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2 Superelevação e superlargura de uma rodovia Ao final deste módulo, você será capaz de calcular superelevação e superlargura de uma rodovia. Superelevação e superlargura Quando se define a velocidade diretriz para o projeto geométrico de uma estrada, busca-se estabelecer condições tais que permitam aos usuários o desenvolvimento e a manutenção de velocidades de percurso próximas a essa velocidade de referência em condições de conforto e segurança. Essas condições de operação naturalmente, devem ser analisadas em duas situações diferentes. 06:55 Trecho em tangente Quando percorre um trecho em tangente, um motorista experimenta alguma facilidade para efetuar pequenas manobras de ajuste lateral durante o curso do automóvel, não estando sujeito a esforços laterais devido à geometria da rodovia. Trecho em curva Quando percorre um trecho em curva, estes esforços laterais surgem e passam a atuar sobre o veículo. De forma geral, há uma sensação de maior confinamento imposta pelo trecho em curva a um usuário, influenciando sua disposição em manter a velocidade de operação nos trechos em tangente e em curva. Assim, surgem os conceitos de superelevação e superlargura para minimizar o impacto negativo desses fatores inerentes aos trechos curvos, que trazem condições de operação mais homogêneas para os usuários ao longo das estradas. Vamos estudá-los, portanto! Superelevação Ao percorrer um trecho de rodovia em curva horizontal com certa velocidade, um veículo fica sujeito à ação de uma força centrífuga, que atua no sentido de dentro para fora da curva, tendendo a mantê-lo em trajetória retilínea, tangente à curva, como é mostrado na figura a seguir. Isso obriga o condutor do veículo a virar o volante no sentido da curva para manter o veículo na trajetória desejada. Forças atuantes num veículo em curva. Em que: • P = peso do veículo; • N = reação normal à superfície do pavimento, devido ao peso do veículo; • Fa = força de atrito transversal; • Fc = força centrífuga; A superelevação é medida pela inclinação transversal da pista em relação ao plano horizontal, sendo expressa em proporção (m/m) ou em percentagem (%). Estando a pista inclinada com um ângulo α, a superelevação (e) pode ser expressa por: Com as leis de equilíbrio no eixo x e y, e relacionando as duas expressões, temos gerada a seguinte equação: Em que: • m = massa do veículo, em kg; • v = velocidade diretriz, em m/s; • R = raio de curvatura horizontal, em m; • f = coeficiente de atrito transversal pneu/pavimento; • g = aceleração da gravidade, em m/s². Nos casos normais de rodovias rurais, o coeficiente de atrito (f) e o valor da superelevação (e) são pequenos, de modo que o produto (f. e) aproxima-se de zero. Assim, temos: Nas unidades usuais, ou seja, R em metros, V em km/h e g = 9,8m/s², tem-se: e = tg α (proporção em m/m) ou e = 100 ⋅ tg α(%) v 2 g⋅R ⋅ (1 − f ⋅ e) = e + f v 2 g⋅R = e + f → e = v 2 g⋅R − f Onde: • e = superelevação (m/m); • V = velocidade diretriz (km/h); • R = raio de curvatura (m); • f = coeficiente de atrito transversal, entre pneu/pavimento. A relação entre f e a velocidade é dada por meio da tabela a seguir: 30 0,2 40 0,18 50 0,16 60 0,15 70 0,15 80 0,14 90 0,14 100 0,13 110 0,12 e = V 2 127⋅R − f V (km/h) f máx Tabela: Relação entre coeficiente de atrito transversal pneu/pavimento e velocidade. Extraído de Manual de projeto geométrico de rodovias rurais (DNER, 1999, p.71) Para curvas com raios muito grandes em relação à velocidade diretriz de projeto, os efeitos da força centrífuga resultariam desprezíveis, sendo possível projetar seções transversais da pista nessas curvas nas mesmas condições consideradas para os trechos em tangente, ou seja, com abaulamentos, dispensando o uso de superelevações. A relação ente velocidade e raio é dada por meio da tabela a seguir: 30 450 40 800 50 1250 60 1800 70 2450 80 3200 90 4050 >100 5000 Tabela: Relação entre velocidade diretriz e raio de curvatura. Extraído de Manual de projeto geométrico de rodovias rurais (DNER, 1999, p.97) V (km/h) f máx V (km/h) R(m) Por outro lado, pode-se relacionar as taxas de superelevação máxima em 8 ou 10%, sendo 10% reservado para as Classes 0 e I, e 8% reservado para as outras Classes. Em regra geral, o critério para a determinação dos valores de superelevação para qualquer curva horizontal é a adotada pela seguinte equação: Onde: • superelevação a adotar para a curva com raio , em ; • superelevação máxima para a classe de projeto, em ; • raio mínimo de curva para a velocidade diretriz dada, em ; • raio da curva circular utilizada na concordância, em . Superlargura As normas, manuais ou recomendações de projeto geométrico estabelecem as larguras mínimas de faixas de trânsito a adotar para as diferentes classes de projeto, levando em consideração aspectos de ordem prática, tais como as larguras máximas dos veículos de projeto e as respectivas velocidades diretrizes para o projeto. e R = e máx ( 2⋅R min n R − R 2 min R 2 ) e R = R % e máx = % R min = m R = m Essas faixas de trânsito são fixadas com folgas suficientes em relação à largura máxima dos veículos, para permitir tanto sua acomodação estática, mas também suas variações de posicionamento em relação às trajetórias longitudinais. O cálculo é feito baseado na fórmula a seguir: Onde: • = a largura do veículo padrão considerado; • = a folga. L = 2 ⋅ l + f l f Devido a efeitos de deformação visual às dificuldades naturais de um veículo pesado em trajetória curva, os trechos em curva horizontal provocam aparência de estreitamento da pista à frente dos usuários, provocando sensação de confinamento. Para compensar esses fatores, os trechos em curva podem ser alargados, de forma a oferecer aos usuários melhores condições de continuidade quanto à sensação de liberdade de manobra ou melhores condições de fluidez, no que diz respeito à disponibilidade de largura de faixa de trânsito. Denomina-se superlargura à largura adicional das faixas de trânsito, a ser projetada para os trechos em curva sendo representada pela letra S. O método do DNER assevera que a superlargura é obtida calculando a largura total da pista necessária no trecho curvo, para o veículo de projeto adotado, deduzindo a largura básica estabelecida para a pista Curiosidade Nos trechos em curva os veículos ocupam fisicamente espaços laterais maiores do que as suas próprias larguras. em tangente. Trajetória de um veículo numa curva. A fórmula da superlargura é dada por: Em que: Sendo: • S = superlargura total (m); • R = raio da curva(m); • Lt = largura total da pista de rolamento com duas faixas, na curva (m); • Lb = largura da pista de rolamento com duas faixas, em tangente (m); • Gl = folga lateral do veículo de projeto em movimento (m). De acordo com a tabela abaixo, é possível ver a relação entre Lb e Gl. 6,00/6,40 0,60 6,60/6,80 0,75 7,00/7,20 0,90 Tabela: Relação entre a largura da pista e a folga lateral do veiculo. Extraído de Manual de projeto geométrico de rodovias rurais (DNER, 1999, p.76) S = Lt − Lb Lt = 2(Gc + Gl + Gbd) + V 10 √ R Lb(m) Gl(m) É necessário calcular também o gabarito estático do veículo de projeto (m). O Gc, pode ser calculado de acordo com a fórmula: Onde: • Lv = a largura física do veículo de projeto, em metros. Para veículos de projeto semirreboques e caminhões, Lv = 2,60m. • E = a distância entre eixos do veículo de projeto, em metros. • R é o raio da curva circular. Já o gabarito de balanço dianteiro GBD de um veículo, em metros, pode ser obtido da seguinte maneira: Gc = Lv + E 2 2R Gbd = √ R 2 + Bd(2E + Bd) − R Atenção Para caminhões, considera-se: • BD = 1,20m; • E = 6,10m. A tabela a seguir apresenta os valores dos raios, acima dos quais é dispensável o alargamento: V (km/h) 30 40 Largura básica da pista em tangente= 7,20 m R (m) 130 160 R (m) 270 300 Largura básica da pista em tangente = 6,60 m R (m) 340 430 Tabela: Valores dos raios nos quais é dispensável o alargamento. Extraída de Manual de projeto geométrico de rodovias rurais (DNER, 1999, p.77-79) Mão na massa Mão na massa 1 Numa rodovia de Classe I, temos: . Se uma curva nessa rodovia tem raio de 600m, calcule a superelevação a ser adotada e escolha a mais adequada dentre as opções a seguir: e máx = 8%, V = 100km/h Parabéns! A alternativa A está correta. , o que equivale a um , de acordo com a tabela a seguir: 30 0,2 40 0,18 50 0,16 V = 100km/h f máx = 0, 13 V (km/h) f máx 60 0,15 70 0,15 80 0,14 90 0,14 100 0,13 Tabela: Relação entre coeficiente de atrito transversal pneu/pavimento e velocidade. Extraído de Manual de projeto geométrico de rodovias rurais (DNER, 1999, p.71) Pela fórmula do Raio Mínimo, temos: Substituindo, temos: O que nos fornece: R = 374,75m Substituindo para se encontrar a superelevação adequada à curva, temos: V (km/h) f máx e = V 2 127⋅R − f 0, 08 = 100 2 127⋅R − 0, 12 e R = e máx ⋅ ( 2 ⋅ R min R − R 2 min R 2 ) e R = 8 ⋅ ( 2.374, 95 600 − 374, 95 2 600 2 ) Resolvendo, temos: 6,9% Mão na massa 2 Numa rodovia de Classe II, temos: . Se uma curva nessa rodovia tem raio de 400m, calcule a superelevação a ser adotada e escolha a mais adequada dentre as opções a seguir: e máx = 6%, V = 80km/h Parabéns! A alternativa B está correta. A velocidade diretriz é de 80km/h, que equivale a um fmáx = 0,14, pela tabela a seguir: 30 0,2 40 0,18 50 0,16 60 0,15 70 0,15 80 0,14 V (km/h) f máx 90 0,14 100 0,13 110 0,12 Tabela: Relação entre coeficiente de atrito transversal pneu/pavimento e velocidade. Extraído de Manual de projeto geométrico de rodovias rurais (DNER, 1999, p.71) Pela fórmula do Raio Mínimo, temos: Substituindo, temos: O que nos fornece: R = 251,97m Substituindo para encontrar a superelevação adequada à curva, temos: Resolvendo, temos: 5,2%, correspondendo à letra B. V (km/h) f máx e = V 2 127⋅R − f 0, 06 = 80 2 127⋅R − 0, 14 e R = e máx ⋅ ( 2 ⋅ R min R − R 2 min R 2 ) e R = 6 ⋅ ( 2.251, 97 400 − 251, 97 2 400 2 ) Mão na massa 3 Calcule a superlargura em uma curva horizontal, sendo dados os seguintes elementos: • Largura do veículo: Lv= 2,50m; • Distância entre os eixos do veículo: 6,10m (E); • Distância entre a frente do veículo e o eixo dianteiro: 1,20m (Bd); • Raio da curva: 200m; • Velocidade de projeto: V= 80km/h; • Faixas de tráfego de 3,6m (Lb = 7,2m); • Número de faixas: 2. Das alternativas a seguir, arredonde o resultado para o múltiplo de 0,20m imediatamente superior. Parabéns! A alternativa B está correta. Vamos calcular inicialmente cada parcela da superlargura. Como Lb = 7,2m, Gl, de acordo com a tabela a seguir, é igual a 0,90. 6,00/6,40 0,60 6,60/6,80 0,75 7,00/7,20 0,90 Tabela: Relação entre a largura da pista e a folga lateral do veiculo. Extraído de Manual de projeto geométrico de rodovias rurais (DNER, 1999, p.76) Lb(m) Gl(m) Agora, o gabarito estático do veículo, de acordo com a Fórmula: Substituindo: Gbd é o balanço dianteiro do veículo, em metros, de acordo com a fórmula: Substituindo: Agora que nós temos todas as parcelas, calculemos a superlargura: Mas: Resposta: A superlargura é de 0,39m. Arredondando para cima, 0,40m. Alternativa B, portanto. Gc = Lv + E 2 2R Gc = 2, 5 + 6,1 2 2.200 = 2, 593 m Gbd = √ R 2 + Bd(2E + Bd) − R Gbd = √ 200 2 + 1, 20(2 ⋅ 6, 1 + 1, 20) − 200 Gbd = 0, 040m Lt = 2(2, 593 + 0, 90) + (0, 040) + 80 10 √ 200 Lt = 7, 59 m S = Lt − Lb S = 7, 59 − 7, 2 = 0, 39 m Mão na massa 4 Calcule a superlargura em uma curva horizontal, sendo dados os seguintes elementos: • Largura do veículo: Lv= 2,40m; • Distância entre os eixos do veículo: 7,00m (E); • Distância entre a frente do veículo e o eixo dianteiro: 1,40m (Bd); • Raio da curva: 180m; • Velocidade de projeto: V= 100km/h; • Faixas de tráfego de 3,6m (Lb = 7,2m); • Número de faixas: 2. Das alternativas a seguir, arredonde o resultado para o múltiplo de 0,20m imediatamente superior. Parabéns! A alternativa C está correta. Vamos calcular inicialmente cada parcela da superlargura. Como Lb = 7,2m, Gl, de acordo com a tabela a seguir, é igual a 0,90. 6,00/6,40 0,60 Lb(m) Gl(m) 6,60/6,80 0,75 Tabela: Relação entre a largura da pista e a folga lateral do veiculo. Extraído de Manual de projeto geométrico de rodovias rurais (DNER, 1999, p.76) Agora, o gabarito estático do veículo, de acordo com a fórmula: Substituindo: Gbd é o balanço dianteiro do veículo, em metros, de acordo com a fórmula: Substituindo: Agora que temos todas as parcelas, calculemos a superlargura: Mas: Lb(m) Gl(m) Gc = Lv + E 2 2R Gc = 2, 4 + 7 2 2.180 = 2, 5361 m Gbd = √ R 2 + Bd(2E + Bd) − R Gbd = √ 180 2 + 1, 40(2.7 + 1, 40) − 180 Gbd = 0, 0599m Lt = 2(2, 5361 + 0, 90) + (0, 0599) + 100 10 √ 180 Lt = 7, 68 m Resposta: A superlargura é de 0,48m. Em condições práticas, arredonda-se para o múltiplo de 0,20m imediatamente superior, levando à resposta para 0,60m, alternativa C, portanto! S = Lt − Lb S = 7, 68 − 7, 26 = 0, 48m Mão na massa 5 Calcule o raio a partir do qual é dispensável a superlargura em uma curva, tendo a velocidade diretriz da rodovia de 110km/h, e largura básica da pista de 3,60m (rodovia em duas pistas). Parabéns! A alternativa D está correta. A seguir, vemos de novo a tabela de valores dos raios, acima dos quais é dispensável o alargamento: V (km/h) 30 Largura básica da pista em tangente = 7,20 m R (m) 130 R (m) 270 300 Tabela: Valores dos raios nos quais é dispensável o alargamento. Extraída de Manual de projeto geométrico de rodovias rurais (DNER, 1999, p.77-79) Tendo em vista que sobre uma rodovia passam vários tipos de veículos, temos que verificar, dentre as soluções apresentadas, a pior situação. Para o caso em que a velocidade é superior a 100km/m, a pior situação é a do semirreboque, que aponta um R = 600m. Corresponde, portanto, à alternativa D. Mão na massa 6 Numa rodovia de Classe I, temos: . Se uma curva nessa rodovia tem raio de 3.000m, calcule a diferença dessa superelevação para uma outra curva nessa mesma rodovia que tenha raio de 6.000m. e máx = 8%, V = 100km/h Parabéns! A alternativa A está correta. Cálculo de superelevação de uma curva Teoria na prática Calcule a superlargura em uma curva horizontal, dados os seguintes elementos: • Largura do veículo: Lv = 2,50m; • Distância entre os eixos do veículo: 6,50 m (E); • Distância entre a frente do veículo e o eixo dianteiro: 1,10m (Bd); • Raio da curva: 280 m; • Velocidade de projeto: V = 90 km/h; • Faixas de tráfego de 3,3 m (Lb = 6,6 m); • Número de faixas: 2. _black Vamos calcular, inicialmente, cada parcela da superlargura. Como Lb = 6,6m, Gl, de acordo com a tabela a seguir, é igual a 0,75. 6,00/6,40 0,60 6,60/6,80 0,75 7,00/7,20 0,90 Tabela: Relação entre a largura da pista e a folga lateral do veiculo. Extraído de Manual de projeto geométrico de rodovias rurais (DNER, 1999, p.76) Agora, o gabarito estático do veículo, de acordo com a fórmula: Substituindo: Gbd é o balanço dianteiro do veículo, em metros, de acordo com a fórmula: Substituindo: Lb(m) Gl(m) Gc = Lv + E 2 2R Gc = 2, 5 + 6,5 2 2⋅280 = 2, 575 m Gbd = √ R 2 + Bd(2E + Bd) − R Gbd = √ 280 2 + 1, 10(2.6, 5 + 1, 10) − 280 Gbd = 0, 028 m Agora que temos todas as parcelas, calculemos a superlargura: Mas: Resposta: A superlargura é de 0,62m. Em condições práticas, arredonda-se para o múltiplo de 0,20 m imediatamente superior. Cálculo de superlargura de uma curva Lt = 2(2, 575 + 0, 75 + 0, 028) + 90 10 √ 280 Lt = 7, 216 m S = Lt − Lb S = 7, 216 − 6, 6 = 0, 62 m 04:36 Vamos praticar alguns conceitos? Falta pouco para atingir seus objetivos. Questão1 Os efeitos da superelevação existem para se contrapor à existência da força: Parabéns! A alternativa C está correta. Quando um veículo faz uma curva, é necessária a adoção de uma superelevação para combater os efeitos da força centrífuga. Corresponde, portanto, à alternativa C. Questão 2 A superlargura é: Parabéns! A alternativa B está correta. Entende-se como superlargura a largura adicional da pista, nas seções transversais em curva de uma rodovia. A alternativa que mais se adequa é a D.
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