Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bases Morfofuncionais IV - 4° Semestre SINAPSES → Conceito: junção especializada entre neurônios ou com outro tipo celular (célula muscular ou glandular). - A sinapse é a “linguagem” do sistema nervoso (potencial de ação - PA), para que um neurônio entenda o que o outro quer. - A sinapse existe para dar mais rapidez as informações (quanto mais sinapses mais rapidez em movimento, raciocínio e memória), além disso elas contribuem quando essas informações têm que percorrer longas distâncias (garantem que essa informação percorra grandes distâncias sem estar em um único neurônio) e precisão (entre um neurônio e outro, eles vão se sincronizando trazendo mais precisão/eficiência na resposta). → Tipos de sinapses: ❖ Sinapse Elétrica ❖ Sinapse Química OBS: ocorrem muito mais sinapses químicas do que elétricas no corpo humano. → Sinapses que podem ser tanto elétricas quanto químicas: 1. Sinapse axodendrítica: o axônio de um neurônio faz sinapse com o dendrito de outro neurônio. 2. Sinapse axoaxônica: o axônio de um neurônio faz sinapse com o axônio do outro neurônio. 3. Sinapse axossomática: o axônio de um neurônio faz sinapse com o corpo celular do outro neurônio. 4. Sinapse dendrodendrítica: o dendrito de um neurônio faz sinapse com o dendrito de outro neurônio. OBS: - Um neurônio pode fazer as quatro formas de propagação. - Um mesmo neurônio pode sofrer os dois tipos de sinapses (química e elétrica). SINAPSE ELÉTRICA Bruna Embacher Sanz ❥ Bases Morfofuncionais IV - 4° Semestre • A maior parte das sinapse elétricas são sinapses axoaxônica - porque a finalidade dela é sincronização e amplificação. • Hoje sabemos que sinapse elétrica efetivamente existe entre neurônios imaturos e células glias no início do desenvolvimento - período embrionário (até a oitava semana) - sinapse elétrica (guia de crescimento celular). • A sinapse elétrica acontece através de JUNÇÕES COMUNICANTES (gaps junction) → permite que moléculas (íons) do citoplasma de uma célula passe para outra, através dos canais iônicos. • Essas junções (GAPs) são formadas por vários canais iônicos chamados de CONEXON (canal protéico), esses CONEXON são formados por 6 conexinas (proteínas), que são codificadas por um gene e um poro. • Em uma sinapse elétrica NÃO existe neurotransmissor - então o responsável por passar o potencial de ação são os GAPs (compostos pelos CONEXON). • A sinapse elétrica é feita através da junção de duas membranas neuronais, a ligação entre elas ocorre através dos CONEXON (junções GAPs), esses CONEXON precisam de proteínas específicas para fazer a sua função e essas proteínas precisam ser codificadas por um gene específico. Ou seja, uma mutação no gene que codifica essas proteínas (conexinas) podem dar problemas nos GAPs. - Existem 21 genes que codificam 21 proteínas chamadas de conexinas. Uma dessas proteínas trabalha na sinapse elétrica e outra trabalha na bainha de mielina. - Conexina 32 (codificada pelo gene ligado ao cromossomo X): # Fazem a aderência da mielina entre a célula que está produzindo e o axônio que está sendo recoberto por essa mielina, fazendo com que a bainha de mielina não se espalhe pelo axônio e fique exatamente “enroladinha” no lugar. # Muitas pessoas nascem com uma mutação neste gene (não é frequente, mas também não é rara), não produzindo esse tipo de conexina, fazendo com que a bainha de mielina não fique aderida devidamente ao axônio, e como consequência ocorre uma desmielinização (danificação da bainha de mielina) → essa doença é chamada de doença de Charcot-Marie-Tooth (CMT). OBS: a mutação é no gene conexina 32 (ligada ao cromossomo X) expresso na célula de Schwann. • Células eletricamente acopladas: junções comunicantes e conexinas: Bruna Embacher Sanz ❥ Bases Morfofuncionais IV - 4° Semestre → Propriedade da sinapse elétrica: • Fluxo bidirecional: potencial de ação pode ir e voltar. • Não processa a informação apenas transmite, importante no desenvolvimento neuronal. • Transmissão ultra rápida, ajuda na sincronização das atividades neuronais. • Acoplamento entre às células: pode ser alterado e interrompido pela variação de Ph (fecha com o pH baixo) e pela concentração de cálcio (elevado nível de cálcio) → detecta células danificadas. Ex: a sinapse elétrica é importante para detecção de células danificadas no processo embrionário. Quando uma célula A percebe que há erro na formação da célula B, rompe os canais de comunicação ( junções comunicantes) levando a extinção da célula inadequada do processo de diferenciação celular. SINAPSE QUÍMICA • Ela acontece em função dos neurotransmissores. • A velocidade da sinapse é um pouco mais lenta do que na sinapse elétrica. • Provavelmente, no processo evolutivo, ocorreu das sinapses elétricas. • Permitiu maior complexidade de circuitos funcionais do sistema nervoso. • Possui estruturas que permitiram a contiguidade (permite que o estímulo passe de um neurônio para outro mesmo existindo uma fenda), mas sem continuidade. • A sinapse química veio para ajudar a modular tudo. • Fluxo unidirecional: o sinal, a informação, parte do elemento pré – sináptico em direção ao pós – sináptico. → Componentes da sinapse química: 1. Fenda sináptica (matriz proteína adesiva). 2. Transmissão unidirecional (elemento pré-sináptico e elemento pós-sináptico). 3. Neurotransmissores 4. Vesículas sinápticas com neurotransmisores. 5. Receptores pós-sinápticos 6. Mecanismos de recaptação do neurotransmissor da fenda. 1. FENDA SINÁPTICA (matriz adesiva): • A fenda sináptica NÃO é um espaço, é uma matriz adesiva, formada por fibronectina e laminina, para que os neurônios não saiam do lugar e para que os neurotransmissores não fiquem “perdidos” e consigam chegar ao outro lado, ou seja, essa matriz guia os neurotransmissores até os seus receptores. • ZONA ATIVA: regiões especializadas para liberação do neurotransmissor. Bruna Embacher Sanz ❥ Bases Morfofuncionais IV - 4° Semestre → Tipos morfológicos e funcionais das sinapses: ❖Morfológica : a) Sinapse assimétrica ou tipo I de Gray: a membrana pós sináptica fica mais “gordinha”/densa, tem mais proteínas ancoradas - vesículas arredondadas - normalmente excitatória (neurotransmissor excitatório). b) Sinapse simétrica ou tipo II de Gray - vesículas mais achatadas - membrana pré e pós sináptica são iguais - normalmente é inibitória (neurotransmissor é inibitório). OBS: densidade = proteínas ancoradas na membrana plasmática. ❖ Funcional: a) Sinapse excitatória - PEPS: Potencial Excitatório pós-sináptico. - O neurotransmissor é excitatório e quando é liberado na fenda sináptica vai se ligar a um receptor de sódio que faz com o que o PEPS seja gerado. - Causa despolarização na membrana pós-sináptica (entrada de sódio). Ex: Acetilcolina, adrenalina, dopamina, serotonina. A geração de um potencial excitatório pós-sináptico (PEPS) Bruna Embacher Sanz ❥ Bases Morfofuncionais IV - 4° Semestre A: Um impulso chegando ao terminal pré-sináptico causa a liberação do neurotransmissor. B: As moléculas ligam-se a canais iônicos ativados por esse transmissor na membrana pós sináptica. Se o sódio entrar na célula pós-sináptica através dos canais abertos, a membrana será despolarizada. C: A mudança resultante no potencial de membrana (Vm), registrada por um microeletrodo na célula é o PEPS. b) Sinapse inibitória - PIPS: Potencial inibitório pós-sináptico. - O neurotransmissor é inibitório e quando é liberado na fenda sináptica vai se ligar a um canal de cloreto (por exemplo) que faz com que o PIPS seja gerado. - Causa hiperpolarização na membrana pós sináptica (entra de cloreto ou saída de potássio). Ex: GABA, glicina. A geração de um potencial inibitório pós-sináptico (PIPS) A: Um impulso chegando ao terminal pré-sináptico causa a liberação do neurotransmissor. B: As moléculas do neurotransmissor ligam-se a um canal dependente desse transmissor na membrana pós sináptica. Se o cloreto entrar na célula pós-sináptica através dos canais abertos, a membrana será hiperpolarizada. C: A mudança resultante no potencialde membrana (Vm), registrada por um microeletrodo na célula é o PIPS. Observações: - Pode ter sinapses excitatórias e inibitórias no mesmo neurônio. - Os PEPS e os PIPS são gerados apenas nos dendritos e no corpo celular que se propagam em direção a zona de gatilho. - Se o PEPS atingir o valor limiar haverá o potencial de ação (PA); se o PEPS for mais intenso que o limiar, haverá mais de um potencial de ação gerado pela zona de gatilho. Pergunta: Como um neurônio que recebe milhares de sinais excitatórios e inibitórios processam esses sinais antes de gerar o potencial de ação (PA)? Resposta: A membrana dos dendritos e do corpo celular computam algebricamente os PEPS e PIPS. O resultado dessas combinações determinarão se haverá ou não o potencial de ação e com que frequência. → Somação de PEPS: • Conceito: mecanismo de combinação (ou integração) dos sinais elétricos na membrana pós sináptica - SOMAÇÃO. • A somação serve para chegar ao potencial de ação. • Tipos de somação: - Somação espacial: vários axônios chegando juntos no mesmo neurônio, disparando vários potenciais de ação. - Somação temporal: um axônio libera mais de um potencial de ação em um neurônio ao longo do tempo. Bruna Embacher Sanz ❥ Bases Morfofuncionais IV - 4° Semestre • No sistema nervoso sempre vai ter um “jogo de forças”. Se tiver neurotransmissor inibitório e excitatório no mesmo neurônio, o inibitório acaba dificultando a amplitude e o tamanho do PEPS, ou seja, ele fica menor e dificultando atingir o limiar de excitabilidade e disparar o potencial de ação. 2. ELEMENTO PRÉ E PÓS SINÁPTICO: • Elemento pré-sináptico: neste elemento existem zonas ativas que são regiões especializadas para acoplamento da vesícula e liberação dos neurotransmissores, levando as informação por meio deles. • Elemento pós-sináptico: recebe a informação, pois os neurotransmissores atuam nos seus receptores. Apresenta receptores (ionotrópicos e metabotrópicos) para permitir ou não a transmissão do potencial de ação. 3. NEUROTRANSMISSORES: → Categorias: a) Aminoácidos (sintetizados no final do axônio): - GABA - principal neurotransmissor inibitório. - Glutamato - principal neurotransmissor excitatório; possui diferentes receptores, podendo ter efeitos diferentes. - Glicina. b) Aminas (acetilcolina, dopamina, adrenalina, histamina, noradrenalina, serotonina) - sintetizados no final do axônio. c) Peptídeos (somatostatina, colecistocinina) - sintetizados no corpo celular do neurônio. OBS: normalmente 1 neurônio libera 1 neurotransmissor. Bruna Embacher Sanz ❥ Bases Morfofuncionais IV - 4° Semestre → Neurônios colinérgicos: 4. VESÍCULAS SINÁPTICAS E ACOPLAMENTO COM A MEMBRANA PARA LIBERAÇÃO DO NEUROTRANSMISSOR: • Vesículas ou grânulos secretores: armazena os neurotransmissores. • Proteínas motoras: cuja função é através da interação com os microtúbulos, transportar as vesículas de um local da célula para outro. - Cinesina → responsável pelo transporte anterógrado (corpo celular → axônio). - Dineína → responsável pelo transporte retrógrado (axônio → corpo celular). • Proteína SNARE: puxa a vesícula em direção a membrana daquele axônio (como se fosse um grampo) a ponto que a membrana da vesícula vai se fundindo com a membrana do axônio e isso só ocorre porque entrou cálcio (através dos canais de voltagem dependente de cálcio) na membrana pré-sináptica. Bruna Embacher Sanz ❥ Bases Morfofuncionais IV - 4° Semestre 5. RECEPTORES PÓS-SINÁPTICOS: → Receptor Ionotrópico: canais iônicos controlados por ligante. • O neurotransmissor abre o canal iônico diretamente. • Efeito rápido. → Receptor Metabotrópico: atuam por meio de segundos mensageiros, acoplados por uma proteína G. • O neurotransmissor abre o canal iônico indiretamente. • Efeito mais lento. 6. MECANISMOS DE RECAPTAÇÃO DO NEUROTRANSMISSOR DA FENDA SINÁPTICA: • Mecanismos de sensibilização do neurotransmissor. • Quais são os possíveis destinos dos neurotransmissores após serem liberados na fenda sináptica? - Recaptação do neurotransmissor pelo terminal do axônio. - Degradação do neurotransmissor (ação enzimática). - Difusão através da fenda sináptica. Ex: - Acetilcolina: tem tanto a degradação quanto a recaptação. - GABA e Glutamato: recaptação. ATIVIDADE: Marina abriu o forno para pegar um bolo que havia acabado de assar. Ela estava com pressa e por isso pegou um pano de prato para pegar a assadeira ao invés de utilizar uma luva adequada. Este não foi suficiente para proteger suas mãos e, assim, ela sentiu dor ao pegar a assadeira. No entanto ela foi capaz de suportar essa dor e não soltou o bolo. O sistema nervoso apresenta mecanismos de modulação da dor, um deles é por meio de sinapses axoaxônicas, na qual o neurônio C1 controla o influxo de cálcio no neurônio A. Bruna Embacher Sanz ❥ Bases Morfofuncionais IV - 4° Semestre 1. O que acontecerá com a quantidade de neurotransmissor liberado na fenda sináptica (na sinapse entre os neurônios a e b)? - Diminui. 2. Será gerado um PIPS ou um PEPS no neurônio b? Qual será a amplitude do PEPS ou PIPS gerado no neurônio b? - Muda a amplitude do PEPS, diminui. OBS: a quantidade de cálcio que entra é proporcional a quantidade de neurotransmissores liberados na fenda sináptica. COCAÍNA: Após o uso de cocaína um homem apresenta diminuição da sensação de cansaço e sentimentos de euforia. Pesquise o mecanismo de ação da cocaína para explicar os sintomas descritos. Resposta: - Basicamente o mecanismo de ação da cocaína no Sistema Nervoso Central é aumentar a liberação e prolongar o tempo de atuação dos neurotransmissores dopamina, noradrenalina e serotonina. - A cocaína inibe a enzima MAO (monoamina oxidase), a qual é responsável pela degradação da noradrenalina e dopamina e além disso retarda a recaptação dos neurotransmissores da fenda sináptica, ou seja, essa fenda fica cheia de dopamina e uma hora o neurônio pós sináptico vai passar a não responder da mesma forma, precisando cada vez mais de cocaína para liberar mais dopamina, pra ter cada vez mais dopamina. RESUMÃO SINAPSES: Bruna Embacher Sanz ❥ Bases Morfofuncionais IV - 4° Semestre FORMS: 1. A abertura de canais de cloreto dependentes de ligante irá causar: a) PEPS b) Efluxo de sódio c) Efluxo de cálcio d) PIPS 2. Como é possível um mesmo neurotransmissor produzir efeitos diferentes? a) tamanho do axônio b) quantidade de influxo de cálcio no neurônio pré-sináptico c) pela ativação de receptores diferentes d) frequência de potenciais de ação no neurônio pré-sináptico 3. Assinale a alternativa que descreve uma maneira de diminuir a amplitude do PEPS: a) Diminuir o influxo de cálcio no neurônio pré-sináptico b) Aumentar o efluxo de cálcio no neurônio pré-sináptico c) Aumentar o influxo de sódio no neurônio pré-sináptico d) Aumentar frequência de potenciais de ação no neurônio pós-sináptico 4. Um neurotransmissor inibitório pode provocar: a) abertura de canais de cloreto b) abertura de canais de potássio dependente de voltagem c) potencial pós-sináptico inibitório (PIPS) d) potencial pós-sináptico excitatório (PEPS) 5. Paciente, 60 anos, apresenta tremor de repouso e lentificação dos movimentos. O médico desconfiou de doença de Parkinson. Nessa patologia, um dos medicamentos utilizados aumenta a disponibilidade do neurotransmissor dopamina na fenda sináptica. Qual das opções abaixo produziria esse efeito? a) Uso de um fármaco que diminui a recaptação de dopamina b) Uso de um fármaco que aumenta a degradação da dopamina c) Fármaco que bloqueia o canal de cálcio voltagem-dependente da membrana pré-sináptica d) Fármaco que bloqueia o receptor presente na membrana pós-sináptica 6. Quais os dois tipos de receptores que podem estar presentes na membrana pós-sináptica? R: ionotrópicos e metabotrópicos. 7. Homem, 65 anos, apresenta tremor durante o repouso e lentificação de movimentos. O médico desconfiou de doença de Parkinson, na qual há alteração dos núcleos da base. O circuito formado pelos núcleos da base tem sinapses excitatórias e inibitórias. a)Quando o potencial de ação é deflagrado em um dos neurônios desse circuito, a despolarização gerada irá liberar neurotransmissor na fenda sináptica. Descreva as fases envolvidas na liberação desse neurotransmissor. R: Despolarização; abertura de canais de cálcio dependentes de voltagem; influxo de cálcio; mobilização de vesículas contendo neurotransmissor; exocitose do neurotransmissor; ligação do neurotransmissor nos receptores. b) Qual tipo de canal (sódio ou cloreto) será aberto em uma sinapse excitatória? E em uma sinapse inibitória? R: Sinapse excitatória: canais de sódio. Sinapse inibitória: canais de cloreto. c) O que acontecerá se vários neurônios liberarem seus neurotransmissores ao mesmo tempo na fenda sináptica provocando abertura de canais de sódio do mesmo neurônio pós-sináptico? Pense sobre o número de receptores ativados e na amplitude do PEPS e no potencial de ação para a sua resposta. R: Somação espacial - mais receptores serão ativados, a amplitude do PEPS será maior e será mais fácil o potencial de ação ser desencadeado. 8. Uma mulher estava interessada em aplicar botox para diminuir rugas de expressão. Nesse tipo de procedimento, uma pequena quantidade de toxina botulínica é injetada localmente. a) Quais os efeitos da toxina botulínica na junção neuromuscular? R: Inibição da liberação de acetilcolina. b) Qual o efeito na contração muscular que explica porque utilizar essa toxina em procedimentos estéticos? R: Não poderá ocorrer a contração muscular. Bruna Embacher Sanz ❥
Compartilhar