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Infecções Congênitas Infecções congênitas são decorrentes da transmissão por via hematogênica, transplacentária em qualquer período da gestação Doenças infecciosas que se estabelecem quando o feto é contaminado em vida intra-uterina. Geralmente nascem assintomáticas. Manifestações inespecíficas, acometem vários sistemas: - Importante morbimortalidade neonatal, com causas pré-natais ou perinatais, quadro clínico amplo ou oligoassintomático e consequências fatais (de disfunção cerebral e multifuncional ao óbito) Gestação: sofrimento intra-uterino, PIG SNC: alterações neurológicas (microcefalia, hidrocefalia) Alterações oculares: coriorretinite, catarata Manifestações cutâneas (pele e vísceras): icterícia, exantema, visceromegalia DIAGNÓSTICO: Identificação do agente - CMV: identificar o vírus na urina Sorologia: - IgM RN infectado - IgG pode ser do RN ou pode ser materna (IgG atravessa a placenta) SÍFILIS NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA Sífilis congênita: passagem transplacentária do Treponema pallidum - Transmissão treponemica em qualquer estágio da doença materna (risco > na sifilis 1ªria) - Criança assintomática, manifestações inespecíficas ou específicas: Rinite, obstrução nasal com secreção sanguinolenta Pênfigo palmo-plantar/sifilitico (lesões vesico-bolhosas, descamativas, em extremidades) Alterações ósseas: osteocondrite (Pseudoparalisia de Parrot – dolorosa), periostite LUVAS!! Precaução de contato até o TTO com penicilina Sífilis congênita precoce (< 2 anos) Sífilis congênita tardia (> 2 anos) Pele e mucosas: Pênfigo palmoplantar; sifílides; condilomas planos; paroníquia; rinite serossanguinolenta. Lesões ósseas - Osteocondrite: lesões metafisárias; áreas lucentes na radiografia; impotência funcional por dor à manipulação (pseudoparalisia de Parrot). - Periostite: espessamento extenso e bilateral da cortical da diáfise (sinal do duplo contorno). Lesões de outros órgãos: Hepatomegalia, esplenomegalia, lesão renal (síndrome nefrótica ou nefrítica). Pneumonia alba. Sistema hematopoiético: Anemia hemolítica com Coombs direto negativo, trombocitopenia e leucocitose ou leucopenia. Lesões nervosas - Meningite: LCR com celularidade aumentada à custa de linfócitos, apresentando aumento de proteínas e VDRL positivo. Hidrocefalia e paralisia de pares cranianos, hemiplegia e convulsões. Lesões oculares: Coriorretinite ("sal e pimenta"), glaucoma, catarata, uveíte, cancro nas pálpebras e atrofia óptica. Bossa frontal (fronte olímpica), espessamento da junção esternoclavicular (sinal de Higoumenáki), arqueamento da porção média da tíbia (tíbia em sabre). Dentes de Hutchinson e molares em formato de amora. Face: maxilar curto; nariz em sela, com ou sem perfuração do septo nasal; rágades (por fissuras peribucais). Articulação de Clutton (derrame articular estéril nos joelhos). Ceratite intersticial Tratamento: PENICILINA Tratamento da gestante: Sífilis 1ªária, 2ª ária ou latente recente: penicilina G benzatina – 2.400.000 UI/IM, em DU. Sífilis 3ªária, sífilis latente tardia ou com duração ignorada: Penicilina G benzatina – 2.400.000 UI/IM, 3x, com intervalo de uma semana entre cada aplicação. Dose total: 7.200.000 UI. Critérios de tratamento materno adequado: ❯ Administração de Penicilina benzatina; ❯ Início do tratamento até 30 dias antes do parto; ❯ Esquema terapêutico de acordo com o estágio clínico; ❯ Respeito ao intervalo recomendado de doses; ❯ Avaliação quanto ao risco de reinfecção; ❯ Documentação de queda do título do teste não treponêmico em pelo menos 2 diluições em 3 meses, ou de 4 diluições em 6 meses após a conclusão do TTO – resposta imunológica adequada. Manejo do RN RN de mulher com sífilis NÃO TRATADA, ou INADEQUADAMENTE tratada: Solicitar: VDRL no sangue periférico, hemograma, radiografia de ossos longos, avaliação liquórica, perfil hepático e eletrólitos, radiografia de tórax, avaliação oftalmológica e audiológica. - Se houver alteração liquórica = NEUROSÍFILIS VDRL reagente, Proteína > 150 mg/dl; ou Celularidade > 25 células/mm³): Penicilina G CRISTALINA, na dose de 50.000UI/kg/dose, IV, por 10 dias (12/12h nos primeiros 7 dias de vida; 8/8h a partir do 8º dia de vida). - Se houver alterações clínicas e/ou sorológicas e/ou radiológicas e/ou hematológicas (e a avaliação liquórica for normal): penicilina G cristalina por 10 dias (mesma dose já descrita) OU penicilina G PROCAÍNA 50.000 UI/kg/dose, IM, dose única diária, por 10 dias. Usar preferencialmente a penicilina G procaína – melhor manejo: alta e TTO ambulatorial. - Se não houver alterações clínicas, radiológicas, hematológicas, liquóricas, e a sorologia for negativa no RN: penicilina G benzatina, na dose única de 50.000 UI/kg, IM. Observação: na indisponibilidade de penicilina cristalina para tratamento da neurossífilis, a 2ª escolha deverá ser a penicilina procaína. Caso esta esteja indisponível, recomenda-se a ceftriaxona (10 a 14 dias; contraindicada para RN com hiperbilirrubinemia). RN de mulher com sífilis ADEQUADAMENTE TRATADA: Solicitar VDRL do sangue periférico em todos os casos. VDRL do RN > que o materno em 2 diluições: colher demais exames (hemograma, avaliação liquórica, radiografia de ossos longos e demais exames citados anteriormente) e realizar tratamento com P. cristalina ou P. procaína (procaína apenas se o LCR for normal). - Se RN com VDRL não "≥" ao materno em 2 diluições, realizar exame físico: ● RN assintomático: acompanhamento ambulatorial (criança exposta a sífilis); ● RN sintomático: olhar o VDRL VDRL reagente: sífilis - fazer demais exames e indicar tratamento com Penicilina por 10 dias (cristalina ou procaína, a depender dos achados liquóricos); VDRL não reagente: investigar outras infecções congênitas. TOXOPLASMOSE - Toxoplasma gondii CMV - Citomegalovirus RUBÉOLA - Risco de transmissão fetal: 17-65%. (> no 3º trimestre). - A transmissão ocorre quando a mulher tem a infecção aguda durante a gestação/após a concepção. Na imunossuprimida pode ocorrer transmissão por reativação (latente). Manifestações clínicas Dos RN infectados, 50% serão assintomáticos. TRÍADE DE SABIN: Coriorretinite + Hidrocefalia + Calcificações intracranianas difusas (TOdo o parênquima) - Oftalmológicas: Iridociclite, catarata, glaucoma, descolamento de retina, microftalmia, estrabismo e nistagmo. A coriorretinite é o comprometimento clássico mais frequente. As lesões ativas podem curar com ou sem tratamento em poucas semanas ou meses, mas tendem a ser recidivantes e podem levar a sequelas graves. Mesmo crianças assintomáticas ao nascimento poderão desenvolver coriorretinite até o início da vida adulta. - Neurológicas: Calcificações intracranianas difusas, microcefalia, hidrocefalia, retardo do crescimento, opistótono, dificuldade de deglutição, e paralisia de membros. - Outras: Prematuridade, CIUR, anemia, trombocitopenia, hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, icterícia, surdez neurossensorial, exantemas, dermatite esfoliativa, miocardite e outros também inespecíficos Prevenção: gestantes susceptíveis (IgM -/ IgG -) Evitar ingerir/manipular carne crua ou vegetais mal lavados, evitar contato com terra contaminada e fezes de gatos. Sorologia mensal ou trimestral. Gestantes com infecção aguda: ❯ Investigação de infecção fetal: USG obstétrica; amniocentese para pesquisa de DNA de toxoplasma. ❯ Ausência de infecção fetal: espiramicina, para prevenção da infecção fetal. ❯ Presença de infecção fetal: sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico (este esquema não pode ser feito no 1º trimestre). Manejo do RN Todos os RN infectados, ainda que assintomáticos, deverão ser tratados. Duração: 12 meses Sulfadiazina + Pirimetamina + Ácido folínico. Ácido folínico: utilizado devidoefeitos coletarais na M.O. causados pelos outros medicamentos Na presença de coriorretinite (grave) ou hiperproteinorraquia (> 1 g/dl): associar corticoide ao esquema anterior – 1 mg/kg/dia de prednisona – até melhora da coriorretinite ou normalização do liquor. - Transmissão hematogênica transplacentária: frequentemente na infecção aguda durante a gestação ou na reativação da infecção. - Além da transmissão transplacentária, existem outras formas de transmissão vertical (aleitamento). Manifestações clínicas Prematuridade, CIUR, PIG, hepatoesplenomegalia, hepatite e icterícia, pneumonia, trombo citopenia, anemia. Neurológicas: Microcefalia, calcificações intracranianas periventriculares. Outras: Coriorretinite, perda auditiva neurossensorial. A surdez é uma sequela bastante comum. A infecção congênita por CMV é a principal causa de surdez neurossensorial de causa viral na infância. Observação: para diagnóstico da infecção congênita, deve ser feita a pesquisa de vírus na urina ou saliva nas primeiras 2 ou 3 semanas de vida do RN. Prevenção e conduta no pré-natal Medidas educativas para a população: evitar contato íntimo pessoa-pessoa. Indicação de TTO: na manifestação congênita (hematogênica transplacentária) Manejo do RN - Ganciclovir 6 mg/kg/dose 12/12h IV, durante 6 semanas. Indicado apenas em algumas situações. - O Valganciclovir VO por 6 meses é uma alternativa. - Contaminação durante a gestação. Risco de transmissão fetal do vírus da rubéola é maior no 1º trimestre e no 3º trimestre. - Porém o risco de anomalias fetais graves é maior quando a mãe adquire a infecção nas 1ªs 8 semanas de gravidez. - Sd. da Rubéola congênita: infecção no início da gestação. Manifestações clínicas Catarata congêntita (reflexo pupilar branco, leucocoria), reflexo vermelho ausente + SOPRO (cardiopatia) Retardo do crescimento intrauterino (a rubéola é a infecção congênita mais associada ao CIUR). Oculares: São mais frequentes as lesões que afetam a acuidade e a área macular. Catarata, glaucoma (precoce ou tardio), retinopatia (em sal e pimenta) e microftalmia podem estar presentes. Cardíacas: Persistência do Canal Arterial (PCA) com ou sem estenose de ramo da artéria pulmonar (EAP). Auditivas: SURDEZ bilateral ou isolada ocorre por degeneração da cóclea e do órgão de Corti. Manifestação mais comum da rubéola congênita. Neurológicas: Microcefalia, meningoencefalite, tetraplegia espástica, retardo do desenvolvimento psicomotor. Associação com autismo infantil. Outras: Hepatomegalia e icterícia, esplenomegalia, púrpura trombocitopênica, pneumonite intersticial e lesões ósseas (franjeamento da metáfise: lesão em talo de aipo). Complicações em longo prazo: associação com desenvolvimento de diabetes tipo 1. Prevenção e conduta no pré-natal: Profilaxia pré-exposição: vacina tríplice viral. Manejo do RN Não há tratamento específico. Manejo das sequelas. Pode ocorrer eliminação do vírus nas secreções da criança por vários meses Questões e casos clínicos 1- RN prematuro (<37sem), PIG, microcéfalo, apresenta calcificações periventriculares à TC de crânio. A principal hipótese diagnóstica é: a) CMV. b) Sífilis. c) Rubéola. d) Toxoplasmose. R: letra A. 2- Adolescente de 12 anos dá à luz uma criança de 3.000 g e 50 cm, com PC = 35 cm, assintomático, após gestação de 39 semanas na qual não fez pré-natal. Na admissão para o parto, colheu VDRL, que foi de 1:16. Qual é a melhor conduta para o RN? a) Colher VDRL; se < 1:16, acompanhar clinicamente. b) Rastrear com VDRL, hemograma, radiografia de ossos longos e punção lombar; tratar com penicilina independentemente dos resultados. c) Rastrear para sífilis congênita e iniciar tratamento com penicilina somente se o liquor evidenciar alterações. d) Acompanhar clinicamente; se permanecer assintomático, manter seguimento ambulatorial de rotina. R: letra B. HD: Sífilis congênita 3- As cardiopatias mais frequentes na síndrome da rubéola congênita são: a) EAP e CIV. b) PCA e EAP. c) PCA e CIV. d) CIA e PCA. R: letra B Alterações em grandes vasos: PCA (persistência do canal arterial e EAP (estenose de artéria pulmonar) 4- Gestante de 16 anos apresenta, no primeiro trimestre de gestação, sorologia positiva para toxoplasmose (IgM e IgG). Não retorna para seguimento pré-natal e, com 37 semanas de gestação, dá à luz, por parto vaginal, RN sem qualquer alteração clínica evidente. A sorologia do RN é positiva para toxoplasmose (IgM e IgG). O procedimento a ser adotado é: a) Acompanhamento clínico, pois o RN está assintomático. b) Colher sorologias seriadas, iniciando tratamento somente se a titulação for ascendente. c) Rastrear o RN e iniciar sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico independentemente dos resultados, visto que o diagnóstico de toxoplasmose congênita já se confirmou. d) Rastrear o RN e iniciar tratamento com sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico apenas se houver alterações liquóricas ou coriorretinite. R: letra C HD: RN infectado Alternativa D indica os critérios para iniciar a corticoterapia Observações Com 24 horas de vida, o PCR tem mais relação com infecção do que com inflamação. Hemograma: avaliar com score de Rodwell Por isso, nas infecções congênitas pedimos hemograma e não PCR Escore de Rodwell Escore de Rodwell > 3: risco infeccioso Leucocitose ou leucopenia 1 Neutrofilia ou Neutropenia 1 Neutrófilos imaturos 1 Relação imaturos/segmentados 1 Vacuolização ou granulação tóxica 1 Plaquetas < 150.000/mm³ 1 Caso 1 Lactente, feminino, 31 dias de vida, é levada ao ambulatório de pediatria por mãe para 1ª consulta neste serviço, portando apenas carteira de pré-natal e resumo de alta hospitalar, sem resultado de exames (a serem retirados no próprio serviço). Gestação: - Mãe, 19 anos, G2 P1 A0, 1ª consulta com 15 semanas gestacionais - Contato com lixo peridomiciliar - Nega patologias prévias ou uso crônico de medicações - Toxoplasmose IgG reagente, IgM reagente (títulos?) - Demais sorologias negativas, testes rápidos negativos à internação. - Teste de avidez para IgG 25% - Não compareceu ao serviço especializado de referência para gestação de alto risco por dificuldade de acesso - Não há registro de exame de imagem obstétrico Parto: - IG DUM: 39 5/7 semanas - Duração de trabalho de parto: 5 horas - rotura de membranas: 2 horas - Período expulsivo: 10 minutos - Parto vaginal, 1 circular de cordão umbilical justa - DN: 10/04/2017, HN: 07:01 hrs - Liquido amniótico meconial espesso - Hipotônico, respiração irregular, FC < 100 bpm - Respiração espontânea no 5º minuto de vida - APGAR: 3/7/9 Evolução: - IG New Ballard: 39 3/7 semanas - PN: 2400 g - PC: 32 cm / PT: 30 cm / Comprimento: 44 cm - Exame físico imediato sem alterações - Internação hospitalar por 7 dias, amamentação exclusiva - Encaminhamento ao ambulatório QUESTÕES Hipóteses diagnósticas do RN? RN termo, adequado para IG, baixo peso ao nascer Risco de toxoplasmose congênita Risco de aspiração meconial Risco de asfixia perinatal Quais são as vias de transmissão de Toxoplasma gondii? - Transmissão oral: Carnes de vaca e porco mal passado, contato com as contaminadas fezes de gato (manipulação de terra, jardinagem), água contaminada, leite não pasteurizado; - Sangue contaminado. Como pode ser definido o caso infecção por Toxoplasma gondii quando esta mãe era gestante? - 5 formas de definição de toxo gestacional AGUDA: Definições de casos de infecção pelo Toxoplasma gondii em gestantes Comprovada Soroconversão gestacional Detecção do DNA do Toxoplasma gondii em líquido amniótico pela PCR Provável IgG+, IgM+, avidez baixa (colhido em qualquer idade gestacional) (quase certeza que a gestante adquiriu toxo já na gestação) Aumento progressivo nos títulos de IgG e/ou IgM IgM+ ehistória clínica sugestiva de toxoplasmose aguda gestacional Possível IgG+, IgM+, avidez alta ou indeterminada (colhido após 12 semanas de gestação) IgG+, IgM+, em amostra única colhida em qualquer idade gestacional, sem realização de índice de avidez Improvável IgG+, IgM+ ou -, índice de avidez alto (colhido antes de 12 semanas de gestação) Ausente - Imune ou susceptível durante toda a gestação Solicitar sorologias durante toda a gestação. IgG- e IgM- durante toda a gestação IgG+ antes da concepção IgM+ sem aparecimento de IgG Nas classificações: provável, possível e improvável: Avidez alta: > 60% (contato a mais antigo de 3/4 meses) Avidez baixa: <30% (contato bem recente) Conduta de TTO: Comprovada ou provável: tratar gestante com Espiramicina e fazer 8 exames do BB; Possível ou sorologias inconclusivas: 4 sorologias para o BB e não tratar gestante; Improvável ou ausente: não trata e não faz exame Como é definido o caso confirmado de Toxoplasmose aguda gestacional? - No caso, a gestante tem uma avidez de 25% (baixa): mãe com Toxoplasmose provável. Qual é o risco estimado de infecção fetal neste caso? Menor ou maior gravidade? - quanto mais precoce a infecção: mais grave - quanto mais tardia a infecção: mais fácil a transmissão A tríade de Sabin é comum? Quais alterações físicas estão presentes na infecção congênita? - Coriorretinite + Hidrocefalia + Calcificações intracerebrais parenquimatosas difusas (TOdo o parênquima) 8 Exames a solicitar no risco de TOXO congênita em filhos de mãe COMPROVADA ou PROVÁVEL: Quadro 15 – Recomendações para avaliação clínica e laboratorial inicial de RN e lactentes com suspeita de toxoplasmose congênita 1- Sorologia para toxoplasmose IgG e IgM da mãe e do RN até 2º dia de vida. OBS.: Em casos de mãe com toxoplasmose possível, pedir apenas esses 4 exames 2-Hemograma completo 3- Avaliação oftalmológica (fundoscopia ocular) 4- USG transfontanelar 5- Avaliação neurológica 6-TC de crânio (sem contraste) 7- Avaliação auditiva (BERA) 8- Análise de LCR (bioquímica e celularidade) Em crianças sintomáticas: avaliar função hepática e descartar outras infecções congênitas (sífilis, citomegalovirose, rubéola) – Fosfatase alcalina, gama-GT, transaminases, bilirrubinas Fonte: SAS/MS. *Preferencialmente teste de captura para IgM. TRATAMENTO: Sulfadiazina + Pirimetamina + Ácido folínico (duração de 12 meses) Na presença de coriorretinite (grave) ou hiperproteinorraquia (> 1 g/dl): associar corticoide ao esquema. Tabela 10 – Medicamentos utilizados para tratamento da toxoplasmose congênita durante o primeiro ano de vida 2,7 Medicamento* Posologia Sulfadiazina§ (comprimidos de 500 mg) 100 mg/kg/dia divididos em 2 doses diárias, durante 1 ano Pirimetamina§ (comprimidos de 25 mg) 1mg/kg/dia em 1 dose diária, durante dois a seis meses, dependendo da intensidade do acometimento A seguir, 1mg/kg três vezes por semana, até completar 1 ano de utilização do medicamento Ácido folínico§ (comprimidos de 15 mg) 10 mg administrados três vezes por semana Na ocorrência de neutropenia: se <1.000 neutrófilos/mm3, aumentar a dose para 20 mg diários se <500 neutrófilos/mm3, suspender a pirimetamina até que ocorra recuperação Manter por mais uma semana após interrupção do uso da pirimetamina Atenção: o ácido fólico não deve ser utilizado em substituição ao ácido folínico Prednisona ou prednisolona 1mg/kg/dia em duas doses diárias se houver retinocoroidite em atividade e/ou se proteinorraquia ≥1.000 mg/dL Utilizar sempre em associação com sulfadiazina e pirimetamina. Realizar retirada gradual após estabilização do processo inflamatório Efeitos adversos Neutropenia, anemia (frequentes), trombocitopenia, hiperbilirrubinemia, reações de hipersensibilidade, intolerância gastrointestinal, cristalúria, erupção cutânea *Via oral. §Medicamentos disponíveis apenas sob a forma de comprimidos. Podem ser produzidas soluções em farmácias de manipulação com as seguintes concentrações: • Sulfadiazina 100 mg/mL. • Pirimetamina 2 mg/mL. • Ácido folínico 5 mg/mL (ou fracionamento para comprimidos com 5 mg cada). Recomenda-se observar cuidadosamente a icterícia clínica e monitorar os níveis de bilirrubina quando a sulfadiazina for utilizada em RN. Fonte: Andrade (2006); Mcleod (2006). Caso 2 Dados perinatais: - Mãe 27 anos, G3 P2 A0, não realizou pré-natal – sorologias desconhecidas. - TS: AB + - Usuária de drogas ilícitas (canabinoide), etilista, tabagista (1 maço/dia durante toda a gestação - DN: 29/04/2016 – sexo: feminino - Parto vaginal domiciliar - Apresentação cefálica - Amniorrexe aproximada havia 2 horas, LA? - PN: 2575g / C: 44,5 cm / PC: 33 cm/ PT: 30 cm - Apgar ?/? – Capurro somático: 40 4/7 (idade gestacional aceita) - Admissão 1 hora após seu nascimento, com respiração regular, FC > 100 bpm, bom tônus, sem alterações ao exame físico. Lembrar: Gestante, parturiente, puérperas e parturientes: realizar TESTES RÁPIDOS Exames do RN (VDRL 1:32) VDRL mãe 1:128 QUESTÕES Hipóteses diagnósticas do RN? RN termo, PIG (P< 3), Filho de mãe sem assistência pré-natal Filho de mãe tabagista, usuária de drogas ilícitas e etilista Risco de síndrome alcoólica A partir de quantas semanas o Treponema pallidum pode ser transmitido? - 9 semanas Quem é a mãe de risco para transmissão vertical de sífillis? - mãe que não fez pre-natal, solteira, com TTO incompleta - TTO precisa ser completo com pelo menos 30 dias antes do parto - Risco de transmissão > no ultimo trimestre Qual é a classificação da sífilis congênita? - Como diagnosticar sífilis e sífilis congênita? - Quem é a mãe inadequadamente tratada? - É a mãe que não é tratada com penicilina, - com nº de doses inadequadas para o estágio clínico, - Com intervalo de doses erradas, - Sem comprovação de TTO, - Sem queda de titulação em pelo menos 2 pontos e - TTO < de 30 dias do parto Obs: - TTO gestante e BB: penicilina (cristalina atravessa BHE e a barreira placentária) - Parceiros podem ser TTO com doxiciclina por 1 mês (se meningite/neurosífilis pode ser TTO com ceftriaxona) Quais são as doses de TTO? Quando os exames devem ser repetidos? Mãe não TTO ou TTO inadequado neurosífilis Penicilina G CRISTALINA, na dose de 50.000UI/kg/dose, IV, por 10 dias (12/12h nos primeiros 7 dias de vida; 8/8h a partir do 8º dia de vida). - alterações clínicas e/ou sorológicas e/ou radiológicas e/ou hematológicas (e LCR normal) Penicilina G cristalina por 10 dias (mesma dose já descrita) OU penicilina G PROCAÍNA 50.000 UI/kg/dose, IM, dose única diária, por 10 dias. Usar preferencialmente a penicilina G procaína – melhor manejo: alta e TTO ambulatorial. Sem alterações Penicilina G Benzatina, na dose única de 50.000 UI/kg, IM. Mãe com sífilis ADEQUADAMENTE TRATADA RN assintomático + VDRL não reagente Não tratar RN VDRL reagente - Comparar VDRL da mãe e do RN Se VDRL do RN não for 2x > que o da mãe: fazer P. Benzatina Mãe inadequadamente tratada ou VDRL reagente: pedir exames e tratar - Os exames precisam ser repetidos até os 18 meses de vida. (não descartar sifilis antes dos 18 meses) Exames a serem pedidos em filhos de mãe com TTO inadequado: 1 - Sorologia não treponêmico (VDRL) do RN Obs: no teste treponêmico pode ter influência de sorologia materna. 2 - Hemograma 3 – LCR (antes de coletar LCR precisa ver plaquetas) 4 - Rx de ossos longos 5-Outros: fundoscopia ocular, função hepática, RX de tórax (se desconforto respiratório) Alterações congênitas da sífilis precoce: anemia, plaquetopenia, epifisite, macrocefaia, microcefalia, hepatoesplenomegalia, meningite, periostite, Pseudoparalisia de Parrot – dor óssea – RN se mantém em postura antálgica. ATENÇÃO: RN com bolhasem mãos e pés é preocupante!! Diagnóstico complementar: Lembrar: Eritema tóxico: lesão maculopapular, de base eritematosa, pontos irregulares, de tronco, cabeça e membros, que poupa mãos e pés. Quadro 13 – Tratamento da sífilis congênita RN até 4 semanas de idade: Penicilina G cristalina (EV) 50.000 UI/Kg/dose, 2 doses por dia (12/12 horas) na 1ª semana 3 doses por dia (8/8 horas) entre a 2ª e a 4ª semanas Duração do tratamento: 10 dias Penicilina G procaína (IM) 50.000 UI/Kg/dose, dose única diária, 10 dias Penicilina G benzatina (IM) 50.000 UI/Kg/dia, dose única Crianças com idade > que 4 semanas Penicilina G cristalina (EV) 50.000 UI/Kg/dose, 4/4 horas, 10 dias Penicilina G procaína (IM) 50.000 UI/Kg/dose, 12/12 horas, 10 dias Penicilina G benzatina (IM) 50.000 UI/Kg/dia, dose única CASOS CLÍNICOS - CMV Quais são as principais alterações na TC de crânio por CMV? - Calcificações intracranianas periventriculares. - afeta o córtex frontal – gliose, vasculite, porencefalia, hidranencefalia Pesquisar CMV (secreções e fluidos): urina Qual é o prognóstico e quais são as sequelas da infecção congênita por CMV? - Surdez neurossensorial, óbito - CMV é reativado a cada gravidez - Transmissão por gotículas CASOS CLÍNICOS - SRC (Sd. da rubéola congênita) Em RN IgM+ e vírus SRC identificado em cultura celular de secreção nasal, sangue urina ou LCR, quais são os principais sintomas? - Catarata ou glaucoma congênito (reflexo do olho vermelho alterado: ausente, leucocórico ou assimétrico) - Sudez - Prematuridade, pancreatite, DM Qual é a principal cardiopatia congênita relacionada à SRC (Sd. da rubéola congênita)? - Estenose de arteria pulmonar PEDIR ECO - Persistencia do canal arterial Toxoplasmose CMV Calcificações intracerebrais parenquimatosas difusas (TOdo o parênquima) Calcificações intracranianas periventriculares. A vacina da Hep.B deve ser dada preferencialmente nas 1ªs horas de vida e previne 70 – 85% dos casos de transmissão vertical. Quando está indicada a imunoglobulina? - Nunca fazer após 1 semana de vida - Indicação de Imunoglobulina: mãe HBsAG e/ou HBeAG + prescrever imunoglobulina Solicitar nos centros reguladores de imunobiológicos especiais (vem reservado em isopor com gelo, com tempo para aplicação) – devido a burocracia, precisa ser pedido antes do BB nascer Dose: 0,5 ml IM
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