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F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I DO E X E R C Í C I F I S I O L O G DO E X E R C Í C F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L DO E X E R F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G DO E X E R C Í C F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A E X E R C Í C I O F I S I O L O G DO E X E R C Í C F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O DO E X E R C F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O F I S I O L O G I A E X E R C Í C I O volume 05 - número 01 � Jan/Dez 2006 www.at lant icaedi tora.com.br R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y ISSN 16778510 CARDIORRESPIRATÓRIO � Treinamento de resistência, capacidade cardiorrespiratória e gordura corporal TREINAMENTO � Efeitos da flexibilidade sobre a força muscular � Pliometria na reabilitação de atletas ELETROMIOGRAFIA � Músculos extensores da perna de jogadoras de voleibol FARMACOLOGIA � Recursos ergogênicos e praticantes de musculação BIOLOGIA � Testosterona, cortisol e exercício físico TRABALHO � Exercício físico na empresa R e v i s t a B r a s i l e i r a d e vo lu m e 0 5 - n ú m e ro 0 1 � Ja n /D e z 2 0 0 6 Editorial Carta ao leitor, Prof. Dr. Paulo Tarso Veras Farinatti ..................................................................................................... 3 Artigos Originais Análise da atividade eletromiográfi ca dos músculos extensores da perna de jogadoras de voleibol feminino, Sergio Henrique Borin, Rinaldo Roberto de Jesus Guirro, Marcos Vanucci, Rubens Falleiros, Valéria Palauro ......................................................................................................... 4 Quantifi cando a pliometria na reabilitação de atletas, Gustavo Rebello Soares.................................................................................................................................................. 9 Análise das capacidades físicas em indivíduos adultos sedentários e treinados, Alexandre de Souza e Silva, Regiane Albertini, Maricilia Silva Costa ............................................................................ 15 Respostas cardiovasculares agudas da pressão positiva expiratória (EPAP) em indivíduos adultos jovens e o impacto no duplo-produto: um estudo piloto, Mauricio de Sant’ Anna Junior, Alexandra Maia, Rafael Gama da Cruz, Pedro Paulo da Silva Soares, Adalgiza Mafra Moreno ................................................................................................... 21 Consumo de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes de musculação das academias de Santa Maria, RS, Cati Reckelberg Azambuja, Daniela Lopes dos Santos ............................................................................................................................................ 27 Série simples versus séries múltiplas: efeitos sobre o treinamento e destreinamento da força máxima em mulheres jovens, Marcelo Rangel de Araújo, Alexandre Hideki Okano, Runer Augusto Marson, Edilson Serpeloni Cyrino, Fábio Yuzo Nakamura ......................... 34 Programa de Exercício Físico na Empresa (PEFE): um estudo com trabalhadores de informática, Josenei Braga dos Santos, Antônio Renato P. Moro ............................................................................ 42 Revisões Efeitos agudos da fl exibilidade sobre a força muscular, José Eduardo Lattari Rayol Prati, Sergio Eduardo de Carvalho Machado ..................................................................................................... 50 As relações dos hormônios testosterona e cortisol com o exercício físico, Marcelo Rangel de Araújo ........................................................................................................................................... 56 Estudo de caso O treinamento de resistência com pesos em circuito de intensidade moderada melhora a capacidade cardiorrespiratória e diminui gordura corporal, Roberto Pacheco da Silva, Antonio Coppi Navarro ..................................................................................................... 62 Resumos Anais do IV Workshop em Fisiologia do Exercício – UFSCar e I Congresso Paulista da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício ........................................................................................... 68 Normas de Publicação .................................................................................................................................. 79 Índice volume 5 número 1 - janeiro/dezembro 2006 R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 20062 © ATMC - Atlântica Multimídia e Comunicações Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyri- ght, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Atlântica Editora edita as revistas Fisioterapia Brasil, Enfermagem Brasil, Neurociências, Nutrição Brasil e MN-Metabólica. I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes. Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin jeanlouis@atlanticaeditora.com.br Publicidade e marketing Rio de Janeiro: René C. Delpy Jr rene@atlanticaeditora.com.br (21) 2221-4164 Gerência de vendas e assinaturas Djalma Peçanha djalma@atlanticaeditora.com.br Editora Assistente Guillermina Arias Editoração e arte Cristiana Ribas Atendimento ao assinante Vanessa Busson atlantica@atlanticaeditora.com.br Redação e administração Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço por correio ou por email aos cuidados de: Guillermina Arias Rua da Lapa, 180/1103 20021-180 - Rio de Janeiro - RJ artigos@atlanticaeditora.com.br Rio de Janeiro Rua da Lapa, 180/1103 20021-180 – Rio de Janeiro – RJ Tel/Fax: (21) 2221-4164 / 2517-2749 E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br www.atlanticaeditora.com.br São Paulo Rua Teodoro Sampaio, 2550/cj 15 Pinheiros – 05406-200 – São Paulo – SP Tel: (11) )3816-6192 Recife Monica Pedrosa Miranda Rua Dona Rita de Souza, 212 52061-480 – Recife – PE Tel.: (81) 3444-2083 / 9204-0346 E-mail: monica@atlanticaeditora.com.br Assinaturas 1 ano – R$ 175,00 Rio de Janeiro: (21) 2221-4164 São Paulo: (11) 3361-5595 Email: melloassinaturas@uol.com.br Recife: (81) 3444-2083 Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício Corpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares, Paulo Farinatti,Marta Pereira, Fernando Augusto Pompeu R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I S I O L O G I A DO E X E R C Í C I O Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y Editor Chefe Paulo de Tarso Veras Farinatti Conselho Editorial Antonio Carlos Gomes (PR) Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega (RJ) Dartagnan Pinto Guedes (PR) Emerson Silami Garcia (MG) Fernando Pompeu (RJ) Francisco Martins (PB) Jacques Vanfraechem (BEL) Luiz Fernando Kruel (RS) Martim Bottaro (DF) Patrícia Chakour Brum (SP) Paulo Sérgio Gomes (RJ) Rolando Baccis Ceddia (CAN) Robert Robergs (USA) Rosane Rosendo (RJ) Sebastião Gobbi (SP) Steven Fleck (USA) Yagesh N. Bhambhani (CAN) Vilmar Baldissera (SP) 3Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Editorial Carta ao Leitor Apresentamos o volume 5 da Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício (RBFEx), correspondente ao ano de 2006. Para este volume manteve-se a mesma estratégia adotada para o período de 2005, qual seja, concentrar os artigos disponíveis em uma só encadernação. No entanto, preservaram-se os três números que deveriam ser publi- cados naquele ano. Tal opção deu-se pela necessidade de se retomar, o mais rapidamente possível, a periodicidade da revista, ao mesmo tempo em que não se queria deixar solução de continuidade. Assim, o leitor que desejar fazer um histórico da RBFEx encontrará volumes completos referentes ao período que vai de 2002 a 2006. A partir do volume 6 (ano de 2007) os três números serão publicados em separado de forma quadrimestral, como era feito na origem do periódico. Os três números do volume 6 encontram-se fechados; assim, espera-se que a periodicidade da RBFEx seja defi nitivamente regularizada até o fi m de 2008. Após essa fase inicial, ambiciona-se aumentar a quan- tidade de números correspondentes a um volume, tornando a revista trimestral, o que certamente facilitará seu processo de indexação. Planeja-se, igualmente, ampliar a abrangência da revista, criando-se seções voltadas especifi camente para as questões da fi siologia em suas diferentes especializações (básica, aplicada, treinamento físico, saúde, nutrição etc). Atualmente presente no Qualis da área como de categoria Nacional C, pretende-se que tais providências a conduzam a uma classifi cação superior em prazo breve. Da mesma forma, estamos reestruturando a revista internamente. Um dos passos nesse sentido é aumentar o corpo de revisores, tornando o processo de avaliação por pares mais ágil. O questionário de avaliação dos artigos está sendo reformulado, de maneira a otimizar o tempo dos pareceristas e fazer com que os julgamentos dos manuscri- tos sejam mais objetivos. O apoio e a estrutura da Editora Atlântica vem sendo fundamental para a concretização de todos esses planos. Como não poderia deixar de ser, contamos com a colaboração dos pesquisadores que fazem da fi siologia do exercício sua área de atuação a fi m de que a RBFEx possa se tornar um veículo efi ciente e de qualidade para a divulgação de seus trabalhos. Convidamos a todos para enviarem seus resultados de pesquisa à revista, bem como artigos de revisão e resumos de teses e dissertações. Como se pode notar, há muito a fazer. Esperamos poder contar com o maior número possível de colegas nessa empreitada! Prof. Dr. Paulo Tarso Veras Farinatti Editor-Chefe da RBFEx Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 20064 Artigo original Análise da atividade eletromiográfica dos músculos extensores da perna de jogadoras de voleibol feminino Analysis of electromyographic activity of leg extensor muscles of female volleyball players Sergio Henrique Borin*, Rinaldo Roberto de Jesus Guirro**, Marcos Vanucci***, Rubens Falleiros***,Valéria Palauro*** *Mestrando em Fisioterapia na Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), Piracicaba, SP, **Professor da Pós-Graduação em Fisioterapia da UNIMEP, ***Fisioterapeuta, UNIMEP Resumo Na prática clínica, observa-se o crescimento de lesões esportivas, decorrentes de desequilíbrios musculares. O objetivo deste trabalho foi analisar a atividade eletromiográfi ca (EMG) dos músculos do quadríceps femoral, numa contração isométrica voluntária máxima de extensão da perna em dois ângulos distintos. Foram analisadas 12 jogadoras de voleibol e 12 sedentárias. Para análise da EMG utilizou-se a envoltória (EN) do sinal, analisados através do teste de Wilcoxon (p < 0,05). Os resultados da EN intragrupos evidencia- ram que o recrutamento de todos os músculos foi maior a 90º em relação à 30º, independente da dominância e grupo. Já intergrupos, os resultados demonstraram ocorrer diferenças no recrutamento das atletas quando comparados com as sedentárias, sendo os músculos VMO, VLO, RF e VLL tanto 30º como 90º, independente da do- minância. Os resultados Intragrupos demonstram que o músculo VMO foi mais ativo, seguido do VLO, RF e VLL, para sedentárias e VMO, VLL e RF e VLO no grupo atletas. Palavras-chave: eletromiografia, treinamento, desequilíbrios musculares, fisioterapia. Abstract In the practical clinic, it was observed an increase of sports lesions, caused by muscle disequilibrium. h e objective of this work was to analyze the electromyographic activity (EMG) of the muscles of quadriceps femoral, in a maximal voluntary isometric contraction of leg extension in two distinct angles. 12 volleyball players and 12 sedentary female players had been analyzed. For analysis of EMG it was used an envoltori (EN) signal, which was analyzed through Wilcoxon test (p > 0.05). h e results of the in- tragroups EN demonstrated that the recruitment of all muscles was bigger than 90º in relation to 30º, independent of dominance and group. In relation to intergroups, the results showed that diff erences in the recruitment of the athletes occur when compared with the sedentary ones, the muscles VMO, VLO, RF and VLL at 30º as well as 90º were independent of dominance. h e Intragroups results demonstrate that muscle VMO was more active, followed by VLO, RF and VLL, for sedentary and VMO, VLL and RF and VLO in the athlete group. Key-words: eletromyographic muscle, training, muscle disequilibrium, physical therapy. Recebido em 12 de agosto de 2006; aceito em 15 de outubro de 2006. Endereço para correspondência: Sergio Henrique Borin, Av. Ipiranga, 1034/11, 13400-485 Piracicaba SP, Tel: (19) 3402-4740, E- mail: sehborin@unimep.br Introdução Na prática clínica, têm-se observado cada vez mais fre- qüente o aparecimento de lesões principalmente relacionadas à atividade esportiva em atletas de alto nível. Alguns autores reportam em seus estudos que a incidência de lesão na arti- culação do joelho gira em torno de 30% a 40% em jogadoras de voleibol [1,2]. Este quando praticado em nível competitivo envolve maiores cargas de treinamento técnico-tático e altas demandas de condicionamento físico, que somados contri- buem com o desenvolvimento de lesões do sistema músculo esquelético dos membros inferiores. 5Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Das anormalidades que envolvem a articulação do joelho, o desequilíbrio muscular no aparelho extensor da articulação fêmoro-patelar tem sido identifi cado como sendo um dos mais comuns. A prática esportiva leva a especializações musculares que podem gerar alterações nas forças que atuam nas articulações podendo causar alterações estáticas (como problemas pos- turais) e dinâmicas (alterações na estabilidade articular ou coordenação motora) [3]. O voleibol, por ser um esporte que utiliza muito o salto vertical, tem como conseqüência uma sobrecarga na articu- lação do joelho, podendo ocorrer desequilíbrios na muscu- latura extensora, principalmente pela solicitação exacerbada dos músculos que compõem o quadríceps femoral [4]. A sobrecarganão se restringe a articulação do joelho, sendo observada em todas as articulações dos membros inferiores pelo fato de os músculos exercerem movimentos concêntricos e excêntricos. Trabalhos físicos envolvendo exercícios de sobrecarga ou overtraining podem desenvolver desequilíbrios musculares alterando a biomecânica normal da articulação do joelho [5]. Por isso, indivíduos fi sicamente ativos, mas que são subme- tidos a sobrecargas constantes, poderão desenvolver algum desequilíbrio biomecânico [6]. Várias técnicas que visam à recuperação funcional da articulação do joelho bem como trabalhos de prevenção de lesões vem sendo desenvolvidas. Consistem basicamente em exercícios de cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF), que segundo Bynnum et al. [7] a CCF tem sido reconhecidamente como mais segura e funcional do que os de CCA. O treinamento de hipertrofi a muscular no voleibol também concentra o seu trabalho em cadeias cinéticas, mas sempre procurando direcioná-lo para a espe- cifi cidade do movimento que o atleta realiza no seu gesto esportivo [8]. Segundo Willians [9], os exercícios com carga (princi- palmente o excêntrico) são considerados um dos tipos mais lesivos ao músculo devido ao aumento de tensão excessiva na linha Z dos sarcômeros. Nesse contexto, muitos estudos relatam que o trabalho de reforço muscular deve respeitar a especifi cidade do movimento do gesto esportivo em conjunto com treinamento muscular, de forma que haja um mecanismo de proteção e prevenção para lesões decorrentes da sobrecarga articular impostas pelo esporte [10]. Nesse sentido, o trabalho de condicionamento muscular localizado em atletas deve ser muito bem elaborado, para que não ocorra sobrecarga nas articulações, ou mesmo desenvolva desequilíbrios musculares [11]. Com isso, a eletromiografi a (EMG) tem sido utilizada como instrumento cinesiológico para estudo da função mus- cular, sendo empregada no estudo da atividade muscular e no estabelecimento do papel de diversos músculos em atividades específi cas. Por esse contexto, o músculo quadríceps femoral tem sido amplamente pesquisado através da EMG, principalmente no que diz respeito à articulação fêmoro-patelar. No entanto, a participação do músculo VMO, como base de tratamento conservador da síndrome fêmoro-patelar, precisa ser mais bem estudada, assim como o seu desequilíbrio por fatores não traumáticos, a participação e a contribuição do músculo reto femoral no equilíbrio, e, ainda, a estabilidade na articu- lação do joelho [12]. Vários estudos limitam-se a pesquisar patologias na articulação fêmoro-patelar, sendo poucos os trabalhos que correlacionam a articulação do joelho com a atividade mioelétrica na população desportiva, para identifi car se o esporte praticado em alto nível leva a modifi cações na musculatura exigida [13]. Frente ao exposto, o objetivo deste estudo é analisar a atividade eletromiográfi ca dos músculos extensores da perna de atletas praticantes de voleibol do sexo feminino, em cadeia cinética aberta (CCA), nos ângulos de 90º e 30º de fl exão de joelho, nos membros dominante e não dominante, compa- rando com um grupo controle de mulheres jovens sedentárias, observando o comportamento do reto femoral perante os demais músculos componentes do quadríceps femoral. Materiais e métodos Amostra Foram estudadas 24 voluntárias adultas, sendo 12 atletas da equipe de voleibol feminino, categoria adulta, da cidade de Piracicaba, na faixa etária entre 18 e 20 anos (18,58 ± 0,79). Esse grupo foi denominado grupo atletas. E outras 12 mu- lheres para ser um grupo controle eram sedentárias, na faixa de 18 a 22 anos (20,6 ± 1,30), chamado grupo sedentárias. Todas as 24 voluntárias não apresentavam patologias que envolvessem a articulação coxo-femoral e do joelho. Como critério de inclusão para o grupo atletas, as volun- tárias não poderiam apresentar: • história de disfunção músculo-esquelética e fraturas, na articulação fêmoro-patelar, quadril e tornozelo, por um período mínimo de seis meses; • não ter realizado qualquer tipo de cirurgia, por um período mínimo de seis meses; • não apresentar distúrbios endócrino-metabólicos, alterações posturais importantes e retrações musculares severas. Em relação ao grupo sedentárias, além dos critérios de inclusão impostos ao grupo atletas, foi acrescido o fato de que não poderiam ter realizado qualquer tipo de atividade física regular num período mínimo de seis meses. Todos os voluntários envolvidos na pesquisa assinaram um termo de consentimento formal de participação na pesquisa, de acordo com o Conselho Nacional de Saúde (resolução 196/96). O projeto foi analisado e aprovado pelo comitê de ética da Unimep. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 20066 Eletromiografia A atividade Eletromiográfi ca (EMG) foi obtida usando um módulo condicionador de sinais, modelo MCS 1000 – V2 (LYNX®) com 16 canais de entrada, conectados a um conversor analógico ⁄ digital, interfaceado com um micro- computador Phentium 133 MHz padrão. Para o sinal ele- tromiográfi co, os canais foram calibrados com um ganho de 100 vezes, freqüência de corte de 10 Hz no fi ltro passa alta e 500 Hz no fi ltro passa baixa, com freqüência de amostragem de 1000Hz. Para aquisição e armazenamento dos sinais foi utilizado o software Aqdados 4.6 (LYNX®), que permite tra- tamento dos dados após aquisição além de compatibilidade para formatos universais. A atividade elétrica dos músculos vasto medial oblíquo (VMO), vasto lateral oblíquo (VLO), reto femoral (RF) e vasto lateral longo (VLL) foram obtidos extensores por meio de eletrodos bipolar de superfície (LYNX®) com ganho de 20 vezes. Para localização do ponto motor dos músculos extensores da perna, utilizou-se um aparelho de estimulação elétrica transcutânea (TENS marca KLD®) com freqüência variando de 5 a 100 Hz, e largura de pulso de 10 a 200 μs, com as intensidades máxima de 60 mA. Primeiramente as voluntárias permaneceram sentadas com o tronco apoiado no encosto da mesa, com articulação coxo-femoral a 90º e joelho a 30º ou a 90º, dependendo do sorteio. A coleta dos sinais foi realizada por um período de quatro segundos, previamente determinado no software AqDados®, sendo realizado três CIVM para cada ângulo. O início da captação dos sinais ocorria após dois segun- dos do início da CIVM. Esse tempo de dois segundos foi para garantir que o voluntário estava realizando a CIVM de forma uniforme durante todo o tempo de captação. O início da contração foi determinado por comando verbal do examinador, sendo mantido durante todo o período de captação. Eram seguidos intervalos de um minuto entre cada contração. Análise estatística Foi realizada a análise exploratória dos dados pelo pro- grama SAS - JMP (Statistical Analisys Sistem), na qual se aplicou o teste de normalidade de Shapiro-Wilk para todas as variáveis estatísticas consideradas dos diferentes grupos experimentais. Os dados não apresentaram normalidade, por isso foram analisados através do teste das ordens assinaladas de Wilcoxon. Em todos os cálculos foi fi xado o nível crítico de 5% (p < 0,05) As variáveis analisadas foram envoltória do sinal eletromio- gráfi co dos músculos VMO, VLO, VLL e RF do movimento de extensão da perna, nos ângulos de 30º e 90º de fl exão de joelho nos membros dominante e não dominante, dos grupos atletas e sedentárias. Resultados Resultados intragrupos Os resultados estatísticos da envoltória (EN) do grupo atletas, no exercício de contração isométrica de extensão de joelho dos membros dominante e não dominante, demons- traram que houve um aumento signifi cativo (p < 0,05) dos músculos VLO, VMO, RF e VLL no ângulo de 90º em relação ao ângulo de 30º, no grupo atletas. Tabela I - Médias, desvios-padrões dos dados da Envoltória (EM em µV) dos músculos Vasto Medial Oblíquo (VMO), Vasto Lateral Oblíquo (VLO), Reto Femoral (RF)e Vasto Lateral Longo (VLL) na contração isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão da perna nos ângulos de 30º e 90º de fl exão joelho, nos membros dominante e não dominante, do grupo atletas (n = 12). Atletas Membro dominante Membro não dominante EN(μV) 30º 90º 30º 90º VLO 48,1±2,7 84,6* ± 3,6 29,0 ± 1,0 63,9* ± 2,6 VMO 131,6±6,0 228,2* ± 9,1 148,9 ± 6,9 237,7* ± 6,4 RF 67,9±2,8 89,2 *± 3,5 68,7 ± 2,9 90,5* ± 3,1 VLL 87,3±3,0 134,6* ± 5,0 98,5 ± 4,2 148,5*± 4,1 *p < 0,05 em relação a 30º do respectivo membro Envoltória (EN) do grupo sedentárias Com relação a envoltória (EN) do grupo Sedentárias no exercício de contração isométrica de extensão de joelho dos membros dominante e não dominante, mostraram que houve um aumento signifi cativo (p < 0,05) da atividade eletromio- gráfi ca dos músculos VLO, VMO, RF e VLL no ângulo de 90º e em relação ao ângulo de 30º, no grupo sedentárias (Tabela IV). Tabela II - Média, desvio-padrão dos dados da Envoltória (EM em µV) dos músculos Vasto Medial Oblíquo (VMO), Vasto Lateral Oblíquo (VLO), Reto Femoral (RF) e Vasto Lateral Longo (VLL) na contração isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão da perna nos ângulos de 30º e 90º de fl exão joelho, nos membros dominante e não dominante, do grupo sedentárias (n = 12). Sedentárias Membro dominante Membro não dominante EN (μV) 30º 90º 30º 90º VLO 62,9 ± 2,5 104,4* ± 5,9 52,0 ± 2,6 88,7* ± 5,3 VMO 71,9 ± 3,4 113,9* ± 7,6 83,9 ± 4,0 141,7* ± 8,0 RF 45,4 ± 1,4 56,3*± 5,5 40,2 ± 1,6 49,9* ± 3,6 VLL 49,3 ± 1,7 55,3*± 1,6 40,1 ± 1,2 46,0* ± 2,3 *p < 0,05 em relação a 30º do respectivo membro. Resultados intergrupos Envoltória (EN) entre os grupos atletas e sedentárias A amplitude do sinal eletromiográfi co analisado pela sua 7Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 envoltória (EN intergrupos), demonstrou diferença signifi - cativa entre os ângulos de 30º e 90º, do membro dominante e não dominante, quando comparada entre os grupos. Os resultados demonstram um recrutamento crescente no estí- mulo das unidades motoras, sendo o músculo VMO em maior atividade nos dois grupos e, seguido do VLO, VLL e RF a 30º e VLO, RF e VLL a 90º do membro dominante e a 30º e 90º do membro não dominante para o grupo sedentárias. Já no grupo das atletas, pode-se observar que ocorre uma inversão de recrutamento entre dois músculos em relação ao grupo sedentárias, no qual o VLL apresenta um valor da amplitude do sinal eletromiográfi co maior que o músculo VLO, tanto no membro dominante como no não dominante (Tabelas III e VI), a seqüência observada foi o músculo VMO, seguido do VLL, RF, e por último o VLO. Tabela III - Médias e desvios-padrões da Envoltória (EN em µV) dos músculos vasto medial oblíquo (VMO), vasto lateral oblíquo (VLO), reto femoral (RF) e vasto lateral longo (VLL) na contração isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão da perna nos ângulos de 30º e 90º de fl exão joelho, nos membros dominante, do grupo atletas e sedentárias (n = 12). Dominante EN(μV) 30ºatletas 30º sedentárias 90º atletas 90º sedentárias VLO 48,1 ± 2,7 62,9* ± 2,5 84,6 ± 3,6 104,4* ± 5,9 VMO 131,6± 6,0 71,9* ± 3,4 228,2 ± 9,1 113,9* ± 7,6 RF 67,9 ± 2,8 45,4* ± 1,4 89,2 ± 3,5 56,3* ± 5,5 VLL 87,3 ± 3,0 49,3* ± 1,7 134,6 ± 5,0 55,3* ± 1,6 *p < 0,05 em relação as atletas no respectivo ângulo. Tabela IV - Médias e desvios-padrões da Envoltória (EN em µV) dos músculos vasto medial oblíquo (VMO), vasto lateral oblíquo (VLO), reto femoral (RF) e vasto lateral longo (VLL) na contração isométrica voluntária máxima (CIVM) de extensão da perna nos ângulos de 30º e 90º de fl exão joelho, nos membros não dominante, do grupo Atletas e Sedentárias (n = 12). Não dominante EN (μV) 30º atletas 30º sedentárias 90º atletas 90º sedentárias VLO 29,0 ± 1,0 52,0*# ± 2,6 63,9 ± 2,6 88,7*#±5,3 VMO 148,9 ± 6,9 83,9* ± 4,0 237,7 ± 6,4 141,7* ± 8,0 RF 68,7 ± 2,9 40,2* ± 1,6 90,5 ± 3,1 49,9* ± 3,6 VLL 98,5 ± 4,2 40,1*�± 1,2 148,5 ± 4,1 46,0*� ± 2,3 *p < 0,05 em relação às atletas no respectivo ângulo. Discussão A eletromiografi a cinesiológica é uma ferramenta im- portante e efi caz para estudar estímulos e respostas mus- culares, bem como qualquer alteração frente a atividades específi cas, sejam elas ocasionadas pela exigência esportiva ou patológica. Ela é capaz de determinar o início e o fi m da atividade muscular em um determinado exercício, bem como o nível de resposta muscular em relação ao esforço e o melhor posicionamento que ativa um determinado músculo, visando assim estabelecer metas e objetivos a serem alcançados num programa de fortalecimento ou reabilitação, adequando o exercício para cada indivíduo, sendo utilizado também como um importante feedback em algumas terapias [14]. Por isso, este estudo coloca a importância da realização de uma avaliação eletromiográfi ca cinesiológica em atletas, que vise o maior conhecimento a respeito dos estabilizado- res dinâmicos da articulação fêmoro-patelar, bem como do músculo biarticular com ações em duas articulações distintas que é o músculo reto femoral. Deve ser considerado ainda que a eletromiografi a permita analisar a atividade isolada de cada músculo, identifi cando, assim, possíveis desequilíbrios qual destes precisa ser trabalhado. Nesse contexto, o método de eletromiografi a cinesiológica é de extrema importância para fi sioterapeutas, educadores físicos e médicos para ela- boração de programas de prevenção de lesão ou protocolos de treinamento. Com relação ao músculo reto femoral (RF), apesar de não ser um estabilizador dinâmico da articulação fêmoro-patelar, foi avaliado devido à existência de poucos trabalhos que o correlacionam a exercícios de extensão de perna em grupo de atletas. Assim, a grande questão era como seria o padrão do sinal eletromiográfi co de um músculo que realiza a extensão da perna e a fl exão do quadril, na CIVM nos ângulos de 30º e 90º num grupo de atletas e sedentárias frente aos outros músculos monoarticulares avaliados. Com isso, buscou-se alguns trabalhos na literatura rela- cionados ao RF, como o de Alkner [15] que compararam a atividade elétrica dos músculos VMO, VL, RF, e bíceps femo- ral (BF) de extensão da perna em CCA e em CCF realizados num ângulo de 90 graus de fl exão, e a 20, 40, 60, 80 e 100% da contração voluntária máxima de 09 homens clinicamente normais. Não foram observadas diferenças signifi cativas entre a atividade elétrica dos músculos estudados entre os dois exercícios, o que indica uma atividade recíproca dos músculos envolvidos nos dois modelos testados. Signorile et al. [16] avaliaram os músculos VMO, VL e RF de 23 indivíduos clinicamente normais em contrações isométricas de extensão com o joelho fl etido a 5º, 30º e 90º nas posições de rotação medial, neutra e lateral da perna. Os resultados revelaram que o músculo RF no ângulo de 90º de fl exão da perna produziu maior atividade eletromiográfi ca do que os demais músculos embora não tenha havido diferenças signifi cativas entre as rotações. Em relação aos músculos VMO e VL, os resultados obtidos foram semelhantes, com o ângulo de 90 graus de fl exão produzindo maior atividade eletromiográfi ca na posição neutra do que medial. No presente estudo, os resultados da EN do RF demons- traram que no grupo atletas o estímulo deste foi menor que os músculos VMO e VLL, sendo apenas maior que o VLO, independente do ângulo e da dominância. No grupo seden- Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 20068 tárias, essa atividade eletromiográfi ca foi igual no ângulo de 30º tanto para o membro dominante como para o não dominante. A 90 graus o RF foi inferior apenas ao músculo VMO. O mesmo não ocorre com o grupo das sedentárias, o qual apresentou um estímulo eletromiográfi co maior do RF em relação aos componentes laterais do quadríceps femoral. Essa menor estimulação no grupo atletas pode serexplica- do devido ao tipo de exercícios que as voluntárias realizaram para a coleta, onde foi exigida a CIVM. Isso vai de acordo com Pincivero et al. [17] que reportam em seu estudo no aparelho isocinético, que o RF tem uma velocidade de con- dução menor e características morfológicas diferentes (tipo I) dos músculos VMO, VLL e VLO. Os autores colocam que a intensidade da contração está diretamente relacionada com a solicitação do músculo. Os seus resultados demonstraram que em exercícios com intensidades leves de movimento isotônico concêntrico de extensão de joelho de 90º a 0º (10% a 30% força máxima) o RF tem uma solicitação maior que os mús- culos VL e VMO, nesta ordem. Em exercícios submáximos (70 a 80% da força máxima) encontra-se o músculo VL com uma solicitação maior que o VMO e RF respectivamente. Nos exercícios máximos (100% da força máxima) o músculo VMO obteve uma solicitação bem maior que o VL e RF. Isso também sugere que quando a sedentária é exigida numa CIVM, principalmente se a exigência da força do membro é maior, como é o caso do ângulo de 30 graus; há necessidade de uma solicitação do RF em detrimento dos demais músculos laterais do quadríceps femoral. Conclusão Os resultados desta pesquisa, nas condições experimentais utilizadas, permitem concluir que o músculo VMO foi mais ativo que os músculos VLL, VLO e RF em todos os ângulos estudados, tanto em atletas quanto em sedentárias. A atividade eletromiográfi ca dos músculos VMO, VLL e RF são maiores no grupo atletas que no grupo sedentárias.O músculo VLO tem um comportamento distinto no grupo sedentárias em re- lação principalmente ao VLL no grupo atletas, independente do ângulo e da dominância, sendo signifi cativo a 90 graus. Frente à discussão, propõe-se um estudo que avalie o treinamento específico das atletas de voleibol, tanto de condicionamento muscular quanto técnico-tático, visando buscar as possíveis causas encontradas neste estudo, referen- tes aos diferentes níveis de atividade eletromiográfi ca dos músculos estabilizadores da patela, bem como alternância com o recrutamento do músculo reto femoral. Isso é de suma importância para os profi ssionais da área desportiva, seja ele médico, fi sioterapeuta, preparador físico, técnico ou supervisor de esporte. Referências 1. Ferretti A, Cerullo G, Russo G, Fontana M. Suprascapular neuropathy in voleyball players. J Bone Joint Surg1987;69A: 260-3. 2. 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Anais do VII Congresso Brasileiro de Biomecânica – Laboratório de Patocinesiologia e Análise do Movimento Humano do Depto. de Fisioterapia da UFPB 2000;p. 375-379. 7. Bynnum BE, Barrack RL, Alexander AH. Open versus closed chain kinetic exercises after anterior cruciate ligament recon- struction. Am J Sports Med 1995; 23:401-6. 8. Maffi uletti NA, Dugnani S, Fols M, Di Pierno E, Mauro F. Eff ect of combined electrostimulation and plyometric training on verti- cal jump height. Med Sci Sports Exerc 2002;34(10):1638-44. 9. Williams PE. Use of intermittent stretch in the prevention of serial sarcomere loss in immobilized muscle. Ann Rheum Dis 1990;49:316-17. 10. Atkinson G, Nevill AM. Statistical methods for assessing measurement error (reliability) in variables relevant to sports medicine. Sports Med 1998;26:217-38. 11. Malatesta D, Cattaneo F, Dugnani S, Maffi uletti NA. Eff ects of electromyostimulation training and volleyball practice on jump- ing ability. 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Knee extensor torque and quadriceps femoris EMG during perceptually-guided isometric contractions. J Electromyogr Kinesiol 2003;13:159-167. 9Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Artigo original Quantificando a pliometria na reabilitação de atletas Quantifying the plyometric in athlete rehabilitation Gustavo Rebello Soares Acadêmico, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública Fundação Bahiana para o Desenvolvimento das Ciências, Salvador, Bahia Resumo Objetivos: Identifi car os exercícios pliométricos para os membros inferiores e quantifi car sua forma de realização em relação ao tempo de treinamento, freqüência, quantidade de séries, quantidade de repetições, tempo de recuperação entre os exercícios e tempo de recuperação entre as séries. Materiais e métodos: Este estudo realiza uma revisão da literatura de trabalhos, publicados no período de 1983 a 2004, que abordam os princípios neurofi siológicos da plio- metria ou apresentam um programa de treinamento pliométrico. A forma para análise dos conteúdos utilizada foi a freqüência com que as variáveis dependentes e independentes foram citadas ou a média entre aqueles que as mencionaram. Resultados: Dez exercícios foram selecionados como os mais mencionados nos trabalhos. O tempo de treinamento mais citado foi de seis semanas, em três sessões semanais. Foi realizada, mais freqüentemente, uma única série de exercício, preconizando o tempo como unidade para quantifi car sua realização. Foi quantifi cado também o tempo de descanso entre os exercícios e entre as séries. Discussão e conclusão: A pliometria pode promover ganhos de força explosiva sendo realizada de forma criteriosa, seguindo os princípios aqui expostos. Desta forma, a fi sioterapia age para que o atleta recupere seu nível de desempenho de maneira mais rápida e segura possível. Palavras-chaves: pliometria, reabilitação, atleta. Abstract Objective: To identify the plyometric exercises for the lower limbs and quantify them according to the time of training, frequency, number of series, number of repetitions, time of recovery between exercises and time of recovery between series. Method: h is study is a review of literature published from 1983 to 2004, which approaches the neurophysiologic principles of plyometric or plyometric training programs. h e contents were analyzed using the periodicity in which the dependent and independent variables were quoted or the mean of those which mentioned them. Results: Ten exercises were selected as the most quoted by the articles. h e time of training most quoted was six weeks, three times a week. More frequently, only one seriesof exercises was done, and time was the best predictor to quantify the exercises comparing to repetition. Also, the resting time between the exercises and between the series was quantifi ed. Discussion and conclusion: When plyometric exercises are done in a very sensible way, according to the principles here exposed, it can aid the gaining of explosive power. h erefore, physical therapy makes the athlete recover their level of performance in a faster and safer way. Key-words: plyometrics, rehabilitation, athlete. Recebido em 24 de novembro de 2005; aceito em 10 de maio de 2006. Endereço para correspondência: Gustavo Rebello Soares, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Av. Dom João VI, 274, 40.290-000 Salvador BA, Tel: (71)3276-8200, E-mail: grsoares@gmail.com Introdução Em todas as práticas esportivas, os atletas estão sempre sujeitos a sofrer algum tipo de lesão durante uma competição ou treinamento, devido à constante exposição a traumatismos. Logo, a reabilitação destes indivíduos constitui um campo bas- tante desafi ador da medicina desportiva que tem como metas proteger e tratar o desportista de lesões, de reincidências e da incapacidade permanente. Para isto, a fi sioterapia pode fazer uso da pliometria como um de seus recursos terapêuticos. A pliometria é um conjunto de exercícios voltados para indivíduos que praticam atividade física, que unem força e velocidade do movimento, através das duas fases da contração muscular ativa (excêntrica/concêntrica), e visa obter resposta explosiva e reativa do músculo no menor tempo possível. Seu objetivo é melhorar a potência do músculo, facilitando os Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200610 impulsos neurológicos, e aumentar a tensão muscular gerada no componente elástico do músculo. Esse tipo de exercício há muito tempo é utilizado para me- lhorar a performance dos atletas, porém, só recentemente, passou a fazer parte da reabilitação física, mais precisamente na sua fase fi nal [1]. No passado, esse programa era denominado de treina- mento de “choque” ou de salto. Somente em 1969 passou a ser chamado de pliometria, quando foi descrito na Europa Oriental pelo russo Verkhoshanski [2]. O termo pliometria é derivado da palavra grega pleythyein, que signifi ca “aumentar”, ou das raízes grega plio e metric, que signifi cam “maior” e “medida” [2]. Um estudo examinou os efeitos de seis semanas de treina- mento pliométrico nos mecanismos de aterrissagem de saltos e a força de atletas femininas [3]. Foram observadas a diminuição de 22% no pico de força de reação do solo e diminuição de 50% dos movimentos de abdução e adução do joelho durante a aterrissagem. Em adição, observou-se aumento signifi cativo na força isocinética dos músculos isquiotibiais, na razão entre os isquiotibiais e o quadríceps e na altura do salto vertical. Os autores sugerem que esse treinamento tem efeito signifi cativo na estabilização do joelho e na prevenção de lesões sérias entre as atletas. Usando o mesmo programa de treinamento, outro estudo analisou, prospectivamente, os efeitos da pliometria nas lesões sérias de joelho em atletas femininas [4]. Os autores demonstraram diminuição, estatisticamente signifi cante, da quantidade de lesões do joelho no grupo treinado em relação ao grupo controle. Os exercícios pliométricos podem ser aplicados tanto para os membros inferiores como para os membros superiores. Existem muitos estudos experimentais que utilizam progra- mas de treinamento pliométrico para os membros inferiores do corpo, entretanto, não há consenso dos seus benefícios por causa da falta de concordância a respeito de sua melhor aplicabilidade [2]. Em relação aos membros superiores, a pliometria ainda precisa ser mais estudada, pois os exercícios são conhecidos, mas há poucas pesquisas experimentais que comprovem sua efi cácia através da utilização de um programa de treinamento. Espera-se que este trabalho forneça um alicerce seguro e cientifi camente comprovado sobre o uso dessa técnica aos fi sioterapeutas, para que possam utilizá-la, mais freqüente- mente, na reabilitação atlética. Assim, o objetivo desse estudo é identifi car os exercícios pliométricos, para os membros inferiores, utilizados nos pro- gramas de reabilitação e quantifi car sua forma de realização em relação a tempo de treinamento, freqüência, quantidade de séries, quantidade de repetições, tempo de recuperação entre os exercícios e tempo de recuperação entre as séries. Materiais e métodos Este estudo realiza uma revisão da literatura tipo compa- rativa-descritiva realizada através de pesquisas nas fontes de dados virtuais indexadas (Medline, Pubmed, Lilacs, Scielo, Tabela I - Exercícios pliométricos. Exercício Variáveis Brown et al, 1986 [5] Wilson et al, 1996 [6] Hewett et al, 1996 [3] Hewett et al, 1999 [4] Spurrs et al, 2003 [7] Wilkerson et al, 2004 [8] Irmischer et al, 2004 [9] Chimera et al, 2004 [10] Depth jump Tempo de treinamento 12 semanas 8 semanas 6 semanas 6 semanas 6 semanas 6 semanas 6 semanas Freqüência 3x/semana 2x/semana 3x/semana 3x/semana 2 a 3x/se- mana 3x/semana 2x/semana Séries 3 séries 1a 4 séries 1 série 1 série 2 a 3 séries 1 série 1 série Repetições 10 rep. 8 rep. 5 a 10 rep. 5 a 10 rep. 6 a 10 rep. 5 a 10 rep. 20 a 40 rep. Recuperação (exercício) 30’’ 30’’ 30’’ 120’’ Recuperação (séries) 60’’ 180’’ 30’’ Wall jumps / Ankle bounces Tempo de treinamento 6 semanas 6 semanas 6 semanas 9 semanas 6 semanas Freqüência 3x/semana 3x/semana 3x/semana 2x/semana 2x/semana Séries 1 série 1 série 1 série 3 séries 3 a 6 séries Repetições 20’’ a 30’’ 20’’ a 30’’ 20’’ a 30’’ 10 rep. 30’’ Recuperação (exercício) 30’’ 30’’ 30’’ 120’’ Recuperação (séries) 30’’ 11Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Free Medical Journals, Capes, Web of Science) com as se- guintes palavras-chaves em inglês: plyometric e plyometr*. Em adição, foram realizadas pesquisas nas bibliotecas da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), Universidade Católica de Salvador (UCSAL), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e na União Metropolitana de Ensino (UNIME). Foram incluídos na pesquisa todos os artigos, livros e periódicos encontrados em português, inglês e espanhol, publicados no período de 1983 a 2004, que abordavam os princípios neurofi siológicos da técnica ou explicavam um programa de treinamento pliométrico para os membros inferiores. Foram excluídos os artigos que traziam um pro- grama de treinamento pliométrico, mas não apresentavam as descrições dos exercícios e seus nomes não eram sufi cientes para se compreender plenamente os movimentos realizados durante a execução da atividade. Os artigos que tinham apenas a ilustração dos exercícios, sem identifi cação e sem descrições, também foram excluídos. Em associação, os achados em ou- tras línguas estrangeiras, que não as citadas anteriormente, foram automaticamente excluídos. Primeiramente, foram listadas todas as variáveis indepen- dentes (exercícios pliométricos) e suas variáveis dependentes (tempo de treinamento, freqüência, quantidade de séries, quantidade de repetições, tempo de recuperação entre os exer- cícios e tempo de recuperação entre as séries) dos trabalhos incluídos (Tabela I). Em seguida, realizou-se a seleção dos exercícios citados em pelo menos 50% dos trabalhos. Dentre estes, foram escolhidos as formas mais freqüentes de realização dos exercícios, sendo que, quando as variáveis dos exercícios não eram descritas em ao menos 50% dos trabalhos, foi considerada a média aritmética dentre aqueles que a citavam. Resultados Foram selecionados 12 artigos e seis livros para o estudo. Dos 12 artigos, quatro foram utilizados para a observação dos princípios neurofi siológicos e oito para a observação dos exercícios e suas variáveis. Dos quatro artigos selecionados para análisedos princípios neurofi siológicos apenas dois foram utilizados, pois os demais faziam menção a um destes artigos analisados. Tabela II - Síntese dos exercícios pliométricos. Repetições Exercícios Tempo de treina- mento Freqüên- cia Séries 1ª se- mana 2ª se- mana 3ª se- mana 4ª se- mana 5ª se- mana 6ª se- mana Recupera- ção (exercí- cios) Recupe- ração (séries) Wall jump / Ankle bounces 6 semanas 3x/semana 1 série 20 seg. 25 seg. 30 seg. 30 seg. 30 seg. 30 seg. 30 segundos Tuck jump 6 semanas 3x/semana 1 série 20 seg. 25 seg. 30 seg. 30 seg. 30 segundos Squat jump 6 semanas 3x/semana 1 série 10 seg. 15 seg. 20 seg. 20 seg. 25 seg. 25 seg. 30 segundos Double leg cone jumps 6 semanas 3x/semana 1 série 30 seg. 30 seg. 30 seg. 30 seg. 30 segundos 180° jumps 6 semanas 3x/semana 1 série 20 seg. 25 seg. 30 segundos Bounding in place 6 semanas 3x/semana 1 série 20 seg. 25 seg. 30 segundos Scissor jump 6 semanas 3x/semana 1 série 30 seg. 30 seg. 30 segundos Bounding for distance 6 semanas 3x/semana 1 série 1 corrida 2 corridas 30 segundos Single legged hops 6 semanas 3x/semana 1 série 5 rep./ perna 5 rep./ perna 5 rep./ perna 5 rep./ perna 30 segundos Depth jump 6 semanas 3x/semana 1 série 5 rep. 10 rep. 30 segundos Tabela III - Descrição dos exercícios pliométricos. Wall jump / Ankle bounces Saltos com os dois tornozelos. O paciente posiciona-se com os dois joelhos levemente dobrados e com os braços elevados atrás da cabeça. Em seguida, salta para cima e aterrisa com os dedos dos pés (ponta dos pés). Repetir rapidamente. Tuck jump A partir da posição em pé (ereto), o paciente salta verticalmente o mais alto possível e leva ambos os joelhos para cima em direção ao tórax. Repetir rapidamente. Squat jump A partir da posição agachada, o paciente salta verticalmente o mais alto possível. Ao aterrissar, ele deve absorver o choque em posição agachada e repetir o salto rapidamente. Double leg cone jumps O paciente salta, com as duas pernas e pés juntos, de um lado para o outro por cima de cones, rapidamente. Devendo repetir também para frente e para trás. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200612 Todos os trabalhos confrontados tratavam-se de estudos experimentais cuja síntese, através da freqüência de citação, re- sultou na escolha de 10 exercícios. São eles: Wall jumps / Ankle bounces, Tuck jumps, Squat jump, Double leg cone jumps, 180° jumps, Bounding in place, Scissor jump, Bounding for distance, Single legged hops e Depth jump. Estes podem ser visualizados na Tabela II, assim como suas variáveis escolhidas. A descrição de cada uma dessas atividades encontra-se na Tabela III. Dentre os exercícios selecionados, também com base na freqüência de citação nos artigos, foram encontrados os seguintes resultados para as variáveis dependentes pesquisa- das: o tempo de treinamento para a atividade pliométrica foi de seis semanas e a freqüência de sua realização foi de três vezes semanais, em dias alternados, respeitando o período de repouso de 48 horas entre as sessões. Quanto ao número de séries, foi predominante a utilização de apenas uma série para cada atividade selecionada. O volume com que foram realizadas variou de acordo com o exercício: 70% foram quantifi cados tendo o tempo (segundos) como unidade de medida e 30% tendo o número de repetições ou de distância percorrida. Para os exercícios cujo volume foi baseado no tempo de execução, constatou-se que a quantidade de realização mais citada foi de 20 segundos na primeira semana, 25 segundos na segunda semana e 30 segundos para a terceira e quarta semanas. Em relação a quinta e sexta semanas, somente dois dos exercícios, dentre os escolhidos neste estudo, foram realizados utilizando o tempo como unidade de medida. Por eles apresentarem valores diferentes quanto ao volume e por não ser possível verifi car a maior freqüência de citação, foi realizado a média entre aqueles que os citaram. Logo, para a quinta e sexta semanas, os resultados apresentaram uma média de 27,5 segundos, em cada uma das semanas, para o volume realizado. Para o tempo de recuperação entre os exercícios foi mais continuamente citado o intervalo de 30 segundos. Para o tempo de recuperação entre as séries dos exercícios escolhidos foi calculada, novamente, a média entre aqueles que a cita- ram, já que a maioria não fez menção a essa variável em seus estudos. A partir desta análise, foram encontrados os seguintes valores para os exercícios Wall jump, Double leg cone jumps, 180° jumps e Depth jumps: 30 segundos, 30 segundos, 30 segundos e 90 segundos, respectivamente. Estes valores não aparecem na tabela II, pois este foi construída apenas com base na freqüência de citação dos exercícios e suas variáveis em pelo menos 50% dos trabalhos. Discussão Com a realização deste estudo foi possível quantifi car os exercícios pliométricos aplicados aos membros inferiores através da freqüência e da média com que eles e suas variáveis foram descritos nos artigos revisados. O que chamou mais atenção na pesquisa foi o fato da pliometria ser praticada, na maioria dos exercícios, tendo o tempo (segundos) como unidade de medida para quantifi car as repetições a serem executadas. Logo, diante dos achados expostos neste trabalho, espera-se ser possível empregar essa técnica, com mais segu- rança e efi cácia, nos programas de reabilitação atlética. Foram encontradas inúmeras variações para os exercícios pliométricos, porém, as atividades mais freqüentemente utilizadas foram as relatadas neste estudo (Wall jumps/Ankle bounces, Tuck jump, Squat jump, Double leg cone jump, 180° jumps, Bounding in place, Scissor jump, Bounding for distance, Single legged hops, Depth jump). Isto não signifi ca que todos os exercícios listados aqui, e somente eles, devam ser usados nos programas de reabilitação. A escolha das ativi- dades depende do objetivo do tratamento, do grupo muscular que se deseja trabalhar e do esporte praticado pelo atleta, pois cada modalidade esportiva apresenta formas e níveis de exigências diferentes. Por exemplo, para o jogador de vôlei, os pliométricos apropriados são aqueles que envolvem saltos em altura no mesmo lugar ou saltos em profundidade e não os saltos em distância, que, por sua vez, são mais apropriados para os praticantes de atletismo. Quanto às variáveis, constatou-se que o tempo de trei- namento mais utilizado foi o de seis semanas. A escolha deste período pode ser fundamentada no fato de que para se desenvolver a capacidade de recrutamento das unidades mo- toras em altíssimas velocidades, visando o ganho de potência muscular, pode ser necessário um período de treinamento mais longo [11]. A freqüência semanal com que os treinamentos pliomé- tricos foram mais empregados foi de três vezes por semana, em dias alternados. A freqüência de treinamento superior a duas ou três vezes por semana pode difi cultar a recuperação entre os exercícios e, desta forma, retardar as adaptações neu- romusculares impostas pela atividade e o desenvolvimento da força [12]. Entretanto, não existe documentação sufi ciente que defi na a freqüência semanal ideal para a realização do treinamento [13]. O número de séries mais usado para os exercícios selecio- nados foi de apenas uma série. Este procedimento é menos efetivo para o ganho de força do que se os exercícios fossem realizados com duas ou três séries, sendo a utilização de três séries ainda mais efi caz do que duas [12]. Em associação, a utilização de múltiplas séries de exercícios permite que o organismo humano seja capaz de se adaptar às cargas impos- tas e, por isso, para se obter novos ganhos de força é preciso submeter o corpo a estresses mais intensos, progressivamente [14]. Alguns fatores devem ser levados em consideração ao se escolher o número de séries, são eles: tamanho do músculo, grupo muscular, lesões associadas ao esporte e resultadosesperados do treinamento [14]. O uso da série única aplica-se somente para os indivídu- os que estão começando o programa de treinamento [14]. Antigamente, acreditava-se que para se obter os ganhos de força eram necessárias três séries dos exercícios, porém novos estudos têm demonstrado que a utilização de apenas uma série é tão efi caz quanto três séries para o aumento do tamanho e da 13Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 força musculares [15]. Isto permite que uma maior variedade de exercícios possa ser incluída nos programas de treinamento ao invés de menos exercícios de séries múltiplas, no mesmo período de tempo [15]. Logo, diante da realização de menos exercícios de séries múltiplas e do fato das adaptações neurais do organismo só ocorrerem nos movimentos que são treinados, o aprendizado motor, neste caso, fi ca limitado apenas a determinados padrões de movimento. Por outro lado, ao utilizar somente uma série por exercício, mais atividades com forma e exigências diferen- tes podem ser acrescentadas aos programas de treinamento. Com isto, o aprendizado motor, que sucede em virtude das adaptações neurais, vai ocorrer para as mais variadas situações e padrões de movimento, o que é mais adequado diante das solicitações da prática esportiva. Em relação à quantidade de repetições (volume), 70% dos exercícios escolhidos preconizaram a utilização do tempo (segundos) como unidade de medida e 30% usaram o número de repetições ou de distância percorrida. Dentre os 70%, o tempo mais freqüentemente citado variou de 20 a 30 segun- dos, ao longo das seis semanas de treinamento. De acordo com a fórmula universal da física para o cálculo da velocidade, na qual a velocidade é igual ao deslocamento dividido pelo tempo (V = d/t), a velocidade é diretamente proporcional ao deslocamento e inversamente proporcional ao tempo. Ou seja, para o indivíduo alcançar maior veloci- dade de movimento, ele deve percorrer a maior distância (no caso dos saltos, vertical e/ou horizontal) possível no menor tempo permitido. Considerando que o tempo para execução do movimento mais freqüentemente prescrito pelos artigos revisados foi de 20 a 30 segundos, os atletas deverão realizar as atividades pliométricas neste tempo, visando atingir o maior deslocamento do corpo com a maior velocidade possível. A relevância de tal afi rmação é que segundo as bases neu- rofi siológicas da pliometria quanto maior a velocidade gerada pelo exercício, maior será a ativação do refl exo miotático e o armazenamento de energia elástica pelo componente elástico do músculo, resultando numa posterior contração muscular concêntrica vigorosa e explosiva [2]. O refl exo miotático e o armazenamento de energia, juntamente com a dessensibiliza- ção do Órgão Tendinoso de Golgi e a coordenação muscular, compõem os princípios que fundamentam a pliometria [2]. Diante disso, quando os exercícios preconizam o uso do número de repetições ou de distância percorrida como unidade de medida para o volume (30%), o atleta pode realizar as atividades tanto rapidamente quanto lentamente. Executando-as lentamente, a ativação dos componentes neu- rofi siológicos da pliometria não irá ocorrer corretamente e, conseqüentemente, os efeitos esperados desta técnica, prova- velmente, não serão alcançados. Portanto, sugere-se que esses exercícios devam ser adaptados para que sejam realizados de acordo com o tempo de execução. O tempo de recuperação entre os exercícios e entre as séries está diretamente relacionado à intensidade da atividade, pois quanto maior a intensidade, maior será o metabolismo do organismo [16]. Logo, para que o exercício seja realizado é preciso que o corpo tenha tempo de normalizar seu meta- bolismo através do armazenamento de oxigênio e glicose no músculo e no sangue [16]. Os resultados deste estudo demonstraram que o tempo de recuperação entre os exercícios mais utilizados foi de 30 segundos. No entanto, não foram encontradas quaisquer in- formações específi cas sobre esse intervalo. Conclui-se, então, que a aplicação dessa variável depende do objetivo traçado, do esporte praticado pelo atleta e da sua resposta à atividade. Cabe ao fi sioterapeuta perceber e questionar seu cliente sobre a intensidade do exercício para que saiba se esse intervalo deve ser mantido, aumentado ou reduzido. Em relação ao tempo de recuperação entre as séries das atividades selecionadas, apenas os exercícios Wall jump/Ankle bounces, Double leg cone jumps, 180° jumps e Depth jump apresentaram, respectivamente, 30, 30, 30 e 90 segundos de descanso entre as séries. São necessários 60 a 120 segundos entre as séries para que haja a recuperação das fontes de energia oriundas do sistema do fosfagênio (ATP-CP), que são fundamentais para a realização do esforço máximo [14]. Esse mesmo intervalo de descanso é necessário para que as reservas de energia sejam recuperadas antes da realização de uma nova série [17]. Entretanto, os valores encontrados neste estudo não devem ser considerados, uma vez que todos os exercícios selecionados foram mais freqüentemente realizados com apenas uma série, não sendo necessário, portanto, tempo de recuperação entre as séries. Todos os exercícios e suas variáveis selecionadas foram citados neste trabalho. No entanto, em um programa prático de treinamento, as atividades desenvolvidas devem ser pro- gressivas para que a sobrecarrega ideal seja imposta ao atleta e para que também sejam evitadas as adaptações do organismo aos exercícios. Essa evolução deve ser realizada de acordo com os objetivos do treinamento e com as respostas fi siológicas do paciente à sua realização. Ao longo das seis semanas de pliometria, os exercícios devem progredir de atividades sim- ples para atividades complexas, como: passar de saltos com as duas pernas para apenas uma, de saltos verticais parados para saltos em distância e em profundidade. Em adição, o volume executado também deve evoluir ao longo das sema- nas, acrescentando mais tempo na realização dos exercícios. O aumento da intensidade da pliometria também pode ser manipulado através da diminuição do tempo de recuperação entre os exercícios. Em associação, o fi sioterapeuta deve fazer uso da criatividade e da observação dos movimentos realiza- dos na prática esportiva de seu paciente para indicar formas de exercícios o mais específi co e funcional possível. Por fi m, existem diversos cuidados que devem ser tomados para a realização segura, correta e efi caz da pliometria, sendo estes muito bem descritos na literatura [13]. A limitação deste estudo refere-se à ausência de pesqui- sas que utilizem a pliometria como conduta terapêutica na Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200614 reabilitação dos membros inferiores em atletas. Isto porque os artigos encontrados destinavam-se a abordar os exercícios pliométricos apenas como uma forma de aperfeiçoar o de- sempenho de desportistas saudáveis e, alguns poucos, a sua efi cácia na prevenção de lesões. Portanto, diante da escassez de material referente à utilização da pliometria na reabilitação do quadrante inferior, sugere-se que novos estudos experimentais sejam realizados para que seja possível verifi car os efeitos da pliometria na reabilitação. Conclusão Pode-se concluir que a pliometria, quando realizada de forma criteriosa, seguindo princípios como os citados e discutidos neste artigo, é capaz de promover ganhos de força muscular explosiva de forma consistente e progressiva. Isto em virtude de sua capacidade de adaptar e treinar o sistema neuromuscular e não através de mudanças morfológicas dos músculos. A fi sioterapia, ao fazer uso da pliometria como um de seus recursos terapêuticos, deve agir de forma facilitadora, reabilitando o atleta, de maneira mais rápida e segura possí- vel, para que ele recupere seu nível de desempenho igual ou superior ao estadopré-lesão. Agradecimentos Agradeço a Prof. Ana Lúcia Góes pela sua assessoria cien- tífi ca a esse estudo, pelo incentivo e empenho em me orientar, e sua acessibilidade e confi ança no meu trabalho. Referências 1. Harrelson GL, Leaver-Dunn D. Introdução a reabilitação. In: Andrews JR, Harrelson GL, Wilk KE. Reabilitação física das lesões desportivas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan 2000;p.136-7. 2. Wilk KE, Voight ML, Keirns MA, Gambetta V, Andrews JR, Dillman CJ. Stretch-shortening drills for the upper extremities: h eory and clinical application. J Orthop Sports Phys h er 1993;17:225-39. 3. 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Técnicas em reabilitação musculoes- queletica. Porto Alegre: Artmed; 2003:162-8. 14. Martin J, Canavan PK. Fortalecimento e condicionamento: A criação de um plano. In: Canavan PK. Reabilitação em Medicina do Esporte: Um guia abrangente. São Paulo: Manole; 2001. 15. Wilmore JH, Costill DL. Fisiologia do esporte e do exercício. 2a ed. São Paulo: Manole; 200-103. 16. Powers SK, Howley ET. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 3a ed. São Paulo: Manole 200-47. 17. Hall C, Brody LT. Defi ciência no desempenho muscular. In: Hall C, Brody LT. Exercícios terapêuticos na busca da função. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan: 2001. 65p. 15Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Artigo original Análise das capacidades físicas em indivíduos adultos sedentários e treinados Analysis of physical capacities in sedentary and trained adult individuals Alexandre de Souza e Silva*, Regiane Albertini**, Maricilia Silva Costa*** *Educador Físico, Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento, UNIVAP, **Fisioterapeuta, Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento, UNIVAP, ***Professora, Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento, UNIVAP Resumo Introdução: O envelhecimento é um processo de mudanças que levam todos os seres vivos a passarem por perdas progressivas das suas capacidades funcionais, conduzindo a um grande risco de se tornarem sedentários. Objetivo: O objetivo deste estudo foi analisar as diferenças nas capacidades físicas entre grupos de indivíduos: treinados e sedentários. Métodos: Participaram do grupo de estudo 34 indivíduos, classifi cados como treinados e sedentários. Os in- divíduos foram avaliados através dos testes de fl exibilidade, força, IMC e RCQ. Resultados: Foi observado que os indivíduos treina- dos apresentaram maior pico de torque, tanto para perna direita, quanto para perna esquerda. Este resultado foi observado tanto em movimento de fl exão quanto em extensão. O teste de fl exibilidade indicou um melhor desempenho deste parâmetro em indivíduos treinados (24,8 ± 11,8), quando comparados com o grupo de in- divíduos sedentários (17,5 ± 5,1). As medidas de PAS e a PAD em indivíduos treinados mostrou melhores resultados em relação aos valores obtidos do grupo de indivíduos sedentários. Conclusão: Os indivíduos treinados apresentaram melhores resultados em força muscular e fl exibilidade, quando comparados com os indivíduos Sedentários. Estes resultados indicam que a atividade física se mostra de grande importância para a manutenção das capacidades físicas e da qualidade de vida. Palavras-chave: dinamômetro isocinético, atividade física, idosos. Abstract Introduction: h e aging is a process of changes that lead all hu- man beings to a progressive decline in their functional capacities, and at great risk of becoming sedentary. Objective: h is study aimed to analyze diff erences in physical capacities between two groups: trained and sedentary. Methods: h e sample was composed by 34 individuals, classifi ed as trained and sedentary. h ey were evaluated through fl exibility, strength, BMI and WHR tests. Results: It was observed that the trained individuals showed larger peak torque, both for the right and left leg. h is result was observed in fl exion and stretching movements. h e fl exibility test indicated better performance in trained individuals (24.8 ± 11.8), when compared with sedentary group (17.5 ± 5.1). Blood pressure of trained individuals showed better results than the sedentary group. Conclusion: h e trained individuals showed better results in muscle strength and fl exibility, when compared with sedentary group. h ese results demonstrate that physical activity is of great importance for the maintenance of physical capacities and quality of life. Key-words: isokinetic dynamometer, physical activity, elderly. Recebido em 15 de julho de 2006; aceito em 12 de outubro de 2006. Endereço para correspondência: Maricilia Silva Costa, Instituto Pesquisa & Desenvolvimento, Av. Shishima Hifumi 2911, 12244-000 São José dos Campos SP, Tel:(12)3947-1125, E-mail: mscosta@univap.br Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200616 Introdução A senilidade ou envelhecimento é, geralmente, acompa- nhado pelo declínio acentuado nas capacidades do sistema motor [1-3]. Estas mudanças incluem o declínio da força, a redução na magnitude de respostas refl exas, a diminuição na velocidade de reações rápidas, o aumento na instabilidade postural e controle diminuído, decréscimo do controle de força submáxima e a redução das capacidades manipulativas [4-10]. Este comprometimento da função motora, associado ao processo de envelhecimento, afeta diretamente a vida de indivíduos idosos, diminuindo as suas habilidades em tarefas simples, como caminhar. Assim, difi cultando a realização de atividades da vida diária, comprometendo a qualidade de vida e a saúde mental desta população [11]. De acordo com Faria Junior et al. [12], com o declínio gradual das aptidões físicas e o impacto do envelhecimento e das doenças, o idoso tende a trocar seus hábitos de vida e rotinas diárias por atividades e formas de ocupação pouco ativas. Os efeitos associados à inatividade e à má adaptabi- lidade são bastante sérios. Estes efeitos podem acarretar na redução no desempenho físico, na habilidade motora, na capacidadede concentração, de reação e de coordenação, gerando, assim, processos de autodesvalorização, apatia, insegurança, perda da motivação, isolamento social e a solidão. Alguns estudos revelam que cerca de 40% dos indivíduos com 65 anos ou mais de idade necessitam de algum tipo de ajuda para realizar, pelo menos, uma tarefa como: fazer com- pras, cuidar das fi nanças, preparar refeições e limpar a casa. Uma parcela menor (10%) requer auxílio para realizar tarefas básicas como tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, alimen- tar-se, sentar e levantar de cadeiras. Estes dados remetem à preocupação por mais de 6 milhões de idosos gravemente fragilizados no Brasil, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2001 [13]. O emprego da atividade física para indivíduos mais velhos, como forma de promoção do estilo de vida, proporciona me- lhora no desenvolvimento dos padrões de saúde e de qualidade de vida [14,15]. Um programa de treinamento de resistência (PTR) é de grande importância para estes indivíduos, pois ocorrem ganhos na força muscular, podendo melhorar as atividades aeróbicas e, ainda, evitar as quedas [14,16-18]. O objetivo do presente estudo foi analisar as diferenças nas capacidades físicas entre grupos de indivíduos, Treinados e Sedentários. Métodos Indivíduos Participaram do estudo 34 indivíduos, de ambos os sexos, com idades entre 45 e 75 anos, com peso de 68,8 ± 10,55 kg e altura de 157,7 ± 5,89 cm. Os indivíduos foram divididos em dois grupos, sedentários (S) n = 14 e treinados (T) n = 20. Todos os voluntários assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido; aprovado pelo comitê de ética em pesqui- sa (protocolo n° L200/2005/CEP). Foi considerado como critério de exclusão qualquer dor e/ou distúrbio no sistema osteo-mio-articular. Os indivíduos do grupo Treinado(T) praticaram vôlei adaptado três vezes na semana, com a duração de duas horas por dia e, ainda, realizaram um programa de treinamento de resistência duas vezes na semana, com a duração de uma hora por dia. Este protocolo de treinamento foi praticado durante 24 meses. O grupo de Sedentários (S) foi composto por indivíduos que não praticavam atividades físicas por mais de 36 meses. Métodos de análise Para calcular o IMC dos indivíduos foi utilizado o seguin- te cálculo: IMC = Peso/(altura)2, e adotados os critérios da Organização Mundial de Saúde para classifi car os indivíduos [7,19,20]. Como forma de análise do risco de desenvolvimento de doença coronariana, foi utilizada a RCQ, considerando como pontos de referência para as medidas, a última costela (perímetro da cintura) e a protuberância glútea (perímetro do quadril)[19,21,22]. A pressão arterial foi aferida antes da realização dos testes de fl exibilidade e de força muscular. O indivíduo foi posi- cionado sentado, e permaneceu em repouso por 5 minutos antes de ser aferida a pressão. A fl exibilidade foi mensurada no banco de Wells e Dillon [23,24]. Os indivíduos realizaram três repetições do movi- mento sem estímulo verbal e a maior marca foi considerada como resultado do teste. Para análise da força muscular, dos músculos extensores e fl exores do joelho, foi utilizado o dinamômetro isocinético (Modelo- Biodex Multi-Joint System Inc). Os indivíduos foram orientados a executar o movimento de fl exão e extensão de joelho [25]. Os indivíduos foram fi xados com cinto na cadeira do Bio- dex, com o encosto a 85°26. O eixo de rotação do dinamômetro foi alinhado com o epicôndilo femural e a carga de resistência colocada a 2 cm do maléolo interno [26,27]. Inicialmente, os indivíduos realizaram 3 repetições para se familiarizarem com o equipamento e, então, após um interva- lo de 5 minutos, o teste foi executado. Durante o teste, foram solicitadas cinco (5) repetições a uma velocidade angular de 60°/s, com 5 minutos de repouso entre a perna direita e es- querda. Os indivíduos foram encorajados a desenvolverem o máximo de força por meio de estímulos verbais e visuais [26]. O protocolo seria interrompido caso o voluntário apresentasse qualquer desconforto. 17Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 2006 Análise estatística Os testes de cada indivíduo no BIODEX foram coletados e transportados para o programa EXCEL para identifi car o pico de torque de cada indivíduo. A análise estatística foi realizada utilizando o programa ORIGIN, empregando a análise de variância ANOVA com p < 0,05 para signifi cância. Resultados Os resultados de Pico de Torque em movimentos de ex- tensão estão mostrados nas Figuras 1 e 2. Pode-se notar que os indivíduos treinados apresentaram maior pico de torque, tanto para perna direita, quanto para perna esquerda. Este resultado se apresenta mais evidente observando o deslocamento da curva de Gauss para a direita, em indivíduos treinados, mos- trando as diferenças signifi cativas entre os grupos: treinado (PTPDE* 105,4 ± 29,5 e PTPEE* 108,8 ± 28,3) e sedentário (PTPDE* 74,6 ± 28,4 e PTPEE* 84,2 ± 28). Figura 1 - Pico de torque da perna direita. Figura 3 - Pico de torque da perna direita. Figura 2 - Pico de torque da perna esquerda. Para o movimento de fl exão, o pico de torque, tanto da perna direita quanto esquerda foi maior no grupo treinado (PTPDF -53,5 ± 14,4 e PTPEF -55,5 ±15,1) comparado com o grupo sedentário (PTPDF -36 ± 15,7 e PTPEF -40,4 ± 14,3) (Figuras 3 e 4). Pode-se observar o deslocamento da curva de Gauss para a esquerda, uma vez que, o movimento de fl exão é determinado em valores negativos. Figura 4 - Pico de torque da perna esquerda. O teste de fl exibilidade mostrou um deslocamento da média para a direita, indicando um melhor desempenho deste parâmetro em indivíduos treinados (24,8 ± 11,8), quando comparados com o grupo de indivíduos sedentários (17,5 ± 5,1) (Figura 5). Figura 5 - Flexibilidade. Ainda, quanto à fl exibilidade, analisando a Tabela I; po- demos observar que 79% dos indivíduos sedentários foram classifi cados como fracos no teste de fl exibilidade e 21% como regulares, ou seja, não houve nenhum indivíduo sedentário no teste que atingiu a classifi cação de médio, bom ou excelente. Entretanto, no grupo treinado 25% foram classifi cados como excelentes, 20% como médios, 10% como regulares e 45% como fracos, indicando um melhor desempenho quanto à fl exibilidade em indivíduos treinados. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 5 Número 1 - janeiro/dezembro 200618 Tabela I - Classifi cação do teste de fl exibilidade. Classificação Grupo treinado Grupo sedentário Fraco 45% 79% Regular 10% 21% Médio 20% 0% Bom 0% 0% Excelente 25% 0% Os resultados da Tabela II mostram que a PAS e a PAD em indivíduos treinados apresentou diferenças signifi cati- vas em relação aos valores obtidos do grupo de indivíduos sedentários. Tabela II - Parâmetros do P.A.S. e P.A.D. Parame- tros Grupo (T) Grupo (S) p = DIF. P.A.S 122,7±11,4 132,1±13,2 0,03436 DS P.A.D 79,2±7,1 86,4±8,1 0,01046 DS Tabela *Grupo (T) = Grupo treinado; *Grupo (S) = Grupo sedentário; *P.A.S. = Pressão Arterial Sistólica; * P.A.D. = Pressão Arterial Diastólica; *DIF. = Diferença; *DS = Diferença significante. *PTPDE = Pico de torque da perna direita (extensão); *PTPEE = Pico de torque da perna esquerda (extensão); *PTPDF = Pico de torque da perna direita (fl exão); *PTPEF = Pico de torque da perna esquerda (fl exão) As fi guras 06 e 07 mostram que o IMC e o RCQ não apresentaram diferenças estatisticamente signifi cativas entre indivíduos sedentários e treinados. Figura 06 - Índice de Massa Corpórea (IMC). Discussão O impacto do envelhecimento sobre as habilidades físicas é bastante discutido, uma vez que, são descritas 2 linhas de estudos. A primeira defende que não há redução da capacidade neuronal se não houver nenhum estado patológico associado, assim, seria importante manter as condições de saúde para manter as condições físicas. A segunda acredita que a redução
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