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AULA N. 1 DE CLÍNICA MÉDICA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DESCOMPENSADA (IC) Deficiência do sistema cardiovascular em suprir necessidades metabólicas dos tecidos ou quando necessita de uma pressão elevada de enchimento para isso. É representada pela retenção hidrossalina, déficit de bomba promove a retenção de líquidos em membros superiores e inferiores, pulmão, tórax, causando edema. - A IC vai funcionar como ponto final em comum para várias doenças cardíacas - Alta prevalência e mortalidade, os pacientes podem ter uma morte súbita tanto arrítmica (ocorrida em consequência de uma fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular) e não- arrítmica (paciente que para em assistolia ou atividade elétrica sem pulso) → esse tipo de morte é dependente do estado da doença, se for em pacientes com curso pequeno da doença, vamos pensar em arrítmica e pacientes com curso longo da doença em não-arrítmica. →Ocorre uma ativação neuroendócrina pró- inflamatória, que é extremamente importante na escolha do tratamento (ex.: pacientes que possuem dificuldades para caminhar, subir escadas necessitam de maior atenção. →Redução da sobrevida, 50% dos pacientes morrem em 5 anos. →Etiologias da IC: • Isquemia (mais importante) • Doenças chagásicas • Doenças valvares • Miocardiopatias • HAS →Todas essas etiologias levam a uma disfunção do ventrículo esquerdo, esses pc. possuem a atividade simpática altamente ativada, se a bomba não funciona causa um debito cardíaco baixo e para compensar isso faz-se vasoconstrição e aumento da pressão arterial para manter o mesmo fluxo sanguíneo anterior. →Ativação neuro-hormonal - Na insuficiência cardíaca, independentemente da causa, ocorre queda do volume circulante efetivo que é detectado pelo sistema barorreceptor renal e extrarrenal, desencadeando ativação de potentes vasoconstritores e a subsequente retenção de sódio. → Sistema renina-angiotensina-aldosterona: - Papel importante na manutenção da homeostase de sal e água, e, portanto, no controle da pressão arterial e da perfusão tecidual. - →O corpo faz essa alteração citada anteriormente através do sistema renina-angiotensina-aldosterona, o rim esta filtrando menos em decorrência da deficiência de bomba cardíaca → interpreta que está tendo uma hipovolemia → ativa todos os sistemas possíveis para aumentar a captação de sódio e aumentar a volemia da corrente sanguínea → coração com deficiência de bomba → congestão, dispneia, edema de MMII, taquipneia → atividade simpática levando a uma taquicardia e ativação neuro-hormonal são os dois principais processos fisiopatológicos que levam a insuficiência. →Somado a isso, pode ter citocinas pró- inflamatórias porque esse coração pode estar inflamado. Ex.: paciente pode ter um infarto e evoluir para isquemia promovendo um quadro de IC ➔ Classificação: 1. Temporal: - Aguda: injuria que faz com que se instale de forma abrupta um quadro de IC (IAM, cardiomiopatias virais) – até 6 meses - Crônica: decorrente de uma doença mais prolongada e de início insidioso, ocorre uma descompensação na IC prévia desse paciente (motivos tanto farmacológicos como não-farmacológicos – ex.: não controlar pressão alta, anemia grave, estresse emocional...) e agudização da doença. Normalmente é maior de 6 meses 2. Anatômica: - IC do VD: . Principal causa: insuficiência do VE . Se a pressão nos capilares pulmonares está elevado e quem está mandando o sangue para os pulmões é o VD que não está acostumado a trabalhar em altas pressões, quando encontra esse ambiente pulmonar com esse aumento de pressão a pós-carga do VD acaba sendo muit0 aumentada → relacionada com congestão sistêmica porque o sangue que chega no VD é a do corpo todo - IC do VE: . Cursa com congestão pulmonar, porque se o VE não está sendo suficiente para manter o DC elevado e fica sobrando sangue dentro do VE → O sangue que está chegando nos pulmões pelas veias pulmonares não consegue manter uma pressão adequada → sangue chegando contra o sangue que fica lá, acaba aumentando a pressão pulmonar 3. DC: - Baixo débito: ocorre na maioria dos casos, o coração não consegue bombear sangue de forma suficiente - Alto débito: não está relacionado a uma alteração primária do coração, mas a um aumento muito intenso das demandas metabólicas periféricas (ex.: anemia, sepse, deficiência de vitamina B1) 4. Etapas do ciclo cardíaco: - Disfunção sistólica: mais relacionada com um quadro de dilatação do VE → não consegue manter a força para sístole . Fração de ejeção: reduzida, porque o coração não está conseguindo mandar esse sangue para fora de forma efetiva . Cardiomegalia . Dilatação do ventrículo e aumento da complascência ventricular = 3° bulha - Disfunção diastólica: não consegue acomodar o sangue de forma adequada . Fração de ejeção: preservada, porque não tem a ver com contração e sim com acomodação . Coração de tamanho normal . Presença de uma 4° bulha no final da diástole – contração atrial para vencer a resistência desse ventrículo 5. Perfil hemodinâmico: mais relacionado com IC aguda - Seco= não está congesto - Quente= não está com má perfusão - Inotrópico usa no perfil L - Perfil C = paciente mais grave ➔ ETIOLOGIA: - IC sistólica: cardiopatia dilatada . HAS: fase de sobrecarga de volume . Doença coronariana: caso de lesão isquêmica . Cardiomiopatia idiopática: paciente sem fatores de riscos . Doença de Chagas . Cardiopatia Alcóolica . Miocardiopatia periparto . Miocardites (principalmente virais) - IC diastólica: hipertrofia concêntrica . Idade avançada: perda de fibras colágenas e relaxamento ventricular fica mais prejudicado . HAS: fase de sobrecarga de pressão . Fibrose isquêmica . Miocardiopatia hipertrófica . Doenças infiltrativas: sarcoidose . Sexo feminino . Obesidade . DM . Doença renal . Estenose aórtica: sobrecarga de pressão → pós-carga aumentada e válvula que impede a passagem do sangue → aumento da pressão ➔ FISIOPATOLOGIA: - Pressão: sobrecarga de pressão → musculo trabalha mais → hipertrofia concêntrica - Volume: dilatação →Fatores determinantes para um bom trabalho cardíaco - Pré-carga: quantidade de sangue que chega no coração → relacionada com o estiramento das fibras miocárdicas e volume diastólico final - Pós-carga: dificuldade importa par exercer ventricular → Doenças como estenose aórtica - Contratilidade: interação entre actina e miosina - FC: relacionada principalmente ao DC → Mecanismos compensatórios: manter a pressão de perfusão periférica e débito cardíaco = reserva cardíaca que funciona até certo ponto - Taquicardia → DC = FC X Volume Sistólico → a taquicardia ocorre como forma de aumentar esse DC - Mecanismo de Frank-starling → condição do musculo = estiramento da fibra, maior força de contração que ocorre pelo aumento da pré-carga - Hipertrofia cardíaca → musculo trabalha mais → Alterações neuro-hormonais: - Alterações deletérias: redução do volume sistólico e DC, sem compensação ocorre a redução desse DC, que ativa barorreceptores e ativa o SNS que faz liberação de noradrenalina e vasoconstrição = inicialmente é boa para o contexto, mas com o tempo é cardiotóxica porque a noradrenalina é prejudicial ao miocito podendo gerar apoptose - Com a redução do DC, o sistema renina- angiotensina-aldosterona é ativado → presença da angiotensina ll que faz vasoconstrição e age no musculo cardíaco fazendo um remodelamento deletério (indução de apoptose e aumento de fibroblasto) e liberação da aldosterona que faz também esse remodelamento deletério . Retenção de sódio e água - Vasopressina que é o ADH (hormônio anti- diurético) → reabsorção livre de agua e causar hiponatemia dilucional (mal prognóstico)- Alterações protetoras: - liberação de peptídeos diuréticos atrial e cerebral = liberados através das fibras estiradas → farão natriurese e diurese (contra-balancear os mecanismos das ações deletérias) - liberação de alguns vasodilatadores (prostaglandina e dopamina) que vão fazer mecanismos contrários aos deletérios (renina, angiotensina e aldosterona) – antagonistas e tentam diminuir o remodelamento cardíaco → Alterações parácrinas e autócrinas = ocorrem em decorrência da disfunção endotelial que gera redução de um vasodilatador potente que é o óxido nítrico e aumento de um vasoconstritor potente que é a endotelina (Além disso, ela favorece o remodelamento cardíaco). - Liberação de algumas citocinas que vão acabar sendo deletérias também, dentre elas o TNF-alfa → MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: - Dependente das cavidades - Dispneia progressiva – VE - (Pc. começa sentindo essa dificuldade inicialmente aos grandes esforços e depois vai evoluindo para pequenos esforços) - Ortopneia (falta de ar ao se deitar por conta da congestão pulmonar a acúmulo de agua nos pulmões), DPN (pc. dorme e acorda no meio da noite com uma falta de ar – mais sugestivo quando clássica), tosse noturna (por conta da posição de decúbito aumentar a congestão pulmonar) – VE - EAP (edema agudo de pulmão) – casos graves, paciente está com o pulmão cheio de água e apresenta uma expectoração rosa por conta das microrroturas que ocorrem nos vasos pulmonares e decorrência do aumento de pressão pulmonar interna - Estertores crepitantes – alvéolo cheio de agua - Alcalose respiratório – passagem do sangue pelos alvéolos, mas alguns estão ineficazes e a pressão arterial de oxigênio pulmonar fica reduzida, redução da complascencia pulmonar por conta desse aumento da pressão e o paciente vai tentar expirar de forma mais intensa, mas vai acabar fazendo a expulsão de mais CO2 e isso vai gerar a acalose respiratória - Derrame pleural – mais acentuado a direita, porque ocorre a redução de vasolinfático - Edema de MMII - Estase jugular - Hepatomegalia = congestão hepática e distensão da cápsula de Gleason / reflexo hepatojugular - Ascite = quadro mais grave - Sintomas de baixo DC - Pele fina, pulso fino - TEC prolongado (Tempo de enchimento capilar), rebaixamento do nível de consciência - Oligúria - Astenia, fraqueza e acúmulo de ác. Lático (diminuição de perfusão muscular) → Exame físico: - Cardiomegalia com ictus desviado (deveria estar no quinto espaço, mas se apresenta no sexto espaço intercostal da linha axilar anterior) - B3 ou B4 - Sopro – valvopatia estrutural ou funcional (dilatação do VE → afastamento dos folhetos das valvas) - Sibilos = congestão peribrônquica que associado a dispneia é chamado de asma cardíaca - Emagrecimento e caquexia cardíaca = por má perfusão e por conta de má absorção no intestino porque ocorre uma congestão intestinal intensa → Causas de descompensação no quadro clínico da IC: • Não tem aderência (principal) → abandono de tratamento, paciente não entende a receita, desistência por não gostar de comprar comprimidos • Isquemia • Tratamento não adequado • Arritmias • HAS não controlada • Doença coronariana (principal) →Quanto pior a classe funcional desse paciente, pior é a evolução da doença. →Todos esses fatores levam a redução de contratilidade porque teve lesão do miocárdio, tanto por ativação do sistema renina-angiotensina quanto por atividade adrenérgica direta (causa toxicidade porque ocorre o aumento do consumo de oxigênio, mas não tem o miocárdio compensando esse consumo) →No coração normal, não ocorre liberação dos peptídeos diuréticos (estão presentes nos pacientes cardiopatas), quando se tem um quadro de IC com remodelamento cardíaco ocorre a liberação de BNP (peptídeo natiurético cerebral), pode ser dosado no sangue e determinar se o paciente possui IC ou dosar também o pró-BNP que antecede o próprio BNP. →Esse peptídeo é importante para determinar se esse paciente apresenta dispneia de origem cardíaca ou pulmonar, extremamente importante em atendimentos no pronto-socorro. • BNP não dosado → pulmonar • BNP dosado → cardíaco →Paciente teve processo isquêmico no ápice do coração, se não tratado de forma adequada esse coração vai sofrer um remodelamento (expansão) que ocorre de horas a dias principalmente no local do infarto. →O tratamento evita que esse paciente sofra esse remodelamento→ revascularizar essa área o quanto antes para evitar o quadro de IC Paciente com infarto localizado na artéria descendente anterior e sofre um remodelamento, pode ter disfunção sistólica ou pode ter alteração na diástole -Cardiomiopatias: 1. Chagásica: comprometimento difuso do ventrículo que sugere uma doença sistólica 2. Doença valvar (regurjitamento): sobrecarga de volume que sugere disfunção sistólica 3. HAS: hipertrofia do ventrículo, pode ser disfunção sistólica, mas comumente está relacionado a disfunção diastólica →IC com fração de ejeção reduzida ou preservada OBS.: pacientes que possuem sintomas respiratórios o ventrículo esquerdo é o mais sofrível → aumenta a pressão do ventrículo esquerdo, átrio e veias pulmonares com sofrimento pulmonar Insuficiência do VD: recebe a pré-carga → recebe sg. Das veias cavas inferiores e superiores → coração não consegue jogar essa carga para os pulmões → líquido represado → hepatomegalia dolorosa (extensão da capsula de Gleason), edemas de MMII e MMSS, cianose nas extremidades. • Principal causa de falência do VD: falência do VE →Diagnóstico do IC: • Critérios de Framinghan: - Dispneia paroxística noturna: paciente cerca de 2 a 3 horas depois de deitar sente falta de ar (líquido → edema me MMII ou ascite é reabsorvido → sistema venoso → pulmão → dispneia) - Ingurgitamento jugular: pensar em pressão venosa central elevada - EAP: edema agudo de pulmão - B3: quando o sangue está entrando na fase de enchimento lento do VE → sangue se choca com o sangue que não conseguiu sair do VE por IC - Refluxo hepatojulgular: Compressão no fígado → ingurgitamento da jugular direita (positivo) - Perda de líquido • Critérios de Boston: • Classificação de estádio, segundo American College of Cardiology/American Heart Association: - A: possuem fatores de risco (HAS, diabetes), mas não possuem cardiopatia estrutural → ECO normal - B: pc. com HAS e o coração já hipertrofiou, mas não possui sintomas. Fase muito boa de tratar o paciente para evitar evolução. - C: sintomático → 80% dos casos →Disfunção renal: extremamente presente nos pacientes com IC →Miocardiopatia hipertrófica → Coração hipertrofiado → cavidade extremamente reduzida →morte súbita →Cardiopatia isquêmica → coração aumentado com cavidade maior que o normal →Sobrecarga de volume e aumento do estresse sistólico → aumento do estresse diastólico ➔ Classificação de sintomas: - Diagnóstico: →Todos os pacientes precisam fazer ECG →R-X de tórax →ECO → caso tenha disponibilidade ajuda muito, porque indica se tem disfunção sistólica - Fração de ejeção normal: 50% - Fração de ejeção reduzida: 40-50% - Fração de ejeção baixa: abaixo de 40% →IC de novo: pc. nunca teve IC – é aguda - ex.: infarto agudo do miocárdio, arritmias, miocardite viral (falta de ar, ortopneia, B3 – HIV positivo faz muito), endocardite (destruição da válvula), crise hipertensiva emergencial, pós cirurgia cardíaca →IC crônica -ex.: não aderência; pc. tratava adequadamente, mas pegou uma doença obstrutiva gerando uma isquemia progressiva (ex. DPOC), tromboembolismo pulmonar (causa de falência do VD); arritmias cardíacas (importante: fibrilação atrial (FC acima de 100 possui alta chance de disfunção sistólica do VE) e taquicardiomiopatias); hipertireoidismo, anemiae drogas para tratar CA deixam o coração mais acelerado →50% dos casos de IC possui fração-ejeção normal (paciente idosos, diabéticos, coronarianos) → IC fração-ejeção preservada →Todo tto da IC fração-ejeção reduzida é baseado em evidências, mas para esses pacientes com a fração-ejeção preservada não possuem estudos baseados em evidências. →Sempre tratar a doença base - Anemia piora o prognóstico de IC: o pc. já possui dispneia e alto débito cardíaco → definir a causa - Síndrome cardio-renal ou deficiência de ferro: reposição sulfato ferroso, mas o rim não adianta dar ferro - Disfunção renal é relacionado com o PIOR prognóstico dos pc. com IC - Cuidado com uso excessivo de diuréticos - Monitorar função renal: creatinina - Medicamentos tóxicos para o rim →Exames complementares: - Cintilografia ou ressonância: avaliar áreas de isquemia e necrose - ANEXOS:
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