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Andrologia de animais de grande porte - estudo

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DISCIPLINA - PEO UFV
DVT - Prof. José Domingos Guimarães
VET 492 - ANDROLOGIA DE ANIMAIS DE GRANDE PORTE
Estudo extraclasse realizado pela aluna
Natália Barone Spachi
Junho/Julho 2020
Compilado de conceitos importantes relacionados a primeira semana de aula da
disciplina VET492 (22/06 - 26/06)
Natália Barone Spachi - Estudante de Medicina Veterinária na Universidade Federal de Viçosa
Junho de 2020 - Viçosa, Minas Gerais - Brasil
Pontos abordadas:
1. Introdução
2. Glândulas endócrinas
3. Hormônios primários na reprodução
4. Controle do eixo hipotalâmico - hipofisário - gonadal no sexo masculino
(feedback negativo)
5. Controle do eixo hipotalâmico - hipofisário - gonadal no sexo feminino
(feedback negativo E feedback positivo);
6. EPMURAS - Técnica de Avaliação Visual do Gado
1) Introdução
O sistema reprodutor é controlado/regulado por dois sistemas, o Sistema nervoso
central (SNC) e o sistema endócrino (SE). O hipotálamo, é uma glândula endócrina
localizada no cérebro, e interliga esses dois sistemas por meio de um sistema porta
hipotalâmico hipofisário, e assim, coordena as funções das gônadas masculinas e
femininas. Assim, tem-se formado o eixo hipotalâmico - hipofisário - gonadal, que em
equilíbrio, controla o ciclo reprodutivo dos animais.
O SN atua por meio do uso de impulsos elétricos que são rápidos (atuação em músculo
esquelético por exemplo), já o SE faz uso de mensageiros químicos ou hormônios e regula
processos mais mais lentos como o crescimento e a reprodução.
Além dos hormônios produzidos pelas glândulas endócrinas, outro ator importante para a
reprodução animal é o grupo dos fatores de crescimento. Os fatores de crescimento são
“substâncias relacionadas aos hormônios e que controlam o crescimento e o
desenvolvimento de diversos órgãos, tecidos e células em cultivo”. (HAFEZ, E.S.E. et al,
2002)
2) Glândulas endócrinas:
I. Hipófise (neuro-hipófise ou hipófise posterior + adeno-hipófise ou
hipófise anterior):
A. A hipófise anterior possui 5 tipos celulares?
1. Somatótrofos → secretam GH (Hormônio do crescimento)
2. Corticótrofos → secretam ACTH (Hormônio
adrenocorticotrófico)
3. Mamótrofos → secretam Prolactina
4. Tireótrofos → secretam TSH (hormônio tireoestimulante)
5. Gonadótrofos → secretam FSH (Hormônio
folículo-estimulante) e LH (Hormônio luteinizante)
II. Hipotálamo
III. Gônadas:
A. As gônadas possuem papel duplo no organismo: o de gametogênese
e o de secreção de hormônios gonadais.
1. Machos → Células de Leydig: células intersticiais localizadas
entre os túbulos seminíferos. Secretam Testosterona.
2. Fêmeas → Células da teca interna do folículo ovulatório:
“Após a ruptura do folículo (ovulação), as células da granulosa
e da teca são substituídas pelo corpo lúteo (CL), que secreta a
progesterona.” ((HAFEZ, E.S.E. et al, 2002)
IV. Glândula Pineal:
A. É chamada também de epífise. Nos mamíferos, se comporta como
uma glândula endócrina. Sua atividade hormonal é influenciada pelo
ciclo claro/escuro E pelo ciclo estacional (a glândula portanto, exerce
papel importante no controle neuroendócrino da reprodução).
B. Informações neurais sobre a duração do dia, provenientes dos olhos
chegam à glândula pineal e ativam a liberação endócrina de
melatonina na corrente sanguínea e no líquido cérebroespinal.
3) Hormônios primários na reprodução:
(GONZÁLEZ et al., 2002)
➔ Os hormônios primários da reprodução estão diretamente ligados aos processos
reprodutivos, estando envolvidos em:
◆ espermatogênese;
◆ ovulação;
◆ comportamento sexual;
◆ fertilização;
◆ implantação;
◆ manutenção da prenhez;
◆ parto;
◆ lactação;
◆ comportamento materno
➔ Esses hormônios são provenientes primariamente de quatro sistemas:
◆ várias áreas do hipotálamo;
◆ hipófise (lóbos anterior e posterior);
◆ gônadas;
◆ útero e placenta
4) Controle do eixo hipotalâmico - hipofisário - gonadal no sexo masculino (feedback
negativo):
Os túbulos seminíferos contém, além das células de linhagem germinativa, dois
tipos celulares de extrema importância reprodutiva: são as células de Leydig e as células de
Sertoli. Ambas as células têm receptores para os hormônios (gonadotrofinas LH e FSH)
produzidos pela neuro-hipófise ao ser estimulada pelo GnRh liberado na corrente sanguínea
pelo hipotálamo.
O LH atua nas células de Leydig e o FSH atua nas células de Sertoli.
Ao serem estimuladas pelo FSH, as células de Sertoli exercem inúmeras funções que
mantém o funcionamento do ciclo fisiológico reprodutivo do animal. Já as células de Leydig,
ao receberem estímulo do LH iniciam a produção de Testosterona (andrógeno mais
importante para o organismo masculino).
A testosterona tem grande importância para o macho desde sua fase fetal, na qual ela atua
auxiliando na diferenciação sexual do indivíduo. Na puberdade os níveis de testosterona se
elevam e a partir daí uma de suas funções é a de atuar nos testículos promovendo a
espermatogênese.
Os hormônios FSH e LH não podem ser secretados indiscriminadamente no organismo,
dessa forma há um controle de ativação da liberação e da inibição de liberação desses
hormônios através de um sistema de feedback negativo: quando há altas concentrações de
testosterona no organismo, ocorre inibição da produção de GnRh pelo hipotálamo, o que faz
com que a adeno-hipófise (hipófise anterior) não seja estimulada a produzir as
gonadotrofinas. Inversamente, se os níveis de testosterona e produção de gametas estão
baixos no organismo, o hipotálamo é estimulado a produzir GnRh para estimular a hipófise
a gerar FSH e LH.
5)Controle do eixo hipotalâmico - hipofisário - gonadal no sexo feminino (feedback
negativo E feedback positivo):
Nas fêmeas, o controle do eixo hipotalâmico - hipofisário - gonadal é um pouco
diferente de como ocorre nos machos:
Existem 2 locais de secreção e produção de GnRh no hipotálamo:
● Centros controladores de secreção tônica do hormônio → secretam GnRh
continuamente e participam do sistema de controle por feedback negativo (como
ocorre nos machos)
● Centros controladores da onda pré ovulatória → secretam GnRh em grandes
quantidades de uma vez e participam do sistema de controle por feedback positivo.
Feedback positivo (mecanismo):
(DISCIPLINA DE ENDOCRINOLOGIA DA REPRODUÇÃO PPGCV - UFRGS, 2002)
6) EPMURAS - Técnica de Avaliação Visual do Gado:
❏ E → Estrutura corporal: Prediz visualmente a área que o animal abrange
visto lateralmente, levando em conta o comprimento corporal e a
profundidade das costelas. A área abrangida pelo animal tem correlação
positiva com o limites de deposição de tecido muscular. Esse parâmetro vai
do escore 1 à 6, sendo nota 1 a menor (animal com menor estrutura corporal)
e 6, a maior (animal com maior estrutura corporal)
❏ P → Precocidade: Parâmetro baseado na relação entre profundidade das
costelas e comprimento das pernas.
Altos escores indicam animais que tendem a serem mais precoces em
terminação, mais precoces sexualmente e mais adaptáveis ao sistema de
produção à pasto.
O escore vai de 1 à 6, sendo que animais com escore 6 possuem grande
profundidade de costelas e virilha bem baixa.
❏ M → Musculatura: Altos escores são desejados para que se obtenha melhor
rendimento de carcaça. Os escores vão de 1 à 6.
❏ U → Umbigo: Parâmetro que se toma considerando o tamanho e a
pendulosidade da prega umbilical nas fêmeas e nos machos, além disso,
também se considera o direcionamento do prepúcio.
O escore vai de 1 a 6, sendo que os escores desejáveis são 2, 3 e até 4.
Animais com escore 1 possuem umbigo muito colado (pode atrapalhar na
hora da introdução do pênis na monta natural)
Animais com escore 6 possuem prega umbilical extremamente grande e
pendulosa (podem vir a ter degradação testicular e lesões penianas e
prepuciais devido a altura das pastagens brasileiras) .
❏ R → Raça / Padrão Racial: Os escores desse parâmetro vão de 1 à 4,
sendo 1 o pior e 4 o melhor escore.
❏ A → Aprumos: Os escores desse parâmetro vão de 1 à 4 sendo o 1 o pior e
o 4 o melhor escore.
❏ S → Sexualidade: Escores vão de 1 (pior escore) a 4 (melhor escore).Bibliografia:
● DISCIPLINA DE ENDOCRINOLOGIA DA REPRODUÇÃO PPGCV - UFRGS, 2002, UFRGS. Desenvolvimento
Folicular, Ondas Foliculares e Manipulação [...]. [S. l.: s. n.], 2002. 15 p. Tema: Endocrinologia da reprodução animal.
● HAFEZ, E.S.E. et al, (ed.). Fisiologia da Reprodução. In: REPRODUÇÃO Animal: sétima edição. 7. ed. São Paulo -
BR: Manole Ltda., 2004. cap. 3 a 10, p. 31-141.
● GONZÁLEZ, Félix et al. Introdução a Endocrinologia Reprodutiva Veterinária. Porto Alegre: [s. n.], 2002. 87 p.
Disponível em: https://www.ufrgs.br/lacvet/site/wp-content/uploads/2017/05/endocrino_rep_vet.pdf. Acesso em: 28
jun. 2020.
● DA SILVA, Rosane Maria Guimarães. Anatomia Comparada do Sistema Reprodutor Masculino nos Animais
Domésticos: (Equinos, Bovinos, Suínos, Ovinos e Caninos). Power point presentation, [s. l.], 2013.
● BRAZILCOMZ - ZOOTECNIA TROPICAL (Jaboticabal - SP - Brasil). Avaliação Visual - EPMURAS Descritivo.
Jaboticabal - SP - Brasil. Disponível em: www.brasilcomz.com. Acesso em: 28 jun. 2020.
Compilado de informações referentes a aula de VET492 do dia 29/06/2020
Natália Barone Spachi - graduanda de Medicina Veterinária da UFV - Junho 2020
Conteúdos deste arquivo:
1. Espécies sazonais e Sazonalidade do comportamento sexual;
2. Eletroejaculador;
3. Porções do ejaculado e quantidade ejaculada por cada espécie (principalmente
suínos);
4. Proporção touro:vaca.
1) Espécies sazonais e Sazonalidade do comportamento sexual:
Entre os mamíferos há variações entre as espécies quanto a natureza e a duração
do período de reprodução. Bovinos e suínos não apresentam sazonalidade
reprodutiva, diferentemente dos ovinos, caprinos e equinos, que apresentam esse
fator.
Além disso, para caprinos e ovinos há diferença também entre as raças dentro de
cada espécie em relação a duração da estação de monta e de período sem
cobertura de fêmeas.
O período reprodutivo dos animais recebe influência do fotoperíodo (duração do
período de luz do dia em um determinado local) e do clima (temperatura) sendo este
segundo fator diretamente ligado à disponibilidade de alimento para o rebanho.
“ Um fotoperíodo longo ou dia longo consiste de 16 a 18 horas de exposição à luz, enquanto
um dia curto ou fotoperíodo curto é caracterizado por 8 horas de luz seguidas de 16 horas de
escuridão (escotoperíodo). “ (DA SILVA et al., 2018)
A intensidade de resposta às mudanças de claro/escuro (fotoperiodismo) varia entre
as espécies. Com base nisso, elas podem ser divididas em dois grupos, um grupo
de animais de dias longos e outro grupo de animais de dias curtos.
Nos animais de dias longos a atividade sexual se manifesta após o solstício de
inverno (que é o dia mais curto do ano. A partir dele, os dias crescem), e nos
animais de dia curtos, a atividade sexual se manifesta após o solstício de verão (que
é o dia mais longo do ano. A partir dele, os dias encurtam).
ANIMAIS DE
DIAS LONGOS
equinos bovinos*
ANIMAIS DE
DIAS CURTOS
ovinos caprinos suínos*
ANIMAIS NÃO
SAZONAIS
suínos bovinos
* “algumas espécies, como a bovina e a suína, as modificações impostas pela
domesticação foram tão intensas, que estes animais passaram a conceber em
qualquer período do ano” (DA SILVA et al., 2018)
A atividade reprodutiva é controlada por um mecanismo fisiológico através da
síntese e secreção do hormônio melatonina (indolamina sintetizada a partir do
aminoácido triptofano) pela glândula pineal. Essa síntese e secreção ocorre no ciclo
de escuro do período, ou seja, durante a noite.
Em períodos de dias mais curtos, o período de escuro é maior e dessa forma os
animais são mais expostos ao hormônio melatonina. Assim o organismo consegue
reconhecer o período vigente do ano.
Em animais de dias curtos o aumento da secreção de melatonina estimula a
liberação de GnRh pelo hipotálamo, já nos animais de dias longos ocorre o inverso:
o aumento da concentração de melatonina acarreta inibição da secreção de GnRh
pelo hipotálamo.
síntese de melatonina
2) Eletroejaculador:
A coleta de sêmen de reprodutores pode ser executada por diferentes métodos
(vagina artificial, eletroejaculação, excitação mecânica). O uso de determinada
técnica varia conforme a espécie e também conforme a individualidade de cada
animal.
O método da eletroejaculação se baseia na indução e passagem de corrente
elétrica alternada pela medula ao nível da 4ª vértebra lombar fazendo com que haja
a ejaculação por conta do estímulo elétrico.
O eletroejaculador e posicionado no reto do animal e possui eletrodos que irão
realizar o estímulo elétrico.
Essa método é usado quando o animal não responde bem a técnica de coleta por
vagina artificial (simulação da monta natural).
Uma desvantagem desse método é que o eletroejaculador faz com que as glândulas
sexuais acessórias secretem mais substâncias, e dessa forma ocorre certa diluição
do sêmen do animal. Além disso o uso do eletroejaculador causa estresse no
animal.
3) Porções do ejaculado e quantidade ejaculada por cada espécie (principalmente
suínos):
4) Proporção touro:vaca:
(SANTOS et al., 2004)
Bibliografia:
● HAFEZ, E.S.E. et al, (ed.). Fisiologia da Reprodução. In: REPRODUÇÃO Animal: sétima edição. 7. ed. São Paulo -
BR: Manole Ltda., 2004. cap. 3 a 10, p. 31-141.
● DA SILVA, Anderson Antonio Ferreira et al. Efeito do fotoperíodo sobre ruminantes: Bem-estar, bovino, caprino,
ovino. Nutritime Revista Eletrônica, [s. l.], v. 15, ed. 3, Maio/Junho 2018. DOI 1983-9006. Disponível em:
www.nutritime.com.br. Acesso em: 30 jun. 2020.
● ROCHA, Rebeca Magalhães Pedrosa et al. Melatonina e reprodução: Implicações na fisiologia ovariana. Acta
Veterinaria Brasilica, [s. l.], v. 5, ed. 2, p. 147-157, 2011.
● GELIANE, Antonia; GREICILÂNDIA, Antonia. Fisiologia Animal II: FOTOPERÍODO. Instituto federal de educação
ciência e tecnologia - Ceará, 2015. SlideShare.
● FREITAS, Vicente José de F. Colheita e Avaliação Seminal. Laboratório de Fisiologia e Controle da Reprodução,
Universidade Estadual do Ceará - Faculdade de Veterinária - Biotecnologia da reprodução animal, www.uece.br/lfcr.
acessado em 30/06/2020. Apresentação de Slides.
● GONÇALVES, Nayara Magalhães; NEVES, Mariana Machado. Sêmen Fresco, Resfriado ou Congelado: existe
diferença entre eles?. In: ESPAÇO DO PRODUTOR - ARTIGOS: Universidade Federal de Viçosa, 13 dez. 2011.
Disponível em: https://www2.cead.ufv.br/espacoProdutor/scripts/verArtigo.php?codigo=27&acao=exibir. Acesso em:
30 jun. 2020.
● SANTOS, M.D.; TORRES, C. A. A.; RUAS, J. R. M.; GUIMARÃES, J. D.; FILHO, J. M. Silva. Potencial reprodutivo
de touros da raça Nelore submetidos a diferentes proporções touro:vaca. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., [s. l.], v. 56,
ed. 4, p. 497 - 503, 2004.
http://www.uece.br/lfcr
Patologias reprodutivas → faladas na aula do JD
Natália Barone Spachi - Med.Vet UFV
Julho 2020
PATOLOGIAS TESTICULARES:
1. Degeneração Testicular:
a. A degeneração testicular pode ocorrer em todas as espécies domésticas.
b. Se caracteriza por um processo em que há diminuição da população celular
dos testículos. As células seminais ficam vacuolizadas e menos densas,
pode ocorrer a formação de células gigantes por fusão de espermátides
acarretando em uma espermatogênese reduzida (fase inicial → testículo se
encontra levemente distendido, mole e macio). Os espaços que normalmente
eram preenchidos por túbulos seminíferos passam a fibrosar (fase crônica →
testículo se torna consistente devido à fibrose).
c. É a alteração (patologia) mais frequente de sistema reprodutor masculino.
Não afeta a saúde do animal como um todo mas leva à infertilidade.
d. Causas:
i. Temperatura elevada:
1. temperatura ambiental elevada (estresse térmico)
2. temperatura da bolsa escrotal elevada por conta de dermatite
escrotal, sobrepeso ou orquites)
ii. Estresse nutricional:
1. deficiência de vitamina A, zinco, fósforo e proteínas leva à um
balanço energético negativo e subnutrição resultando em
falha no mecanismo de termorregulação testicular, aderência
escrotal e distúrbios vasculares graves (degeneração
testicular).
iii. Deficiência hormonal(deficiência na produção de hormônios
hipofisários → gonadotrofinas)
iv. Deficiência circulatória:
1. isquemia da artéria testicular
2. arterite
3. parasitismo por Strongylus em equinos
v. Níveis elevados de gossipol (substância presente em farelo de
algodão) → não usar farelo de algodão na alimentação de touro em
período reprodutivo
2. Hidrocele:
a. “A túnica vaginal é composta pela túnica visceral e pela parietal. E o
divertículo formado entre estas duas túnicas forma a cavidade vaginal a qual
normalmente contêm pequena quantidade de fluido seroso. A hidrocele é
caracterizada pelo acúmulo anormal de fluido seroso e de coloração âmbar
no interior da cavidade vaginal” (MACORIS et al., 2004)
b. Causas possíveis de hidrocele são:
i. castração com remoção insatisfatória da túnica parietal
ii. parasitismo por Strongylus Edentatus e Fasciola hepática (em
equinos)
3. Hérnia inguino - escrotal:
a. Se caracteriza pela presença de alça intestinal na bolsa escrotal.
b. Se houver encarceramento da alça ocorrerá atonia intestinal
c. O testículo fica aumentado e frio. Animal sente dor aguda e intensa.
d. Tratamento é cirúrgico → retirada do testículo acometido e fechamento do
anel da hérnia.
4. Orquite:
a. A orquite se caracteriza por uma inflamação testicular que ocorre por via
hematogênica ou ascendente (pelas vias espermatogênicas)
b. Tuberculose em bovinos pode levar à orquite
c. Essa patologia não tem relevância de saúde ou reprodutiva em cães, equinos
e pequenos ruminantes.
d. Em suínos e bovinos, a orquite pode ser causada por Brucella e levar a uma
diminuição da fertilidade do animal. Além disso a Brucella é passível de ser
transmitida pelo sêmen.
e. Pode estar associada a uma epididimite no caso de orquite ascendente.
5. Varicocele:
a. “Varicocele é uma enfermidade caracterizada pela dilatação das veias
espermáticas do plexo pampiniforme e das veias cremastéricas . Ao que tudo
indica, a dilatação está relacionada à disfunção da veia testicular com
resultante aumento da pressão hidrostática local.” (LIMA et al., 2014)
b. A trombose na veia espermática interna geralmente acompanha a varicocele
e compromete a termorregulação testicular podendo levar a uma
degeneração testicular.
c. A lesão vascular deixa o animal subfértil.
6. Tumores Testiculares:
a. Sertolioma:
i. Neoplasia oriunda das células de Sertoli.
ii. O Testículo acometido se apresenta com firme consistência,
aumentado de volume, lobulado e com superfície de corte de
coloração branco acinzentada.
iii. Em cães o sertolioma provoca distúrbio endócrino elevando a
concentração de estrógeno e causando feminização do animal.
b. Leydigocitoma:
i. Neoplasias provindas das células intersticiais de Leydig.
ii. Se apresentam sob a forma de 1 ou 2 nódulos no interior do testículo.
O(s) nódulo(s) são amarelo alaranjados (amarelo por conta da maior
produção de testosterona, que é um esteróide; alaranjado por conta
da vascularização)
iii. Pode levar a produção de andrógenos, que em cães leva à
indocilidade e hiperplasia prostática.
c. Seminoma:
i. Neoplasia oriunda de células germinativas.
ii. Leva a um grande aumento testicular
7. Atrofia testicular:
a. A atrofia testicular pode ser uma consequência da degeneração testicular
b. Pode ser uni ou bilateral
c. O testículo atrofiado se encontra diminuído de tamanho, fibrótico e
resistentes à palpação.
8. Hipoplasia testicular:
a. Redução do tamanho do testículo causada por um gene. Essa redução pode
ser de grau discreto, moderado ou grave. Quanto maior o grau, mais
reduzido é o testículo hipoplásico.
b. Pode ser uni ou bilateral
c. Como a patologia é de origem genética o animal com hipoplasia deve ser
afastado da área de reprodução.
9. Restos ectópicos de tecido adrenal no parênquima testicular:
a. Afecção rara comumente observada em testículo de humano;
b. Durante o desenvolvimento embrionário, algumas células da adrenal (adreno
cortical) pode ter uma migração no parênquima testicular e ficam inativadas
ali. Quando o animal tem algum fator predisponente que estimula essas
adrenais, ocorre a formação de uma neoplasia (tumor). Apesar de aquelas
células já estarem lá desde o nascimento do animal (patologia congênita), o
estímulo hormonal gera uma hiperplasia adrenal congênita das células
adrenocorticais que já estavam presentes no parênquima testicular mas
estavam indetectáveis até o momento.
c. As lesões provocadas pela patologia não tem potencial de malignidade.
d. A cortex da supra-renal (ou adrenal) produz hormônios esteróides
(sintetizadas a partir do colesterol). Assim, com a hiperplasia pode ocorrer
elevação da produção de andrógeno gerando comportamento mais agressivo
do animal.
10. Dermatite testicular:
a. Evolui para degeneração testicular se não tratada
b. Pode ser causada por traumas ou agentes infecciosos, como bactérias
c. Muito comum em zebuínos → dermatites com seborréia no testículo →
causam elevação da temperatura
d. Pode voltar ao normal com tratamento
i. não é recomendado o uso de antiinflamatórios esteroidais para
reprodutores
e. Proliferação bacteriana elevada pode ser predisposição do indivíduo →
alguns produtores preferem descartar o animal da reprodução (conduta
adequada para quem trabalha com rebanhos maiores e animais à pasto).
11. Miíase testicular:
a. PROPICIA A ADERÊNCIA TESTICULAR COMPROMETENDO A
MOBILIDADE DO TESTÍCULO → afeta a capacidade de termorregulação
testicular → leva à degeneração testicular.
b. A temperatura testicular aumenta por miíase, mas não tanto quanto na
degeneração testicular
12. Bipartição do escroto:
a. Extremamente comum em caprinos
b. Ocorre em bovinos mas com menor frequência
c. Não afeta a capacidade de termorregulação testicular do animal acometido
13. Inserção lateral da ráfia escrotal:
a. A posição natural da ráfia escrotal é no mediastino, no caso acima está bem
lateralizada.
b. Ráfia escrotal bem lateralizada (rotacionada quase 90º) → ráfia saiu do meio
dos dois testículos e foi para o lado direito.
c. Não há portanto rotação testicular nesse caso
i. A ráfia está lateralizada mas os testículos permanecem simétricos
(dois epidídimos laterais na parte do mediastino) → não há rotação.
Na rotação a cauda do epidídimo vira (parte mais proeminente do
epidídimo fica em direção caudal, cranial ou lateralizado e não no
mediastino.
d. A ráfia escrotal lateralizada não atrapalha em nada a termorregulação. O
animal não fica com a parte reprodutiva comprometida
e. Mesmo que houver rotação testicular, se ela for de até 90º a termorregulação
testicular não é comprometida.
f. Por outro lado, se a rotação testicular chegar a 180º a termorregulação do
testículo fica comprometida e gera sensibilidade na gônada comprometida →
animal sente dor e incômodo (prejudicial)
14. Rotação testicular:
a. O testículo afetado mantém seu posicionamento horizontal em relação ao
eixo crânio caudal do animal, mas faz um giro de 180º alterando a posição da
cauda do epidídimo em relação à parede abdominal.
b. Dependendo do grau de rotação não é necessário intervenção
c. A intervenção cirúrgica (reposicionamento do testículo) é feita se a rotação
provocar interferência na qualidade seminal do animal.
PATOLOGIAS DE PÊNIS E PREPÚCIO:
1. Lesões por IBR (herpesvírus bovino tipo 1):
a. “A Rinotraqueíte Infecciosa Bovina é uma relevante doença, tendo em vista
os transtornos reprodutivos causados, a facilidade de disseminação, o difícil
controle e a ampla disseminação nos rebanhos bovinos de corte e de leite. O
herpesvírus bovino 1 (BoHV-1) pode estar presente em fluidos onde os
embriões são recolhidos, manipulados, criopreservados ou transferidos,
assim como no sêmen, nos órgãos genitais e também no líquido folicular e
ovócitos.” (DA COSTA et al., 2017)
b. Machos acometidos por IBR podem apresentar lesões no pênis e na mucosa
prepucial, tais como exsudato mucopurulento, edema, hiperemia e presença
pápulas avermelhadas que podem evoluir para pústulas e lesões necróticas
de aspecto focal.
2. Papiloma (fibropapiloma):
a. Acomete bovinose mais frequente bovinos jovens, pois apresentam
condição imunitária inferior
b. É um tumor venério de origem viral;
c. Seu aspecto é de um crescimento vegetativo próximo à glande;
d. É um variante do papiloma cutâneo.
3. Persistência do frênulo peniano:
a. É a falha de separação entre a glande e o prepúcio que impede a exposição
total do pênis. É caracterizada pela permanência de uma fina camada de
tecido conjuntivo ligada ao pênis e ao prepúcio ao longo da região ventral da
glande.
b. Causa principal → congênita
c. Leva a incapacidade de cópula, dor, gotejamento de urina, desvio ventral ou
lateral do pênis, inflamação e falta de libido
d. Pode ser corrigida cirurgicamente
4. Estenose do óstio prepucial ou Aderência de prepúcio ou Fimose:
a. Se caracteriza pela incapacidade de exposição do pênis;
b. Pode ser congênita ou adquirida devido a traumas ou infecções no local
c. Reversão é cirúrgica
5. Acrobustite:
a. Patologia de bovinos de raça zebuína, que possuem umbigo e prepúcio
pendulares, sujeitos à traumas;
b. É uma inflamação crônica do prepúcio desenvolvida por algum tipo de
trauma sofrido no órgão. Ocorre o fechamento do óstio prepucial resultando
em uma fimose traumática;
c. Animal fica inutilizado reprodutivamente;
d. Pode se reverter com cirurgia de reconstituição do óstio prepucial.
6. Hematoma peniano:
a. Ocorre geralmente por rompimento da túnica albugínea em trauma durante a
cópula.
b. Mais comum no dorso do pênis
c. Identifica-se por palpação e inspeção
d. Tratamento: tempo de recuperação depende da gravidade do hematoma e de
sua evolução. É usada hidroterapia (ducha 3 vezes ao dia), se necessário,
realizar punção da lesão, uso de antiinflamatórios não esteroidais e
antibioticoterapia.
7. Abscessos:
a. “As lesões na mucosa do folheto prepucial interno e óstio prepucial podem
ser seguidas de abscessos, tendo como principais microorganismos
envolvidos o Actinomyces pyogenes e o Corynebacterium renale, e de
aderências cicatriciais que podem impedir a exposição peniana, sendo a
correção cirúrgica alternativa mais eficaz (SILVA et al., 1998).
Em touros, a mucosa peniana sofre alterações associadas à idade que
transformam a mucosa do folheto prepucial, de uma superfície regular e lisa
em touros jovens sexualmente maduros, numa superfície com criptas
longitudinais nos touros mais idosos. Essa é uma alteração dependente de
andrógenos que é percebida por volta dos três anos de idade. Em touros
mais idosos, essas criptas podem ser colonizadas por microorganismos
infecciosos, funcionando não só como fonte de contaminação para fêmeas
por ocasião da cópula, como também pode ter importante envolvimento na
etiopatogenia dos abscessos prepuciais. Sabe que nos casos dessa
enfermidade, as características anatômicas, como prepúcio longo e
penduloso, favorecem a ocorrência da doença, o que pode ser evidenciado
no maior número de animais das raças zebuínas acometidos pela injúria
(SILVA et al., 1998; RABELO et al., 2006). O prepúcio longo e penduloso
também foram citados por RABELO et al. (2008a), acrescentando que
mesmo nos bovinos taurinos, a predisposição para ocorrência de abscessos
prepuciais, relacionava-se ao tamanho do prepúcio, predispondo a traumas
mecânicos constantes, sendo a lesão também comum nas raças européias
como Santa Gertrudes, Angus e o Marquigiana, que possuem comprimento
prepucial excessivo, como característica anatômica de alguns exemplares da
raça. Para VIU et al. (2002), é conveniente a eliminação desses exemplares
da reprodução, tendo em vista a alta herdabilidade genética dessa
característica.” (RABELO et. al.,2012)
8. Laceração prepucial:
a. Caracteriza por lesão traumática no prepúcio que evoluiu para laceração.
b. Deve-se realizar sutura e plástica no local para que não haja alteração do
óstio prepucial.
c. Se a cicatrização demorar mais de 24 horas e a ferida já estiver
contaminada, realizar tratamento tópico (higienização e aplicação de
desinfetantes no local)
9. Pênis em forma de saca rolha em bovino:
a. Motivo de descarte se for visto no início da coleta → defeito congênito
b. Se for visto no fim da coleta pode ser consequência da eletroestimulação
10. Micropênis:
a. Frequência boa em pequenos ruminantes e búfalos
b. Até a segunda estação de monta o animal terá a porta reprodutiva normal
c. Problema quando chega na idade adulta quando já há uma distenção
abdominal muito grande → pênis não consegue chegar até a vulva da fêmea
na hora da monta, não há ejaculação (monta não efetiva)
d. É uma alteração congênita e não hereditária
11. Fratura de pênis:
a. A fratura peniana é uma afecção de ocorrência comum com prognóstico
desfavorável em touros. Tem importância econômica considerável uma vez
que normalmente leva o descarte dos animais (RABELO, 2012). Ocorre
normalmente em animais jovens, montas precoces e desordenadas ou ainda
incompatibilidade de altura dos touros com relação às fêmeas bovinas. Esses
fatores culminam na dificuldade de introdução correta do pênis na genitália
feminina, resultando em lesões na albugínea peniana (normalmente distal a
flexura sigmoide), ligamento apical dorsal do pênis, ruptura do corpo
cavernoso resultando em desvio peniano adquirido ou fraturas podendo ou
não estar associados a ruptura uretral (BENTO, 2005; RABELO et al. 2006).
O tratamento para traumas leves é conservativo, com o uso de
anti-inflamatórios, ducha, pomadas emolientes para evitar aderências e
repouso sexual. Casos com ruptura do corpo cavernoso, hematomas entre
outras causas que resultem em disúria, estrangúria ou parafimose indica-se a
amputação peniana, no qual a técnica recomendada a da secção do pênis
em “V” fixando a uretra ao pênis (RABELO et al. 2006). (CALCIOLARI et al.,
2016)
12. Sarcoma de glande ou carcinoma de pênis (equinos):
a. Pode ocorrer em todas as espécies mas é mais frequente em equinos;
b. O carcinoma de pênis é mais frequente na glande do pênis. É mais frequente
em equinos por conta de seu esmegma (secreção prepucial) diferenciado.
Assim o acúmulo do esmegma de equino é mais fácil por sua excreção ser
de maior dificuldade que nas outras espécies.
13. TVT (cães):
a. É uma alteração neoplásica primária de pênis e prepúcio
b. Tem origem viral e fácil transmissão
c. Se manifesta sob o crescimento de uma massa grande que sangra com
facilidade
d. Pode involuir espontaneamente
PATOLOGIAS EPIDIDIMÁRIAS:
1. Aplasia segmentar do epidídimo:
a. É uma alteração congênita do epidídimo;
b. Pode ocorrer em qualquer parte do epidídimo, porém é mais comum na
cauda;
c. É a não formação de um segmento do ducto epididimário.
2. Granuloma espermático:
a. Processo inflamatório que se apresenta semelhante a um abscesso ao ser
seccionado.
b. Pode ocorrer como forma de agravo do quadro de espermatocele.
c. Se for unilateral → castração unilateral é indicada
d. se for bilateral o animal é estéril
e. O animal é estéril se houver comprometimento do epidídimo. Se não houver,
o animal ejacula um sêmen de baixa qualidade e tem fertilidade baixa.
f. O testículo comprometido não produz mais sêmen
g. o granuloma é comum em lesões traumáticas recorrentes → traumas com
distensão escrotal elevada e por tempo elevado
3. Espermatocele:
a. É o acúmulo de espermatozóides na porção adjacente à aplasia;
b. Esse acúmulo vai dilatando o ducto e alterando seu epitélio;
c. Se ocorrer perda total do epitélio e rompimento da membrana basal, os
espermatozóides entram em contato com células de defesa do sangue que
os reconhecem como “antígenos/corpos estranhos” e dessa forma inicia-se
um processo inflamatório que culminará com a formação de um granuloma
espermático.
4. Epididimite:
a. É um processo inflamatório do epidídimo;
b. Pode haver piospermia (pus no sêmen)
c. Essa patologia, na maioria das vezes ocorre juntamente com a orquite;
d. Na fase crônica ocorre fibrose inflamatória levando a um endurecimento e
aumento de volume do epidídimo (principalmente na porção do corpo);
e. Pode ocorrer aderência entre as capas parietal e visceral da túnica vaginal
levandoa obstrução total ou parcial do epidídimo. Por conta disso pode se
instaurar uma azoospermia (ausência de espermatozoides no sêmen)
f. As epididimites podem ser causadas por diversos agentes etiológicos como
Streptococcus beta hemolítico, P.aeruginosa, Klebsiella pneumoniae,
Streptococcus spp., Staphylococcus spp., B. abortus, Mycoplasma,
Ureaplasma, Chlamydia e também agentes virais.
5. Estase espermática por estenose de condutos espermáticos
(ESPERMIOSTASIA):
a. Azoospermia de origem excretora por conta de obstrução total ou parcial das
vias espermáticas. A espermiostasia pode ser congênita ou adquirida.
b. Pode ser causada por trauma, agente infeccioso ou ser hereditária
c. A estase ocorre na maioria da vezes na cabeça do epidídimo e não na
cauda, por isso ela (CAUDA) fica flácida.
d. Cauda do epidídimo fica bem flácida
e. pode ser um agravo de uma epididimite prolongada (epididimite prolongada
pode levar a estenose que leva a estase espermática).
f. Ocorre acúmulo de sêmen nos segmentos do epidídimo e nos túbulos
seminíferos por conta de estenose das vias espermáticas.
g. Há alteração na espermatogênese → encontram-se diversos
espermatozóides defeituosos e células magrófagas realizando espermiofagia
h. Tal patologia não afeta a libido (ela é mantida normal), porém a ejaculação é
mínima e no avançar do quadro o animal a se torna estéril.
i. Animais com espermiostasia congênita devem ser descartados da
reprodução.
PATOLOGIAS DE GLÂNDULAS SEXUAIS ACESSÓRIAS:
1. Vesiculite (bovinos):
a. Se caracteriza pela inflamação aguda ou crônica uni ou bilateral da vesícula
seminal.
b. Causa perda econômica pois leva a diminuição da qualidade do sêmen do
reprodutor acometido
c. Pode ser causada por bactérias, fungos, protozoários e vírus
2. Prostatite e Hiperplasia prostática (cães):
a. As prostatites e a hiperplasia prostática são as alterações de próstata mais
frequentes e muitas vezes aparecem juntas. Causam aumento da próstata
levando a estenose da uretra e acúmulo de urina na bexiga (distensão do
órgão) e à uremia. Se a próstata aumentar muito pode comprimir o reto e
levar à uma constipação intestinal.
3. Tumores de glândulas sexuais acessórias:
a. Tumor prostático (cães):
i. “O cão é a única espécie, além do homem, em que o câncer de
próstata espontâneo ocorre com uma freqüência significativa.
Histologicamente podem ser classificadas em adenocarcinoma e
carcinoma indiferenciado (TESKE et al., 2002).
Os fatores envolvidos no processo de carcinogênese são
representados principalmente por um desequilíbrio hormonal advindo
com a idade (TERAZAKI, 2009).O local específico de origem das
neoplasias prostáticas no cão ainda não foi identificado, mas
acredita-se que o componente hormonal andrógino não é suficiente
para desencadear o processo de carcinogênese (MOURA, 2004).
As neoplasias prostáticas acometem na maioria das vezes os cães
mais idosos; o prognóstico é desfavorável. Não há necessidade de
influência hormonal androgênica direta oriunda dos testículos, porque
a castração não impede o carcinoma prostático (SLATTER, 1998).
Estudos demonstram que cães não orquiectomizados apresentam
adenocarcinoma prostático com comportamento biológico agressivo
ocorrendo inclusive metástase em linfonodos ilíacos e sublombares,
pulmão e ossos, enquanto que em cães orquiectomizados essa
estatística é bem reduzida (CORNELL et al., 2000).
O carcinoma prostático pode ser focal ou disseminado, por toda a
glândula; a metástase é comum. É observada a metástase local na
bexiga, reto, pelve, vértebras lombares, e musculatura pélvica. A
metástase à distância é menos comum (SLATTER, 1998).
Os sinais clínicos são: debilitação dos membros pélvicos, edema,
estrangúria, tenesmo, poliúria, polidipsia e emaciação. Também
podem ocorrer hematúria, sangramento uretral e incontinência
urinária (SLATTER, 1998).
O prognóstico ruim desta afecção pode ser atribuído, em parte, ao
diagnóstico tardio (MOURA, 2004).” (MARIANO et al., 2015)
FÊMEAS:
1. Prolapso uterino:
a. É uma alteração distópica do útero
b. Mais comum em vacas
c. O prolapso uterino é um posicionamento anormal do útero. Ele é
exteriorizado pelo canal vaginal. Pode estar relacionado à partos
problemáticos ou a plantas fitoestrogênicas que promovem prolapso uterino.
2. Cistos ovarianos:
a. São alterações regressivas dos ovários
b. Ocorre em todas os animais domésticos
c. Existem aproximadamente 10 tipos de cistos que acontecem nos ovários.
Normalmente esses cistos não possuem relevância do ponto de vista da
saúde do animal, mais comprometem o desempenho reprodutivo dos
mesmos.
Fontes:
● Anotações de aula realizadas pela aluna Natália Barone Spachi. - Disciplina VET360 (Anatomia Patológica
Veterinária) ministrada pelo professor João Carlos Pereira - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa (MG) - 2019
● MACORIS, D.G.; DI FILIPPO, P.A.; RIBEIRO, G.; CANOLA, J.C. Hidrocele traumática em garanhão. Braz J vet Res
anim Sci - Cirurgia de grandes animais , [s. l.], v. 41 (supl), 2004.
● LIMA, E.B.; CARVALHO, J.S.; MADUREIRA, K.M.; PEIXOTO, T.C.; FARIAS, S.S.; MACÊDO, A.G.C.; MENEZES,
R.V.; FERREIRA, M.M.; CARVALHO, V.S. Varicocele bilateral em ovino: relato de caso. Scientia Plena, Salvador -
BA, Brasil, v. 11, ed. 04, 20 out. 2014.
● PAPA, Frederico Ozanam; ALVARENGA, Marco Antonio; JR., José Antonio Dell‘aqua; MONTEIRO, Gabriel Augusto;
SANCLER-SILVA, Yamê F. R.; NETO, Carlo Ramires. Manual de Andrologia e Manipulação de Sêmen Equino. Botu
pharma biotecnologia animal, [s. l.], p. 1-60, 2014.
● RABELO, Rogério Elias; VULCANI, Valcinir Aloísio Scalla; CARDOSO, Lorena Damasio; DUTRA, Helena Tavares;
HELRIGEL, Panmera Almeida; VINCENTIN, Felipe Roncatto. ASPECTOS ANATÔMICOS E SUA RELAÇÃO COM
AS ENFERMIDADES DO PREPÚCIO E PÊNIS NO TOURO. REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA
VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353 , [s. l.], n. 18, Janeiro 2012.
● DA COSTA, Eduardo Paulino; QUEIROZ, Vanessa Lopes Dias; JUNIOR, Abelardo Silva; GUIMARÃES, José
Domingos; ALVES, Saullo Vinicius Pereira; SANTOS, Marcus Rebouças; DE SOUZA, Luiz Fernando Lino. BoHV-1
(o vírus da IBR) e sua relação com estruturas e órgãos genitais da fêmea bovina: Departamento de Medicina
Veterinária (DVT), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa, MG, Brasil.. Revista Brasileira de Reprodução
Animal, Belo Horizonte - MG, v. 41, ed. 1, 2017. Disponível em: www.cbra.org.br. Acesso em: 10 jul. 2020.
● CALCIOLARI, Karina; BARROCO, Vanessa; GRAVENA, Kamila; CANOLLA, Paulo A. PRINCIPAIS DOENÇAS
PREPUCIAIS E PENIANAS EM BOVINOS. REVISTA INVESTIGAÇÃO Medicina Veterinária, UNESP - Jaboticabal,
São Paulo, Brasil, 2016.
● MARIANO, Renata Sitta Gomes; USCATEGUI, Ricardo Andres Ramirez; MEDEIROS, Regina Mendes; BARROS,
Felipe Farias da Câmara; VICENTE, Wilter Ricardo Russiano; TEIXEIRA, Pedro Paulo Maia. PRINCIPAIS
AFECÇÕES DA PRÓSTATA EM CÃES. Revista Investigação : Medicina Veterinária, São Paulo, Brasil, p. 99-103,
2015.
VET492 - pesquisa antes da aula
Métodos de coletas de sêmen
Natália Barone Spachi - graduanda em Medicina Veterinária na UFV
Julho 2020
● Temas abordados:
1. Vagina artificial;
2. Eletroejaculador;
3. Massagem dos ductos deferentes;
4. Massagem mãos enluvadas (método da estimulação com a mão
enluvada descrito por Hancock & Hovell, 1959);
5. Farmacológica.
1. Vagina Artificial:
● É o método de coleta de sêmen mais usado nas centrais de inseminação
artificial (TEIXEIRA,2009);
● O método consiste na cópula do animal realizada em um aparelho adaptado
à coleta usando-se um manequim ou uma fêmea no cio como estímulo da
ereção. Esse aparelho, a vagina artificial, mimetiza as condições da vagina
natural permitindo ejaculação espontânea do animal (método chamado de
parafisiológico);
● Vagina artificial (descrição do aparelho): “O modelo utilizado atualmente
consiste basicamente em um cilindro rígido, de borracha ou Policloreto de
Vinila (PVC), aberto nas duas extremidades. Em seu interior se acomoda um
tubo flexível de borracha, que é fixado às bordas do tubo rígido por meio de
tiras elásticas,formando um compartimento entre ambos. Neste
compartimento são introduzidos água morna e ar, visando à obtenção de
uma temperatura final de coleta entre 39,0 e 41,0°C. O volume e a pressão
no interior do compartimento são controlados com o auxilio de uma válvula
no cilindro rígido. Em uma das extremidades da vagina artificial convencional
é acoplado um funil com um tubo graduado, onde será coletado o sêmen. A
segunda extremidade forma a porção vulvar da vagina artificial convencional,
na qual o pênis será introduzido” (NEVES, 2015)
● Por ser um método parafisiológico, a coleta por vagina artificial permite que
seja mantida a libido normal do animal reprodutor, a integridade do órgão
reprodutor externo e as características morfológicas do sêmen “ao natural”.
● A vagina artificial não fica ligada a fêmea, mas sim é segurada por um
operador e a coleta necessita da participação ativa do reprodutor,
semelhante ao seu papel realizado na monta natural. Durante a coleta o
operador deve desviar o pênis do animal para dentro da vagina artificial no
momento em que ele monta no manequim (ou na fêmea) e esperar até que o
animal ejacule no aparelho.
● Embora seja um método que mimetize a monta natural, os reprodutores
precisam de treinamento para que possa se fazer a coleta e para isso é
aconselhável aplicar esse método em animais que sejam mais dóceis e
acostumados com manipulação e presença humana.
2. Eletroejaculador:
● Em animais com idade avançada que apresentem dores articulares ou
dificuldade na monta por qualquer outro motivo ou animais que mesmo não
idosos, não se adaptem à coleta por vagina artificial, pode ser usado o
método de coleta por eletroejaculação;
● A coleta do sêmen é realizada por estímulo elétrico da ejaculação, através de
eletrodos inseridos no reto do animal. “Apesar de já estar consagrada, a
palavra (ELETROEJACULAÇÃO) pode estar sendo usada de maneira
errônea, já que o sêmen raramente ou nunca é ejaculado no sentido estrito;
ele escoa através do meato urinário externo sem a ajuda de contrações dos
músculos estriados envolvidos no mecanismo de ejaculação verdadeiro.”
(NEVES, 2015)
● “O sêmen da eletroejaculação, quando comparado ao sêmen coletado com
vagina artificial, apresenta algumas variações quanto as suas qualidades
físicas e químicas. Na eletroejaculação, o volume do sêmen obtido e seu pH
são maiores e sua densidade menor. Apesar do maior volume coletado, o
número total de espermatozoides por ejaculado, não difere entre os dois
métodos de coleta (Dziuk, 1954; Austin et al., 1961; Leon et al.,1991). A
motilidade do sêmen coletado por eletroejaculação é similar à do sêmen
coletado com vagina artificial. Contudo, o sêmen coletado por vagina artificial
apresenta maior concentração antes do resfriamento e melhor motilidade
progressiva depois do congelamento (Leon et al., 1991). “ (NEVES, 2015)
● Este método não permite a avaliação da libido do reprodutor.
3. Massagem dos ductos deferentes:
● Este método de coleta é o mais simples, mas só deve ser utilizado quando se
necessita de uma análise rápida do sêmen do reprodutor e que não precise
de muita precisão, pois há muito risco de contaminação do sêmen na coleta,
alterando suas características fisiológicas.. Além disso, muitos animais não
responde ao estímulo da massagem das ampolas dos ductos deferentes e o
operador deve ter prática para ter sucesso na coleta;
● Esse método tem baixa qualidade (sêmen coletado por esse método
apresenta menor porcentagem de espermatozóides vivos, comparando com
o método de coleta por eletroejaculação), pouco volume de sêmen é coletado
e tem alto grau de contaminação;
● “Com a mão dentro do reto do touro as vesículas seminais são
massageadas, com movimentos craniocaudais, e um líquido turvo flui pelo
prepúcio. Na maioria dos casos, este líquido contém somente células
epiteliais. De modo semelhante, as ampolas dos ductos deferentes são
massageadas e um líquido turvo escoa pelo prepúcio, contendo apenas
espermatozoides, na maioria dos casos. Em algumas situações, as ampolas
são massageadas antes, mas melhores resultados são obtidos quando
primeiro se massageia as vesículas seminais. Isto porque se evita que a
vesícula libere células epiteliais diminuindo a qualidade da amostra coletada
(Miller, 1934).” (NEVES, 2015)
(TEIXEIRA,2009)
4. Massagem mãos enluvadas (método da estimulação com a mão enluvada
descrito por Hancock & Hovell, 1959):
● Método de coleta realizado por estimulação manual do pênis. Muito usado
para coleta de sêmen canino e suíno;
● “A técnica consistiu em massagem da região perineal (Figura 1A), com
movimentos de cima para baixo, até que o animal apresentasse ereção com
exposição da extremidade livre do pênis no óstio prepucial. Após a ereção,
foi exercida pressão com os dedos na glande (Figura 1B) até que o animal
respondesse com movimentos de fricção. No momento da propulsão, o corpo
do pênis foi segurado e pressionado com a mão enluvada, para mimetizar a
vagina da vaca, e o copo coletor foi posicionado na extremidade livre do
pênis para coleta do ejaculado (Figura 1C). O copo coletor foi constituído por
um funil de vidro acoplado a um tubo de ensaio esterilizado e aquecido a
36°C.” (WEISS et al., 2019)
(WEISS et al., 2019)
● É um método promissor para coleta em touros, mas ainda precisa ser mais
estudado.
5. Farmacológica:
● Método possível para garanhões. Tal método induz a ejaculação através d
uso de substâncias medicamentosas;
● “Os compostos principais que foram estudados até os dias atuais incluem
α-adrenérgicos e agentes estimuladores da musculatura lisa. Dentre eles
estão a xilazina, imipramina, (MCDONEEL, 2001) prostaglandina F2α
(MCDONNELL & LOVE, 1991) e detomidina (ROWLEY et al., 1999).”
(AIDAR, 2013)
xilazina imipramina ou
detomidina
PGF2α
→ A ejaculação é
afetada pelo nível de
excitação do garanhão.
Quanto mais excitado,
maior o volume
coletado e menor
secreção de ampolas e
glândulas anexas no
sêmen.
→ O sêmen obtido
apresenta
concentração, volume,
pH e número total de
espermatozóides
semelhantes aos
obtidos do ejaculado
na monta natural.
→ Aumenta a
contração das ampolas
e inibe contração de
outras glândulas
acessórias.
→ São obtidos
ejaculados de menor
volume, maior
concentração e pH
mais baixo do que o
ejaculado obtido na
cópula.
→ Aumenta
seletivamente a
contração das
glândulas acessórias
levando a um
ejaculado de maior
volume, menor
concentração, maior
pH e número de
espermatozóides
semelhante ao obtido
com a monta natural.
→ O ejaculado
apresenta grandes
quantidades de gel.
● Bibliografia:
○ WEISS, Romildo Romualdo; ABREU, Ana Claudia Machinski Rangel; BUSATO, Eduarda Maciel; GALAN,
Tácia Gomes Bergstein; BERTOL, Melina Andrea Formighieri; BORTOLETO, Caroline; DE LARA, Natália
Santana Siqueira. EJACULAÇÃO INDUZIDA EM TOURO (BOS TAURUS INDICUS) POR ESTIMULAÇÃO
MANUAL DO PÊNIS. Archives of Veterinary Science , [s. l.], v. 24, ed. 2, p. 55-60, 3 jun. 2019. DOI
1517-784X. Disponível em: www.ser.ufpr.br/veterinary. Acesso em: 5 jul. 2020. → (WEISS et al., 2019)
○ TEIXEIRA, Laila Vicente. ESTUDO DA COLETA E PROCESSAMENTO DE SÊMEN BOVINO. 2009. 40 p.
Monografia / TCC (Graduação - Medicina Veterinária) - FMU, São Paulo, 2009. → (TEIXEIRA, 2009)
○ NEVES, Beatriz Parzewski. O uso da vagina artificial interna para a coleta de sêmen de touros bubalinos
(Bubalus bubalis) com diferentes experiências sexuais. Orientador: Prof. Marc Henry. 2015. 52 p.
Monografia (Mestrado - Ciência animal) - Escola de Veterinária - UFMG, Belo Horizonte - MG, 2015. →
(NEVES, 2015)
○ AIDAR, Nayara Braga. Criopreservação de Sêmen Equino. Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Arruda de
Oliveira. 2013. 52 p. Monografia / TCC (Graduação - Medicina Veterinária) - UnB / FAV, Brasília / DF, 2013.
→ (AIDAR, 2013)
○
Aspetos Físicos e Morfológicos do Sêmen (pesquisa antes da aula)
Natália Barone Spachi - Graduanda Med.Vet UFV 07/2020
Conteúdos abordados no arquivo:
1. Introdução de conceitos
2. Aspectos físicos (Volume do ejaculado, turbilhonamento em massa, motilidade
espermáticaprogressiva retilínea, vigor espermático);
3. Concentração espermática;
4. Aspectos morfológicos (defeitos espermáticos maiores, menores e totais);
5. Principais causas das patologias espermáticas mais frequentes;
6. Ph do sêmen.
1. Introdução de conceitos:
a. Sêmen = espermatozóides + secreções dos órgãos sexuais acessórios do trato genital masculino
b. Espermatozóides:
i. São formados dentro dos túbulos seminíferos presentes nos
testículos;
ii. São células haplóides, alongadas, com cabeça e cauda. A cabeça
contém o núcleo celular com a cromatina altamente condensada e a
cauda têm função de motilidade celular;
iii. O espermatozóide é inteiramente recoberto por uma membrana
plasmática ou plasmalema;
iv. Existe uma estrutura de parede dupla localizada entre o plasmalema
e a porção anterior da cabeça do espermatozóide. Essa estrutura
recebe o nome de Acrossomo. O Acrossomo contém acrosina,
hialuronidase e outras enzimas hidrolíticas que permitem a
penetração do espermatozóide no oócito (fertilização);
v. O colo do espermatozóide é a porção da célula que conecta a cabeça
à cauda;
vi. A cauda do espermatozóide é subdividida em 3 porções:
1. Peça intermediária → compreende a região entre o colo e o
annulus
2. Peça principal → compreende a região entre o annulus e a
peça terminal
3. Peça terminal
vii. A região compreendida pela parte central da peça intermediária da
cauda do espermatozóide até o final da cauda é denominada de
axonema.
2. Aspectos físicos (Volume do ejaculado, turbilhonamento em massa, motilidade
espermática progressiva retilínea, vigor espermático):
a. Volume do ejaculado (mL):
i. O volume de sêmen coletado varia de acordo com:
1. o método de coleta de sêmen utilizado
2. cada animal (variação entre indivíduos - cada animal responde
de uma maneira diferente ao estímulo para coleta)
3. raça do animal
4. idade do animal
5. número de coletas realizadas
(HAFEZ et al., 2004)
b. Turbilhonamento ou motilidade em massa:
i. Representa o produto entre concentração espermática e motilidade
espermática
ii. É classificado em:
1. pequeno → 1
2. médio → 2
3. grande → 3
4. ausente → 0
c. Motilidade:
i. É a porcentagem de espermatozóides móveis no ejaculado;
ii. A motilidade tem correlação direta com a fertilidade
iii. A motilidade do sêmen coletado deve ser verificada imediatamente
após a coleta. Além disso deve-se atentar para que o sêmen após
coleta não sofra nenhum choque térmico (deve ser mantido na
temperatura em que sai do organismo - aprox. 37,5ºC) ou luminoso.
iv. Motilidade ideal → maior ou igual a 70%
v. Cálculo da motilidade:
1. Pingar uma gota de sêmen entre lâmina e lamínula (ambas
pré aquecidas a 37ºC)
2. Levar ao microscópio de luz com aumento de 200X
d. Vigor espermático ou motilidade progressiva individual:
i. Este dado representa a intensidade de deslocamento das células
reprodutivas no campo do microscópio
ii. O vigor é dado em uma escala de 1 a 5 e o número atribuído
representa “ a totalidade dos espermatozóides em movimento
progressivo retilíneo”(EMBRAPA, [200-?])
iii. Vigor ideal → maior ou igual a 3
(OLIVEIRA; MORELLI; COUTINHO, 2019)
3. Concentração espermática:
a. É a quantidade de espermatozóides presentes no volume de ejaculado
coletado.
b. A concentração do ejaculado pode variar com:
i. método de coleta utilizado
ii. nutrição do animal coletado
iii. estação do ano
iv. raça do animal
v. estado psíquico do animal
vi. possíveis patologias do animal
vii. número de coletas realizadas
c. Cálculo da concentração espermática:
i. “Retira-se do volume ejaculado uma alíquota de 20µl utilizando-se
uma pipeta de Sahli ou micropipeta e coloca-se em um tubo de
ensaio contendo 1ml de água destilada aquecida ou 1 gota de sêmen
em 19 gotas de água destilada. Após boa homogeneização, monta-se
uma Câmara de Neubauer (ver esquemas), preenchendo seus 2
retículos, conta-se todos os espermatozóides presentes em 5
quadrados de cada retículo (vide exemplo), sendo que a variação
entre cada uma dos lados da câmara (retículos) não pode ser mais
que 10% (se for maior repete-se a operação). Após a operação
calcula-se a média aritmética, o valor encontrado é representado pela
letra (n)” (PAPA et al., 2014)
ii. Após a contagem das células (n) faz-se a aplicação da fórmula de
concentração espermática e o resultado encontrado é referente a
concentração de espermatozóides por milímetro cúbico. Para
conversão do dado para espermatozóides por mL deve-se multiplicar
o resultado por 10^3
(PAPA et al., 2014)
4. Aspectos morfológicos (defeitos espermáticos maiores, menores e totais):
a. Defeitos maiores:
i. São denominados de defeitos maiores, aqueles defeitos morfológicos
que influenciam diretamente na fertilidade
ii. Defeitos maiores:
1. ACROSSOMO
2. PATOLOGIA DA CABEÇA:
a. Subdesenvolvida
b. Isolada patológica
c. Estreita na base
d. Piriforme
e. Pequena anormal
f. Contorno anormal
g. “Pouch formation” (diadema defect)
3. GOTA PROXIMAL
4. FORMAS TERATOLÓGICAS
5. DEFEITO DE PEÇA INTERMEDIÁRIA:
a. Desfibrilação
b. Fratura
c. Edema
d. Pseudogota
6. PATOLOGIA DA CAUDA
a. Fortemente dobrada ou enrolada
b. Dobrada em gota
c. Enrolada na cabeça
7. FORMAS DUPLAS
b. Defeitos menores:
i. São denominados de defeitos menores, aqueles defeitos na
morfologia espermática que não interferem de forma direta na
fertilidade do animal.
ii. Defeitos menores:
1. PATOLOGIA DA CABEÇA:
a. Delgada
b. Gigante, curta, larga, pequena normal
c. Isolada normal
2. PATOLOGIA DA CAUDA E IMPLANTAÇÃO:
a. Retro e abaxial, oblíquo
b. Dobrada ou enrolada
3. GOTA CITOPLASMÁTICA DISTAL
c. Total de defeitos:
i. O total de anormalidades de células espermáticas num ejaculado é
formado pelos resultados de defeitos maiores e menores contados
separadamente (EMBRAPA, [200-?])
(OLIVEIRA et al., 2019)
5. Principais causas das patologias espermáticas mais frequentes:
CABEÇA Acrossomo com
forma irregular,
enrugado ou
destacado:
→ pode ocorrer
por choque
térmico,
manipulação
indevida ou
senilidade do
animal coletado
Knobbed sperm
(presença de
grânulo no
acrossomo):
→ Pode ser de
origem hereditária
ou por
degeneração
testicular.
→ Este defeito está
diretamente ligado
com infertilidade
quando encontrado
em grande
quantidade no
sêmen.
Pouch formation
(diadema defect):
→ Este defeito é
caracterizado pela
presença de
vacúolos na região
equatorial da
cabeça do
espermatozóide por
conta de uma
rarefação da
cromatina.
→ Tem relação
direta com
hipoplasia ou
degeneração
testicular.
Alterações na
forma da cabeça
(estreita na base,
piriforme,
lanciforme, anã):
→ Podem ser
alterações
causadas por conta
de degeneração ou
hipoplasia testicular
→ Em cavalos com
degeneração
testicular é mais
comum o
aparecimento de
espermatozóides
com cabeças
subdesenvolvidas.
COLO Defeitos de
inserção
(abaxial,
paraxial e
retroaxial:
→ Ocorrem
devido a
presença de
“goteira”, que
aparece devido a
uma falha na
formação da
célula
Gotas
citoplasmáticas
proximais ou
distais:
→ A presença de
gotas em grande
quantidade pode
ocorrer por 4
possíveis motivos:
1. animal imaturo
que iniciou a
reprodução há
pouco tempo ou um
germinativa
→ Inserção
abaxial:
considerada
normal em
cavalos. Pode
não influenciar
na fertilidade pois
o
espermatozóide
acometido tem a
capacidade de se
adaptar a sua
morfologia e
conseguir se
movimentar
efetivamente
para que ocorra
a fertilização.
→ Inserções
paraxial e
retroaxial:
Apresentam
maior relação
com infertilidade,
já que
impossibilitam o
deslocamento
necessário para
que o
espermatozóide
consiga realizar a
fecundação.
animal que está em
descanso sexual.
Nesse caso, a
realização de
coletas periódicas
resolveria a
patologia;
2. disfunção
epididimária por
deficiência da
termorregulação
testicular. Isso leva
a um desequilíbrio
iônico de sódio e
potássio que causa
alteração na
maturação da
célula gamética.
3. Degeneração
testicular
resultando em
disfunção do
epidídimo.
4. Hipoplasia
testicular (patologia
hereditária). Nesse
caso a gota sempre
estará presente no
ejaculado do animal
acometido.
PEÇA
INTERMEDIÁRIACorkscrew
defect (defeito
em saca rolha):
→ Ocorre devido
a degeneração
do plasmalema
que afeta a
região das
mitocôndrias
causando o
enrugamento da
porção afetada.
Esse defeito
pode dificultar a
saída fisiológica
da gota no
processo de
maturação do
espermatozóide
e afetar a
conformação das
microfibrilas.
Nesse segundo
caso, mais grave,
as microfibrilas
podem se soltar,
isso pode ser
visto em animais
idosos.
Cabeça destacada
(isolada):
→ Pode ser um
problema genético
ou decorrente de
um problema de
inserção
Formas duplas da
PI e/ou cauda:
→ Patologia de
origem hereditária.
CAUDA Enrolada,
fortemente
enrolada,
dobrada e
fortemente
dobrada:
→ causado por
diminuição
hereditária do
número de
microfibrilas da
cauda (Dag
defect). Animais
com esse defeito
espermático , por
esse motivo,
possuem sêmen
com elevado
nível de Zn.
→ Choque
osmótico, choque
térmico ou
disfunções
epididimárias
também podem
levar a defeitos
na cauda dos
espermatozóides
OUTRAS
ANORMALIDADES
Aglutinação da
cabeça:
→ Pode ser
causada por uma
disfunção
epididimária que
provoque
ausência ou falha
na ação de
antiaglutininas
que deveriam
estar presentes
em porções do
epidídimo para
separar as
células
espermáticas.
Espermatozóides
subdesenvolvidos
:
→ Pode ocorrer por
conta de o animal
coletado ainda ser
imaturo
sexualmente ou por
conta de o animal
coletado ser
maduro mas
possuir algum
defeito no processo
de
espermatogênese.
Nesses dois casos
o ejaculado pode
conter células
primordiais,
espermatócitos,
espermatogônias e
espermátides.
Medusa:
→ Presença de
restos ciliares do
epidídimo no
sêmen. Pode
ocorrer por
disfunção
epididimária e em
casos de animais
em recuperação de
degeneração
testicular.
Pseudogota:
→ Patologia
semelhante à gota
citoplasmática
tradicional, porém,
nesta, a gota está
localizada na
porção média da PI
e tem maior
tamanho pois
envolve 1 ou 2
camadas de
mitocôndrias.
6. pH seminal:
(HAFEZ et al., 2004)
Bibliografia:
● HAFEZ, E.S.E. et al, (ed.). Fisiologia da Reprodução. In: REPRODUÇÃO Animal: sétima edição. 7. ed. São Paulo -
BR: Manole Ltda., 2004. cap. 7, p. 97-110.
● AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE REPRODUTIVA DO TOURO. [S. l.]: EMBRAPA Gado de Corte, [200-?]. Disponível
em: http://old.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/doc51/03avaliacaocapacidade.html. Acesso em: 11 jul. 2020.
● OLIVEIRA, Valquíria da Silva; MORELLI, Karine Galhego; COUTINHO, Giancarlo Thadeu Ramos Montalvão.
Princípios básicos da manipulação, análise e envio do sêmen equino. Pubvet medicina veterinária e zootecnia, [S.
l.], ano 430, v. 13, n. 10, p. 1-9, out. 2019.
● PAPA, Frederico Ozanam; ALVARENGA, Marco Antonio; JR., José Antonio Dell‘aqua; MONTEIRO, Gabriel Augusto;
SANCLER-SILVA, Yamê F. R.; NETO, Carlo Ramires. Manual de Andrologia e Manipulação de Sêmen Equino. Botu
pharma biotecnologia animal, [s. l.], p. 1-60, 2014.
Pesquisa antes da aula
TESTES COMPLEMENTARES NA AVALIAÇÃO DO SÊMEN
Natália Barone Spachi - graduanda med.vet UFV
Julho 2020
Temas abordados:
1. HOST - Teste hiposmótico:
a. “O teste hiposmótico avalia a integridade funcional da membrana plasmática,
e consiste no aumento de volume celular dos espermatozóides expostos a
uma solução hiposmótica, associada a uma expansão da membrana
plasmática e consequente alteração das estruturas utilizadas para a
movimentação dos espermatozóides, forçando o flagelo a curvar-se nos
espermatozóides com a membrana intacta, ou permanecerem
http://old.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/doc51/03avaliacaocapacidade.html
aparentemente normais em microscopia óptica nos espermatozóides com
danos na membrana plasmática”. (MARTINS, 2019)
b. O teste hiposmótico avalia a atividade bioquímica da membrana do
espermatozóide, que tem que estar sem defeitos para que ocorra a
capacitação do espermatozóide, reação do acrossoma e fertilização. A
membrana está com a atividade bioquímica intacta quando ocorre influxo de
água para o interior das células gaméticas causando enrolamento da cauda.
c. As células espermáticas que apresentam membrana não integra, não têm
capacidade de realização de troca osmótica com o meio, portanto não têm
influxo de água para seu interior e permanecem esticadas (sem enrolamento
da cauda);
d. O resultado é expresso em porcentagem de células com integridade de
membrana plasmática, descontando-se espermatozoides com patologia da
cauda enrolada presentes antes da submissão do sêmen coletado ao choque
osmótico
(PAPA et al., 2014)
2. Supra vital utilizando eosina - teste vivos e mortos:
a. Teste expresso em porcentagem e utilizado para avaliar IMP (Integridade da
Membrana Plasmática) dos espermatozóides, assim como o teste anterior
(hiposmótico);
b. Coloca-se um gota de sêmen e uma de corante na extremidade de uma
lâmina e realiza-se um esfregaço. Leva-se a lâmina ao microscópio de luz no
aumento de 400X e conta-se 200 células:
i. Espermatozóides com coloração vermelha → espermatozóides com
membranas não íntegras (lesadas)
c. Os espermatozóides com membrana plasmática lesada permitem a entrada
do corante, já os espermatozóides íntegros não se coram.
(PAPA et al., 2014)
3. Sondas fluorescentes:
a. Este teste também analisa a integridade de membrana
b. Consiste no uso de sondas com ou sem capacidade penetrante em uma
membrana íntegra.
c. “As membranas espermáticas são estruturas especializadas e exercem
funções fundamentais na fecundação. Os lipídeos das membranas celulares
desempenham funções biológicas, como moléculas alimentares, depósitos
de energia altamente concentrados, e promovem a sua integridade estrutural
(Arruda et al., 2011). A integridade da membrana espermática é essencial na
viabilidade seminal, pois garante a sua homeostase celular e,
consequentemente, mantém as suas características de motilidade, sendo
esses requisitos essenciais para manter a capacidade de fecundação da
célula espermática. O diacetato de 6-carboxifluoresceína (DIC) é um corante
penetrável à membrana plasmática do espermatozoide. Enzimas presentes
no citoplasma espermático convertem a molécula de DIC em
fluoresceína,que emite uma fluorescência verde. Haverá a conversão do DIC
em fluoresceína somente se a membrana plasmática da célula espermática
estiver íntegra, pois a membrana plasmática lesada não possibilita a
permeabilidade a esse corante. O iodeto de propídio (IP) tem afinidade com
receptores localizados no DNA. O IP é um corante impenetrável à membrana
plasmática, porém, quando esta apresenta alguma falha de continuidade, a
molécula de IP consegue penetrar na célula e se ligar ao DNA. Quando isso
ocorre, é emitida uma fluorescência vermelha (Harrison e Vickers, 1990;
Arruda et al., 2011). Ao se associar o DIC com o IP, é possível identificar três
populações de espermatozoides. Os corados em verde não possuem a
membrana plasmática lesada, por isso são considerados íntegros; os
corados em vermelho são identificados como lesados, pois foi possível a
penetração da sonda no DNA; e os lesados com acrossoma intacto são
corados em verde com o núcleo vermelho (Harrison e Vickers, 1990; Arruda
et al., 2011). Harrison e Vickers (1990) adaptaram a metodologia de Garner
et al. (1986) para avaliação da integridade da membrana plasmática com o
uso do DIC e do IP. Os primeiros autores adicionaram pequenas quantidades
de formaldeído à solução com as sondas e as amostras de sêmen com o
intuito de imobilizar os espermatozoides. Como resultado, essa metodologia
tornou-se mais sensível na avaliação da integridade da membrana
plasmática. O SYBR-14 tem afinidade pelo DNA, bem como a capacidade
penetrante à membrana plasmática íntegra. O YO-PRO-1 também possui
afinidade pelo DNA, mas a membrana plasmática do espermatozoide é
impermeável ao corante. Essas duas sondas fluorescem em verde; por esse
motivo, nunca são usadas juntas. Quando a membrana plasmática está
íntegra, ela fluoresce em amostras coradas com o SYBR-14 e não
fluorescem em experimentos que utilizem o YO-PRO-1 (Alvarez et al., 2012;
Martinez-Rodriguez et al., 2012). O Hoechst 33342 é usado como marcador
de células e cora espermatozoidescom a membrana intacta. Pode ser usado
como marcador celular ou ainda na coloração para exames de morfometria
espermática (Yaniz et al., 2012).” (BERGSTEIN et al., 2014)
4. Proteômica (avaliação das proteínas do plasma seminal e membranas
plasmáticas):
a. Constituintes do plasma seminal:
i. “Sua função é atuar como veículo para os espermatozoides
ejaculados, diluindo e fornecendo substratos metabolizáveis para as
células (Miller et al., 1990). Ele é essencial para as funções
espermáticas in vivo, da ejaculação até a fertilização (Kraus et al.,
2005). O plasma seminal é um fluído muito complexo (Rossato et al.,
2002), constituído de água, íons inorgânicos, ácido cítrico, açúcares,
sais orgânicos, prostaglandinas e um número variado de proteínas.
Ele é produzido pela rete testis, epidídimo e glândulas acessórias
(Almeida, 2006) e fornece substratos que servem como fonte de
energia para o metabolismo espermático (Mann e Lutwak-Mann,
1981). O plasma possui também substâncias enzimáticas e
não-enzimáticas que servem como mecanismo de defesa
antioxidante. Ele contém outros componentes antioxidantes, dentre
eles a vitamina E, vitamina C, urato e a albumina (Almeida, 2006).
Os açúcares do plasma seminal, tais como a glicose e a frutose,
atuam como principais fontes de ATP, mantendo a motilidade
espermática (Mukai e Okuno, 2004Ve). Moléculas como o
bicarbonato, são responsáveis por várias funções na célula
espermática. A nível bioquímico, o bicarbonato aumenta o pH
intracelular, estimula a atividade respiratória e facilita a abertura dos
canais de cálcio, fundamentais para a capacitação espermática
(Jaiswal e Conti, 2001).
As proteínas plasmáticas, são os constituintes orgânicos encontrados
em maior quantidade e são importantes fisiologicamente para o
sêmen, estando na forma de complexos associados, com
composição, conformação e tamanho específico para cada espécie
animal (Jelínková et al., 2003).
As principais características da superfície do espermatozoide são
adquiridas durante sua maturação epididimária, mas também durante
a ejaculação, pela adsorção de componentes específicos do plasma
seminal (Amann et al., 1993). Estes elementos são principalmente
glicoproteínas (Magargee et al., 1988). Vários estudos proteômicos
têm sido conduzidos para determinar o conteúdo do plasma seminal,
já que essas informações podem servir como ferramentas no
diagnóstico de defeitos na espermatogênese (Alkimin, 2010).”
(TONIOLLI et al., 2017)
b. “O sucesso da reprodução depende de uma cascata de eventos, primeiro da
espermatogênese, da espermiogênese e da maturação espermática. Depois,
durante a ejaculação, diferentes secreções provenientes das glândulas
acessórias dos machos promoverão mudanças importantes na composição
da membrana espermática e nas proteínas de superfície. Na seqüência, os
espermatozóides deverão ser capacitados, durante sua passagem pelo trato
genital feminino, e sofrerem a reação do acrossoma até que um deles seja
capaz de penetrar a zona pelúcida e finalmente se fundir com o oócito. Cada
um destes passos é mediado por um número de proteínas e,
conseqüentemente, por genes (Leeb et al., 2005).” (ARRUDA et al., 2007)
5. Genômica (avaliação da estrutura da cromatina espermática):
a. O teste SCSA (Sperm Chromatin Structure Assay) identifica alterações na
estabilidade de cromatina da célula espermática.
b. Realiza-se uma desnaturação ácida ou térmica e uma posterior coloração
dos com alaranjado de acridina (AA). Analisa-se então a fluorescência dos
mesmos após o processo:
i. Espermatozóides com cromatina normal → coram-se em verde
ii. Espermatozóides com cromatina alterada → coram-se de cor
vermelha/alaranjada
6. Ultra-estrutural:
a. A avaliação da ultraestrutura da célula espermática permite a visualização de
estruturas muito pequenas que não são visíveis na microscopia óptica.
b. É uma avaliação importante para poder detectar possíveis irregularidades
estruturais nanométricas presentes na célula espermática que possam
influenciar na fertilidade do reprodutor.
c. Para a observação de alterações estruturais nessa escala é utilizada a TEM
(Microscopia Eletrônica de Transmissão) ou SEM (Microscopia Eletrônica de
Varredura). Essas ferramentas são “utilizadas para determinar tamanho e a
forma das estruturas inorgânicas e biológicas baseada na interação dos
elétrons incidentes sobre a matéria.” (CALDEIRA, 2011).
i. TEM/SEM → alto custo operacional, por isso não são muito utilizadas.
d. “(...) a utilização de avaliações laboratoriais que permitam analisar as
funções espermáticas associada à avaliação ultraestrutural do
espermatozóide permite uma análise da célula espermática após o contato
com diferentes substâncias ou após alterações de temperaturas”
(CALDEIRA, 2011)
e. SEM → Permite visualização em terceira dimensão do espermatozóide
inteiro;
f. TEM → Permite a visão sagital do espermatozóide, revelando detalhes
estruturais.
7. Congelabilidade espermática
a. A criopreservação de sêmen pode gerar alterações na morfologia e
bioquímica do espermatozóide. Sêmen de bovinos, ovinos, caprinos e
equinos têm tido sucesso em relação a taxa de prenhez, mesmo após a
criopreservação. O mesmo não ocorre com o sêmen suíno, que aparenta ser
mais sensível ao choque térmico da criopreservação.
8. Adesão a Zona Pelúcida
a. “Na presença do cálcio extracelular, o gameta masculino capacitado tem a
habilidade de se ligar à zona pelúcida do oócito, dando início a reação
acrossômica, atuando como agente desestabilizador da membrana, ativando
as fosfolipases e facilitando a vesiculação, alterando ainda mais a
permeabilidade da membrana (Gonçalves et al., 2002; Salvador, 2005).
A ligação do espermatozóide ao oócito é mediada por receptores
espermáticos espécie – específicos presentes na zona pelúcida. As
glicoproteínas constituintes da zona pelúcida (identificadas inicialmente em
camundongos) são denominadas de ZP1, ZP2 e ZP3, que apresentam
importantes funções na fecundação. A ZP1 tem basicamente um papel
estrutural, enquanto tem sido atribuída a função de receptor secundário à
ZP2, e de receptor primário à ZP3, sendo que este último tem sido
responsabilizada pela reação do acrossoma. O espermatozóide penetra na
zona pelúcida por ações enzimáticas e mecânicas. A reação acrossômica
permite a liberação de enzimas que digerem a matriz da zona, para a
penetração do gameta na zona pelúcida, auxiliada pela hipermotilidade
espermática (Gonçalves et al., 2002; Senger, 2003). Essa hipermotilidade é
adquirida na ampola da tuba uterina, onde a motilidade do espermatozóide
passa de retilínea progressiva, para um movimento circular, que facilita ao
espermatozóide entrar em contato com o oócito. Essa hipermotilidade
acredita-se ser adquirida através de moléculas específicas presentes no
epitélio das ampolas da tuba uterina (Senger, 2003). (EMERICK, 2007)
9. Testes bioquímicos
a. “Dentre os constituintes do plasma seminal estão os íons, açúcares,
proteínas, lipídeos, aminoácidos, açúcares, ácido cítrico, minerais,
fosfatases, prostaglandinas, frutose, potássio e citrato (FOLHADELLA, 2008).
As concentrações dos constituintes do plasma seminal dependem da
espécie, do intervalo entre as ejaculações, método de coleta do sêmen, da
genética e da idade do animal (SHIVAJI et al., 1990). O conteúdo protéico do
plasma seminal de mamíferos varia de 3 a 7%, dependendo da espécie,
sendo a concentração de proteínas de grande importância, pois é
responsável pelos efeitos deste fluído na fertilidade espermática, tendo um
papel essencial no metabolismo do espermatozóide, com interferência na
fertilidade dos animais (SOUZA et al., 2008; KILLIAN, 1999; GATTI et al.,
2004). Os efeitos das proteínas na fertilidade foram verificados por Killian et
al. (1993) e Assumpção (2004) que, utilizando a técnica de eletroforese
bidimensional em géis, correlacionaram a fertilidade de touros com as
concentrações de proteínas do plasma seminal, sendo algumas mais
proeminentes nos animais de alta fertilidade e outras abundantes apenas nos
de baixa fertilidade,o mesmo observado por Asadpour et al. (2007) no
sêmen de búfalos.
Além de proteínas, o plasma seminal é rico em açúcares como frutose,
glicose, manose, galactose, arabinose, ribose, fucose, sorbitol, inositol,
sendo a frutose o principal açúcar presente no plasma seminal de touros
(EWING; CHANG, 1986). Os açúcares têm sido relacionados com a
fertilidade, pois servem de substrato para produção de energia ao
espermatozóide, além ter efeito benéfico no processo de capacitação, na
fertilidade do oócito, no metabolismo e na motilidade do espermatozóide
(WILLIAMS; FORD, 2001). Assumpção et al. (2004) observaram que as
concentrações de proteínas e açúcares redutores são muito importantes para
a fertilidade dos touros mas, individualmente, não tiveram correlação
significativa com a fertilidade.” (ASSUMPÇÃO et al., 2013)
10. Correlação gênica com aspectos físicos e morfológicos do sêmen e fertilidade
(principais genes relacionados com morfologia espermática e fertilidade do
macho)
a. Gene ESR (receptor do estrogênio):
i. Em suínos esse gene foi associado ao número de leitões nascidos
vivos e ao total de leitões nascidos na primeira e última parições
b. Gene BMPR- IB:
i. Em ovinos da raça Booroola Merino, foi associado à fecundidade.
c. Gene BMPR15:
i. Em ovinos das raças Invedale e Hanna, foi associado à ovulação.
Bibliografia:
● MARTINS, Leonardo Franco. TESTES COMPLEMENTARES EM SÊMEN E AVALIAÇÃO DA SÍNTESE
DIFERENCIAL DE PROTEÍNAS E PEPTÍDEOS ANIÔNICOS EM PLASMA SEMINAL DE TOUROS DA RAÇA
NELORE CLASSIFICADOS EM APTOS E INAPTOS À REPRODUÇÃO. Orientador: Prof. José Domingos
Guimarães. 2009. 96 p. Tese de pós graduação (Doctor Scientiae) - UFV, [S. l.], 2019.
● PAPA, Frederico Ozanam; ALVARENGA, Marco Antonio; JR., José Antonio Dell‘aqua; MONTEIRO, Gabriel Augusto;
SANCLER-SILVA, Yamê F. R.; NETO, Carlo Ramires. Manual de Andrologia e Manipulação de Sêmen Equino. Botu
pharma biotecnologia animal, [s. l.], p. 1-60, 2014.
● BERGSTEIN, T.G. et al. Técnicas de análise de sêmen. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte -
MG, v. 38, ed. 4, p. 189-194, out./dez. 2014.
● ARRUDA, Rubens Paes de et al. Biotécnicas aplicadas à avaliação do potencial de fertilidade do sêmen eqüino.
Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte - MG, v. 31, ed. 1, p. 8-16, jan. / mar. 2007.
● CALDEIRA, Denise Ferreira. VIABILIDADE DOS ESPERMATOZÓIDES BOVINOS APÓS EXPOSIÇÃO A
NANOPARTÍCULAS DE MAGHEMITA RECOBERTAS COM DMSA. Orientador: Prof. Drª Carolina Madeira Lucci.
2011. 76 p. Dissertação de mestrado em ciência animal (Mestrado - Ciência animal) - Universidade de Brasília -
Faculdade de agronomia e medicina veterinária, Brasília / DF, 2011.
● TONIOLLI, Ricardo et al. Proteínas do sêmen e sua relação com a resistência à congelação em ejaculados de
diferentes varrões. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte - MG, v. 41, ed. 1, p. 297-311, jan. /
mar. 2017.
● EMERICK, Lucas Luiz. TESTES FUNCIONAIS DE MEMBRANA E ÌNDICE DE PRENHEZ UTILIZANDO SÊMEN
CRIOPRESERVADO DE TOURINHOS TABAPUÃ AOS DOIS ANOS DE IDADE, CRIADOS A PASTO E
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