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Arthur Rodrigues Cardoso - Turma 150 Universidade Federal de Pernambuco TRANSMISSÃO SINÁPTICA Uma célula sofre potencial de ação, e para percebermos certo estímulo é necessária a propagação desse potencial de ação. Isso requer que essa propagação aconteça de alguma forma,que seria a transmissão sináptica. Na Transmissão Sináptica, temos 3 elementos básicos: 1. Neurônio (Pré-sináptico: onde é gerado o potencial de ação) 2. Fenda sináptica (espaço entre os dois elementos) 3. Neurônio ou Glândula (Pós-sináptico: pode ou não gerar potencial de ação) A transmissão sináptica acontece no SNC e no SNP. É a forma de controle do sistema nervoso com as outras células, a partir da passagem do potencial de ação entre duas células (ou não passagem, mas é sempre necessária a existência do potencial de ação no elemento pré-sináptico). É uma comunicação entre duas células que gera uma resposta fisiológica: sendo ela um comando neuronal ou uma contração muscular. Sinapses Elétricas: temos dois elementos nas Sinapses Elétricas: o pré e o pós sináptico. A célula pré-sináptica sofre potencial de ação e abre canais iônicos (inicialmente de sódio e depois o de potássio). Para que ela aconteça, é necessário: 1. Proximidade entre as células (20 nm entre as membranas, e 3,5 nm entre as Fendas Sinápticas); 2. Canais iônicos correspondentes de uma célula e outra (Connexion, formados por 6 conexinas): Junção GAP/Junção Comunicante/MCanal Quando a célula sofre o potencial de ação, os íons fluem pelo canal pré-sináptico, para a outra célula. Acontece praticamente sem retardo, de forma muito rápida. Para que haja a sinapse elétrica, as células pré-sináptica e pós-sináptica devem sofrer potencial de ação conjuntamente. Esse tipo de sinapse é pouco presente no cérebro de mamíferos, acontecem mais nas fases iniciais (intraútero) do desenvolvimento neuronal do indivíduo. No entanto, ela é encontrada no tecido muscular (Músculo liso e cardíaco). Quando um miócito se despolariza (recebe informação), todas as células ligadas a ele vão se despolarizar (receber a mesma informação), tendo sua resposta subsequente (Sincício: contração simultânea das células a partir do recebimento rápido do potencial de ação). A Sinapse Elétrica pode ser bidirecional: Célula A pode ser a primeira a ser despolarizada (elemento pré-sináptico) e transmitir o potencial de ação para Célula B (elemento pós-sináptico), e vice-versa. É excitatória/despolarizante (células que podem sofrer potencial de ação): fidedigna (da mesma forma que acontece em uma célula, acontece em outra) e com menor plasticidade (a plasticidade é um fenômeno que acontece no SNC que permite alterações no funcionamento do SNC a depender dos estímulos que aquele sistema recebe; é a capacidade de receber novas informações e modificá-las a depender dos estímulos que recebem; A sinapse elétrica libera substâncias chamadas Fatores Tróficos que induzem o crescimento de novas células, sobretudo as que são do mesmo tipo. Por isso, essa capacidade plástica é baixa, já que só produzem células do mesmo tipo). Arthur Rodrigues Cardoso - Turma 150 Universidade Federal de Pernambuco Sinapses Químicas: é uma sinapse que tem os mesmos elementos da Elétrica, mas com a presença de um NEUROTRANSMISSOR (mediador/substância química, produzida e liberada pelo neurônio), que é um instrumento ligante da célula pré-sináptica que se acopla ao meio extracelular da célula pós-sináptica, gerando mudanças elétricas nela (essas mudanças elétricas acontecem nas duas sinapses, mas na química é mediada pelo neurotransmissor). Para que isso ocorra, na célula pré-sináptica é OBRIGATÓRIA a existência de um potencial de ação. Não existe bidirecionalidade na sinapse química. Ela é unidirecional, pois o dendrito não pode sofrer potencial de ação e ele não possui neurotransmissores. Necessariamente os neurotransmissores vão ser liberados em receptores, por isso também não pode ser bidirecional, já que cada elemento (pré e pós-sináptico) tem seu papel bem definido. Na sinapse química há um retardo, já que a liberação e difusão do neurotransmissor consome um tempo que varia de 0,25 a 1 ms. Também há ocorrência de fadiga, quando há uma estimulação repetitiva de sinapses. Isso porque, os mecanismos de síntese do neurotransmissor não acompanham a quantidade gasta. A falta de oxigênio (Hipóxia) cessa a transmissão sináptica, assim como o uso de drogas podem excitar ou inibir a atividade sináptica. A alcalose (ganho excessivo de bases) favorece a excitabilidade sináptica, assim como a acidose(ganho excessivo de ácidos) inibe-a. Os neurotransmissores agem em proteínas da espinha dendríticas (foto acima), os receptores: alguns são canais regulados por ligantes, onde o ligante é o neurotransmissor. Mas nem todos os receptores são canais. Os que são, possuem sítios de ligação para neurotransmissores, gerando influxo ou efluxo de íons quando o neurotransmissor é acoplado no receptor, despolarizando a célula - mas sem sofrer potencial de ação. Raramente Arthur Rodrigues Cardoso - Turma 150 Universidade Federal de Pernambuco isso modifica a voltagem da célula a ponto de ativar os canais de sódio dependentes de voltagem que existem no cone axonal. Há a despolarização na célula pós-sináptica, mas não há potencial de ação. Existem sinapses químicas em que há o potencial de ação na célula pós-sináptica. Na sinapse da junção neuromuscular (entre um neurônio muscular e um músculo esquelético), a célula pós sináptica (do músculo esquelético) sofre potencial de ação. É uma sinapse que ocorre perifericamente. (Potencial graduado excitatório na célula pós-sináptica) O SN Central e Periférico só compreende sinais elétricos, mas esses sinais podem ser mediadas quimicamente. Cada neurônio produz um neurotransmissor específico, devido ao grupamento enzimático que cada neurônio possui. A informação é transmitida mesmo sem haver transferência de potencial de ação, pois o potencial de ação só é necessário para a liberação do neurotransmissor. Os neurotransmissores podem induzir na célula pós-sináptica uma excitação ou inibição. Uma única sinapse química dificilmente gera potencial de ação na célula pós-sináptica no SNC, no SNP geralmente gera um potencial de ação. Ela gera uma despolarização ou hiperpolarização e, se somar essas despolarizações, pode haver um potencial de ação. (isso confere elevada plasticidade cerebral, e por isso a Sinapse Química é mais frequente no SNC). As Sinapses pode acontecer nos seguintes casos: - Axônio - Espinho-dendrítico (Sinapse Axo Dendrítica) - Axônio - Corpo celular/Soma (Sinapse Axo Somática) - Axônio - Axônio (a Sinapse Elétrica pode acontecer dessa forma, pois possuem canais de sódio) (Sinapse Axo Axônica) No neurônio, o elemento pré-sináptico sempre é o Axônio, pois é onde ocorre a geração de potencial de ação. O dendrito não tem como gerar potencial de ação e não possui neurotransmissores, por isso não é nunca um elemento pré-sináptico. ETAPAS FUNDAMENTAIS DA NEUROTRANSMISSÃO NA SINAPSE QUÍMICA 1. SÍNTESE: Para um neurônio produzir um neurotransmissor, é necessário um substrato e as enzimas específicas. A síntese dos neurotransmissores podem ser gerados no axônio ou no corpo celular. O grupamento enzimático que existe no neurônio é o que dá essa especificidade. Ex: Neurônio Colinérgico, Catecolaminérgico,... Arthur Rodrigues Cardoso - Turma 150 Universidade Federal de Pernambuco A acetilcolina foi o primeiro neurotransmissor a ser descoberto. Ela é degradada na fenda sináptica, liberando colina (substrato/substância/aminoácido que produz o neurotransmissor) para os novos neurônios produzirem novas acetilcolinas (“reciclagem do aminoácido para formar novos neurotransmissores”). O Alzheimer parece ser decorrente do mal funcionamento dos neurônios colinérgicos. O aminoácido Tirosina (não essencial) é produzida a partir da fenilalanina (aminoácido essencial) produz as Catecolaminas (Dopamina - neurotransmissorresponsável pela sensação de recompensa/prazer, Norepinefrina/Noradrenalina e Epinefrina - neurotransmissor responsável por ativação do organismo, deixar em estado de alerta). O Triptofano é um aminoácido essencial que produz o neurotransmissor Serotonina, considerado neurotransmissor da felicidade/bom-humor. É o principal neurotransmissor envolvido na teoria da Depressão. Os principais neurotransmissores excitatórios (gera despolarização) no SN são os Aspartato e Glutamato, e o ácido gama aminobutírico (GABA) é exclusivamente inibitório (gera hiperpolarização). São os mais abundantes no SNC. Um mesmo neurotransmissor pode ser excitatório ou inibitório, menos os Aspartato, Glutamato e GABA. O excesso de neurotransmissores excitatórios no organismo pode gerar morte celular. O óxido nítrico (facilita aprendizagem) é um neurotransmissor atípico (gasoso) que se espalha em uma determinada região, podendo atuar na célula pós-sináptica ou na célula antes da pré-sináptica que o liberou. Também é o principal vasodilatador do nosso corpo. O monóxido de carbono, capaz de matar por asfixia, é produzido no SNC e também é um neurotransmissor. 2. ARMAZENAMENTO E LIBERAÇÃO: O armazenamento acontece nas vesículas, que podem sofrer exocitose (única estratégia de liberação). A maioria dos neurotransmissores são solúveis em água, logo tem dificuldade de atravessar a membrana lipídica, e tem alto peso molecular, portanto não pode passar pelos canais. A quantidade de neurotransmissores dentro de uma vesícula é 1 quantum de neurotransmissor. A célula sofre potencial de ação, despolariza a sua membrana. O canal de cálcio (proteína) é ativado pela despolarização da membrana do axônio, havendo influxo de cálcio, que é o elemento que arrasta a vesícula que engloba os neurotransmisores. As vesículas se acoplam/se fundem à membrana plasmática do axônio e o cálcio não é liberado na fenda sináptica, apenas os neurotransmissores (por exocitose). Para o cálcio voltar ao meio extracelular é necessário uma bomba de cálcio. Se o neurotransmissor não for englobado por vesículas não conseguem ser transmitidos, já que são estruturas polares. Por isso, também, os neurotransmissores não atravessam livremente a membrana pós-sináptica (precisaria de um mecanismo específico de transporte) e só agem na parte EXTERNA dos receptores de membrana da célula pós-sináptica. Arthur Rodrigues Cardoso - Turma 150 Universidade Federal de Pernambuco 3. AÇÃO NO RECEPTOR/INTERAÇÃO COM O RECEPTOR: o neurotransmissor se acopla ao sítio ativo do receptor da célula pós sináptica. Esse receptor gera uma mudança elétrica na célula pós-sináptica no sentido da despolarização (torna a célula com maior capacidade de sofrer potencial de ação, mas não necessariamente vai ter. Apenas se for atingido o limiar de excitabilidade) ou hiperpolarização (torna a célula mais distante de ter potencial de ação, não provocando-o). Por isso, dificilmente a célula pós-sináptica sofre potencial de ação, mesmo que o estímulo seja excitatório. Cada neurotransmissor só age no seu receptor específico, alterando sua permeabilidade. A alteração da permeabilidade provoca uma mudança no potencial de membrana da célula pós-sináptica. Isso resulta no aparecimento de uma variação de potencial denominada potencial pós-sináptico (PPS). Conforme o tipo de sinapse química, excitatória ou inibitória, o neurotransmissor produzirá um PPS despolarizador (excitatório, PPSE) ou hiperpolarizador (PPSI) de membrana. Existe mais de um tipo de receptor: a Serotonina tem 15 tipos de receptores, alguns que provocam despolarização, outros hiperpolarização. O que determina a ação inibitória ou excitatória é o receptor da célula pós-sináptica. A acetilcolina tem ação excitatória em receptores nicotínicos e inibitória em receptores muscarínicos (pode ou não, pois são 5: alguns são excitatórios e outros inibitórios). A acetilcolina age no músculo esquelético, contraindo-o (despolarizando), e no músculo cardíaco, dilatando-o, diminuindo a capacidade de contração, relaxando-o (hiperpolarizante). Arthur Rodrigues Cardoso - Turma 150 Universidade Federal de Pernambuco Existem dois tipos de receptores principais: o IONOTRÓPICO, que é um canal iônico regulado por ligante, onde o neurotransmissor se acopla ao receptor permitindo o fluxo de íons pela abertura do poro. Não são bidirecionais pois dependem do gradiente de concentração, que nunca muda. Tem uma resposta rápida no seu início e duração. E o receptor METABOTRÓPICO, que não é um canal iônico, é uma proteína totalmente fechada. Mas na face interna existe uma proteína G, com 3 subunidades: alfa (móvel, dependendo da presença do neurotransmissor), beta e gama. Com o neurotransmissor acoplado à proteína G, há uma energização da proteína alfa, que se move até uma proteína mais próxima: canal iônico, abrindo-o e permitindo o fluxo; ou enzima que se ativa, produzindo o segundo mensageiro, atuando em um canal iônico que existe na membrana. É um mecanismo mais lento, mais comum e mais duradoura. Arthur Rodrigues Cardoso - Turma 150 Universidade Federal de Pernambuco 4. INATIVAÇÃO DA SINAPSE QUÍMICA: existem 3 tipos de inativação, uma delas acontece na Fenda Sináptica, com a acetilcolina por exemplo. Ela é liberada pelo neurônio colinérgico e atua em neurônios através da fenda sináptica. Os neurotransmissores que sobram na fenda sináptica e os que saem posteriormente dos receptores se acoplam a uma enzima (acetilcolinesterase) que degrada-o (hidrólise) em Acetil-Coenzima A (eliminada do organismo) e colina (que pode voltar para o neurônio, para produção de nova acetilcolina). Outra inativação pode ser também por difusão dos neurotransmissores para células das Glia: para os Astrócitos (que nutre, sustenta o neurônio; e capta neurotransmissores, como o Glutamato e o GABA). Após a captação, nas células da Glia existem enzimas que hidrolisam os neurotransmissores e transformam-nos em substâncias inertes (sem ação de neurotransmissor). A última é a recaptação, que acontece com a Serotonina. No neurônio pré-sináptico serotoninérgico existem proteínas carreadoras que fazem o transporte de neurotransmissores unidirecionalmente (do meio extracelular → meio intracelular), recaptando os neurotransmissores da fenda sináptica. A vesícula sináptica também impede a degradação do neurotransmissor, já que dentro da terminação axonal existem enzimas degradantes dos neurotransmissores. Essas enzimas agem quando os neurônios são recaptados, previamente a sua liberação futura. Os medicamentos antidepressivos iniciais impediam a ação das enzimas que degradam a serotonina, dopamina e noradrenalina. Os mais atuais inibem a recaptação de serotonina, fazendo com que ela permaneça mais tempo na fenda sináptica e agindo por mais tempo. (A) Sinapse Elétrica e (B) Sinapse Química Arthur Rodrigues Cardoso - Turma 150 Universidade Federal de Pernambuco ESTUDO DIRIGIDO DE AULA 1. Existem as sinapses elétricas e as sinapses químicas. Qual delas altera eletricamente a célula pós-sináptica, a elétrica, a química, ou ambas? As duas podem alterar eletricamente a célula pós-sináptica. No entanto, é mais comum na elétrica, pois na química essa alteração só ocorre na sinapse da junção neuromuscular, que ocorre perifericamente por potencial graduado excitatório na célula pós-sináptica. 2. Na sinapse química, há a liberação de um neurotransmissor na fenda sináptica. Em qual região da célula pós-sináptica esse neurotransmissor se ligará? a) Na superfície intracelular da membrana, ou b) Na superfície extracelular 3. Em uma sinapse, a ação na célula pós-sináptica pode ser excitatória ou inibitória. Quem define essa ação? a) O neurotransmissor, ou b) O receptor da célula pós-sináptica 4. Um mesmo neurotransmissor pode ter ações excitatórias e inibitórias? Explique e/ou exemplifique. Sim, pois quem determina a ação do neurotransmissor é o receptor, e existem vários tipos de receptores para um mesmoneurotransmissor. A acetilcolina tem ação excitatória em receptores nicotínicos e inibitória em receptores muscarínicos (pode ou não, pois são 5: alguns são excitatórios e outros inibitórios). A acetilcolina age no músculo esquelético, contraindo-o (despolarizando), e no músculo cardíaco, dilatando-o, diminuindo a capacidade de contração, relaxando-o (hiperpolarizante). 5. Considerando o mecanismo de inativação dos neurotransmissores, sabe-se que quando um neurotransmissor é recaptado, ele é degradado por enzimas na terminação pré-sináptica. Por que, então, esse mesmo neurotransmissor não é degradado por essas enzimas antes de sua liberação? A vesícula sináptica impede a degradação do neurotransmissor, protegendo-os da ação das enzimas degradantes.
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