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TRANSTORNOS RELACIONADOS A INALANTES Também chamadas de substâncias voláteis ou solventes, são hidrocarbonetos voláteis que se tornam vapores gasosos em temperatura ambiente. Se dividem em 4 classes comerciais: ▪ Solventes para colas e adesivos; ▪ Propelentes (p. ex., latas de tinta em aerossol, laquê para cabelos e creme de barbear); ▪ Diluentes (p. ex., para tintas e fluidos corretivos); ▪ Combustíveis (p. ex., gasolina, propano). Inalantes estão associados a diversos problemas, como transtorno de conduta, transtornos de humor, suicidalidade e abuso ou negligencia de natureza física e sexual. EPIDEMIOLOGIA: muito comum em indivíduos pobres e jovens (por ser barato e de fácil acesso), mais comum em homens. NEUROFARMACOLOGIA Os mais usados por adolescentes em ordem decrescente são gasolina, cola, tinta em aerossol, solventes, líquidos de limpeza e outros tipos de aerossol. Inalar o vapor pelo nariz ou inspirar profundamente pela boca leva à absorção transpulmonar com acesso extremamente rápido ao cérebro. → É possível respirar através de um pano encharcado com solvente, inalar os vapores de um saco que contém cola, inspirar profundamente vapores em um saco plástico ou respirar o vapor de gasolina são práticas comuns. Os inalantes em geral agem como depressores do SNC. A tolerância a eles pode se desenvolver, embora os sintomas de abstinência costumem ser razoavelmente leves. As concentrações de várias substâncias inalantes no sangue aumentam quando usadas em combinação com álcool, talvez devido à competição por enzimas hepáticas. Embora cerca de um quinto de uma substância inalante seja excretado sem alterações pelos pulmões, o restante é metabolizado pelo fígado. Consegue-se detectar inalantes no sangue de 4 a 10 horas após o uso, e amostras de sangue devem ser obtidas no setor de emergência quando houver suspeita de seu uso. DIAGNOSTICO TRANSTORNO POR USO DE INALANTES A maioria das pessoas provavelmente usa inalantes durante um curto período de tempo sem desenvolver um padrão de uso de longo prazo que resulta em dependência e abuso. Ainda assim, dependência e abuso de inalantes ocorrem e são diagnosticados conforme o DSM-5. INTOXICAÇÃO POR INALANTES Presença de alterações comportamentais desadaptativas e pelo menos dois sintomas físicos. O estado de intoxicação costuma ser caracterizado por apatia, redução do funcionamento social e ocupacional, julgamento prejudicado e comportamento impulsivo ou agressivo e pode estar acompanhado de náusea, anorexia, nistagmo, reflexos diminuídos e diplopia. No caso de doses elevadas e exposições prolongadas, o estado neurológico do usuário pode progredir para estupor e perda dos sentidos, e, posteriormente, o indivíduo pode desenvolver amnésia do período de intoxicação. Às vezes, pode-se identificar um usuário recente de inalantes pelas erupções ao redor do nariz e da boca do paciente, odores incomuns em seu hálito, resíduo de substâncias inalantes em seu rosto, suas mãos ou roupas, e irritação de olhos, garganta, pulmões e nariz. O transtorno pode ser crônico. DELIRUIM POR INTOXICAÇÃO POR INALANTES Delirium pode ser induzido pelos efeitos dos próprios inalantes, pelas interações farmacodinâmicas com outras substâncias e pela hipoxia que pode estar associada ao inalante ou a seu método de inalação. Caso o delirium resulte em perturbações comportamentais graves, pode ser necessário tratamento de curta duração com um antagonista de receptores dopaminérgicos, como haloperidol. Deve-se evitar benzodiazepínicos devido ao risco de aumento da depressão respiratória do paciente. DEMÊNCIA PERSISTENTE POR INALANTES Assim como ocorre com o delirium, demência persistente induzida por inalantes pode resultar dos efeitos neurotóxicos dos próprios inalantes, dos efeitos neuróticos de metais (p. ex., chumbo) comumente usados nos inalantes ou dos efeitos de períodos frequentes e prolongados de hipoxia. A demência causada por inalantes tem chances de ser irreversível, com exceção dos casos mais leves. TRANSTORNO PSICÓTICO INDUZIDO POR INALANTES Clínicos podem especificar alucinações ou delírios como sintomas predominantes. Estados paranoides provavelmente são as síndromes psicóticas mais comuns durante a intoxicação por inalantes. TRANSTORNO DO HUMOR E ANSIEDADE INDUZIDOS POR INALANTES Transtorno do humor induzido por inalantes e transtorno de ansiedade induzido por inalantes permitem a classificação de transtornos relacionados a inalantes caracterizados por sintomas proeminentes do humor e de ansiedade. Transtornos depressivos são os transtornos do humor mais comuns associados ao uso de inalantes, e transtornos de pânico e de ansiedade generalizada são os transtornos de ansiedade mais comuns. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Em pequenas doses iniciais, os inalantes podem ser desinibidores e causar sensações de euforia e excitação, bem como sensações agradáveis de flutuar, efeitos pelos quais as pessoas supostamente usam essas substâncias. Doses elevadas de inalantes podem causar sintomas psicológicos de medo, ilusões sensoriais, alucinações auditivas e visuais, bem como distorções do tamanho do corpo. Os sintomas neurológicos podem incluir fala arrastada, redução na velocidade da fala e ataxia. O uso prolongado pode estar associado a irritabilidade, labilidade emocional e prejuízo da memória. Alguns usuários chegam a desenvolver tolerância, e síndrome de abstinência pode acompanhar a interrupção do uso de inalantes. A síndrome de abstinência não ocorre com frequência, mas, quando acontece, pode ser caracterizada por perturbações do sono, irritabilidade, nervosismo, sudorese, náusea, vômito, taquicardia e (às vezes) delírios e alucinações. TRATAMENTO A intoxicação por inalantes, assim como ocorre com a intoxicação por álcool, normalmente não exige atenção médica e se resolve espontaneamente. Contudo, os efeitos da intoxicação, como coma, broncoespasmo, laringospasmo, arritmias cardíacas, trauma ou queimaduras, precisam de tratamento. Caso contrário, os cuidados primários envolvem tranquilização, apoio discreto e atenção aos sinais vitais e ao nível de consciência. Fármacos sedativos, incluindo benzodiazepínicos, são contraindicados porque agravam a intoxicação por inalantes.
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