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INSUFICIÊNCIA CARDÍACA (IC) Quando nós falamos de insuficiência cardíaca (IC), devemos tomar cuidado, porque ela pode estar: Congestiva Não congestiva Quando dizemos insuficiente devemos lembrar de algo que NÃO está dando conta do recado (não está funcional). O corpo possui uma bomba chamada de coração (a função do coração é gerar fluxo sanguíneo) O coração irá fazer um fluxo: Anterógrado (vai empurrar o sangue para frente) Para que o coração faça um fluxo anterógrado, eu possuo válvulas que NÃO deixam o sangue retornar. Agora no coração insuficiente: - Iremos possuir redução de débito cardíaco. Se o débito cardíaco está reduzido, isso quer dizer que há menos fluxo para o corpo Dentre eles, menos fluxo cerebral. - Se há menos fluxo cerebral, há redução do nível de consciência. - Se há menor débito cardíaco Há menos fluxo renal. No rim quando há um menor fluxo de sangue chegando para ele Ele ativa o Sistema Renina Angiotensina Aldosterona. Desta forma, o corpo passa a reter sódio. Além disso, começamos a possuir níveis mais altos de Aldosterona no corpo (hiperaldosteronismo secundário) A aldosterona em excesso irá fazer remodelamento cardíaco O coração começa a crescer, Assim quando o paciente vai fazer o ECG iremos possuir hipertrofia de ventrículo esquerdo – isso conseguimos observar através dos criterios de Sokolov-Lyon > ou igual a 35 mm. Caso Clínico Paciente chega ao atendimento com falta de ar e ele vem com sobrecarga de ventrículo esquerdo no ECG Provavelmente o paciente possui IC. Paciente com redução do débito cardíaco, as extremidades dele estarão: Cianóticas Hipoperfundidas Temperatura das extremidades diminuídas. Diminuição do tempo de reenchimento capilar No coração que está insuficiente o fluxo que não está sendo mandado para a frente está sendo represado para atrás. O sangue do átrio esquerdo está chegando do pulmão Como a bomba não está jogando o sangue para frente, logo o sangue NÃO consegue sair do pulmão. Desta forma, a pressão hidrostática dos capilares pulmonares está aumentada. Se essa pressão hidrostática está aumentada no pulmão, irei possuir transudação de líquidos para os alvéolos Isso irá começar a gerar um edema pulmonar. Se há edema pulmonar, a saturação do paciente ficará baixa porque não está tendo troca gasosa Logo terei uma diminuição da saturação de O2. Esse edema pulmonar irá aparecer clinicamente no paciente na forma de dispneia, tosse (na tentativa de jogas a água fora). Em casos mais graves essa água NÃO só acumula no pulmão, como também ela retorna para o ventrículo direito. Dessa forma, a pressão aumenta no ventrículo direito O paciente começa a evoluir com uma IC direita. Sendo que: - IC direita Afeta átrio e ventrículo direito - IC esquerda Afeta átrio e ventrículo esquerdo Como o paciente possui IC direita Irei possuir turgência patológica jugular + refluxo hepatojugular + edema de membros inferiores. Como verei essas alterações (edema de pulmão) no meu exame físico do paciente? - Auscultando Auscultando o pulmão do paciente eu irei ouvir crepitações. O perfil do meu paciente irá auxiliar no diagnóstico diferencial Auscultando creptações em um paciente com dispneia: Mais novo – posso pensar em pneumonia, SARA (Síndrome da Angustia Respiratória) – que são eventos que geram edema agudo de pulmão NÃO cardiogênico. Mais velho – edema pulmonar de origem cardíaca (tratamento furosemida). Outras patologias também podem dar INSUFIENCIA CARDÍACA, sem necessariamente ser de origem cardíaca, tais como: Hipertensão pulmonar (DPOC) Nesse caso o Coração no lado Direito fica com IC + lado Esquerdo funcionando normalmente (tratamento com Alenia, um broncodilatador). Problema pulmonar Gerando problema cardíaco (isso é chamado de cor pulmonale). DPOC faz HAP (hipertensão pulmonar) O pulmão faz algo diferente dos outros órgãos: Se a perna está isquêmica, ela faz vasodilatação. Mas se há uma região que está isquêmico no pulmão ele irá fazer vasoconstrição A fim de mandar sangue para outra área do pulmão que esteja funcionante. Então quando temos um pulmão de um paciente fumante, ou que manuseou muito o fogão a lenha as artérias desse pulmão estarão todas contraídas O coração, ventrículo direito, sofre ao tentar mandar sangue para esse local Isso gera insuficiência cardíaca sem causa cardiogênica – dessa forma trataremos a IC com brondodilatador. Outras causas de insuficiência cardíaca: - Dislipidemia (infarto prévio) No infarto, o sangue para de chegar ao coração, às áreas que param de receber sangue ficam fibrosadas A força cardíaca NÃO fica a mesma Nesse caso NÃO trombolizamos o paciente (o infarto é prévio) mas fazemos diurético, dependendo do perfil hemodinâmico do paciente. - Pacientes infectados com Trypanosoma Cruzi Doença de Chagas. (Slide 10 Chagas no ECG) O Trypanossoma Cruzy vai até o sistema de condução do coração e lesa tanto os ramos esquerdos e direitos (sendo as repercussões iniciais no lado direito) Isso irá gerar padrão: RSr’ em V1 (chamado de orelha de coelho) Bloqueio Antero divisional esquerdo Bloqueio de ramo direito associado à BBAS É sinônimo de chagas. - Paciente com arritmias (EX: Taquicardia supraventricular) – nesses casos o tratamento da IC ser desfibrilação. EX 2: Paciente que chega com uma FA (fibrilação atrial) de alta resposta O sangue NÃO está sendo enviado para o ventrículo O tratamento é com AMIODARONA. EX 3: Paciente com supra de ST em parede inferior O tratamento é com Angioplastia + Trombolítico. - Valvulopatias Tomar cuidado principalmente com usuários de drogas injetáveis, com febre e sopro no coração (são uma população fator de risco para endocardite) O tratamento para esse paciente é antibiótico, oxacilina. Da IC eu preciso saber: Diagnóstico Reconhecer sinais clínicos Tratar a causa base INSUFICIÊNCIA CARDÍACA A insuficiência cardíaca inicia-se através de seus fatores de risco, por isso devemos atuar na prevenção desses fatores, para que o mesmo NÃO evolua com Insuficiência Cardíaca: Diabetes Metformina Dislipidemia Estatina Hipertensão IECA ou BRA Tabagismo Adesivo de nicotina ETC Um paciente com esses fatores de risco, possivelmente há 20 anos possuirá IC Portanto a hora de intervir é quando houver o reconhecimento dos fatores. PACIENTE ESTÁGIO A) Ele não possui IC, não possui sintomas, apenas possui fatores de risco. Caso os fatores de risco NÃO sejam controlados, ocorre a evolução da lesão miocárdica: - Remodelamento cardíaco em detrimento do hiperaldosteronismo Hipertrofia ventricular. - Aterosclerose nas coronárias gerando isquemia que evolui para um infarto. Área de infarto serve como uma área de disparo de arritmia, isso porque a área que fibrosou serve como um local de reentrada nodal, que faz gerar o impulso nervoso da arritmia. Paciente evolui para o estágio B. PACIENTE ESTÁGIO B) Paciente que NÃO possui sintomas de IC, mas ele já possui mudanças estruturais do coração. PACIENTE ESTÁGIO C e D) Paciente com sintoma de IC + mudanças estruturais do coração. - Paciente estágio C: apresenta sintomas moderados. - Paciente estágio D: apresenta sintomas graves (dispneia aos mínimos esforços). EPIDEMILOGIA O principal fator de ICC é a idade: - Prevalencia de 1 a 2% da população adulta - Prevalencia >10% > 70 anos.DEFINIÇÃO DE IC - É uma síndrome clínica complexa - Ocorre devido a uma disfunção estrutural do coração e/ou funcional - Essa disfunção irá levar a um inadequado suprimento sanguíneo que ocorre por conta de uma: - Redução do débito cardíaco - Elevação das pressões intracardíacas em repouso e/ou durante estresse/esforços Tudo isso ocorre devido a uma dificuldade de enchimento ventricular ou de ejeção. OBS: A força de ejeção é avaliada através do Ecocardiograma. ETIOLOGIA DA IC Doença miocárdica - Isquemia - Tóxica - Imune - Inflamatória - Infecciosa (miocardite) - Nutricional - Genética Arritmias Taquiarritmias e Bradiarritmias Hipertensão Valvar ou estrutural Pericárdio: - Constrictiva - Efusão pleural Endomiocárdica: - EX: Endomiocardiofibrose Estado de alto débito: - Anemia grave - Tireotoxicose - Sepse - Doença de Paget - Fístula AV AGUDIZAÇÃO DE IC CRÔNICA São fatores que estão relacionados a piora de Insuficiência Cardíaca: Má aderência ao tratamento Infecção (Sepse) Isquemia coronariana Arritmias Anemias Hipotireoidismo ou Hipertireoidismo De forma geral situações que aumentem o esforço cardíaco predispõem a novos episódios de Agudização da IC. SINTOMAS DE IC Dispneia Ortopneia O paciente sente piora dos sintomas (dificuldade respiratória) quando está deitado, porque o sangue que estava em fígado e MMII retorna a ao coração (um coração insuficiente). Dispneia Paroxística Norturna Edema de Membros Inferiores Fadiga, cansaço Baixo débito Oligúria A diminuição do débito cardíaco gera baixo fluxo renal, levando a retenção de sódio e água e ao surgimento de edemas periférico e pulmonar. FISIOPATOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA OBS: RPT = Resistencia Periférica Total MECANISMO DE COMPENSAÇÃO Na queda da Pressão Arterial, isso irá estimular os barorreceptores Esses por sua vez induzem a resposta neuro- humoral com liberação de Catecolaminas (nordrenalina). Além disso, o Sistema Renina Angiotensina Aldosterona será ativado também. Isso aumentará: Batimento cardíaco (FC aumenta) (aumenta o risco do coração enfartar). Retenção de sódio e água (aumento da volemia) A ação da noradrenalina nos receptores B1 e B2 se ocorrer de forma exagerada gera um efeito miocardiotóxico. A aldosterona em excesso gera um remodelamento cardíaco. Tudo isso gera ao miocárdio: - Células cardíacas grandes - Células hipofuncionantes E se nada for feito para ser revertido o quadro O paciente evoluirá com apoptose + necrose dessas células. OBS: Aldosterona estimula necrose + fibrose miocárdica (porque quando ele estimula os receptores esteroide, isso gerará uma proliferação de fibroblastos). Nesse caso o tratamento é com BRA. PROVA: A Aldosterona gera uma hipertrofia ventricular esquerda. Os mecanismos compensatórios visam desacelerar o processo em que o coração se torne insuficiente (aumenta fração de ejeção por um período). SINTOMAS INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESQUERDA (prova) Quando o lado esquerdo do coração é afetado, o paciente evoluirá com: - Hipofluxo cerebral: Confusão Dificuldade de concentração Cefaleia Insônia Ansiedade - Cardíaco: Cardiomegalia Taquicardia Pulso alternante Arritmias Baixa reserva - Rim: Oligúria Nictúria - Pulmão: Dispnéia Ortopnéia Dispnéia paroxística noturna Respiração de Cheyne – Stokes Edema agudo. - Músculo Fadiga Astenia SINTOMAS INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIREITA (prova) Quando o lado direito do coração é afetado, o paciente evoluirá com: - Cardíaco: Cardiomegalia Taquicardia Pulso alternante Arritmias Baixa reserva Estase jugular - Membros inferiores: Derrames cavitários Edema em MMII Cianose - Fígado: Hepatomegalia Dor pulsátil Esplenomegalia Refluxo hepatojugular DISFUNÇÃO SISTÓLICA A disfunção sistólica é a incapacidade do ventrículo de se esvaziar, ou seja, sua insuficiência como bomba propriamente dita. O déficit mecânico sistólico, seja qual for à etiologia, é a base do conceito clássico de insuficiência cardíaca. A incapacidade de esvaziamento total da câmara cardíaca leva ao aumento do volume e da pressão diastólica final, além da queda do volume sistólico, levando a redução do débito cardíaco. O coração pode crescer para dentro ou para fora: Hipertrofia concêntrica Nesse caso o coração cresce para dentro, diminuindo o local do sangue dentro do ventrículo, refletindo em uma diminuição na quantidade de sangue que chega ao ventrículo (diminui a fração de ejeção) – mas a área cardíaca no Raio-X está normal. Hipertrofia excêntrica comum em quem é atleta, o coração cresce para fora a fim de proporcionar uma maior força na sístole, sem modificar a quantidade de sangue que chega a câmara (aumenta a fração de ejeção). CAUSAS DA DISFUNÇÃO SISTÓLICA: Sobrecarga pressórica (adaptação Hipertrofia concêntrica) - HAS - Hipertensão pulmonar Sobrecarga volumétrica (adaptação Dilatação e hipertrofia excêntrica) - Infarto agudo do miocárdio - Insuficiência aórtica - Fístulas Arteriovenosas Agressão primária ao miocárdio - IAM - Miocardites - Cardiomiopatias dilatadas DISFUNÇÃO DIASTÓLICA O mecanismo, que pode existir de forma isolada. Nela ocorre à deficiência no relaxamento ventricular e no seu enchimento Isso leva ao aumento da pressão diastólica, sem necessariamente haver comprometimento da função sistólica. Este mecanismo pode gerar todos os sinais de insuficiência cardíaca clássica, mesmo na ausência de déficit sistólico. Nesse o coração fica grande ao raio-X CAUSAS DA DISFUNÇÃO SISTÓLICA: Alteração do relaxamento: - Hipertrofia ventricular esquerda - Isquemia miocárdica Redução da elasticidade - Amiloidose - Sarcoidose - Cardiomiopatia actínica Síndrome constritiva - Pericardite constritiva Cardiomiopatia Obliterativa - Endomiocardiofibrose PROVA: Tabagismo dará hipertensão pulmonar – que gera repercussões no VD e posteriormente no VE Gera disfunção sistólica. IRRIGAÇÃO MIOCÁRDICA O miocárdio é irrigado através das coronárias Delas surgem as perfurantes, que fazem a irrigação da parte mais central do coração. Conforme o coração vai crescendo concentricamente, as perfurante não conseguem mais chegar ao meio do coração Isso gera isquemia. Isquemia no eletro é visualizada como supra de ST Isso se assemelha muito quando o paciente infarta Mas nada mais é do que hipertrofia de ventrículo esquerdo. CHAMPS Toda vez que um paciente chega descompensado da insuficiência cardíaca, devemos fazer procurar nele o “Champs”: - C: coronária Pensar em infarto - H: hipertensão Crise hipertensiva - A: arritmia - M: causa mecânica Valvulopatia, pericardite obstrutiva, endocardite, TEP. - S: sepse IC Eu posso possuir uma insuficiência cardíaca com: - Pressão normal - Pressão alterada - Chocado O paciente poderá então estar: Quente e seco Frio e seco Frio e úmido Quente e úmido O seco e úmido Está correlacionado ao pulmão (congestão pulmonar): - Seco: sem edema pulmonar - Úmido: com edema pulmonar O quente e frio Está correlacionado a irrigação das extremidades (pressão arterial): - Quente: extremidadesbem perfundidas - Frio: extremidades mal perfundidas. Toda vez que eu falo de IC – Eu devo saber do perfil hemodinâmico da pessoa. EX: A pessoa possui hipertensão: - Ele poderá estar bem perfundido (quente), porém o pulmão dele poderá estar encharcado (úmido) Tratamento: furosemida. EX: A pessoa possui hipotensão: - Ele poderá estar com o pulmão normal (seco), porém as extremidades mal perfundidas (frio) Tratamento: fazer prova de volume (250 ml de soro ringuer lactato, e ver como o paciente responde) + Avaliar sua pressão. EX: Paciente chocado - Ele estará com PAM <65, pulmão encharcado + extremidades mal perfundidas Tratamento: fazer noradrenalina ou dobutamina. Iniciar com Nora até a PAM ficar com 65 + titulando dobutamina (porque esse faz vasodilatação). Lembrar: ligar dobutamina somente se a PA estiver estabilizada. Um marcador de insuficiência cardíaca BNP (Peptídeo natriurético tipo B). Valor acima de 6.000 pg/ml identifica grupo de pacientes com alta probabilidade de morrer em 90 dias após a alta hospitalar. O BNP é um hormônio liberado pelos ventrículos sempre que o coração sofre agressão.
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