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Atividade-7-Ciencias-da-Natureza-Tema-Habitos-alimentares-5o-Ano-1 (1)

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E.E. MARIANO GOMES 
A ESCOLA QUE A GENTE QUER É A ESCOLA QUE A GENTE FAZ. 
 
Como se comia à época da Independência do Brasil 
Não havia restaurantes como conhecemos hoje; seus precursores se chamavam casas de pasto 
 
 A Corte Portuguesa chegara ao Brasil fazia um punhado de anos, e o Rio ainda era cidade fechada 
para o mundo, sem transporte, calçamento ou higiene. Comprava-se a carne-seca ao lado de onde se 
jogava o lixo, não havia saneamento algum, e nos mercados de rua a céu aberto pairava um cheirinho 
de hortaliça e peixe podre no ar. Para piorar, não ajudava o fedor do óleo de baleia chamado de 
“azeite de iluminação”, usado nos lampiões de rua a partir do século XVI. 
. Mas o Rio crescia e virou capital do Primeiro Reinado. Viajantes, profissionais liberais e a massa 
média trabalhadora com algum dinheiro tinham de comer. Além dos pratos de doces e salgados 
vendidos pela rua à toda aquela gente sem dente — o Ciclo do Açúcar e sua popularidade não vieram 
acompanhados de um “Ciclo de Dentistas” —, a solução para a fome longe de sua cozinha era “tomar 
comida” das casas particulares ou “comer de pensão”. 
 Para os 79 mil habitantes urbanos, sendo apenas 46 mil livres do Rio, a vida se dava à luz do dia e a 
principal refeição variava conforme a ocupação do dono da casa: os empregados públicos jantavam às 
2 horas da tarde, depois de fechadas as repartições; o brasileiro tradicional comia ao meio-dia, e o 
negociante à 1 hora da tarde. 
 As confeitarias serviam doces e, de quebra, algumas refeições, mas o precursor daquilo que se 
convencionou chamar de restaurante eram as casas de pasto. Não tinham nome nem nada. Sabia-se 
pela boca do povo ou vinham anunciadas em almanaques, jornais ou cartazes, com o simples 
endereço ou nome do proprietário. 
 Em 1809, o primeiro anúncio: "José Narciso, mestre cozinheiro, faz saber ao respeitável público que 
no Catete, junto à venda do Machado, se abriu uma nova casa de pasto, na qual dá mesa redonda a 
800 réis cada pessoa. Quem a quiser separada para jantar, tem quarto fechado, havendo na dita casa 
boas massas, salsichas, e tudo mais com muito asseio”. 
 Eram um negócio promissor (já lemos o epílogo), mas, lá para 1844, de acordo com o censo da 
cidade, as casas de pasto não chegavam a dez. Serviam dois tipos de refeição: “pratos de colher” ou 
“pratos de garfo”. Adorei. Os de colher vinham num recipiente único e o prato do dia podia ser um 
sarrabulho (ensopado de carne com miúdos e sangue de porco), um bacalhau com batatas, tripas, 
guisados, canjas ou angus de quitandeira. Já o prato de garfo era um menu a preço fixo, um pouco 
mais refinado e acompanhado de meia garrafa de vinho. 
 E a cidade ia crescendo, com bairros cada vez mais afastados do centro. Havia muito mais gente 
para comer, e ainda mais tarde. “Hoje, 8 do corrente, haverá no salão de café almoços de garfo, ostras 
e chocolate, assim como ceias frias; neste hotel acaba-se de contratar um perito cozinheiro. Também 
haverá limonadas, sodas e alguns jornais estrangeiros, franceses e ingleses”. Voilá! Começou a oferta 
das ceias frias, que prescindiam de uma cozinha aberta à noite e a iluminação a gás ajudava a 
empurrar para a frente os horários dos almoços e jantares. 
 Houve um período de grande confusão, em que hotéis serviam doces e produtos de padaria e 
confeitarias também serviam refeições quentes. Com o tempo, cada um achou seu lugar, mas uma 
coisa é fato: a palavra asseio aparecia em quase todos os anúncios de jornal, até 1870. 
Três gerações depois, e o que fizemos dos restaurantes? Viraram um negócio onde há dez tipos de 
água, centenas de vinhos, naturais ou não, uma dezena de destilados para seu drinque, 50 tons de flor 
de sal, temos de escolher o ponto da carne, a variedade do café e a torra ideal para cada grão, 
sabemos o que comeu a galinha que pôs nosso ovo e podemos escolher entre alimentos orgânicos, 
veganos e biodinâmicos.

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