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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS BRUNA DE ASSIS RAMOS FERREIRA RA: D445GE3 MILENA SOUZA ALBINO MACIEL RA: D42AGI7 JOÃO JESUS RODRIGUES DE OLIVEIRA RA:D202HI3 MATHEUS CAVALIERI DOS SANTOS RA:D26CCH5 PABLO HENRIQUE DIAS PEREIRA RA:D356OF1 MULTIPARENTALIDADE : ANÁLISE DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS BRUNA DE ASSIS RAMOS FERREIRA RA: D445GE3 MILENA SOUZA ALBINO MACIEL RA: D42AGI7 JOÃO JESUS RODRIGUES DE OLIVEIRA RA:D202HI3 MATHEUS CAVALIERI DOS SANTOS RA:D26CCH5 PABLO HENRIQUE DIAS PEREIRA RA:D356OF1 MULTIPARENTALIDADE ANÁLISE DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL Trabalho de Atividade Aplicada Supervisionada de 2021, apresentado à Universidade Paulista (UNIP) - Campus São José dos Campos/ Dutra pelo Curso de Direito. Orientador : Alexandre Nascimento SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO 4 2. RESUMO 6 3. ABSTRACT 7 4. DESENVOLVIMENTO 8 4.1. CASO CONCRETO 8 4.2. SOBRE A LINHA DE FAMÍLIA 9 4.3. ADOÇÃO 10 4.3.1. ADOÇÃO SOCIOAFETIVA 14 4.4. MULTIPARENTALIDADE 15 4.4.1. Reconhecimento da multiparentalidade pelo STF 15 4.5. JURISPRUDÊNCIA 18 4.6. ANÁLISE JURÍDICA 20 5. CONCLUSÃO 22 6. REFERÊNCIAS 23 SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 1. INTRODUÇÃO A socioafetividade é um conceito que permeia o mundo desde que o mundo é mundo, existem ao longo de toda trajetória humana diversos casos, se não todos, que apresentam esse conceito como característica dentre a relação familiar, um caso bastante conhecido é o do menino Jesus. Jesus Cristo, filho de Maria e de José, não possuía laços consanguíneos com o pai, tendo sua concepção dada pelo anjo Gabriel, conforme traz a bíblia, à época de Jesus um filho fora do casamento era extremamente malvisto, tendo em vista contexto da época, mesmo José não sendo o progenitor de Jesus, na relação havia a socioafetividade, ou seja, um vínculo forte tal qual unia filho e pai. A Socioafetividade em síntese é a relação que é exercida por duas ou mais pessoas, a qual sempre é caracterizada pelo forte vínculo afetivo, geralmente o exercido entre pai, mãe, filho, irmãos, a socioafetividade não está atrelada a qualquer vínculo hereditário sanguíneo, haja vista que mãe e pai são aqueles entes que oferecem amor, tem participação ativa dentro da vida do filho, investem financeiramente e afetivamente no filho. Com a evolução da sociedade, em diversos aspectos, aquilo que tínhamos como parâmetro de família tradicional, ligada diretamente à cultura que permeava os séculos passados, tínhamos que a família era composta pela figura paterna, a materna e a prole, progenitores e prole, entretanto nos dias atuais é cada vez mais comum e ordinário a pais, seja por problemas hormonais ou por qualquer outro tipo de situação, a prole não ser mais oriunda da fecundação genética dos pais, em suma a socioafetividade se faz cada dia mais presente nas famílias brasileiras. Somado a isso ainda vemos dentro da Magna Carta (CF/88), a equiparação de tratamento aos filhos, sejam eles havidos dentro ou não do matrimonio, passando então a terem direitos igualitários, vedada a discriminação. Conceituando a multiparentalidade, ela é a possibilidade jurídica atribuída ao progenitor biológico e ao genitor afetivo, os quais invocam os princípios da afetividade e da dignidade humana, a fim de ver garantida ou SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS mantida o estabelecimento dos vínculos parentais. Como dito supra a estrutura familiar ao longo do tempo vem sendo modificada sendo baseada não por limites genéticos e por padrões, mas sim por liames afetivos, sem distinguir ou discriminar qualquer forma de família, fazendo com que prevaleça os direitos do indivíduo independentemente se o filho possui ou não herança genética de seus pais. Tudo isso é consequência da mudança estrutural e da desconstrução daquilo que tínhamos como conceito de família tradicional, ocorre que cada vez mais reconhecemos o vínculo advindo da relação afetiva, ao contrário de nós basearmos apenas na relação biológica. Juntando tudo, notamos que os vínculos biológico e afetivo são totalmente únicos, não necessariamente uma precisa do outro para que este exista, um pai afetivo é tão pai quanto um pai biológico, e isso é tão verdade e se faz cada vez mais presente no cotidiano que dialetos como “mãe é quem cria” são comuns na atual sociedade. Vale ressaltar também que ambos os pais, biológicos e socioafetivos tem obrigação alimentar, vide art. 1.696 do Código Civil. A multiparentalidade é a legitimação da paternidade ou maternidade da madrasta ou padrasto, que exerce as qualidades já citadas, criação, cuidados, afeto, amor, participação na vida do enteado, como se filho fosse, sendo que essas qualidades tem condão de reciprocidade e o filho ou filha vê como sua mãe ou pai, não necessitando a desconsideração do pai e mãe biológicos, com isso temos a inclusão do registro de nascimento da mãe ou pai socioafetivo, não retirando o nome dos pais biológicos, constando então em seu registro o nome dos pais biológicos e dos pais socioafetivos. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2. RESUMO SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 3. ABSTRACT SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 4. DESENVOLVIMENTO 4.1. CASO CONCRETO Foi-se apresentado a seguinte situação para análise : “CNJ – Multiparentalidade: Criança terá registro de pais biológico e socioafetivo no RS. “A solução, portanto, com a devida licença aos entendimentos em contrário, é aquela que percebe, identifica, valoriza e atribui significado a todos os sentimentos envolvidos. E isso significa multiparentalidade. E, aqui, não estamos falando simplesmente de genética. Estamos falando, notadamente, de afeto, que é o que deveria marcar, de fato, as relações familiares”. Esse entendimento é do juiz Fernando Vieira dos Santos, em decisão que concedeu parcial procedência de Ação de Reconhecimento de Paternidade para inclusão de nome de pai biológico. O magistrado concedeu o reconhecimento do genitor no documento civil de registros, sem contudo, excluir a paternidade do pai registral que já possuía vínculo afetivo. Também determinou a inclusão do nome do pai biológico e também dos avós paternos. O processo tramita em segredo de justiça na Comarca de São Valentim (RS). O autor ingressou na Justiça objetivando o reconhecimento da paternidade da criança, com correção de seu registro de nascimento, para dele constar o seu nome como pai, com consequente anulação do registro anterior. Conta que, por um período de 10 meses, manteve envolvimento amoroso com a mãe da criança. Alegou que, quando soube da gravidez, ela já estava em uma união estável com outro homem e que este optou por registrar a criança, logo após o seu nascimento. Já a mãe relatou que teve um relacionamento passageiro com o autor da ação durante uma breve separação de seu companheiro, e que acabou engravidando. Contudo, após descobrir que estava grávida, comunicou ao ex-namorado, que logo levantou dúvidas quanto à paternidade. Somado a tudo isso, a mulher também destacou que o companheiro, pai socioafetivo, além do registro, exerceu papel de pai com dedicação desde o nascimento do bebê. Conta que, após alguns meses, o seu ex a procurou, pedindo o exame de DNA, que atestou a paternidade biológica. Enfatizou os laços afetivos existentes entre a filha e o pai socioafetivo, os quais não podem ser apagados o que impossibilitaria a sua exclusão do registro civil da menina. A criança recebeu avaliação psicológica para averiguação de possíveis consequências psicológicas decorrentes de eventual exclusão da paternidadesocioafetiva. O Ministério Público opinou, por sua vez, pela rejeição da tese de multiparentalidade e pela procedência do pedido, para o fim de incluir o autor como pai no registro de nascimento da criança, com posterior retirada do nome do pai socioafetivo. Sentença Em seu entendimento o magistrado frisou que é notória a paternidade biológica do autor, comprovada pelo exame de DNA. Assim acolheu, em parte, a ação, destacando que a multiparentalidade é tema de recente estudo para o direito de família e, como decorrência necessária, a paternidade socioafetiva. Realizou uma breve análise sobre a noção da entidade familiar e suas modificações ao longo dos anos. Observou que a conduta da mãe da criança, que efetuou exame de DNA extrajudicialmente requerido pelo autor, permitindo a proximidade dele, resultou no estabelecimento de laços também afetivos com a filha. Tanto – e principalmente – com o pai registral, SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS com quem elas já estavam estabelecidas, quanto, também, com o pai biológico. Destacou, baseado no laudo psicológico, o forte laço afetivo da criança com o pai registral, com ênfase maior na sua representatividade. Ainda, ressaltou a prova oral colhida indicando a existência concomitante, das figuras do pai biológico e do pai socioafetivo, a autorizar o reconhecimento da multiparentalidade. Diante dos fatos apresentados, o juiz concluiu que “ambas as famílias, biológica e socioafetiva, nutrem, de modo e intensidade muito semelhantes, senão idênticos, laços de afeto, amor e cuidado pela infante. Não há solução, diante do quadro verificado, que possa resultar na exclusão de uma das figuras representativas de pai para a infante em detrimento da outra. Não há critério, seja de justiça, seja de direito, que permita concluir pela prevalência pura e simples da paternidade biológica sobre a socioafetiva. Muito antes ao contrário: aqui, se algum dos liames houvesse de prevalecer, haveria de ser a socioafetividade, que, como no laudo, se mostra a mais significativa vinculação paterna estabelecida pela infante”. Fonte: TJRS – Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul “ 4.2. SOBRE A LINHA DE FAMÍLIA A professora Dra. Maria Helena Diniz nos traz que o parentesco é a relação vinculatória entre pessoas que descendem uma das outras seja de um mesmo tronco comum, constatando o vínculo sanguíneo, tal qual a relação dos cônjuges ou companheiros e os parentes do outro, constatando o vínculo através da afinidade. Contudo o parentesco poderá também existir através de laços meramente afetivos, assim como ocorre nas hipóteses da adoção e na reprodução humana assistida. Dessa forma, deve-se frisar que parentesco e família não se confundem, uma vez que a relação de parentesco se dá através dos vínculos supracitados (sanguíneo e afinidade), sendo inclusive o parentesco uma forma impeditiva de vínculos matrimoniais. As linhas de identificação de parentesco se diferenciam entre parentesco por linha reta, parentesco por linha colateral e parentesco por afinidade conforme demonstram os artigos 1.591 e 1.592 do código civil brasileiro. O parentesco por linha reta é confirmado, através da letra da lei, por “pessoas que se encontram em relação de ascendência ou descendência umas com as outras”, dessa forma temos como exemplos de pessoas em parentesco por linha reta: mãe e filho, avós e netos etc. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Por sua vez, o parentesco por linha colateral é descrito no código civil como sendo “até o 4º grau, as pessoas que forem provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra”, sendo dessa forma os tios, primos, irmãos, etc, mantendo atenção ao limite da letra da lei, em que a relação deve se dar até no máximo o quarto grau. O parentesco por afinidade também se dará através de linha reta ou colateral para com os parentes do cônjuge ou companheiro. Entre os cônjuges não há parentesco, o vínculo não se dará de forma parental, mas, sim, matrimonial. O parentesco por afinidade em linha reta é ad infinitum, ou seja, atinge qualquer parente do cônjuge ou companheiro na relação de ascendência e descendência, já o parentesco por afinidade em linha colateral será limitado apenas até o parente de segundo grau do cônjuge ou companheiro. Deve-se ter em mente que juridicamente não existe o parentesco por afinidade, visto que não há legislação vigente acerca do tema, entretanto parte da doutrina entende que os laços são suficientes para se enquadrarem na relação principiológica do direito de família, inclusive gerando responsabilidades em decorrência da solidariedade familiar. Por exemplo, é defendido que, nos casos em que há afinidade, proximidade, mesmo após o fim do casamento ou da união estável deve ser mantido o dever de alimentar, subsidiário e complementar, entre ex-genro/ex-nora e ex-sogro/ex-sogra, mantendo-se inclusive a responsabilidade entre padrasto e enteado(a). 4.3. ADOÇÃO Decerto, a adoção não é nenhuma inovação, visto que a muitos séculos há esse processo de filiação sem vínculo de consanguinidade, conforme MAUX e DUTRA (2010, pg.3) apontaram : “a adoção não é uma prática pós-moderna. Conforme nos descreve Paiva (2004), os escritos bíblicos já mencionam casos envolvendo adoção de crianças, como a história de Moisés. Aproximadamente no ano 1250 a.C., por determinação do faraó, todas as crianças israelitas do sexo masculino deveriam ser mortas ao nascer. A mãe de um desses meninos decidiu colocá-lo em um cesto à beira do rio na SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS esperança de que sobrevivesse. A criança, que recebeu o nome de Moisés, foi encontrada pela filha do faraó, que o adotou como filho. Futuramente esta criança veio a se tornar o herói do povo hebreu. Autores como Paiva (2004) e Weber (1999), resgatando a adoção nas diferentes fases da história, afirmam que essa prática recebeu vários significados no decorrer dos tempos, desde religiosos até políticos, sendo valorizada ou não, conforme a cultura e o modo de pensar de determinada época. Durante a Antiguidade sua valorização esteve relacionada com a possibilidade de perpetuação do nome de uma família para aqueles que não tinham descendentes. Já na Idade Média, por influência da Igreja Católica, a adoção passa a não ser bem vista, tendo como justificativa o fato de que poderia influenciar o reconhecimento legal dos filhos adulterinos ou incestuosos.” Mesmo que a história aponte influências religiosas em especial a Igreja Católica, a adoção poderia ser motivos políticos e de continuidade da linha de sucessão de imperadores e para a perpetuação da família, visto que era entendido e replicado que era necessário a estrutura de marido, esposa e filho. Assim, pode conceber que a adoção está intrínseca em se tratando de origem tanto quanto o encargo de se ter filhos legítimos. Por um período na Idade Média a Igreja, passou a desaconselhar a adoção por poder sugerir ou legitimar os filhos extraconjungais ou incestuosos serem aceitos. Posteriormente, esses ensinamentos foram desvalidados, com o fim de perpetuação de famílias, o Código Napoleônico de 1804, previu o ato jurídico que conferia parentesco civil entre duas pessoas, a partir daí nosso ordenamento brasileiro foi modificado para acolher e regular a adoção. Em reflexo o Código Civil de 1916, apresentam três formas de classificações de filiação, os filhos legítimos em que eram nascidos em constância do casamento e os legitimados que são os filhos de antigo casamento da mãe, que tinham a equiparação aos legítimos, e os filhos ilegitimados que não eram concebidos em constância de casamento, em que os incestuosos e adulterinos não poderiam ser reconhecidos, conforme artigo 358. Dessa forma a adoção eram um ato jurídico com diversos requisitos dentre os quais destacam-se a implicação só maiores de cinquentas anos, sem prole legítimaou legitimada poderiam adotar, e o adotante deveria ser pelo menos dezoito anos mais velho que o adotado, e a possibilidade de dissolver o vínculo da adoção. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Por muito tempo se valorizou os laços sanguíneos e o modelo de família patriarcal, em que havia uma relação de superioridade em relação aos filhos de sangue e os de não-consanguinidade. Em 1957, foi sancionada a lei nº 3.133 que atualizou as disposições do Código Civil de 1916, na qual alterou a idade de 50 para 30 anos para a adoção e decorridos cinco anos após o casamento, e alterou de 18 para 16 anos que adotante deveria ter a mais de idade que o adotado, e o consentimento deste ou de seu representante legal em escritura pública. Disserta DIAS (p.26 ) que o conceito de família e de adoção começa a ser legislado no ordenamento jurídico a partir da Constituição Federal de 1988 sem ressalvas e sem discriminação entre as filiações: “A Constituição Federal de 1988, como diz Zeno Veloso, num único dispositivo, espancou séculos de hipocrisia e preconceito. Instaurou a igualdade entre o homem e a mulher e esgarçou o conceito de família, passando a proteger de forma igualitária todos os seus membros. Estendeu proteção à família constituída pelo casamento, bem como à união estável entre o homem e a mulher e à comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes, que recebeu o nome de família monoparental. Consagrou a igualdade dos filhos, havidos ou não do casamento, ou por adoção, garantindo-lhes os mesmos direitos e qualificações.” Nos parágrafos do artigo 227, em seu § 6º proibiu quaisquer discriminações entre os filhos, portanto Constituição Federal de 1988. A posteriori, o Estatuto da Criança e o Adolescente de 1990, definiu o reconhecimento do estado de filiação como personalíssimo, indisponível e imprescritível. O Código Civil de 2002 manteve o entendimento que não pode haver diferenciação entre os filhos. “Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.” Em 2009, sancionou-se a lei 12.010 que regularizou a adoção, em que ressaltou a proibição de distinção aos filhos biológicos ou adotivos, no qual definiu como requisito a inscrição em cadastro nacional para adoção, assim se coibindo a adoção à brasileira. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS No Brasil a adoção é tão comum, que há uma espécie a chamada “adoção à brasileira”, nas quais as crianças eram “dadas” a pessoas com interesse e geralmente com maiores condições patrimoniais e financeiras, MAUX e DUTRA (2010, pg.359) diz : “A história da adoção tem um percurso extenso no Brasil e se faz presente desde a época da colonização. A princípio esteve relacionada com caridade, em que os mais ricos prestavam assistência aos mais pobres. Era comum haver no interior da casa das pessoas abastadas filhos de terceiros, chamados “filhos de criação”. A situação deste no interior da família não era formalizada, servindo sua permanência como oportunidade de se possuir mão-de-obra gratuita (PAIVA, 2004) e, ao mesmo tempo, prestar auxílio aos mais necessitados, conforme pregava a Igreja. Portanto, foi através da possibilidade de trabalhadores baratos e da caridade cristã, que a prática da adoção foi construída no país. Já se percebe, então, que não havia um interesse genuíno de cuidado pela criança necessitada ou abandonada. Este “filho” ocupava um lugar diferenciado, sendo também singular a maneira como era tratado, sempre de forma distinta, comumente inferior, aos filhos biológicos. Seria algo semelhante a dormir junto com os demais membros da família e não no espaço reservado aos empregados, contudo, não possuir um quarto ou uma cama próprios.” Em que essa espécie de adoção geralmente não há nenhuma solenidade, e sem participação do Estado para intermedir a lide e ser um terceiro imparcial, causando efeitos lesivos a criança e adolescente, e MAUX e DUTRA (2010, pg.359) refletiu além disso apresentou o entendimento majoritário em que os cidadãos não sabem o trâmite legal para a adoção : “Tal herança cultural contribuiu significativamente para que, até os dias de hoje, esta forma de filiação seja impregnada por mitos e preconceitos. Para termos uma idéia, segundo Weber (2001), a prática ilegal de registrar como filho uma criança nascida de outra pessoa sem passar pelos trâmites legais, ou seja, o registro feito diretamente em cartório, conhecida como adoção à brasileira, até os anos 80 do século XX, constituía cerca de 90% das adoções realizadas no país. Desta forma procurava-se, dentre outras razões, esconder a adoção, como se esta fosse motivo de vergonha e humilhação. Hoje em dia, embora a lei proíba tal prática, ainda encontramos casos de pessoas que realizaram uma adoção à brasileira e justificam que o fizeram por não saber que era ilegal e porque na época em que o avô, o pai, ou algum conhecido realizou uma adoção, era assim que se fazia. Em uma pesquisa realizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros, em 2008, apenas 35% SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS dos respondentes afirmaram que, caso desejassem adotar, buscariam uma criança através das Varas de Infância e Juventude, enquanto 66,1% recorreriam aos hospitais/maternidades ou abrigos, confirmando que a maioria dos brasileiros não sabe por onde se inicia um processo de adoção legal.” 4.3.1. ADOÇÃO SOCIOAFETIVA No Brasil, há cerca de 30 mil crianças na fila acolhidas, segundo o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), em analise a 33.001 pretendentes disponíveis e 4.972 de crianças para serem adotadas. A adoção socioafetividade é considerada um ato jurídico recente pois entende-se que a criança ou adolescente não tem vínculos sanguíneos com o responsável. De acordo com o MPPR : “É o reconhecimento jurídico da maternidade e/ou paternidade com base no afeto, sem que haja vínculo de sangue entre as pessoas, ou seja, quando um homem e/ou uma mulher cria um filho como seu, mesmo não sendo o pai ou mãe biológica da criança ou adolescente” Em suma, não há vínculo biológico ou presunção legal, mas por vínculo subjetivo e afeto, Belmiro Welter esclareceu que : “a verdadeira filiação só pode vingar no terreno da afetividade, da intensidade das relações que unem pais e filhos, independentemente da origem biológico-genética”. O entendimento jurisprudencial até o presente, o reconhecimento da adoção socioafetiva não extingue o vínculo biológico, e por meio de ação para o reconhecimento de filiação socioafetiva, o juiz defere ou não esse reconhecimento que pode permitir a inserção nos registros da criança ou do adolescente o nome do pai ou da mãe socioafetiva assim como o dos avós. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 4.4. MULTIPARENTALIDADE A multiparentalidade consiste na possibilidade de haver mais de um genitor afetivo em seu registro e consequentemente em todo seu vínculo parental, ou seja, se trata que uma pessoa com dois pais ou duas mães. Em outras palavras significa a inclusão no registro de nascimento de mão ou pai socioafetiva, em conjunto com os nomes dos pais biológicos, é uma maneira de se reconhecer juridicamente o que é realidade na vida de muitos. A família tem como base sua constituição de algumas formas, sendo que quase sempre essa relação se dá por questões genéticas e biológicas ou então pelo casamento civil. A multiparentalidade se trata de uma nova forma de se estabelecer uma relação familiar, sendo então possível se estabelecer o parentesco através de uma relação afetiva, sem a necessidade de questão biológica. Para os civilistas Farias e Rosenvald a multiparentalidade vai além do fato biológico do nascimento do filho, e sim se constrói através deuma via de mão dupla de respeito e amor, se trata de uma verdadeira desbiologização da filiação não deixando a relação de filiação restrita a transmissão dos genes (2013, p. 691), sendo assim, é necessário que o conceito paternidade se leve em conta mais a relação emocional e menos fisiológico. (1996; pg. 37). 4.4.1. Reconhecimento da multiparentalidade pelo STF Foi do entendimento do superior tribunal federal na data de 21 de setembro de 2016 que a existência da paternidade socioafetiva não iria excluir a responsabilidade dos pais biológicos, visto isto entendemos que as responsabilidades acerca do filho se estenderam a ambos. O recurso extraordinário 898.060-SC analisou o caso de um pai biológico que estava recorrendo contra um acórdão que estabelecia sua responsabilidade independente de vínculo socioafetivo estabelecido. O provimento foi negado pela maioria dos votos dos ministros. O Relator Luiz Fux, trouxe o princípio da paternidade responsável que impõe que tanto o vínculo afetivo quando os vínculos biológicos devem ser recebidos pela SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS legislação e que não haveria qualquer impedimento para o reconhecimento mútuo de ambos. Já para o ministro, o ordenamento jurídico não autoriza a escolha ente pais biológicos ou afetivos, pois é de melhor interesse do filho o reconhecimento de ambos. 3.3. Efeitos do reconhecimento da multiparentalidade. Com o reconhecimento de um filho veem acompanhado um rol de responsabilidades e consequências que são geradas, sendo assim, a declaração da multiparentalidade acarreta diversas consequências que veremos a seguir: 3.3.1 No parentesco: O primeiro efeito que se reconhece na multiparentalidade é o reconhecimento familiar, mas é importante esclarecer que esta consequência não atinge somente o pai ou a mãe que foi reconhecido, mas sim toda a linha de parentesco, ou seja, produz efeitos jurídicos e patrimoniais em toda cadeia familiar. O filho então te, direito ao parentesco em linhas colaterais e retas até o quarto grau tanto na família afetiva quanto biológica, essa relação se vale de todos os dispositivos quanto ao direito de família, até mesmos em sucessões ou direitos matrimoniais. 3.3.2 No nome: a doutrina e jurisprudência são universais quanto esse assunto e entendem o direito ao nome como um direito fundamental protegido pelo princípio da dignidade humana, com isso não poderá de nenhuma forma ser vedado. Silvio Venosa acredita que o nome é uma individualização do homem na sociedade, mesmo depois de sua morte, é por este nome que se reconhece a família e comunidade em que vive. (2004; pg. 209;) 3.3.3. Irrevogabilidade: O CNJ em seu provimento nº 63/2017, decidiu que o reconhecimento da filiação socioafetiva é irrevogável, a única forma de se desfazer o vínculo é por meio de ação judicial que comprove vícios de vontade. 3.3.4. Obrigação alimentar: Tal obrigação é aplicada com o mesmo fundamento da biparentalidade, ou seja, todos os responsáveis devem prestar alimentos ao filho, SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS porém vale se atentar que a legislação é clara quando diz que os alimentos são recíprocos entre pais e filhos, ou seja o filho também terá a obrigação de prestar alimentos a todos os pais. 3.3.5. Guarda do filho menor: A Constituição Federal, artigo 227 e no Estatuto da Criança e do Adolescente em seus artigos 4 º e 5º. Estabelecem os princípios do melhor interesse da criança e do adolescente, ou seja, sempre deve se analisar o caso concreto e basear nesse princípio para se decidir. Antigamente, caso ocorresse algum conflito de interesse a prioridade ficava sempre com os pais biológicos, pois se priorizava o vínculo consanguíneo, entretanto, esse entendimento foi mudado pois se percebeu que para a criança o melhor seria priorizar a afetividade e afinidade, sempre se analisando caso a caso. 3.3.6. Direito de visita: O direito de visita que antes era entendido que apenas se estendia aos genitores passou a ser estendido para os outros pais, e com a Lei nº 12.398/2011 além dos pais passou a ser direito de todos os avós, inclusive aqueles oriundos da multiparentalidade. Os julgamentos acerca do tema sempre priorizam a necessidade de estreitamento dos lações afetivos devendo sempre prevalecer na falta de motivo justo que prove a necessidade de afastamento. 3.3.7. Direitos a sucessão: a nossa constituição federal não permite qualquer tipo de diferenciação entre filhos biológicos ou adotivos, o mesmo se aplica aos filhos socioafetivos. Ou seja, o direito a herança é reconhecido para os filhos afetivos tanto quanto os biológicos, tendo eles os mesmos direitos. O filho afetivo tem os direitos a heranças que vierem da relação biológica conjuntamente com aqueles que vierem dos pais afetivos. 3.4. Como é possível o registro da multiparentalidade: Antes seu reconhecimento só era possível ser realizado em cartórios civis se fosse o caso de inseminação artificial de casais homoafetivos, todos os outros casos exigiam o reconhecimento judicial. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Porém o provimento 63 do CNJ dado em 14 de novembro de 2017, fixou algumas novas regras para esse reconhecimento nos cartórios civis, sem que para isso seja necessária uma ação judicial. Então para que tal reconhecimento possa ser realizado no cartório será necessário que o filho seja maior de 12 anos, e este deverá consentir para o reconhecimento, além disso o pai e mão biológicos deveram manifestar concordância. 4.5. JURISPRUDÊNCIA Dentre as mais variadas decisões foram selecionadas jurisprudências as quais corroboram que o entendimento dos tribunais acerca da multiparentalidade e da socioafetividade vem se pacificando, tornando a problemática narrada cada dia mais normal e recorrente dentre os diversos litígios que tramitam nas varas de fóruns por todo o Brasil, fazendo então com que tanto o pai biológico como o socioafetivo tenham seus nomes no registro do filho. Em 2018 o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná – TJPR decidiu por não dar provimento ao Recurso, mantendo então a decisão monocrática do magistrado na ação de reconhecimento de paternidade socioafetiva, a qual foi sentenciado feito como procedente, a qual determinava a inclusão dos dados do pai socioafetivo no registro de nascimento da então adolescente. Ocorre que o pai biológico decidiu recorrer da sentença. Processo: 0004081-57.2018.8.16.0028 (Acórdão) Segredo de Justiça: Sim Relator(a): Sigurd Roberto Bengtsson Desembargador Órgão Julgador: 11ª Câmara Cível Comarca: Colombo Data do Julgamento: 04/10/2020 00:00:00 Fonte/Data da Publicação: 07/10/2020 APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. Sentença de PROCEDÊNCIA do pedido inicial, determinando a inclusão dos dados do pai socioafetivo nos registros de nascimento da adolescente. Insurgência do pai BIOLÓGICO. Alegação de que o vínculo entre a filha e novo companheiro da genitora não se deu de forma espontânea, mas sim em razão de atos de alienação parental praticados pela genitora visando afastar o pai do convívio com a filha. Comprovação de vínculo de afetividade entre a adolescente e o companheiro da mãe. Convívio desde tenra idade. Declaração de paternidade registral que não impede ou modifica a relação da adolescente com o pai biológico. Entendimento do stj de que possível a multiparentalidade. Ausência de atos de máfé pelo ora apelante, que apenas se utilizou do direito constitucional de recorrer da sentença. Manutenção da sentença. Recurso não provido. Ação de reconhecimento de paternidade SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS socioafetiva ajuizada pelo ora apelado em favor da adolescente B. P. F. Sentença de procedência do pedido inicial, determinando-se a inclusão dos dados do pai socioafetivo e avóspaternos na certidão de nascimento da adolescente. Insurgência do pai biológico sob alegação de que o vínculo de afetividade entre a filha e o ora apelante não se fortaleceu de maneira espontânea, mas sim por atos de alienação parental praticados pela genitora, visando impedir o convívio paterno-filial. Estudo social comprovando a afetividade entre a adolescente e o ora apelado. Convívio entre eles desde que a adolescente tinha cerca de 03 (três) anos de idade. Entendimento do STJ de que é possível a multiparentalidade, situação que não modifica a relação entre a filha e o pai biológico. Alegação do apelado, em contrarrazões, de que o recurso de apelação é meramente protelatório, requerendo aplicação de multa por litigância de má-fé. Inocorrência. Apelante que apenas utilizou do direito constitucional de interpor recurso. Sentença mantida. Recurso não provido. (TJPR - 11ª C.Cível - 0004081-57.2018.8.16.0028 - Colombo - Rel.: DESEMBARGADOR SIGURD ROBERTO BENGTSSON - J. 04.10.2020) No caso em tela, o pai biológico opôs apelação alegando que o vínculo mantido entre a filha e o atual companheiro da progenitora (pai socioafetivo) não se deu de forma espontânea, ocorrendo então em razão da alienação parental praticada pela genitora com o intuito de afastar o pai biológico do convívio da filha, o Juiz de primeira instancia considerou que o registro do pai socioafetivo na certidão da filha não impedirá ou modificará a relação da prole com o pai biológico. Recurso Improvido pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, fazendo com que se houvesse a retificação no registro civil adequando um novo a fim de conter o registro em nome de ambos os pais. Recentemente, também houve um julgado proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul – TJRS no que tange a multiparentalidade e a socioafetividade. ocorre que o MM. Juízo o qual proferiu a sentença monocrática considerando parcialmente procedente a lide em que, Lauren O. K., representada por sua genitora, pedia na inclusão dos dados registrais da mesma, o nome de seu pai socioafetivo Fabio B. B. (padrasto) o qual possui convivência marital com sua mãe a mais de quinze anos, contudo pedia também a remoção do nome de seu pai biológico do registro, tal qual segundo a mãe de Lauren não tinha qualquer tipo de convivência, relacionamento ou proximidade com a prole desde o término do relacionamento com sua genitora, aduzia a mãe que o registro não transmitia a atual situação da família, tendo em vista que apenas o pai socioafetivo contribuía com o SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS crescimento de Lauren, dando amor, afeto, atenção, arcando com os ônus e afins. APELAÇÃO CÍVEL. RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE SOCIOAFETIVA, CUMULADA COM RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL. SENTENÇA QUE RECONHECEU A PATERNIDADE SOCIOAFETIVA, SEM EXCLUSÃO DA PATERNIDADE BIOLÓGICA/REGISTRAL. PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA, E CORTES SUPERIORES. SENTENÇA CONFIRMADA. Descabido o pleito de exclusão do pai registral, ante a ausência de comprovação de vício de vontade, de consentimento, quando do registro de nascimento levado a efeito, sendo imperioso o reconhecimento dos vínculos afetivos e parentais, com todos os seus reflexos jurídicos, abarcando, assim, a mais completa e adequada tutela jurisdicional das pessoas envolvidas. Manutenção da multiparentalidade, à vista do reconhecimento dos vínculos socioafetivo e biológico, espelhamento da situação fática. Apelação desprovida, em decisão monocrática. (TJ-RS - AC: 70083168963 RS, Relator: José Antônio Daltoe Cezar, Data de Julgamento: 29/03/2020, Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: 11/09/2020) A genitora de Lauren mencionou que o atual registro a transmitia incômodos e dessabores. O magistrado em primeira instancia decidiu por manter o registro do pai biológico e incluir também do pai socioafetivo, pois instruído com um laudo elaborado por uma assistente social judiciaria, Lauren quando questionada sobre como sente em relação ao pai biológico, afirma “não sinto nenhum tipo de raiva e nem nada”, figurando então uma relação de indiferença quanto ao pai biológico, sentimento que poderá ser alterado um dia, caso o pai biológico decida se reaproximar de Lauren. Junto a isso, uma nota importante atribuída pelo nobre magistrado é a de que não há indícios de vícios de vontade ou de consentimento quanto ao registro de nascimento de Lauren, e também não há indícios de dissabores por manter o nome do pai biológico nos registros, figurando perfeitamente a multiparentalidade. Restando então ao tribunal manter a sentença proferida em 1ª instancia. 4.6. ANÁLISE JURÍDICA A multiparentalidade é uma forma de trazer ao mundo jurídico o que acontece no mundo factual. O Dr. Miguel Reale em sua teoria tridimensional do direito explica um novo ângulo para analisar a relação entre o mundo jurídico e o mundo real, traz a visão de que a norma está sempre atrasada em relação ao mundo dos fatos, uma SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS vez que é necessário a mudança social para inspirar os legisladores a regulamentarem o fato através do respectivo processo legislativo. A norma, sem a percepção de valor e a adequação ao fato, de nada serve e se torna obsoleta. Cabe dessa forma analisar a inovação jurídica da multiparentalidade com brilho nos olhos ao ver a norma-lei se adequando ao mundo dos fatos em sua perspectiva mais flexível, buscando não apenas tratar de bens, patrimônio, vínculos biológicos ou relações familiares meramente formais, mas buscando tratar de pessoas, direitos e da melhor proteção do desenvolvimento saudável da família. O caso traz ao magistrado um cenário onde a criança, objeto de atenção especial dentro da situação, tem de fato relações de afeto, amor e cuidado tanto com seu pai biológico, que comprovou paternidade através de teste de DNA extrajudicial, quanto com seu pai socioafetivo que exerceu as funções de pai com dedicação desde o nascimento do bebê. O enredo não traz uma situação em que um dos pais não tenha a intenção de exercer o vínculo paterno com a criança, tornando incorreto o não reconhecimento de qualquer um dos pais a esse papel, uma vez que contraria a própria constituição federal em seu artigo 1º, inciso III, onde assegura o princípio da dignidade da pessoa humana. A situação mostra o perfeito exemplo da multiparentalidade onde o judiciário não tem a função de escolher apenas um detentor do vínculo paterno, mas a oportunidade de legitimar ambos com esse vínculo que é seus por direito, visto que no mundo real já exercem esse papel. Os amparos legais para a multiparentalidade se encontram no âmbito principiológico, onde é constitucional o direito à dignidade humana e a solidariedade, sendo a composição da família é aspecto fundamental para o efetivo exercício da dignidade. Para além dos princípios há diversas doutrinas que defendem a multiparentalidade, assim como jurisprudências a respeito do tema. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Sendo assim, pelos aspectos legais e principiológicos, pela posição da doutrina sobre o tema, pela jurisprudência atual a decisão do magistrado está correta, visto que a multiparentalidade pode ser exercida e traz à criança e aos pais a segurança jurídica da validade legal de seus laços. 5. CONCLUSÃO SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2021 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA CAMPUS DUTRA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 6. REFERÊNCIAS A multiparentalidade traz todas as implicações inerentes à filiação, com deveres e direitos recíprocos. TJDFT : 2019. Disponível em : < https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/artigos-dis cursos-e-entrevistas/entrevistas/2019/a-multiparentalidade-traz-todas-as-implic acoes-inerentes-a-filiacao-com-deveres-e-direitos-reciprocos-sem-qualquer-hier arquia> Acesso em : 06 de mai. de 2021. ABREU, K. A.S. Multiparentalidade: conceito e consequências jurídicas de seu reconhecimento. 2014. Disponível em : <https://karinasabreu.jusbrasil.com.br/artigos/151288139/multiparentalidade-co nceito-e-consequencias-juridicas-de-seu-reconhecimento#:~:text=A%20multipa rentalidade%20%C3%A9%20uma%20forma,conjunto%20com%20a%20paterni dade%20socioafetiva. > Acesso em : 05 de mai. de 2021. BARRETO, A.C.T. A Filiação Socioafetiva À Luz Da Constituição Federal. Âmbito Jurídico : 2020. Disponível em : <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-de-familia/a-filiacao-socioafetiva- a-luz-da-constituicao-federal/ > Acesso em : 07 de mai. de 2021. 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