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História Econômica Geral Feudalismo – séculos V – XV Alta Idade média – V – XI Idade Média Central – XII e XIII Baixa Idade Média – XIV e XV 1 – Definições e aspectos gerais: Feudalismo: Organização social, política, econômica e religiosa predominante na Europa Ocidental durante o período histórico compreendido como Idade Média. Feudalismo segundo Anderson: Surgiu na Europa Ocidental, caracterizado por uma unidade complexa. Foi um modo de produção regido pela terra e por uma economia natural, na qual nem o trabalho nem os produtos do trabalho eram bens. O produtor – camponês estava unido ao meio de produção – terra por uma específica relação social. Como organização social o feudalismo era classista e hereditário; classista porque se dividia em castas mais ou menos privilegiadas; hereditário porque o tramite de uma casta para outra era quase impossível e a manutenção das castas era feita através da herança de pai para filho. Na política o feudalismo se caracterizava como um poder descentralizado e autônomo onde o senhor mandava e regia o seu feudo conforme suas leis e sua vontade. O cargo de senhor feudal era hereditário. A economia era baseada na agricultura. Quase todos os feudos eram auto-suficientes na produção de alimentos. O comércio era subdesenvolvido, pois as relações entre os feudos dificilmente eram amistosas, principalmente na baixa idade média. A religião católica era predominante e o teocentrismo, o princípio da doutrina. A igreja tinha forte poder espiritual e temporal, pois ao contrário dos feudos estava centralizada. 2 – Origens e localização no tempo: O sistema feudal formou-se de maneira lenta. Suas origens estruturais encontram-se nas sociedades romanas e germânicas, cuja fusão e transformação se processaram ao longo da alta idade média. Foi então que se deu a passagem do escravismo ao feudalismo, entre os séculos IV e X. O período de transição iniciou com o declínio do Império Romano do Ocidente como conseqüência das invasões bárbaras. Nesse período houve o declínio cultural e o desaparecimento dos vestígios da era clássica (antiguidade). A desintegração do Império Romano na atual Europa Ocidental, em finais do século V, e seu desmembramento em vários reinos rivais aprofundou a decadência econômica dessa região, inaugurando uma época de acentuada anarquia. Os bárbaros eram organizações patriarcais primitivas divididas em clãs formados por grandes unidades familiares. Estes iniciam suas conquistas com o objetivo de adquirirem territórios, riquezas através da pilhagem e também tornarem submissos os povos conquistados. Desta forma, o Império Romano do Ocidente foi pouco a pouco sendo desmembrado em vários reinos bárbaros, dando origem à unidade auto-suficientes baseadas em uma economia natural.Entre os séculos V e VI a sociedade escravocrata foi cedendo lugar, gradativamente, as relações feudais. Os bárbaros que conquistaram o ocidente levaram para estas cidades seus costumes e suas comunas, mas não foi possível aplicar o seu modelo que levou ao desaparecimento gradual da igualdade entre as primitivas comunas levando a uma formação feudal. O início do processo de feudalização acontece devido à maneira como cada chefe de cada tribo dividia os ganhos da conquista; eram muitas vezes, dado aos seus súditos grandes propriedades com escravos. Para outros membros, o direito a terra devia-se à condição que tinham usufruído em seu país de origem. Estas propriedades, com o tempo, foram se desintegrando em unidades cada vez menores, pois a propriedade ia se dividindo entre os filhos. Desta forma, pequenos lavradores independentes acabaram perdendo suas terras e sua liberdade e tornaram-se servos ou camponeses dependentes dos grandes proprietários de terra, ficando sujeitos aos vários tipos de indulgências (impostos) e colocando todos os seus descendentes nessa condição. A Igreja estava sempre disposta a “ajudar” recebendo as terras dos pequenos lavradores para depois arrendá-las a eles. Assim, a estrutura política sofre alterações. Antes, na primitiva sociedade bárbara era a assembléia popular e dos anciãos que decidiam as questões. Agora, a estrutura do Estado era baseada na coerção e na força. No século XI, o processo de feudalização estava estabelecido por quase toda a Europa: a terra na mão dos senhores feudais e a maior parte da população na sua dependência. 3 – Abordagem alternativa ao período denominado feudal De acordo com Cyro Rezende, a forma de organização da cultura dos invasores (povos bárbaros) associada ao modo de produção escravista em dissolução (Império Romano) resultará na formação de um novo sistema econômico: o funcional. Essa formação resultou na divisão de funções: lutar, rezar e prover os bens necessários à sobrevivência, ou seja: os senhores (defendiam os territórios, o clero e os servos). Com a queda do Império Romano, a atual Europa Ocidental entrou em um processo de ruralização e recuo demográfico. A Igreja passou a desempenhar funções administrativas e culturais e os invasores germânicos assumiram as questões políticas e militares, ambos constituíram-se em detentores de grandes extensões de terras, cultivadas por mão-de-obra servil. A denominação de sistema econômico feudal tem origem nas relações que se estabelecem entre as classes sociais: senhores, servos, clero. O Feudo era uma concessão feita por um senhor a seu vassalo, para que esse pudesse prestar-lhe um determinado tipo de serviço, quase sempre de natureza militar. Embora a maioria dos feudos fosse constituída por propriedades rurais, podiam também ser castelos. O Feudo estabelecia compromissos recíprocos entre iguais, criando uma solidariedade horizontal apenas entre homens livres. Segundo Cyro Rezende, o feudo deve ser corretamente visto como uma manifestação político- jurídica da sociedade funcional, restrito aos homens livres – minoria no período, e nunca emprestar seu nome a todo um sistema econômico. Segundo o autor o sistema econômico funcional está dividido em dois períodos: Economia Dominial - Séculos VI – X - alta idade média – fase de gestação do sistema – apoiado quase que totalmente na agricultura. O domínio pode ser descrito como uma grande propriedade agrária trabalhada por mão-de-obra servil, cultivada de maneira rudimentar até sua exaustão, resultando em baixa produtividade da terra, e o trabalho artesanal fornecendo todo tipo de bens necessários; uma economia de auto-suficiência. Economia Senhorial – Séculos XI – XIII – Média idade Média: Expansão geográfica da economia funcional em direção aos quatro pontos cardeais: ao norte, alcança a atual Inglaterra; ao sul, a Itália meridional e a Sicília, a Palestina e parte da Síria; a oeste, a Espanha Central; e a leste, a planície centro-européia até o rio Oder e o litoral do mar Báltico. Essa expansão foi possibilitada pelas transformações agrícolas, ocorridas nos dois séculos anteriores, pelo aumento da população – poucas guerras e epidemias e abundancia de recursos naturais. A partir do Século XIII, o trabalho escravo quase desaparece, os senhores de terras deixam de basear a produção no trabalho não remunerado e obrigatório. Muda-se a forma de pagamento. Até está época o camponês trabalhava nas terras do senhor, a partir de agora o senhor ficará com parte da produção do camponês. 4 -Conceito de Feudo: Consistia em uma aldeia com uma vastidão de terras aráveis que a circundavam e nas quais o povo da aldeia trabalhava. Os Feudos variavam de tamanho, de organização e nas relações entre os que os habitavam. O Feudo pertencia a um senhor feudal leigo ou eclesiástico. No feudo concentrava-se não só a produção agrícola como também, a criação, as manufaturas caseiras e o comércio local onde era restrita a circulação monetária. O Feudo era a unidade territorial e política- jurídica da sociedade feudal.5 – Papel do Senhor Feudal, dos servos e do Estado: Senhores Feudais com título – receberam suas terras diretamente do Rei.; Senhores menos poderosos – recebiam seus feudos de nobres, eram vassalos destes mesmos senhores; Cavaleiros – proprietários de pequenos feudos, estavam submetidos como vassalos de senhores mais poderosos. Entre os Senhores feudais existia uma relação de suserania e vassalagem. Os nobres, que eram investidos de seus poderes e de sua terra por outro nobre, passavam a ser vassalos desse e dever- lhe obrigações, serviços de cavaleiro – fornecimento de efetivo militar em tempo de guerra. Um Senhor feudal era vassalo de outro senhor feudal estendendo-se essa cadeia até o cume do sistema – ou seja, até o monarca (rei) de quem toda a terra, a princípio era dono. Estado: Devido à autonomia dos Feudos (subsistência e justiça), o poder do Rei torna-se apenas um poder de direito. Os senhores feudais recebem do Rei a “carta de Imunidade” que significa total controle dentro de seus domínios. Esse sistema permitiu que a soberania política nunca estivesse enfocada em um único centro. As funções do Estado desagregavam-se em concessões verticais sucessivas, e a cada nível estavam integradas as relações econômicas e políticas. Parcelarização da soberania. Servos ou camponeses: possuíam mobilidade restrita. Ocupavam e cultivavam a terra mas não eram seus proprietários. Relação entre senhores feudais e servos era de coação. Os primeiros controlavam a terra e extraíam um excedente de produção dos camponeses através de uma relação político-legal de coação. Coerção extra-econômica: arrendamento em espécie ou obrigações consuetudinárias (costumes) que era exercido na própria terra do senhor feudal ou em faixas de terra arrendadas e cultivadas pelo camponês. Obrigações e impostos a que estavam submetidos os camponeses medievais: -corvéia: o camponês trabalhava 3 dias por semana para o senhor em qualquer serviço; -censo: O camponês pagava determinada importância em dinheiro pela utilização da terra; -banalidades: taxas para uso obrigatório do forno, moinho e do lagar do senhor, pago em produtos. -formariage: taxa cobrada pelo casamento do camponês; -mão-morta: quando um camponês sucedia seu pai na posse da terra; -albergagem: entrega de alimentos ou fornecimento de alojamento ao senhor e sua comitiva em viagem; -dízimo: taxa cobrada pela Igreja de 10% sobre a renda de todos os fiéis. Dízimo de tudo – lã, penagem de gansos, alimentos etc.. 6 - Características estruturais do feudalismo ocidental decorrentes da parcelarização da soberania.: 6.1 – existência conjunta de terras aldeãs comunais e lotes camponeses não sujeitos ao poder do Senhor feudal: A falta de um centro de poder – competência, integrando os diferentes feudos permitiu a existência de entidades corporativas não sujeitas aos domínios e regras feudais. Assim, sempre existiram terras que não pertenciam a nenhum senhor feudal. As terras comunais e as “alodiais” permaneceram um setor significativo de autonomia e resistência camponesa; A divisão da terra do Senhor em herdades – terra para semeadura, casa de habitação, quinta.. era comandada pelos vilões – o que levava a existência de uma nova classe. Os vilões eram privilegiados social e economicamente. Eram rendeiros perpétuos, não estando ligados pessoalmente a terra, ao contrário dos servos que só trocavam de senhor feudal. Os vilões estavam posicionados em relação aos deveres que deveriam prestar ao senhor, ao passo que os servos eram explorados indiscriminadamente. Os vilões mais ricos podiam até contratar os serviços de servos aldeões, que eram os que não possuíam arrendamento. Os vilões conseguiam gerar excedente econômico e apropriar-se desse excedente. Direitos e poderes eram superpostos entre os senhores feudais levando a discrepâncias na condução da justiça a que os servos estavam sujeitos. A coexistência das terras comunais, alódios e parcelas camponesas com o domínio senhorial era por si constitutiva do modo de produção feudal na Europa Ocidental e teve implicações críticas para o seu desenvolvimento. 6.2 – Desenvolvimento autônomo de uma economia agrária natural: Surgimento da cidade medieval na Europa; Cidades modelares que praticavam o comércio e as manufaturas eram comunidades auto- governadas tendo uma autonomia política e militar isolada da Igreja e da nobreza; No período feudal ocorre uma oposição entre cidade e campo – oposição entre uma economia urbana de crescente comércio de bens, controlada pelos mercadores e organizada em associações e corporações e uma economia rural de troca natural, controlada pelos nobres e organizada em terras senhoriais e pequenas propriedades. Ocorria a predominância do modo de produção rural. 6.3– Ambigüidade hierárquica: A organização social do sistema feudal – o poder do Estado (Rei) embora o pico da cadeia hierárquica, tornava-o o elo mais fraco. A principio, o pico da cadeia hierárquica em toda a Europa Ocidental, nesse período, não era necessariamente o Rei. Havia divergência em grau, ou seja, poderia ser qualquer outro elemento que possuísse um título de nobre. O monarca – pico da cadeia, era um suserano feudal de seus vassalos ligados por laços de feudalidade e não um soberano colocado acima de seus súditos. Os recursos econômicos do monarca provinham de seus domínios enquanto senhor feudal – pedia a seus vassalos contribuição de natureza militar. O monarca não possuía acesso político direto sobre a população, pois seu poder era intermediado por muitas camadas de sub-feudos. Era Senhor de suas propriedades e fora delas apenas uma figura decorativa. O poder político desse modelo estava estratificado para baixo, de tal maneira que seu ápice (topo da cadeia) não detinha nenhuma autoridade qualitativamente separada. A ausência de qualquer mecanismo real de integração no topo de um sistema feudal que implicava este tipo de política impunha uma ameaça permanente à sua estabilidade e sobrevivência. A fragmentação da soberania era incompatível com a formação de unidade de classe da nobreza. Assim, dentro do feudalismo havia uma contradição entre sua própria tendência rigorosa à decomposição de soberania e a existência absoluta de um centro final de autoridade onde poderia ocorrer uma recomposição prática. A monarquia feudal jamais foi redutível a uma suserania do rei. Ela sempre existiu – ideologicamente e juridicamente, situado além das relações de vassalagem, cujo topo poderia sr ocupado por um soberano de grande autoridade – duques, condes..e possuía direitos a que esses últimos não poderiam aspirar. O verdadeiro poder real sempre teve que sr defendido e estendido contra a unidade espontânea da política feudal como um todo. Isto gerava lutas constantes para estabelecer uma autoridade ‘pública’ fora dos domínios privados dos feudos. 7 - A parcelização da soberania levou à constituição de uma ordem ideológica isolada – a Igreja que se tornou uma instituição autônoma dentro da forma de governo feudal. A Igreja constituiu-se na única fonte de autoridade religiosa, tendo domínio sobre as crenças e valores da população em geral. A Igreja defendia seus próprios interesses particulares podendo ser até pela força armada. A igreja possuía seus próprios feudos. Era a maior proprietária de terras. Surgiam conflitos entre os senhores leigos e religiosos nesse período medieval A Igreja servia aos interesses da classe dominante – senhores feudais para garantir seus interesses sobre os camponeses, uma vez que a Igreja era detentora de todo o poder espiritual, possuía monopólio da ideologia e da consciência dos homens. 8 - Segundo Eric Hobsbawn com relação a universalidade do feudalismo: é duvidoso que se possa falar de uma tendência universal do feudalismo em transforma-seem capitalismo – com efeito isso só ocorreu na Europa ocidental e parte da área mediterrânea. Embora as mesmas forças que agiram na Europa no sentido do desenvolvimento econômico daquela região tivessem agido em outras partes, os resultados foram diferentes, devido as circunstâncias sociais e históricas distintas. No entanto, a transição do feudalismo é feita em escala mundial de um modo muito desigual. O triunfo do capitalismo ocorreu na Europa e essa região se encarregou de transformar o resto. 9 - Evolução econômica da Europa Ocidental de acordo com Hobsbawn: Após o desmoronamento do Império Romano do Ocidente – período de retrocesso – evolução gradual de uma economia feudal (século V- X); A partir do Século X – até o início do século XIV - um desenvolvimento econômico rápido e generalizado – constituiu-se o auge do feudalismo. Nesse período ocorre crescimento da população, da produção e do comércio agrícola e manufatureiro e o renascimento das cidades – explosão da cultura e notável expansão da economia feudal ocidental sob a forma de cruzadas contra os muçulmanos, emigração, colonização e estabelecimento de empórios no estrangeiro. Séculos XIV – XV – Crise Feudal – caracterizado pelo colapso da agricultura feudal em larga escala e das manufaturas e do comércio internacional, em decorrência de um declínio da população, tentativas de revolução social e crise ideológica. Meados século XV a meados século XVII – período de expansão: ruptura na base e superestrutura da sociedade feudal ( a Reforma, os elementos da revolução burguesa na Holanda) conquista da América pelos Europeus. Marx considerada esse período como indicativo do começo da era capitalista. Crise do Século XVII – Revolução Inglesa – seguido de um período de expansão econômica. Final Século XVIII – Triunfo da sociedade capitalista na Revolução Industrial na Grã-Bretanha, Revolução Americana e Revolução Francesa, simultâneas. A transição do feudalismo para o capitalismo é, portanto, um processo longo e não uniforme dividido em cinco ou seis fases. Os primeiros sinais da derrocada do feudalismo aparecem com na fase da Crise Feudal – século XIV e se estendem até a fase final, o triunfo do capitalismo – séc. XVIII. No entanto, em cada fase da transição aparecem elementos com características capitalistas, como a ascensão das manufaturas texteis italianas e flamengas, entre o séc X e XIV que depois, entraram em colapso durante a crise feudal. Apesar das controvérsias sobre quando finda o período feudal e passa a vigorar o período capitalista, ninguém defendeu a idéia que o capitalismo tenha surgido antes do ‘sec. XVI ou que o feudalismo tenha sobrevivido após o século XVIII. Assim, esse período entre os séculos XVI e XVIII pode ser considerado um período de transição entre os dois sistemas econômicos. Observa-se que, a partir do século XIV, algumas economias avançam no sentido do capitalismo, depois retrocedem, enquanto essas retrocedem outras avançam. No entanto, a partir do século XVIII as economias que fazem parte do núcleo europeu desenvolvem-se no sentido da afirmação definitiva do capitalismo. No entanto, conforme o capitalismo avança na Europa ocidental, países da África e na Índia, retrocedem transformando-se me colônias das economias do ocidente. Também na América, economias foram transformadas em economias escravagistas a fim de atender as necessidades do capitalismo europeu e extensas regiões da África foram forçadas a caminhar para trás economicamente, devido ao tráfico de escravos e, por razoes semelhantes, grandes áreas da Europa oriental reduziram-se a economias neofeudais. Algumas dessas regiões foram forçadas a se desindustrializarem ao se transformarem em colônias para não competir com as economias da Europa que estavam em franco processo de industrialização. O Efeito final da ascensão do capitalismo europeu foi, portanto, intensificar o desenvolvimento desigual e dividir o mundo em dois setores: desenvolvido e subdesenvolvido – o explorador e o explorado. O capitalismo que proporcionou condições históricas para transformações econômicas em toda a parte, dificultou ainda mais as coisas para os países que não pertenciam ao núcleo original do desenvolvimento capitalista, ou não eram vizinhos imediatos. Maurice Dobb concorda com a posição de Hobsbawn, onde afirma que o desenvolvimento do capitalismo nos países mais adiantados como a Grã-Bretanha, serviu para atrasar o desenvolvimento de outras partes do mundo. Dobb aprofunda a análise de Hobsbawn ao discorrer sobre o conflito básico gerado pelo modo de produção feudal: o modo de produção no feudalismo foi o pequeno modo de produção levado a cabo por pequenos produtores ligados à terra e aos seus instrumentos de produção. A relação social básica assentava-se sobre a extração do produto excedente desse pequeno produtor pela classe dominante feudal – ou seja, uma relação de exploração alicerçada por vários métodos de coação. O excedente da produção do camponês foi apropriado de várias formas, dependendo o período e a região: renda-trabalho, renda-produto, ou renda em espécie, renda-dinheiro. Na Europa Ocidental predominou a forma renda-trabalho, denominada de prestação de serviços na propriedade de um senhor feudal ( o camponês trabalhava alguns dias da semana nas terras do senhor). Para o autor, o conflito entre pequenos produtores (servos-camponeses) e os senhores feudais que se apropriavam do excedente econômico é que gerou o declínio do feudalismo.
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