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DIREITO DO CONSUMIDOR A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL AO CONSUMIDOR • Antes da CF/88 ➔as relações privadas entre consumidores e fornecedores eram reguladas pelo CC. • Inexistia qualquer privilégio da parte hipossuficiente na relação negocial . ✓ consumidores e fornecedores eram tratados de forma similar, como se estivessem no mesmo patamar negocial. • Com a CF/88 ➔ Constituinte Originário positivou a necessidade de se proteger, até mesmo como um princípio da ordem econômica nacional, a defesa dos interesses do consumidor. • CDC➔ lei 8.078/90 ➔ A CF prevê a necessidade de defesa do consumidor e institui diversas normas, mas não regula como isso deve acontecer. É por meio do CDC que essa premissa é cumprida. CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988 • Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo- se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; • Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: V - defesa do consumidor; Art. 5º, XXXII CF – Direito Fundamental • Relação de Consumo ➔ desigual • Defesa do Consumidor e a consequente proteção do consumidor é tida como um DIREITO FUNDAMENTAL. • Por que? Em uma sociedade de consumo quem não consome não faz parte da sociedade, não tem dignidade, dai a razão do legislador constituinte estabelecer o direito do consumo como um direito fundamental. • consumir é um direito fundamental do cidadão. • O Direito do Consumidor é visto como direito de 3º geração, pois é tido como um direito da massa, direito difuso (coletivos). ART. 170, V, CF - ORDEM ECONÔMICA • Art. 170, CF - traz as regras de intervenção do Estado no domínio econômico ➔estabelece os limites do Estado nas relações privadas. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm • estabelece que o Brasil é um país capitalista, mas este capitalismo não pode ser "selvagem" (não se pode permitir que as pessoas em relações privadas sejam lesadas por outras pessoas). • o Estado vai intervir em relações privadas para garantir que essa relação seja justa, equilibrada, que traga existência digna ao consumidor. ➢ FUNDAMENTO DA ORDEM ECONÔMICA • Valorização do trabalho humano • Livre iniciativa ➢ OBJETIVOS DA ORDEM ECONÔMICA • EXISTÊNCIA DIGNA ➔ não se pode permitir que as pessoas não atuem nessa sociedade de consumo comprando coisas • JUSTIÇA SOCIAL ➔ é atribuir a cada um o que é seu CDC LEI 8.078/90 • norma de ordem pública e interesse social e que deve ser aplicada a todas as relações que envolvem consumidores e fornecedores. ✓ As normas de ordem pública e de interesse social são aquelas que interessa a toda a sociedade e não somente as partes. • Qual a abrangência destas expressões? ✓ As decisões decorrentes das relações de consumo não se limitam as partes envolvidas em litígio; ✓ As partes não poderão derrogar(abolir) os direitos de consumidor; ✓ Juiz pode reconhecer de oficio direitos do consumidor ; ✓ O Código de Defesa do Consumidor trata-se de uma norma de ordem pública portanto, cogente, imperativa➔ sua observância é obrigatória ✓ pois tutela direitos indisponíveis das pessoas, de relevante interesse social.... ✓ e que deve ser aplicada a todas as relações que envolvem consumidores e fornecedores. ✓ Assim são serviços públicos sob a égide do CDC : água, luz, telefonia e pedágio. DESIGUALDADE ENTRE CONSUMIDOR E FORNECEDOR ➢ não se pode considerar na prática que consumidores e fornecedores estão no mesmo patamar de conhecimento quando iniciam uma determinada contratação. ➢ CDC Privilegia a parte mais frágil-hipossuficiente e procura equilibrar os pratos da balança ➔ oferecendo proteção jurídica ao consumidor ante as contratações com fornecedores. ➢ CDC se reconhece a vulnerabilidade do consumidor. CDC – MICROSSISTEMA MULTIDISCIPLINAR • O direito do consumidor ➔ Para tutelar o consumidor – vulnerável – na relação juridica ➔ multidisciplinar pq alberga em seu conteúdo várias disciplinas: • Direito Constitucional ➔ ex. Principio da dignidade humana • Direito Civil ➔ ex. Responsabilidade do fornecedor • Direito Processo civil ➔ ex. Onus da prova • Direito Administrativo ➔ ex. proteção administrativa do consumidor • Direito Penal ➔ ex. Infrações e sanções penais QUESTÃO 1. O Código de Defesa do Consumidor: A) estabelece normas de defesa e de proteção dos consumidores e fornecedores de produtos e serviços, de ordem pública e de interesse social. Justificativa: Erro proteção dos fornecedores B) estabelece normas de defesa e de proteção do consumidor, de ordem pública e de interesse social, regulamentando normas constitucionais a respeito C) prevê normas de interesse geral, dispositivas e de regulamentação constitucional. Justificativa: Inverídica, o CDC trata de normas de ordem pública, devendo ser seguida independente da vontade das partes, mesmo que expressamente estipulado. D) prevê normas de defesa e de proteção ao consumidor, dispositivas e de interesse individual, sem vinculação constitucional. Justificativa: Inverídica, o CDC trata de normas de ordem publica e com vinculação constitucional. E) estabelece normas de interesse coletivo geral, de ordem pública e interesse social, sem vinculação com normas constitucionais. Justificativa: inverídica, sem vinculação com normas constitucionais AULA 2 RESUMO AULA 1: ✓ Proteção Constitucional : • Art. 5º XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; ( clausula pétrea) • Art. 170. V - defesa do consumidor; ✓ Relação de Consumo ➔ desigual ➔ direito fundamental ✓ CDC lei 8.078/90 norma de ordem pública e interesse social ➔ sua observância é obrigatória. CDC➔ Privilegia a parte mais frágil-hipossuficiente RELAÇÃO DE CONSUMO ➢ O QUE É RELAÇÃO DE CONSUMO? • Relação de Consumo é a aquela na qual existe um consumidor, um fornecedor e um produto/serviço que ligue um ao outro. • Se não for de consumo será uma relação civil • Analise das partes, apara uma relação de consumo • ➔É requisito objetivo de existência dos três elementos. I. Consumidor II. Fornecedor III. Produto ou serviço • ➔é o “tripé” formado por consumidor, fornecedor e produto/serviço. • não sendo relação de consumo ➔ é aplicado o que está previsto no CC. ➢ CONCEITO DE CONSUMIDOR (LEI N° 8.078/90) • Consumidor (standard ou strictu sensu -art.2º caput CDC) • Art. 2º, caput, do CDC: “consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. • É o consumidor final, o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utilizá-lo. • Aquele que coloca um fim na cadeia de produção e não aquele que utiliza o bem para continuar a produzir. EXEMPLOS: Exemplo 1: um estudante que compra um computador para que possa fazer seus afazeres escolares em sua residência; (destinatário final) Exemplo 2: o pai de família que contrata junto ao banco empréstimo financeiro para quitar as dívidas do lar; CONSUMIDOR: DESTINATÁRIO FINAL (HÁ DUAS CORRENTES DOUTRINÁRIAS) CORRENTE FINALISTA: o produto ou serviço deve cumprir todas as etapas da cadeia econômica até chegar ao seu destino final, que tem como titular o consumidor. O consumidor é aquele que adquire o produto para uso próprio e de sua família, excluindo do conceito de consumidor o profissional que adquire o bem para o uso em sua profissão. CORRENTE MAXIMALISTA: Para os adeptos dessa teoria não importa se a pessoa física, jurídica ou profissional adquiriu oproduto ou serviço com o fim de lucro ou tão somente para consumo próprio. Para eles a aquisição de todo e qualquer produto ou serviço seria suficiente para enquadrar o adquirente como consumidor, não havendo se questionando se foi para uso próprio ou para fins lucrativos. • STJ flexibilizou o entendimento anterior para considerar destinatário final quem usa o bem em benefício próprio, independentemente de servir diretamente a uma atividade profissional. EXEMPLOS: • Exemplo 1: Uma indústria moveleira adquire matéria prima para a fabricação dos móveis, de acordo com a teoria maximalista, a indústria é considerada consumidora, tendo em vista que a mesma retirou o produto (matéria prima) do mercado, mesmo sendo com a finalidade de obtenção de lucro. • Exemplo 2: Uma pessoa adquire produtos de limpeza para realizar uma tarefa em sua casa. O intuito da compra foi para o seu uso pessoal e, não, com a finalidade de obter lucros. • Exemplo 3: Um estudante que adquire livros em uma livraria para estudar para uma disciplina. Observa-se que a finalidade da compra não é para atividades econômicas e, sim, para que ele possa adquirir conhecimento em um determinado assunto, portanto, ele deu uma destinação fática e econômica. (teoria finalista) OBSERVAÇÕES: • Mas se admite, excepcionalmente, a aplicação das normas do CDC a determinados consumidores profissionais, desde que demonstrada, em concreto, a vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica. • O adquirente do produto ou serviço pode ser vulnerável em relação ao fornecedor : ▪ pela dependência do produto; ▪ pelo monopólio da produção do bem ou sua qualidade insuperável; ▪ pela extremada necessidade do bem ou serviço; ▪ pelas exigências da modernidade atinentes à atividade • Exemplo: um estabelecimento de saúde que está vinculado ao único fornecedor de oxigênio do mercado; • Exemplo: de uma empresa de cosméticos que depende da prestadora serviços de informática para manutenção do seu sistema de rede. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO O que seria esta EQUIPARAÇÃO? Estariam todas as situações de consumo amparadas pelo CDC? • Significado de Equiparação: o Pessoas que mesmo não sendo adquirentes diretas do produto ou serviço, utilizam-no, em caráter final, ou a ele se vinculem, e venham a sofrer qualquer dano trazido pela realização do serviço ou pelo uso do produto. o Pessoas físicas ou pessoas jurídicas podem ser consumidores em BYSTANDERS!! • Art. 2º, parágrafo único, CDC, ➔ consumidor por equiparação: “a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo”. ➔ Proteção do CDC ➔ não só para quem diretamente o usa, mas para o público em geral. ➔ Ex. Uma montadora vende um carro com um defeito de fábrica, todas as pessoas que compraram aquele modelo de veículo daquele lote são consideradas consumidoras por equiparação. • Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. ➔SEÇÃO II- Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço ➔ danos causados por defeito no produto. ➢ Um acidente de consumo é configurado quando se constata um defeito no produto ou serviço que, além de torná-los inadequados para seu uso, também causa dano ao consumidor ou represente riscos à sua saúde ou segurança. COLETIVIDADE VITIMA DE ACIDENTE DE CONSUMO ➢ este artigo visa proteger aqueles que, mesmo não sendo consumidores, sofrem um dano em virtude de um acidente de consumo. ➢ Assim qualquer pessoa física ou jurídica que adquirir ou utilizar produtos ou serviços como destinatários finais, ou seja, retirando o produto do mercado e encerrando o processo econômico (já que a cadeia que se estabelece desde a produção até o consumo), serão considerados consumidores. EXEMPLO DE ACIDENTE DE CONSUMO • EXEMPLO:. uma imobiliária de uma cidade litorânea anuncia pela imprensa a venda de um loteamento cujos lotes ficam de frente para o mar, mas na realidade somente alguns poucos lotes tem essa característica, pois os demais ficam de frente para um morro”. ➔Está claro que a imobiliária fez propaganda enganosa, assim, toda a coletividade é consumidora por equiparação, pois o número de pessoas atingidas por essa publicidade é indeterminável. EXEMPLO:.“ uma pessoa compra uma televisão e a dá de presente a um amigo, este amigo, feliz da vida, recebe a televisão e a leva pra casa, porém ao ligar o aparelho este não funciona”. ➔Esse amigo que recebeu o aparelho de TV é consumidor por equiparação e pode pleitear junto ao fornecedor providências para que conserte o aparelho ou o substitua. ARTIGO 29 CDC SEÇÃO I - Das Disposições Gerais • Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. ➔ Há a possibilidade de se tutelarem os interesses de uma coletividade de pessoas que, mesmo sem qualquer contato pessoal, merecem ser igualmente protegidas como consumidores? ➔ estarão sujeitas às mesmas práticas elaboradas pelos fornecedores, e que poderão lhes causar algum tipo de dano. ➔ as pessoas que são consumidoras em potencial, que não são parte em um contrato de compra e venda ou de prestação de serviços, mas que podem vir a ser. • Exemplo. “uma pessoa compra maionese, faz uma salada e serve para alguns amigos. A maionese estava estragada e todos passam mal”. ➔Todos os amigos são consumidores por equiparação, pois foram atingidos pelo defeito do produto. RESUMO AULA ANTERIOR: ➢ Conceito ➢ consumidor – art,2 ➢ destinatário final ➢ vulnerabilidade ( tecnica, juridica, economica) ➢ Por equiparação ➢ Art.2, parag.U – coletividade – pessoas indetermináveis ➢ Art.17 – das vítimas do dano ➢ Art.29 – consumidores em potencial ➔não parte do contrato, mas podem vir a ser CONCEITO DE FORNECEDOR • art. 3º, caput: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços” • Todo praticante de uma atividade econômica dirigida ao mercado de consumo. • Abrange o produtor, o fabricante, o importador, o exportador, o comerciante, o prestador de serviços, entre outros. • Abrange quem desenvolve atividade de prestação de serviço. ➔ O fornecedor é gênero do qual são espécies o fabricante, o comerciante, o importador, etc.. • Pessoa física é a pessoa natural, é o ser humano. • Pessoa jurídica é um grupo humano, criado na forma da lei, com personalidade jurídica própria, para a realização de determinados fins. • Nacional – criada no Brasil, sob a égide das leis brasileiras, com sede no Brasil. • Estrangeiras – criadas em outros países, que tenha ou não sede no Brasil. • Pública – são os órgão públicos, de maneira geral. • Privada – são os comércios e as empresas particulares. • Entes despersonalizados – são os ambulantes - “camelôs”. • Habitualidade – é a principal característica do fornecedor. Fornecer produto ou serviço deve ser uma atividade habitual da pessoa. ➔ quem vende de forma eventual não é considerado fornecedor. Fornecedor: figuras do artigo 12 CDC • Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem.... • fabricante é aquele que realiza atividade econômica de transformação de produtos, enquadra-se neste conceito o manufaturador final, o manufaturador de componentes, de matérias-primas e o montador. • O produtor é quem desenvolve atividade econômica extrativa ou agropecuária, ou seja, no âmbito do CDC é o fornecedor de produtos não industrializados. • construtor coloca no mercado um produto imobiliário.• importador é responsável presumido e é aquele que introduz, de forma lícita ou ilícita, mercadorias de origem estrangeira no mercado nacional. Importador introduz no mercado nacional produto final como o de componente. • comerciante é aquele que realiza atividades de intermediação com o intuito lucrativo. • EXEMPLO. 1 “se uma loja de eletroeletrônicos vende uma TV, ela é fornecedora, pois faz isso com habitualidade, ou seja, esta é sua atividade”. Caso o aparelho apresente vício ou defeito o consumidor estará protegido pelas normas do CDC. • EXEMPLO. 2 “se uma pessoa vende um aparelho de TV, que tem em casa, a um amigo, porque adquiriu um aparelho novo, não está caracterizada a habitualidade, pois esta não é uma atividade de comércio que pratica com frequência”. Caso o aparelho apresente defeito, a proteção é dada pelo Código Civil, não haverá aplicação do CDC. FORNECEDOR E A HABITUALIDADE PROFISSIONAL - TJDF • A habitualidade profissional é imprescindível para que a parte seja considerada fornecedora e, dessa forma, se configure a relação de consumo, nos termos do artigo 3º da Lei 8.078/90. Trecho da ementa • “III. (...) Contudo, em que pese constar no contrato entre o autor e o referido réu que este atua como 'técnico em turismo' (...), não há qualquer indicativo de que ele atua com habitualidade na função. (...) V. (...) Em consequência, não há habitualidade na atividade ofertada pelo réu (...), o que afasta a relação de consumo no caso concreto, eis que ausente um dos requisitos para a formação da relação consumerista.” (grifos) • Acórdão 1166583, 07076383220188070005, Relator: ALMIR ANDRADE DE FREITAS, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do DF, data de julgamento: 24/04/2019, publicado no DJe: 30/04/2019. http://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=TURMAS_RECURSAIS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1166583 • Habitualidade do fornecedor – relação de consumo – impossibilidade de inversão do ônus probatório – prova diabólica • “3. Conquanto a relação jurídica estabelecida entre as partes seja de consumo, uma vez que a autora, ora agravante, adquiriu o produto como destinatária final e o agravado executa os serviços com habitualidade e de forma profissional, escorreito o indeferimento singular da inversão do ônus probatório, aplicando-se na espécie, a norma ordinária descrita no art. 373 do CPC. 4. Isso porque o toldo fabricado pelo agravado não mais existe, dada a substituição do produto por outro, de sorte que a comprovação de que aquele instalado pelo recorrido estava em condições estruturais de uso seguro, se revela impossível de ser por ele produzida (prova diabólica).” • Acórdão n. 1150809, 07191502720188070000, Relator: CESAR LOYOLA, 2ª Turma Cível, data de julgamento: 13/02/2019, publicado no DJe: 18/02/2019. PRODUTO OU SERVIÇO • art. 3º, § 1º, do CDC: Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. • art. 3º, § 2º, do CDC: Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. • PRODUTO é todo bem móvel ou imóvel, material ou imaterial, novo ou usado, fungível ou infungível, colocado no mercado de consumo. • São todos os produtos passíveis de serem comercializados. Incluem-se, entre esses produtos, a eletricidade e o gás. • SERVIÇO é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito ou securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. • Atenção: Quando o CDC trata da remuneração, não quer especificamente dizer a remuneração direta, ou seja, o pagamento direto efetuado pelo consumidor ao fornecedor, mas também a remuneração indireta, aquele benefício comercial indireto fruto da prestação de serviços ou do fornecimento de produtos aparentemente gratuitos. as atividades do artigo 3º do CDC não são taxativas. • Isso quer dizer que podem abarcar situações de gratuidade na oferta de bens, como nas amostras grátis ou na prestação do serviço. Ex. o transporte de passageiros portadores de milhas fruto do programa de fidelização. • A expressão “mediante remuneração” não deve ser interpretado à risca, porque existem situações em que não há remuneração mas ainda assim, terão a proteção/aplicação do CDC. • EXEMPLO. 1 – Estacionamento gratuito em shopping center. De gratuito não tem nada, na verdade, é, aparentemente, gratuito, pois o fornecedor lucra com as compras efetuadas e os serviços utilizados pelo consumidor, assim, se houver furto do veículo ou no veículo, o shopping deverá reparar o prejuízo de acordo com as regras do CDC. • EXEMPLO. 2 – Nas amostras grátis o pensamento é o mesmo, pois são uma forma de divulgação do produto, por isso se apresentar vício ou defeito o consumidor estará protegido pelo CDC. http://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1150809 SERVIÇO PÚBLICO • Nem todos os serviços públicos estão abrangidos pelo conceito de serviço do CDC. • Aos serviços públicos nos quais a contratação se der por meio de tarifa, taxa ou preço público, como pedágio, energia elétrica, ônibus, cabe o CDC, porém aos serviços fornecidos por meio de impostos não cabe aplicação do CDC. PRODUTO — DEFINIÇÃO LEGAL PRODUTO — DEFINIÇÃO DOUTRINÁRIA • Bem móvel • Bem imóvel • Bem material • Bem imaterial • Bem móvel • Bem imóvel • Bem material • Bem imaterial • Bem consumível fisicamente • Bem não consumível fisicamente • Bem fungível • Bem infungível • Bem principal • Bem acessório • Bem novo • Bem usado • Bem durável • Bem não durável • Amostra grátis PRODUTO OU BENS • art.3, §1° do CDC : “é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”. • O termo PRODUTO, que é mais abrangente, em detrimento de BENS e por isto art.3,§ 1°do CDC deve ser interpretado da maneira mais ampla possível. • PRODUTO- É qualquer bem, consumível fisicamente ou não, móvel ou imóvel, novo ou usado, material ou imaterial, fungível ou infungível, principal ou acessório. • produto usado no mercado desde que os demais elementos da relação jurídica estejam presente: que o vendedor seja um fornecedor • Ex: comprar um carro usado numa concessionária de veículos. • Obs: no caso de bem usado e da categoria duráveis, o consumidor terá 90 dias para reclamar dos vícios existentes levando em consideração o critério da vida útil do bem BENS MÓVEIS E IMÓVEIS • Aplica-se o CDC aos contratos imobiliários, bem como os contratos de empréstimos, financiamento e seguro para a realização deste, quando o consumidor for adquirir a casa própria. • STJ Resp 804.202 “a despeito da aquisição do seguro ser fator determinante para o financiamento habitacional,a lei não determina que a apólice deva ser necessariamente contratada frente ao próprio mutuante ou seguradora por ele indicada. • procedimento caracteriza a denominada “venda casada” vedada CDC art.39, I : “condena qualquer tentativa do fornecedor de se beneficiar de sua superioridade econômica ou técnica para estipular condições negociais desfavoráveis ao consumidor, cercando-lhe a liberdade de escolha.” • SUMULA 473 DO STJ “O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a segurada por ela indicada” BENS MATERIAS E IMATERIAIS E AS RELAÇÕES COM A INTERNET “CONTRATAÇÃO NO COMÉRCIO ELETRÔNICO” • Nas atividades bancárias identifica-se relações marcadas por bens imateriais: mutuo bancário, aplicação em renda fixa e caução de títulos. • uma das marcas distintivas das relações estabelecidas através da internet é a ubiquidade, e a desterritorialização ✓ Ubiquidade quer dizer existência concomitante em todos os lugares. ✓ A desterritorialização propiciada pelo meio eletrônico é que permite que os atos processuais sejam praticados fora do território da sua jurisdição CDC NOS CONTRATOS ELETRÔNICOS – DECRETO 7.692/2013 que regulamenta o CDC para dispor sobre a aquisição de produtos e serviços no comércio eletrônico. - Informações claras a respeito do produto, serviço e do fornecedor; - Atendimento facilitado ao consumidor; - Respeito ao direito de arrependimento; • O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. CDC NOS CONTRATOS ELETRÔNICOS – Decreto 7.692/2013 - que regulamenta o CDC para dispor sobre a aquisição de produtos e serviços no comércio eletrônico. • Art. 2° do Decreto 7.692/13 “os sítios eletrônicos ou demais meios eletrônicos utilizados para oferta ou conclusão de contrato de consumo, devem disponibilizar em local de destaque e de fácil visualização, as seguintes informações: • Nome empresarial e número de inscrição do fornecedor, quando houver, no cadastro nacional de pessoas físicas ou no cadastro nacional de pessoas jurídicas do ministério da fazenda. • Endereço físico e eletrônico e demais informações necessárias para sua localização e contato CDC NOS CONTRATOS ELETRÔNICOS – Decreto 7.692/2013 - que regulamenta o CDC para dispor sobre a aquisição de produtos e serviços no comércio eletrônico. • Características essenciais do produto ou do serviço, incluídos os riscos à saúde e a segurança dos consumidores • Discriminação, no preço, de quaisquer despesas adicionais ou acessórias, tais como as de entrega ou seguros. • Condições integrais da oferta, incluídas modalidades de pagamento, disponibilidade, forma e prazo da execução do serviço ou da entrega ou disponibilização do produto • Informações claras e ostensivas a respeito de quaisquer restrições à fruição da oferta. As contratações no comercio eletrônico deverão observar o cumprimento das condições de oferta, com a entrega dos produtos e serviços contratados, observados os prazos, quantidade, qualidade e adequação, sob pena de incidência das sanções administrativas constante do art.56 do CDC. Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em normas específicas: I - multa; II - apreensão do produto; III - inutilização do produto; IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente; V - proibição de fabricação do produto; VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço; VII - suspensão temporária de atividade; IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade; X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade; XI - intervenção administrativa; XII - imposição de contrapropaganda. Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento administrativo. BENS DURÁVEIS E NÃO DURÁVEIS Nenhum bem de consumo pode ser considerado eterno. A classificação é feita tendo em vista o grau de exaurimento em razão do uso. • BENS DURÁVEIS: são os bens tangíveis que não se extinguem após o uso regular. Ex: automóveis, peças de vestuário, eletrodoméstico e eletroeletrônicos. há o desgaste natural do uso, que não pode ser confundido com o vício. O tempo faz com que o bem perca seu desempenho. o critério de vida útil do bem de consumo e os prazos decadenciais do art. 26 do CDC: Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: I – 30 dias tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II - 90 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. § 2°Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; II - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. Art. 27. Prescreve em 5 anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. • BENS NÃO DURÁVEIS: São aqueles cujas finalidades para as quais se destinam desaparecem com o seu uso regular em um curto período de tempo. Sempre será um prazo menor comparado com os bens duráveis Ex: alimentos, remédios, bebidas ( ou paulatinamente: caneta e sabonete) • AMOSTRA GRÁTIS: A questão se baseia em saber se o bem entregue sem exigir contraprestação pecuniária do consumidor está protegido pelo CDC Ex. Vc foi ao shopping e recebeu uma amostra grátis de xampu e ao utilizar o cabelo caiu. SIM aplica-se o CDC, pois o CDC não exige no art.3 que a aquisição seja remunerada na entrega do produto de maneira gratuita, não deixa de ter uma finalidade lucrativa. Trata-se de Marketing com o objetivo de conquistar o consumidor!!!! Portanto, A amostra grátis é objeto da relação jurídica e está submetido a todas as exigências legais de qualidade, garantia, durabilidade, proteção contra vícios defeitos.... ➔ Teoria do risco que fundamenta a responsabilidade objetiva que é a regra do CDC. O fornecedor deve responder pelo ressarcimento independente de dolo ou culpa. SERVIÇO • Serviço: É qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. (CDC art. 3, §2°) Mas o serviço deve ser prestado por aquele que se enquadra como fornecedor e exercido para um consumidor. ASPECTOS: a) EXIGÊNCIA DE REMUNERAÇÃO: É a contraprestação imediata feita pelo consumidor ao utilizar um serviço no mercado de consumo. Tanto a direta como indireta • Exemplo: pagar o estacionamento no shopping. Pagar o conserto da máquina de lavar roupa.REMUNERAÇÃO INDIRETA- quando o shopping não cobra o estacionamento, mas oferece como serviço gratuito. Ele não deixa de ser remunerado, uma vez que o valor está embutido nos diversos produtos vendidos no shopping!!!! • STJ (RESP 566.468) “para a caracterização da relação de consumo, o serviço pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneração obtida de forma indireta.” • Ex.As milhas de cartão de crédito para beneficiar passagens aéreas “gratuitas”. Não possuem cortesia e benesse, são práticas que visam fidelizar o consumidor, e adquirem e contratarem cada vez mais pelos seus serviços (remuneração indireta). • A gratuidade não deixa de ser uma falácia, há sempre remuneração do fornecedor de maneira, direta ou indireta. SERVIÇO TOTALMENTE GRATUITO: • SERVIÇO TOTALMENTE GRATUITO: sem qualquer tipo de remuneração (nem direta, nem indireta) e não há ressarcimento dos custos de forma alguma. Quando isto ocorre? Ou de que forma? • em razão da natureza do serviço o seu prestador não tenha cobrado o preço. Ex. medico que atende alguém na rua passando mal. Mas atenção • STJ – decidiu pela não incidência do CDC ao serviço público de saúde por entender não ser remunerado: “o CDC exige a configuração necessariamente que a atividade seja prestada mediante remuneração no serviço médico em hospital público inexiste qualquer forma de remuneração . A remuneração do serviço de saúde pública é por meio de impostos (tributação) SERVIÇOS PÚBLICOS • SERVIÇOS PUBLICOS: Nem todos os serviços públicos estão abrangidos pelo conceito de serviço do CDC. • Não se aplica o CDC aos SERVIÇOS FORNECIDOS POR MEIO DE IMPOSTOS • Aplica-se o CDC aos serviços públicos nos quais a contratação se der por meio de tarifa, taxa ou preço público. EX. pedágio, energia elétrica, ônibus, • A tarifa é a remuneração do concessionário, resultado da soma de dois elementos: o custo da atividade e a margem de efetivo ganho (lucro) • A tarifa tem caráter negocial é uma espécie de preço público (ausência de compulsoriedadade, a administração atua como particular, sem imposição) e natureza negocial – natureza contratual, • Art. 22 do CDC. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
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