica, a filosofia a serviço da fé, a permanência 
dos pensamentos de Platão e Aristóteles e o enciclo-
pedismo medieval. Vimos também o surgimento das 
escolas catedráticas, das universidades medievais e 
a educação patrística, que é a conversão de povos 
pagãos que invadiram Roma. 
39
Parabéns! Chegamos ao final do segundo tópico 
do nosso curso. 
��������
• Momento de questiona-
mento social e cultural.
• Modelos tradicionais de 
ensino e de conhecimento 
passam a ser questionados
• Séculos VI e V a.C., surgem, 
em Atenas, a Filosofia e a 
Pedagogia.
•Esparta: educação 
militarizada.
• Pensamento mitológico sofre abalo
• Paideia: formação integral do ser 
humano, físico, espírito e mente.
• Atividades físicas, teatro, música, 
retórica, oratória, línguas, entre 
outras áreas do conhecimento.
Roma 
Antiga
• Influenciados pelo 
modelo grego da Paideia
• Humanitas: formação 
completa do ser humano
• Educação voltada para a 
vida em cidades
• Saber argumentar e se 
expressar
• Exercício da cidadania e 
estudos jurídicos
• Educação militar e 
exaltação da história por 
meio da vida de heróis.
• Predomínio da mentali-
dade cristã, representada 
pela Igreja Católica.
• Filosofia a serviço da Fé.
• Permanência dos pensa-
mentos de Platão e 
Aristóteles
• Enciclopedismo medieval
• Escolas catedráticas
• Escolástica: Baixa Idade Média
• Surgimento das universidades 
medievais
• Educação Patrística:con-
versão de povos pagãos 
que invadiram Roma
Idade
Média
Grécia 
Antiga
Síntese
Referências
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao 
Feudalismo. São Paulo: Editora Unesp, 2016.
ARANHA, Maria Lúcia Arruda. História da Educação 
e da Pedagogia. São Paulo: Moderna, 2006.
________. História da Educação. 2 ed. São Paulo: 
Editora Moderna, 2000.
FARIA FILHO. Luciano Mendes de. Pensadores so-
ciais e História da Educação. 3ed. Belo Horizonte: 
Autêntica Editora, 2011.
FRANCO JR, Hilário. Idade Média. Nascimento do 
Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006.
HILSDORF, Maria Lucia S. História da Educação: lei-
turas. São Paulo: Cengage Lerning, 2003.
MORAIS, Christianni C., PORTES, Écio A., ARRUDA, 
Maria Ap. (orgs.). História da Educação: ensino e 
pesquisa. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2006.
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