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PODER E DOMINAÇÃO – legalidade e legitimidade PODER: capacidade ou possibilidade de agir, de produzir efeitos. Refere-se a: - Objetos ou fenômenos naturais (capacidade do homem de controlar a natureza; de explorar um recurso); - Indivíduos e a grupamentos humanos (sentido social); Neste último (sentido social - que nos interessa aqui), fala-se tanto na capacidade de agir, como de determinar comportamento (poder de uns sobre outros) - PODER SOCIAL (homem sujeito e objeto do Poder) Pais (ordens) em relação aos filhos; Governo (ordens) em relação aos cidadãos; PODER, portanto, é relação entre pessoas. - Mando x obediência - Pode até relacionar-se a instrumentos ou coisas (ex.: dinheiro), mas, em geral, está relacionado à disposição do outro em comportar-se da maneira que ordeno/desejo. LEGALIDADE : - qualidade do que é conforme à lei. - Observância das leis (direito estabelecido) LEI: preceito geral e obrigatório, emanado de um Poder Competente e dotado de SANÇÃO! Instrumento de que o Estado, através do Poder Constituído, lança mão para prescrever condutas (o agir do homem) em sociedade. - Na linguagem política: legalidade é um atributo e requisito do poder. Dai: PODER LEGAL aquele que é exercido em conformidade com a lei. princípio da lei não é retroativo não há crime sem lei pena ou recompensa que corresponde à violação ou execução de uma lei poder competente - é a esfera legítima de exercício de um determinado poder dado a uma autoridade pública pela lei reescrever - errado dar ordem de maneira geral é capacidade de um indivíduo influenciar uma ou mais pessoas, de forma comunicativa, harmônica ou mesmo coercitiva. estabelece que não existe crime se não estiver previsto em lei. De outro modo, a conduta humana em sociedade é imposta pela autoridade social, no caso, o Estado, através de seus poderes legitimados. Constituição Federal/1988 “Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.” Poder legitimado para elaborar leis: Legislativo Conforme se estudará oportunamente, os Poderes Executivo e Judiciário têm participação importante no processo legislativo. Lei – validade formal (vigência) Processo legislativo válido (due process of law), ou seja, um conjunto de procedimentos estabelecido na Constituição Federal. Procedimento: sequência de atos ordenados, desde a apresentação do projeto de lei (PL), até sua publicação, no Diário Oficial. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Obs.: lei, importante fonte do direito, mas não é a única) - Sistemas (Romano-germânico / Common law) todos eles tem competência para legislar - elaborar leis para que uma lei possa ter vigência vigência é o atributo da norma jurídica que, em um determinado tempo e espaço, é destinada a produzir efeitos no mundo jurídico ou decreto lei, elaborado em 1967, não usado mais ↳↓↑↪→→● ↳↓↑↪→→● Princípio da Legalidade – um dos pilares do Estado democrático de direito - “aquele pelo qual todos os organismos do Estado, isto é, todos os organismos que exercem poder público, devem atuar no âmbito das leis, a não ser em casos excepcionais expressamente preestabelecidos, e pelo fato de já estarem preestabelecidos, também perfeitamente legais. O princípio de Legalidade tolera o exercício discricionário do poder, mas exclui o exercício arbitrário, entendendo-se por exercício arbitrário todo ato emitido com base numa análise e num juízo estritamente pessoal da situação. (Bobbio p. 674) Em sede administrativa, discricionário o ato quando a lei confere liberdade ao administrador e/ou ao juiz para que ele proceda a avaliação da conduta a ser adotada segundo critérios de conveniência e oportunidade, objetivando, no caso do administrador, o interesse público. Estado de Direito império da lei e não de homens. Origem do Princípio da legalidade: França – século XVIII - segurança dos governados em face dos maus governantes. (Ancien régime) Contratualismo – século XVIII Constituição Francesa de 1791: - Art. 32 “Não há na França autoridade superior à da lei; o rei não reina senão em virtude dela e é unicamente em nome da lei que poderá ele exigir obediência.” BRASIL: CF/1988 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - .................... II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;” arbitrário que desempata ou decide como árbitro, que não é regulado por lei, mas depende do critério ou vontade decide de acordo com a lei princípio da legalidade, que pode fazer o que tem vontade mas dentro da lei Princípio da legalidade - é um dos pilares do estado democrático de direito - o princípio que obriga os organismos do Estado atuarem no âmbito das leis Código Penal: “Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” LEGITIMIDADE (Em geral: qualidade do que é legítimo – qualidade do que está conforme à lei – legitimidade de parte: (material: titularidade ativa/passiva na relação jurídica; processual: capacidade de estar em juízo). Legitimidade do procedimento: (due process of law). Novamente com Bobbio: “MEDIDA EM QUE UM SISTEMA POLÍTICO DEMOCRÁTICO É CONSIDERADO MERECEDOR DE APOIO POR PARTE DOS SEUS MEMBROS” Isto é: “o total dos sentimentos positivos dos cidadãos quanto às instituições democráticas, tidas como as mais aptas a disciplinar os conflitos e a proteger os direitos dos membros do sistema”. Fala-se, portanto, em: - homologação do poder governamental pelo consentimento popular; - adequação do poder à ideia do direito predominante na coletividade – espécie de questionamento dos valores do poder legal. (Bonavides) – a legitimidade é a legalidade acrescida da valoração. Em regra: critério para aceitar ou negar a adequação do poder às situações da vida social que ele (poder) é chamado a disciplinar. Legitimidade, portanto, ligado à ideia de consentimento e obediência. Também às crenças. É o princípio da legitimidade, segundo Duverger, que nos permite compreender, sob o ponto de vista histórico, o conflito travado entre o direito divinos dos reis e o direito dos povos (legitimidade teocrática e legitimidade democrática) se não houver lei não há crime que elabora a lei seguindo o processo de lei consentimento (eleição) legitimamente eleito, consentimento por todos característica atribuída a tudo aquilo que cumpre o que é imposto pelas normas legais e é considerado um bem para a sociedade PODER LEGÍTIMO cuja titulação se encontra alicerçada juridicamente. “A legalidade de um regime democrático, por exemplo, é o seu enquadramento nos moldes de uma constituição observada e praticada; sua legitimidade será sempre o poder contido naquela constituição, exercendo-se de conformidade com as crenças, os valores e os princípios da ideologia dominante, no caso a ideologia democrática.” (BONAVIDES) “a legitimidade se torna uma noção puramente relativa e contingente, cujo conteúdo depende das crenças efetivamente espalhadas num certo momento, em determinado país” (Maurice Duverger) Ou seja, “há sempre uma teoria dominante à qual adere a massa dos governados” (Bonavides) A LEGITIMIDADE do Poder é, em geral, analisada sob os aspectos: a) Histórico (fatos,dados correntes da vida) b) Filosófico (crenças, ideologias, fundamentos) – reflexões acerca das razões que regem a necessidade do poder político na sociedade (por que uns obedecem e outros mandam – fundamentos do poder e da obediência) c) Sociológico Com base no aspecto sociológico (que fundamenta o poder em uma determinada sociedade com base na teoria dominante e determina que um poder deve ou não ser obedecido), Max Weber classifica o poder legítimo (autoridade) em: – carismática: as crenças havidas em profetas; o reconhecimento que pessoalmente alcançam os heróis e demagogos características físicas e/ou de personalidade do líder (profetas / heróis / demagogos) – qualidades pessoais incomuns (feitos mágicos ou sobrenaturais da autoridade) Líder (profeta / sábio / herói) - lealdade pessoal dos seguidores; Aqui é a pessoa do chefe que tem direito à obediência que possui alicerces (base) poder legítimo é aquele que é aceito por quem está sendo influenciado, que é alicerçada juridicamente poder não legítimo, poder que pressupõe o uso da força (ditador) carisma da pessoa que faz com que os "sigam" Ex.: - Padre Cícero (revolta de Juazeiro) - Antonio Conselheiro (Canudos) - tradicional : se apoia na crença de que os ordenamentos existentes e os poderes de mando e direção comportam a virtude da santidade. Tipo mais comum autoridade patriarcal – senhor/súdito/servidor - obediência por respeito à dignidade social (sagrada) do senhor – tradições religiosas – devoção. Ex.: - Sultanatos; Principados feudais; Comunidades tribais - legal ou racional – fundado no regulamento e no estatuto – autoridade burocrática Neste último aparece a questão da legitimidade por competência. O poder é definido por leis e exercido em conformidade com as leis que o definem. (critério racional fundado na estrutura burocrática do Estado) Princípios: como a validade da lei depende do pacto constitutivo do Estado, o príncipe deve governar segundo as leis que lhe são superiores; o príncipe deve governar segundo leis gerais – aplicáveis a todos (preceito comum) e não particular; A aplicação das leis a caos particulares deve ser feita sem casuísmos (nullum crimen, nulla poena, sine lege) - Vantagem das leis prescrição de comportamentos (dever ser) – consequências das ações (desejadas) – ideais. - Presidentes das modernas Repúblicas democráticas. tradição sacerdotal
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