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5ºAula Componentes de Custos: Mão de Obra Direta Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • conhecer os custos que compõem a mão de obra direta; • calcular o custo da mão de obra direta levando em conta todos os seus componentes; • colocar em prática as técnicas aprendidas. Caros(as) alunos(as), nesta aula, conheceremos a fundo o segundo maior componente do custo do produto vendido (CPV): a Mão de Obra direta. Este conteúdo continuará nos dando embasamento para aprimorar a alocação de custos em nossos cálculos de custos e demonstrativos contábeis. Bons estudos! 33 Engenharia de Custos 32 1. Seções de estudo Mão de Obra 2. Salários diretos 3. Exemplos de cálculo de mão de obra 1 - Mão de Obra 1.1 - Mão de obra direta A mão de obra direta é aquela que age efetivamente na elaboração dos produtos ou na prestação de serviços, sendo facilmente identificada e objetivamente mensurada às unidades produzidas ou ao serviço prestado, ou seja, é sempre possível identificar perfeitamente que o empregado trabalhou o produto ou serviço e o tempo despendido no mesmo (VERGARA, 2014). Consideramos mão de obra direta (MOD) o salário do operário cuja ocupação estiver diretamente relacionada ao produto que está sendo fabricado. Os demais operários, embora imprescindíveis à tarefa de produzir determinado produto, serão considerados como mão de obra indireta (LIMEIRA et al., 2015). 1.2 - Mão de obra indireta No que tange a mão de obra indireta, ela só é apropriada ao custo dos produtos por meio de fatores de rateio. Por exemplo, um operário que trabalha supervisionando máquinas, cada uma executando uma operação num produto diferente, terá seu custo classificado como MOI, devendo ser considerado algum critério subjetivo para esta alocação. Da mesma forma, são classificados como MOI os gastos com o pessoal de manutenção, pessoal de limpeza, etc (BERBEL, 2003). ATENÇÃO Na hora de realizar a apuração do custo dos produtos vendidos (CPV), os gastos com MOD podem ser alocados diretamente, enquanto que a MOI fará parte dos custos indiretos de fabricação (CIF). Fonte: elaborado pela autora. 1 - Salários diretos Massa salarial é o resultado total dos custos com mão de obra. A figura a seguir, ilustra a composição da massa salarial como um todo para a empresa. Fonte: elaborado pela autora. Os custos da mão de obra, em geral, compõem-se de duas partes: salário e encargos sociais e trabalhistas. 2.1 - Salário É a importância fixada em contrato como contraprestação do serviço prestado pelo empregado ao empregador, podendo ser estabelecido em termos de salário/hora ou mês. A composição do custo total de mão de obra dá-se pela soma de alguns componentes. Primeiramente, partimos da parte deste custo que se refere diretamente à remuneração relacionada ao tempo efetivo despendido por esta mão de obra no trabalho. Em seu complemento, incorporam-se a tal custo, por força de lei ou de negociação, diversas obrigações de caráter social e referente a tempos não trabalhados (XAVIER; XAVIER; MELO, 2014). 2.2 - Encargos Sociais Os encargos sociais em sua base conceitual são os custos demandados pela contratação de mão de obra que extrapolam a remuneração referente ao trabalho efetivamente realizado (XAVIER; XAVIER; MELO, 2014). Tais encargos, no caso brasileiro, são em sua grande maioria de origem compulsória, os quais derivam de obrigações constitucionais, da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT. Segundo Berbel (2003), essas obrigações por força de lei são de responsabilidade exclusiva da empresa. São eles: • Contribuição previdenciária - parte da empresa. • Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. • Seguro Acidente do Trabalho. • Provisão para 13º salário. • Provisão para Férias. De acordo com Vergara (2014), os encargos sociais e trabalhistas correspondem aos gastos que a empresa tem para com o funcionário, além do salário. São as conquistas contidas em leis, acordos sindicais ou em negociação com a própria empresa. Alguns desses encargos são pagos diretamente ao empregado, tais como: horas extras, repouso semanal remunerado, férias, faltas abonadas por licenças, adicional por periculosidade, insalubridade, 13º salário, gratificações, prêmios, entre tantos outros. Também existem encargos 34 33 concentrados em certa época do ano como férias, e outros que se acumulam em certas ocasiões como o caso da multa do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O adicional de horas extras, os adicionais noturnos, as bonificações e os outros itens provocam o dilema de se debitar diretamente ao produto ou se atribuir aos custos indiretos para rateio geral. Tudo dependerá da análise elaborada. Se, por exemplo, o pagamento da hora extra for anormal/ esporádico e houver incorrido num determinado dia em função de uma encomenda especial, deverá ser totalmente atribuído como custo direto. Por outro lado, a empresa paga duas horas diárias extraordinárias durante o ano todo e trabalha em produção contínua, o correto será a diluição nas horas de trabalho comum do operário, não devendo haver diferença entre o custo da hora normal e o custo da hora adicional. Ainda em outro caso, se a empresa tiver que pagar horas extras em determinadas épocas do ano ou do mês, poderia ocorrer de a atribuição direta não ser a forma mais adequada e sim a atribuição das horas extras como custos indiretos (XAVIER; XAVIER; MELO, 2014). Existem inúmeros gastos que são incorridos pela empresa em função da mão de obra, tais como vale refeição, vale transporte, assistência médica, entre outros. Esses gastos guardam pouca relação com o volume de produção, não são classificados como mão de obra direta e devem ser debitados à conta de custos indiretos de fabricação para fim de posterior rateio aos produtos. Fonte: elaborado pela autora. 3 - Exemplos de cálculo de mão de obra Suponhamos que no departamento da empresa X trabalhem 5 funcionários diretos com jornada de trabalho de 44 horas semanais (por conta dos domingos, considere uma semana com 6 dias úteis). O salário é de $5,00 por hora para cada um. Os encargos sociais e trabalhistas correspondem a 99,27% dos salários. No mês de junho houve 4 domingos e 1 feriado (que caiu em uma 4ª feira). Um dos funcionários faltou 2 dias que foram justificados e abonados. Segundo o boletim do departamento de produção, as 901,59 horas disponíveis foram distribuídas da seguinte forma: Produtos Tempo total A 120h B 270h C 225h D 210h Total de horas produtivas 825h Horas improdutivas 76,59h Total de horas apontadas 901,59 Fonte: elaborado pela autora. Determine o custo da mão de obra direta dos produtos. 5 funcionários 44 horas/semana à 4 domingos 1 feriado à 44/6 horas por dia $ 5/hora 99,27% de encargos sociais • Dias trabalhados no mês Trabalhados sem faltas Trabalhados com faltas 30 dias 30 dias - 4 domingos - 4 domingos - 1 feriado - 1 feriado = 25 dias - 2 faltas = 23 dias • Cálculo da jornada de trabalho diária 44 horas na semana / 6 dias úteis = 7,33 horas/dia Cálculo das horas totais disponíveis para trabalho Trabalhados sem faltas Trabalhados com faltas 25 dias 23 dias * 7,33 horas por dia * 7,33 horas por dia * 4 funcionários * 1 funcionários = 733 horas = 168,59 horas Total de horas trabalhadas = 733 + 168,59 = 901,59 h • Cálculo do salário mensal no departamento 901,59 * $5 = $4507,95 • Cálculo dos encargos sociais e trabalhistas $4507,95 * 99,27% = $4475,04 • Custo total da mão de obra no departamento (salários + encargos) $4507,95 + $4475,04 = $8982,99 • Cálculo do custo/hora da mão de obra do departamento $8982,9 / 901,59 horas = $ 9,96/h • Custo da mão de obra direta $9,96 * 825 horas produtivas = $ 8217 • Custo do tempo improdutivo $9,96 * 76,59 horas improdutivas = $ 762,83 Resposta = de acordo com os dados demonstrados acima, o custo com mão de obra direta para a empresa foi de $8217,00. 35 Engenharia de Custos34 A empresa Y fabrica 2 tipos de cornetas: tipo A e B. algumas dessas cornetas são inteiramente de plástico e outras levam uma peça de latão, em torno da qual é moldado o plástico. Essas últimas necessitam, então, de um trabalho de perfuração e usinagem. A empresa possui 3 centros de custo: Moldagem (1), Usinagem e Perfuração (2) e Serviços Gerais (3). Um estudo sobre as operações do mês de setembro de 201x revelou o seguinte: Centro de Custos Moldagem Usin. e Perf. Serviços Gerais MOD $ 16.500 $ 49.500 - CIF $ 20.000 $15.000 $ 4.000 Material Plástico 2.400 litros Latão 300 quilos Fonte: elaborado pela autora. Foram produzidas 3.000 cornetas tipo A e 4.500 tipo B, sendo que para cada uma houve o consumo de: Tipo de corneta Centro de Produção MOD Moldagem MOD Usinagem e Perf. TIPO A 15 min. 20 min. TIPO B 10 min. - Fonte: elaborado pela autora. Segundo a seção financeira, as taxas salariais pagas aos operários diretos por centros de produção são: Tipo de corneta Centro de Produção Moldagem Usinagem e Perf. TIPO A $ 16 por hora $ 49,50 por hora TIPO B $ 6 por hora - Fonte: elaborado pela autora. A lista de materiais de cada produto revela as seguintes quantidades utilizadas: Tipo de corneta Centro de Produção Moldagem Usinagem e Perf. TIPO A 0,5 litro de plástico por unidade 0,1 quilo de latão por unidade TIPO B 0,2 litro de plástico por unidade - A contabilidade informou que os custos de materiais foram os seguintes: Plástico R$ 10,00 o quilo Latão $ 6,00 o quilo Calcular o custo fabril de cada tipo de corneta. Custo de produção no período = MOD + MP + CIF • MOD Custo de mão de obra Moldagem (15/60) minutos * 3000 un.* $16 = $12.000 (10/60) minutos * 4500 un.* $6 = $4.500 $16.500 Usinagem perfuração (20/60) minutos * 3000 un.* $49,5 = $49.500 - $49.500 Total MOD = $61.500 = $4.500 $66.000 Fonte: elaborado pela autora. • MP Quantidade de materiais A B Total Plástico 0,5L * 3000 un. = 1500L 0,2L * 4500 un. = 900L 2.400 L Latão 0,1Kg * 3000 un. = 300Kg - 300 Kg Fonte: elaborado pela autora. Custo de materiais A B Total Plástico 1500L * $10 = $15.000 900L * $10 = $9.000 $ 24.000 Latão 300Kg * $6 = $1.800 - $ 1.800 Total $ 16.800 $9.000 =$25.800 Fonte: elaborado pela autora. • CIF = $39.000 CIF Moldagem $ 20.000 Usin. e Perf $15.000 Serviços Gerais $ 4.000 Fonte: elaborado pela autora. Rateio CIF Serviços Gerais proporcional a MOD MOD % Rateio Moldagem $16.500 25% $ 1.000 Usin. e perf. $49.500 75% $ 3.000 Total $ 66.000 100% $ 4.000 Fonte: elaborado pela autora. CIF Rateio Total CIF Moldagem $ 20.000 $ 1.000 $ 21.000 Usin. e Perf $15.000 $ 3.000 $ 18.000 Fonte: elaborado pela autora. Rateio CIF Setor de moldagem proporcional a MOD Horas MOD % Rateio A (15/30) minutos*3000 un. = 750 min 50% $ 10.500 B (10/30) minutos*4500 un. = 750 min 50% $ 10.500 36 35 Total 1500 min 100% $ 21.000 Fonte: elaborado pela autora. • Custo Fabril MOD = $66.000 MP = $25.800 CIF = $39.000 TOTAL = $130.800 • Custo fabril por produto Tipo de Corneta MOD MP C I F Moldagem C I F Usinagem Total A $61.500 $ 16.800 $10.500 $ 18.000 $ 106.800 B $ 4.500 $ 9.000 $10.500 - $ 24.000 Fonte: elaborado pela autora. Retomando a aula 1 - Mão de Obra A mão de obra direta é aquela que age efetivamente na elaboração dos produtos ou na prestação de serviços, enquanto que a mão de obra indireta só é apropriada ao custo dos produtos por meio de fatores de rateio. Para efeitos práticos considera-se mão de obra direta (MOD) o salário do operário cuja ocupação estiver diretamente relacionada ao produto que está sendo fabricado. 2 - Salários diretos Os custos da mão de obra, em geral, compõem-se de duas partes: salário, que é a importância fixada em contrato como contraprestação do serviço prestado pelo empregado ao empregador e, encargos sociais e trabalhistas, que correspondem aos gastos que a empresa tem para com o funcionário, além do salário. 3 - Exemplos de cálculo de mão de obra Para aperfeiçoamento da disciplina vista ao longo da aula, realizamos exercícios que envolvem o cálculo do salário dos operadores, evidenciando o tempo ocioso despedido por eles e observando como isso impacta no custo da mão de obra direta. BERBEL, José Divanil Spósito. Introdução à Contabilidade e Análise de Custos. São Paulo: Editora STS, 2003. LIMEIRA, André Luis Fernandes et al. Gestão contábil financeira. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2015. VERGARA, W. R. H. Componentes de Custos: Materiais. Curso de Engenharia de Custos. 2014. Universidade Federal da Grande Dourados. VERGARA, W. R. H. Componentes de Custos: Mão de Obra Direta. Curso de Engenharia de Custos. 2014. Universidade Federal da Grande Dourados. XAVIER, Carlos Magno da Silva; XAVIER, Luiz Fernando da Silva; MELO, Maury. Gerenciamento de Projetos de Construção Civil. Rio de Janeiro: Brasport, 2014. Vale a pena ler Vale a pena Minhas anotações 37