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Tecnologia da produção de leite e seus derivados Principais componentes do leite 1- Água Aproximadamente 87,00 % Quantitativamente é o componente mais importante no qual estão dissolvidos, dispersos ou emulsionados os demais componetes. A maior parte da água se encontra livre. Principais componentes do leite 2 - Lactose Único açúcar encotrando em quantidades importantes no leite É o componente mais constante em % no leite É formada pela união de glicose + galactose 2 -Lactose É excelente substrato para mo. Lactose Fermentação Ácido Láctico Poder edulcorante: sabor doce fraco 6 vezes menor que o da sacarose, seu sabor doce mascarado pelas caseínas Cristalização: pode ser obtido por cristalização (????????) 2- Lactose Fermentação: Láctica: por bactérias stretococcus e lactobacillus → preparação de leites ácidos, azeitonas, chucrutes. Butírica: por bacterias gênero clostridium: ácido butírico e gás (CO2 e H2), odores pútridos. Propiônica: Propionibacterium e pelos Micrococcus lactilicus e Clostridium propionicum. Produzem ácido propiônico, acético e CO2 3- Lipídeos É componente que mais sofre variação no leite De maneira geral varia entre 3,2 a 6% Os triglicerídeos representam 97 a 98% 3- Lipídeos: Glóbulo de gordura Glóbulos esféricos com diâmetro de 1,5 a 10 μm (média 3 a 5). São formados por núcleo central (gordura) envolvido por película lipoprotéica (membrana) Membrana impede que os glóbulos se fundam e floculem Membrana proteção (ação enzimática) Principais alterações que afetam os lipídeos Enzimas de origem microbiana estáveis termicamente, algumas resistem à temperatura de esterilização. Nem sempre o fenômeno lipolítico é prejudicial, já que alguns queijos devem seu sabor, em parte, a presença de ácidos graxos livres. 4- Proteínas As proteínas mais importantes encontradas no leite são as caseínas, e dentro dessas as α (αs1, αs2, αs3) β e κ e dentre as proteínas do soro vale destacar a β-lactoglobulina e a α-lactoalbumina. As caseínas encontram-se no leite sob forma de dispersão coloidal 1 a 100 nm (95% das caseínas) formando partículas de tamanho variável. Essas partículas que dispersam a luz e que conferem ao leite sua cor branca recebem o nome de MICELAS. 4- Proteínas: Caseínas A αs é uma fosfoproteína, composta por uma cadeia polipeptídica derivada de 199 aminoácidos, 8 grupos fosfatos e muitos resíduos de serina. A caseína αs apresenta numerosos variantes como αs1, αs2 e αs3. A β caseína é uma fosfoproteína composta de uma cadeia polipeptídica resultante de 209 aminoácidos, 5 grupos fosfatos ligados a serina. 4- Proteínas: caseínas A κ possui a tarefa de estabilizar a micela de caseína presente no leite é uma fosfoglicoproteína composta de uma cadeia polipeptídica resultante de 169 aminoácidos de um grupo fosfórico ligado a serina e um numero variável (normalmente 5) de grupos glicídicos. 4- Proteínas A micela não é formada apenas por caseína, mas também por compostos de baixo peso molecular, que recebem o nome de fosfato coloidal, também conhecida pela sigla CCP (colloidal calcium phosphate) O CCP não é formado apenas de fosfato cálcico, mas também de citrato (sais de ácido cítrico), magnésio e outros elementos minerais. As micelas são partículas esféricas com diâmetro entre 40 e mais de 300 μm e são bastantes hidratadas. Caseína: estrutura micelar Caseína: estrutura micelar Estrutura da micela de caseína Observa-se a disposição periférica da κ-caseína A estrutura submicélica e a forma de união de umas submicelas a outra pelo CCP. Notam-se também pequenas saliências em forma de capa pilosa (zonas C-terminais da κ- caseína), que se sobressaem da superfície micelar. Essas formações explicariam a facilidade com que a renina (?????) e outras proteases chegam à ligação entre os resíduos 105 e 106 (felilanalina/metiona) dessa proteína. As saliências protéicas também ajudam a compreender a capacidade de retenção de água da micela e sua estabilidade. Estrutura da micela de caseína Considera-se: A porção de κ-caseína que sobressai da superfície micélica esta carregada negativamente, portanto é hidrófila. O acúmulo de cargas negativas na periferia da micela, que inclusive sobressaem da superfície da partícula coloidal, influi na estabilidade porque provoca certa repulsão entre as micelas mais próximas, evitando choques entre elas e sua possível união, não apenas pelas cargas negativas, mas também por impedimento estérico, a união de micelas que estão próximas seria mais fácil se sua superfície fosse lisa. Micela de Caseína: estabilidade São estáveis a tratamentos térmicos como pasteurização e esterilização, mas somente quando o pH do leite se mantém dentro da normalidade, próximo de 6,8. Micela de Caseína: estabilidade Não são estáveis em: Em pH ácido. Muitas proteases desestabilizam as micelas caseínicas (psicrotróficos) No congelamento. Durante o congelamento os solutos vão se concentrando na parte líquida, concentram-se cálcio e as micelas. Quando a concentração de cálcio é alta, as micelas se desestabilizam. Em etanol (até uma certa concentração que vai depender da qualidade do leite) 5- Proteínas do soro Como já mencionado as proteínas do soro mais abundantes no soro de leite são a β-lactoglobulina e a α-lactoalbumina. O leite de vaca a mais abundante é a β-lactoglobulina, que corresponde a 9,5% do nitrogênio total (NT) do leite e 50 % das proteínas do soro, seguido da α- lactoalbumina, 3,5% do NT e 20% das proteínas do soro, as imunoglobulinas 2% e a soroalbumina bovina 1%. Além dessas há também diversas espécies proteicas encontradas em pequenas quantidades. 6- Enzimas Naturais: lipases, peroxidases, catalase, fosfatases etc. Lipases e proteases Provenientes de microrganismos Enzimas No leite de vaca foram encontradas cerca de 60 enzimas diferentes. A importância das enzimas se deve a diversas razões: provocam hidrolise dos componentes do leite (lípases ou proteases); a sensibilidade ao calor de algumas é utilizado para controlar tratamentos térmicos (fosfatase alcalina e peroxidase) entre outras... 7- Substancias minerais Os componentes majoritários são os fosfatos, citratos, cloretos, sulfatos, carbonatos e bicarbonatos de sódio, potássio cálcio e magnésio. O conteúdo total de sais é constante, em torno de 0,7 a 0,8 % do leite em peso úmido. Os sais do leite podem ser encontrados em solução ou em estado coloidal. Cerca de dois terços do cálcio e um pouco mais da metade do fósforo do leite encontram-se em suspensão coloidal, formando parte da micela de caseína. Composição média de sais do leite de vaca em mg/100mL Sódio 50 (46 na fase solúvel e 4 coloidal) Potássio 145 Cálcio 120 Magnésio 13 Fósforo 95 (41 na fase solúvel e 54 coloidal) Cloro 100 Sulfatos 10 Carbonatos 20 Citrato 175 Fosfato de cálcio coloidal (CCP) O CCP tem o papel nas micelas de manter as submicelas unidas umas as outras. O mecanismo de união mais aceito é que os restos de seril-fosfato da cadeia protéica na periferia de uma submicela unem-se a um átomo de cálcio e este fica unido ao CCP. O CCP se uniria a outra molécula de cálcio que estaria unida a outro fosfato de outra submicela. O CCP atuaria como uma ‘ponte’ entre as submicelas. Representação esquemática da união de duas submicelas pelo fosfato cálcico coloidal (CCP) A acidificação do meio aumenta a solubilidade do fosfato de cálcico. À medida que diminui o pH, o CCP vai se solubilizando, de tal forma que, em pH menor do que 4,9, praticamente todo o CCP já estará em fase aquosa. Nisso reside o fundamento da desestabilização micélica, como consequência da acidificação. A alcalinização tem efeito contrario. Processos de pasteurização e esterilização do leite CONTAMINAÇÃO DO LEITE O leite entra em contato com microrganismosno interior do úbere da vaca, ao deixar a glândula mamária pelo orifício do teto; Principais Fontes de Contaminação do Leite - Animal: Internamente (úbere, outros órgãos contendo patógenos) Externamente (urina e fezes do animal, pelos, etc) - Ambiente: Estábulo Ração Poeira (microrganismos do ar) - Tratadores - Utensílios: Recipientes sujos, lavados com água contaminada e expostos em ambientes impróprios Bactérias Mesófilas Bactérias Lácticas • Habitam o úbere (comensais) • Fermentam a lactose com produção de ácido láctico, deteriorando rapidamente o leite cru • Promovem a acidez do leite • Incluem os gêneros: Lactobacillus, Lactococcus (fermentos) Enterococcus (origem intestinal) Streptococcus (causador de mastite e processos infecciosos) Bactérias Mesófilas Bactérias do Grupo dos Coliformes • Pertencem à família das enterobactérias • Origem (ambiente, intestino de animais) • Não são originais do leite, sendo indicativo de contaminação externa • Fermentam a lactose produzindo gás e diversos ácidos que deterioram o leite (ác. fórmico, acético, propiônico...) • Importantes deteriorantes do queijo (inchaço do queijo, acidez excessiva e queijo quebradiço) • Incluem os gêneros: Enterobacter, Escherichia, Serratia Salmonella, Yersinia, Shigella (patogênicos) 31 Bactérias Psicrotróficas • Origem: ambiente (solo, equipamentos e áreas refrigeradas) • Crescem em temperaturas de refrigeração com baixa taxa de reprodução. Principal gênero: Pseudomonas • Possuem metabolismo capaz de degradar proteínas e gorduras do leite • Prejuízos: - Proteólise: Sabor amargo em queijos Dificuldade na coagulação do leite Má qualidade do iogurte - Lipólise: Sabor estranho e rançoso em leite e derivados • Controle: Pasteurização Bactérias Termodúricas • São resistentes aos processos térmicos (endósporos) • Deteriorantes do leite pasteurizado • Origem: ambiente, ração e intestino animal • Incluem os gêneros: Enterococcus Bacillus Clostridium • Esporos: resistem ao processo Longa Vida (130 oC / 3s) 33 Ação dos Processos Térmicos na composição do leite • Acima de 45ºC, toda gordura se encontra na fase líquida • A estabilidade térmica da fração proteica é influenciada por pH, cálcio e outros. • A micela de caseína é notavelmente estável a calor • 10 min a 140ºC sem coagulação • O pH é o principal fator relacionado à formação de coágulos de caseína no tratamento térmico • O pH do leite pode influenciar outras propriedades, como: • Estabilidade coloidal • Escurecimento por reações de Maillard (caramelização) • Formação de Lactulose Princípios de transferência de calor • Todos os processos térmicos envolvem 3 períodos distintos: • Aquecimento • Manutenção • Resfriamento • No processamento térmico, o objetivo é maximizar a transferência (J/s ou BTU/h) • Processos térmicos podem ser classificados como diretos ou indiretos* Princípios de transferência de calor Termização e tindalização • A termização é o tratamento mais brando dado ao leite. • Temperatura entre 57-68ºC por 15s • O objetivo é reduzir o crescimento de bactérias psicrotróficas. • O leite termizado pode ser estocado a, no máximo, 8ºC por até 3 dias. • Dá positivo para o teste da fosfatase alcalina. • Em geral é seguido de uma pasteurização. PASTEURIZAÇÃO Processo térmico que visa eliminar a microbiota patogênica do leite. Neste processo há redução também da microbiota deteriorante, o que prolonga sua conservação. Existem três tipos de pasteurização: Pasteurização lenta (63-65 oC por 30 min.) Pasteurização rápida (71-74 oC por 40-45 seg.) Pasteurização ultra-rápida (135-150 oC por 2-8 seg.) 38 reconstituído Padrões do Leite Pasteurizado (Portaria MS 451/97) Fatores que afetam a qualidade do leite pasteurizado •Qualidade do leite crú •Condições de processamento, temperatura e tempo de manutenção •Contaminação pós- processamento •Temperatura de estoque Qualidade do material cru • O maior interesse está naquilo que sobrevive ao processo de pasteurização (ou de tratamento brando) • Além de bactérias termodúricas, a formação de esporos é importante • Esporos, em geral, sobrevivem a 80ºC por 10 min. • Esporos de Bacillus cereus são importantes por sobreviverem ao processo de pasteurização e crescerem em temperaturas baixas Temperaturas de pasteurização •Condições normais para o leite tratado por processo de alta temperatura e tempo curto (HTST – high temperature short time) são 72ºC por 15s. •Por que não usar temperaturas mais altas??? •Temperaturas mais altas podem levar à germinação de esporos de Bacillus sp. por choque térmico. Temperaturas de pasteurização •Temperaturas mais altas afetam o sistema lactoperoxidase (LPS) •Esse sistema envolve a enzima lactoperoxidase, peróxido de hidrogênio e tiocianato. •Os produtos de oxidação apresentam forte atividade antimicrobiana •A legislação prevê que o leite pasteurizado deve apresentar teste positivo para atividade da peroxidase. Contaminação pós pasteurização (CPP) • Importante determinante de manutenção da qualidade • A CPP abrange toda a recontaminação do produto em qualquer ponto após a pasteurização • Pode ocorrer nas seções de resfriamento, tanques de estoque e na embalagem do produto devido à práticas não adequadas de higiene. • A presença de microrganismos que deveriam ter sido inativados na pasteurização é indicativo de CPP, em geral, devido a contaminação com o produto cru. Esterilização do leite •A maior preocupação é a inativação de esporos patogênicos resistentes ao calor (Clostridium botulinum) •Isso ocorre quando o produto é aquecido a 121ºC por 3 min. •C. botulinum não é comumente encontrado no leite cru. •Formadores de esporos mais comuns são: • B. stearothermophilus • B. sporothermodurans Processo de esterilização do leite por temperatura ultra alta. •Ultra High Temperature (UHT) •Alta eficiência (> 99,99%) •Necessita de Homogeneização •Vida útil alta (> 4 meses) •Verificação de esterilidade por incubação a 55ºC por 7 dias ou 30ºC por 15 dias Processo UHT • Elimina todas as formas vegetativas das bactérias • Armazenamento em temperatura ambiente • Em geral, formas esporuladas termofílicas não se desenvolvem em temperaturas de estocagem Processo UHT Problemas do processo UHT Desvantagens do leite UHT Vantagens do leite UHT Processamento de alta temperatura (Leite longa vida) • Existe uma necessidade por aumentar a vida de prateleira de produtos pasteurizados. • É importante evitar alterações nas características organolépticas resultantes de condições severas de temperatura. • O processamento de alta temperatura é um tratamento que apresenta condições entre a pasteurização e o UHT. • Também conhecido como ultrapasteurização. • Pode ser produzido usando tecnologias não térmicas como microfiltração, bactofugação. Comparação, pasteurização x LLV x UHT Característica Pasteurização Leite longa vida UHT Temp e tempo 72ºC por 15s 120-135ºC por 4- 1 s 135-145ºC por 10-2 s Inativação enzimática Fosfatase – negativa Peroxidase – positiva Fosfatase – negativa Peroxidase – negativa Fosfatase – negativa Peroxidase – negativa Condições de estoque Refrigerado Refrigerado Temperatura ambiente Empacotamento Limpo Asséptico Asséptico Tempo de prateleira 10-14 dias 30-60 dias >6 meses Sabor Pouca alteração Alteração média Alteração alta Tipos de Leite Após Processo de Pasteurização Ernani Porto, 1998 54
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