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Transtornos psicóticos 1 Transtornos psicóticos Status Psiquiatria Assign Introdução A psicose é um transtorno mental grave que atinge globalmente a personalidade do doente. A psicose ataca, destrói ou perturba profundamente toda a estrutura subjetiva do indivíduo, não alterando apenas aspectos da personalidade, mas sim ela como um todo. As principais características dos transtornos psicóticos são: Alta gravidade da sintomatologia Por tomar toda a subjetividade do paciente, a pessoa perde a consciencia da morbidade (não sabe oq esta acontecendo) Perturbação profunda da relação do sujeito com a realidade partilhada (dificuldade de separar a produção imaginaria/fantasia da realidade, a pessoa acredita nas coisas que esta vendo ou ouvindo, estando portanto delirando) A vivencia subjetiva imaginária é vivida como real Pode ser classificado (cid-10): Quanto sua evolução: agudo ou cronico Quando sua etiologia: organico, afetivo e etc Quanto sua natureza: esquizofrenica, depressiva e etc. CID 11 Transtornos psicóticos primários (6) Esquizofrenia Transtornos psicóticos 2 Transtorno esquizoafetivo Transtorno esquizotípico Transtorno delirante Transtorno psicótico agudo e transitório Outro transtorno psicótico primário Existem tbm quadros psicóticos secundários Transtornos psicóticos induzidos por substancias Síndromes psicóticas secundários a quadros organicos Formas agudas e transitórias vs formas graves e persistentes A primeira abaordagem que devemos ter com um pacientes com um comportamento estranhos, desorganizado, com pensamento perturbado, alucinações, é diferenciar se aquele é uma forma aguda transitório ou em um quadro grave persistente. Quando estamos diante de um primeiro surto psicótico, medicamos com antipsicóticos o paciente e esperamos algum tempo para avaliar sua evolução. Se este episódio ocorreu uma única vez e não ressurgiu até o momento da nossa observação, fala-se de um transtorno psicótico agudo e transitório. Ja se o quadro se repetir e não melhorar ou melhorar parcialmente, será um quadro grave e persistente e nesse caso pode tornar duas formas diferentes: esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo (quadro persistente mas menos grave) ou paranoia (transtorno delirante persistente). Sintomas ou fenomenos elementares da psicose Delírios: Juízos críticos e erroneos da realidade. Emite opiniões e pensa fora do contexto, distorcidos. Transtornos psicóticos 3 Alucinações: Auditivas ou verbais (vozes). É importante saber que as vozes ou alucinações verbais ou auditivas, ocorrem também em outros quadros psiquiátricos (principalmente nos delirium por abuso ou abstinencia de substancias psicoafetivas). Portanto, deve-se verificar se as vozes relatadas por um paciente são sintomas inespecificos ou se são realmente um fenomeno elementar, típico das psicoses. Essas vozes podem ser de diversos tipos, podem dizer aos pacientes coisas injuriosas ou hostis. Podem fazer comentário do comportamento do paciente, geralmente com ironia e malignidade. Existem vozes que dialogam entre si a respeito do paciente. Podem dar ordens, denominadas de vozes imperativas. O paciente pode escutar as vozes dentro ou fora da sua cabeça e elas perturbam profundamente o paciente, interferindo no som, concentração, atençao e etc Nota: Passada a crise, as vozes mtas vezes desaparecem, mas mesmo assim o paciente lembra-se delas como algo que realmente escutou. Nos outros casos, o paciente continua a escutar as vozes, mas encontra formas de conviver com elas (deixa elas falando sozinha) Alterações da consciencia eu: Conhecidas como vivencias de influencia, ou seja, o paciente se sente influenciado por uma força externa. Como se o corpo ou mente estivesse sendo manipulada, alterada por uma força externa. O paciente perde a capacidade de agencia, de ser dono de si. Nota: Delirium x Delírio O delirium é uma forma de quadro psiquiátrico organico, por exemplo um paciente torporoso com alucinações. É um quadro agudo, uma das condições mais comuns em idosos nas emergências e sinaliza que o cérebro do idoso pode estar sendo agredido por causa de algum quadro de saúde. Entre as características estão a queda do nível de atenção, confusão mental, desorientação. Geralmente está associado a infecções, desidratações e medicamentos. Deve-se distinguir: delírio primário ou verdadeiro de secundário ou ideia deliróides. As ideias deliróides são secundárias a uma outra alteração. Por exemplo: Paciente deprimido que acha que é culpado pela pandemia —> é um delírio (juizo errado da realidade) secundario a um quadro de depressão. Apenas os delírios primários são característicos das psicoses. Os delírios secundários ou ideias deliróides podem ser encontrados em diferentes tipos de Transtornos psicóticos 4 transtornos psíquicos (depressão, mania, uso de drogas, quadros organicos, transtornos bipolares) Delírios mais comuns Nota: Alucinação é diferente de pseudo-alucinação (que ocorre por luto por ex) Transtorno psicótico agudo e transitório Possui inicio abrupto e muitas vezes associado a um fator estressor. Geralmente o paciente nunca tinha tido alteração do comportamento e de repente faz um episódio agudo. Evolução rápida, dentro de 2 semanas Mudanças rápidas de sintomas, em natureza e intensidade e também recuperação rápida (nomadismo 3 meses), sem sintomas residuais O quadro é polimórfico, mto florido ou seja, com sintomatologia exuberante e instavel (paciente pode melhorar, piorar, remissão e exacerbação de sintomas), com delírios, alucinações, desorganização do pensamento, mtas vezes o paciente Transtornos psicóticos 5 se encontra perplexo e confuso diante da profusão de sintomas psicóticos que está vivenciando. Lembrar que isso tudo começa de repente, com pouco tempo de duração entre o início do primeiro sintoma e o desencadeamento mto grande de profusão dos sintomas. Podem ocorrer sintomas de humor (afeto exalado, agressividade, irritabilidade, depressão) ou esquizofrenicos, mas que não chegam a preencher critérios para diagnóstico de nenhum deles. Ausência de sintomas negativos Tratamento: Antipsicóticos típicos ou atípicos (podem ser associados a outros farmacos). Devem tratar o paciente de 6 meses a 1 anos após a remissão dos sintomas Esquizofrenia É uma psicose que atinge gravemente o jovem ou adulto jovem, clinicamente caracterizada por sinais de desorganização mental, de discordancia afetiva e de atividade delirante, levando gradualmente a uma ruptura de contato com o mundo exterior. Henry EY: Transformação profunda e progressiva da personalidade, que cessa de construir seu mundo em comunicação com o outro, para se perder num comporamento autístico, quer dizer, em um caos imaginário. Etiologia Até hoje não sabemos se os quadros clínicos são resultados de uma ou mais causas. É possivelmente multifatorial. O modelo vulnerabilidade x estresse é atualmente o mais aceito. Ha fortes evidencias etiologicas povenientes de diferentes campos do conhecimento (genetica, neurofiso< relaçao mae-bebe, estresse social) Pacientes com diagnóstico de esquizofrenia apresentam mais frequentemente histórico de diferentes problemas durante a gestação e/ou parto. Provavelmente existe uma propensão genética, com uma ampla variedade de pequenas alterações que somados levam a uma desorganização da migração Transtornos psicóticos 6 neuronal e/ou da construção de sinapses, provocando alterações da conectividade de sistemas mediados pela dopamina, serotonina, acetilcolina e etc. Além disso, fatores ambientais (traumas organios, uso de substancias, falha de cuidados afetivos na primeira infancia) provocariam uma desorganização desses sistemas. Demencia Praecox Bleuler diz que ela deve fazer parte de um grupo de doenças chamada esquizofrenia Manifestações clínicas Sintomas de primeira ordem (específicos da esquizofrenia): Sonorização do pensamento (escuta eles ao pensar) Vozes dialogantes e que comentam o comportamentoDelírios de influencia corporal (o corpo ou mente estão sendo controlados por outra pessoa ou entidade) Roubo e difusão do pensamento Transtornos psicóticos 7 Percepção delirante Domínio dos sentimentos e da vontade Sintomas positivos: Delírios Alucinações Desorganização do pensamento e do comportamento Inicio agudo Disfunção dos receptores dopaminérgicos (hiperatividade). Potencialmente reversível (boa resposta aos antipsicóticos) Sintomas negativos: Alogia (perda de lógica) Embotamento afetivo (afeto restrito) Anedonia (perda de prazer) Redução da motivação e iniciativa Movimentos involuntários anormais presentes Evolução potencialmente irreversível (resposta ruim aos antipsicóticos) Alterações cognitivas: Memória e atenção (não são tão proeminentes) Alterações afeivas: Afeto inapropriado (ex riso inapropriado), disforia, depressão, suicídio. Nota: A evolução clinica é variável (depende do tipo de esquizofrenia) Nota 2: O período que antecede o aparecimento dos sintomas psicóticos e que revela as vivencias subjetivas de transformação do eu e do mundo, é denominado FASE PRODROMICA. Estudos revelam que essa fase se inicia, em média, cerca de 5 anos antes do surto psicótico. Normalmente são sintomas negativos inespecíficos, como perda de vontade, dificuldade de estudar/trabalhar, retração em relação ao comportamento afetivo, exclusão social. Com o passar dos anos, o paciente começa Transtornos psicóticos 8 com os sintomas positivos (alucinações, delírios) até que o quadro se desencadeie, no período de 1 ano, tornando-se uma situação extremamente dramática. Fenomenologia SASS aponta 3 abordagens fenomenológicas clássicas da esquizofrenia: Transtornos psicóticos 9 Minkowski: Perda de significado compartilhado Blakenburg: Perplexidade em relação ao mundo e a si mesmo Kimura Bin: Alteração na essencia do EU, através de profundas vivencias de transformação. Diagnóstico É descritivo Não há sintomas patogneumonicos 2 sistemas classificatórios atuais: CID 10 (11) e DSM 5 Critérios diagnósticos para CID 10 1. Eco, inserção, irradiação ou roubo do pensamento 2. Delírio de controle, influencia ou passividade do corpo/mente 3. Vozes que comentam os discutem entre si 4. Delírios persistentes de outros tipos, Alucinações persistentes de qualquer modalidade 5. Interceptações ou bloqueio do pensamento 6. Comportamento catatonico 7. Sintomas negativos (apatia, pobreza do discurso, embotamento) Fazemos o diagnóstico na presença de no mínimo, um dos sintomas presentes no grupo de 1 a 4, ou dois sintomas pertencentes ao grupo de 5 a 8, durante pelo menos 1 mes. O diagnóstico de esquizofrenia não deve ser feito a presença de sintomas maníacos ou depresivos nítidos. Não deve ser diagnosticada na presença de transtornos mentais organicos ou durante estado de intoxicação ou abstinencia de drogas Tipos de esquizofrenia na CID 10 (nao mais presentes na CID 11) Esquizofrenia paranoide, hebefrenica, catatonica, indiferenciada, depressão pós esquizofrenica, residual, simples e outra esquizofrenia. Transtornos psicóticos 10 Tipos de Esquizofrenia Esquizofrenia paranoide: Mais comum e mais grave. Geralmente o paciente apresenta uma reação paranoide, com delírio de perseguição, de envenenamento. Predomínio de sintomas positivos. Alucinações auditivas são frequentes e tbm podem ocorrer alucinações de outras esferas sensoriais. Possui um prognóstico melhor do que a hebefrenica. Esquizofrenia Hebefrenica: Ha uma desorganização mto grande do pensamento. Predominio de sintomatologia negativa. Geralmente, são pacientes que andam pela rua, descuidados, falando sozinhos e com uma aparencia de total alienação. Alucinações são pouco predominantes e possui maior comprometimento da vontade. Estatiticamente é mais frequente e de inicio precoce. Esquizofrenia catatonica: Existe uma rigidez muscular mto intensa, o paciente passa a não se mexer, ter comportamentos esteriotipados, com agitação psicomotora eventual. Nota: O curso pode ser continuo, com deficit progressivo, episódico com deficit estavel, episódico remitente, remissão incompleta, completa e etc. Suicidio e esquizofrenia No mundo, 10% morrem por suicídio 2/3 dos que cometem suicidio apresentam sintomas depressivos durante o último período em que foi feito contato. Portanto, é mot provável que o idivíduo teve um epsódio agudo (começou a melhorar e teve um episódio depressivo) Pequena porcentagem comete suicídio por instruções alucinatórias ou para escapar de delírios persecutórios (vozes imperativas que mandam o paciente se matar) Mais de 1/3 dos suicídios ocorrem durante as primeiras semanas após alta hospitalar Transtornos psicóticos 11 Tratamento Antipsicóticos típicos (haloperidol, flufenazina, clorpromazina) ou atípicos (risperidona, olanzapina, clozapina, quetiapina) e outros psicofarmacos Intervenções psicossociais Ambiente adequado de tratamento, equipe interdisciplinar, projeto terapeutico individual, atendimento familiar, reabilitação psicossocial, luta contra o estigma, grupos de auto-ajuda. Nota: Efeitos colaterais Acatisia: Inquietação psicomotora, desejo incontrolável de movimentar-se e sensação interna de tensão Transtornos psicóticos 12 Distonia aguda: Movimentos espasmódicos da musculatura do pescoço, opistótono, torcicolo, disartria, disafia ou trismo e etc Parkinsonismo Discinesia tardia: Movimentos involuntários, esteriotipados e repetitivos da face, tronco e membros Síndrome neuroléptica maligna: Rigidez muscular grave, hipertermia, sudorese, tremor, confusão mental, taquicardia, taquipneia e etc Transtorno delirante persistente É chamado de paranoia Delírio fixo, consistente e sistemático: pode ser um delírio de ciumes, perseguição, eromaníaco (indivíduo acredita que alguem esta apaixonado por ele e passa a perseguir essa pessoa) Sem alucinações ou embotamento afetivo. Pode haver uma alucinação mto pontual, leve, que não predomina no quadro. Curso cronico sem remissões O sintoma chave é o próprio delírio O conteúdo do delírio pode ser plausível (ser perseguido por um politico, traido por alguem, amado por um famoso) dferentemente dos conteudos fantasticos dos delirios esquizofrenicos (estar em contato ets). Esse delírio bem estruturado coexiste com uma personalidade preservada, diferentemente da esquizofrenia (abulia, desanimado). Para esses pacientes, manter um nível de funcionamento psiquico, social e profissional semelhante ao anterior ao desencadeamento da psicose é mais fácil que para os esquizofrenicos. O tratamento é feito com antipsicóticos e abordagem psicoterática Prognóstico ruim Transtorno Esquizoafetivo Transtornos psicóticos 13 Características É um paciente que possui transtorno de humor junto com a sintomatologia esquizofrênica, ou seja, é um paciente que não se enquadra no transtorno de humor nem na esquizofrenia Esses pacientes podem ter um transtorno bipolar maniacos, uma depressão clássica ou um transtorno misto. Além dos sintomas graves da esquizofrenia, como as alucinações, vivências de influência e etc. Os episódios ocorrem simultaneamente ou com poucos dias de diatancia O curso é episódico, com períodos de remissão O quadro clínico pode ter início agudo ou insidioso Pode ocorrer uma fase prodrômico, com perda de interesse, sintomas depressivos, negligência com higiene, agitação, ansiedade e sintomas psicóticos atenuados Muito comum um diagnóstico prévio de transtorno depressivo ou bipolar Diagnóstico diferencial Devemos fazer o diagnóstico diferencial entre transtorno de humor, esquizofrenia e transtorno esquizoafetivo (Tea), não sendo uma distinção fácil de ser feita. Na TEA deve haver um episódio de humor concomitante com os sintomas da fase ativa da esquizofrenia, com os sintomas de humor presentes por uma substancial porção total de duração da doença, e os delírios ou alucinações devem perdurar por pelo menos 2 semanas na ausência de sintomas dehumor proeminentes (durante o episódio esquizofrênico, o paciente tem um alívio dos sintomas de humor e ha predominância da sintomatologia esquizofrênica). Comparativamente, sintomas de humor na esquizofrenia tem uma duração breve relativa a duração total do transtorno, ocorrem durante as fases prodrômico ou residual ou não preenchem completamente critérios para transtornos de humor (alteração de humor é leve e transitória) Se os sintomas psicóticos ocorrerem exclusivamente durante períodos de alteração do humor, o diagnóstico deve ser de transtorno de humor com características psicóticas. Nesse caso temos um transtorno de humor predominante e o paciente tem sintomas alucinatórios ou delírios. Transtornos psicóticos 14 O tratamento é feito com antipsicóticos Transtorno esquizotipico Quadro menos grave, porém persistente, como se fosse uma esquizofrenia atenuada (é como se fosse um estilo de personalidade) Um padrão persistente (pelo menos 2 anos) de um padrão inusual de fala, comportamento, crenças e percepções Não é estável ou suficientemente intenso para preencher critérios para outros transtornos psicóticos primários. Os sintomas causam impactos negativos nas relações, vida familiar, social e outras áreas da vida.
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