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- -1 FISIOTERAPIA EM DOR AVALIAÇÃO CLÍNICA E MENSURAÇÃO DA DOR - -2 Olá! A avaliação fisioterapêutica é muito importante em uma proposta de tratamento da dor. A forma mais simples de avaliá-la seria fazê-lo qualitativamente, perguntando ao paciente se a dor está ausente ou presente. Parece simples, mas não é bem assim; é preciso quantificar a dor. É este o tema da nossa aula. Bons estudos! Ao final dessa aula, você será capaz de: 1- Rever avaliação fisioterapêutica e criar mecanismos para avaliação da dor; 2- Discutir e apresentar meios e escalas para quantificar a dor; 3- Discutir a importância das escalas como mecanismos de avaliação do paciente e verificação da eficácia do tratamento fisioterapêutico da dor. Como quantificar sede, fome, desejo sexual? Como os itens citados, a dor também é subjetiva, e por isso, difícil de avaliar e quantificar. Quando verificamos a amplitude de movimento de flexão no joelho, temos a possibilidade de solicitar o movimento ativo ou elaborar o movimento passivo, ver a execução do movimento e medir a angulação do movimento, certo? Quando o paciente relata dor, não a enxergamos, e por isso, há necessidade de tentar quantificá-la. Alguns autores dizem que poderíamos medi-la pelo número de analgésicos diários que há necessidade para combatê-la. Porém, algumas escalas foram criadas. Vamos conhecê-las nesta aula! 1 Quantificando a dor Na entrevista inicial, em uma anamnese, devem ser reunidos dados sobre tratamentos passados, medicamentos e profissionais de saúde, a partir do prontuário médico e diretamente com o paciente. Deve-se pedir ao paciente que identifique qual tratamento foi benéfico no passado e qual não foi considerado útil, além do motivo. O paciente deve descrever a dor original, sua localização e sua origem. A partir dessa história, geralmente é possível identificar a lesão inicial e os vários mecanismos compensatórios que evoluíram para respostas disfuncionais. - -3 2 Fatores para avaliar a dor Os fatores a serem considerados na hora da avaliação da dor são: Intensidade Pode ser feita através de uma escala de nota de 0 a 10. Quanto maior for a nota, maior é a dor do paciente. Regulação temporal Quando a dor começou; se ela está mais intensa alguma hora específica do dia; se alivia ou não com analgésicos; se volta regularmente. Qualidade Como é a dor. Pedir ao paciente que a descreva em detalhes. Por exemplo: se é em forma de queimação, ardência, pontada. Significado pessoal Como a dor afeta a vida da pessoa. Comportamentos da dor Avaliar expressões não verbais da dor na face e no comportamento do paciente, que pode chorar, fazer caretas, esfregar a área dolorida, protegê-la ou imobilizá-la. Sinais fisiológicos • Aumento da frequência cardíaca (pulso acelerado); • Hipertensão; • Palidez; • Sudorese; • Tônus muscular aumentado (contração muscular). Outros Localização e fatores aliviadores ou agravantes. 3 Métodos para avaliação da dor Existem vários métodos para avaliar a percepção/ sensação de dor. Podem-se dividir esses métodos em: - -4 3.1 Instrumentos unidimensionais Aplicados para quantificar apenas a severidade ou a intensidade da dor e usados frequentemente em ambiente clínico para obter informações rápidas, não invasivas e válidas sobre a dor e a analgesia. Podem ser de três tipos: Escala numérica O paciente quantifica a intensidade de sua dor, em uma escala de 0 a 10. Escala categórica (descritores verbais) O paciente classifica a sua dor como ausente, leve, moderada ou insuportável. Escala visual analógica O paciente, através de uma régua, indica a intensidade de sua dor. Em uma extremidade tem-se “ausência de dor” e na outra “a pior dor possível”. • Avaliação da dor em crianças Normalmente, para avaliação da dor em crianças, utiliza-se a . Com essa escala,Escala de Faces Wong Baker elas podem sinalizar com mais facilidade. • - -5 3.2 Instrumentos multidimensionais São aplicados para avaliar e medir as diferentes dimensões da dor, a partir de diferentes indicadores de respostas e suas interações. As principais dimensões avaliadas são a sensorial, a afetiva e a avaliativa. Algumas escalas multidimensionais incluem indicadores fisiológicos, comportamentais, contextuais e também os autorregistos por parte do paciente. Exemplos desses instrumentos são a escala de descritores verbais diferenciais, como o Questionário McGill de , que podemos verificar na imagem ao lado.Avaliação da Dor - -6 4 Dor e experiências de vida Como já mencionamos, a resposta de um indivíduo à dor é produto de experiências de vida. As dores psicossomáticas, que já vimos na aula anterior, podem estar relacionadas ao processo. Essas respostas provavelmente ocorrem quando são impostos estressores significantes (por ex. preocupações sobre seguro trabalhista, problemas no lar, relações familiares). Imagine um indivíduo que sustenta sua família como trabalhador autônomo e, em decorrência de uma lombalgia, fica impossibilitado de ganhar seu salário. O estresse é tamanho e será óbvio que poderemos ter alguma resposta citada anteriormente para enfrentá-lo, certo? Daí a importância de uma atenção enorme ao fazer a anamnese do paciente, pois esses sinais podem estar presentes e é na escuta que os identificamos. - -7 Tem-se sugerido que os níveis altos de incapacidades funcionais, geralmente encontrados na dor crônica, surgem de outros fatores, como requisição de compensação trabalhista, seguro após acidente automobilístico ou outros. 5 Caso da D. Maria Gertrudes Imagine a situação do caso exposto a seguir: D. Maria Gertrudes, 83 anos, é encaminhada para o ambulatório de fisioterapia com disfunções na marcha e em movimentos ativos do membro inferior direito, após fraturar o colo de fêmur à direita. D. Maria vive sozinha, embora seu filho, Paulo, more a quatro quarteirões de distância. Ele não a visita porque o trabalho toma-lhe todo o tempo. Como D. Maria está necessitando de ajuda para seu transporte até a clínica, Paulo tem levado sua mãe aos atendimentos de fisioterapia três vezes por semana, e quando não pode, seu filho (neto que D. Maria não via há mais de ano) a leva. Quando será que D. Maria se recuperará? Ela está tendo atenção da fisioterapeuta, do filho e do neto. São muitos “ganhos” por ficar doente. Precisamos ficar atentos a isso, pois ela poderá ficar com uma disfunção na marcha, ou dores permanentes, para não perder esses “ganhos”. 6 Avaliação X Mensuração Os termos são frequentemente usados como sinônimos, mas é importanteavaliação e mensuração da dor distingui-los: Mensuração É uma tentativa de quantificar a experiência individual em comparação com outros. Avaliação É parte de um processo global; é muito mais amplo que uma simples mensuração. Uma simples medida da dor não é suficiente quando se consideram as múltiplas facetas da experiência da dor. - -8 Na intervenção fisioterapêutica, a avaliação engloba a inspeção, a palpação, a goniometria, os testes específicos, além da anamnese e a quantificação da dor. É possível verificar na inspeção, junto à avaliação postural, posturas antálgicas, que serão corrigidas ao eliminarmos o quadro álgico. As medidas da amplitude de movimento também poderão estar comprometidas pela dor, e o fisioterapeuta deverá estar atento a esses mecanismos, pois grandes disfunções apresentadas em nossos consultórios estão relacionadas a quadros álgicos. Ainda teremos a oportunidade de discutir esse tema na próxima aula, quando abordaremos o fisioterapeuta e a equipe multidisciplinar junto às clínicas de dor. O que vem na próxima aula Na próxima aula, você estudará sobre os assuntos seguintes: • A relação do fisioterapeuta com os quadros álgicos; • A visão multidisciplinar da dor; • As clínicas de dor e sua importância no tratamento CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Entendeu a dor como um processo subjetivo, podendo ser quantificada/ mensurada no processo de avaliação do fisioterapeuta; • Conheceuas escalas de dor; Saiba mais • JOÃO, Sílvia M. A. Avaliação fisioterapêutica do ombro. Disponível . Acesso aqui em 16 mai. 2013. • SCOPEL, Evânea; ALENCAR, Márcia; CRUZ, Roberto Moraes. Medidas de avaliação da dor. Disponível . Acesso em 16 mai. 2013.aqui • SILVA, José Aparecido da; RIBEIRO-FILHO, Nilton Pinto. A dor como um problema psicofísico. Disponível . Acesso em 16 mai. 2013.aqui • SOUSA, Fátima A. E. F.; SILVA, José A. da. Avaliação e mensuração da dor em contextos clínicos e de pesquisa. Disponível . Acesso em 16 mai. 2013.aqui • A dor como 5º sinal vital. Disponível . Acesso em 27 mai.2013.aqui • • • • • • • • • • - -9 • Conheceu as escalas de dor; • Relembrou a avaliação cinético-funcional. Referências ANDRADE FILHO, Antônio Carlos de Camargo (Ed.). : diagnóstico e tratamento. São Paulo: Roca, 2001.Dor SIMONS, David G.; RUSSELL, I. John; MENSE, Siegfried. Dor muscular: natureza, diagnóstico e tratamento. São Paulo: Manole, 2008. • •
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