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Casamento O casamento é um negócio jurídico público, complexo, bilateral, revestido de publicidade e solenidade onde duas pessoas, que não são impedidas de casar, manifestam livre e conscientemente sua vontade de estabelecer uma relação matrimonial e a vontade de constituir família que se completa pela celebração, que constitui ato privativo de representante do Estado. Sua principal finalidade é estabelecer uma comunhão plena de vida. A relação matrimonial é uma relação personalíssima e permanente que traduz ampla e duradoura comunhão de vida. NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO Quanto à sua natureza, existem três correntes. São elas: a. Concepção clássica, individualista ou contratualista: considerava o casamento civil um contrato, cuja validade e eficácia decorreriam exclusivamente da vontade das partes. Poderia dissolver-se por um distrato, ficando a sua dissolução dependente do mútuo consentimento. b. Concepção individualista ou supraindividualista: prevalece no casamento o caráter institucional, sendo o casamento uma “instituição social”, possuindo um conjunto de regras impostas pelo Estado, onde as partes ficam sujeitas, não podendo modificar a legislação pertinente conforme a sua vontade. c. Concepção de natureza eclética ou mista: considera o casamento, simultaneamente, um contrato e uma instituição. É um contrato especial, diferentemente dos contratos meramente patrimoniais atribuídos ao direito das obrigações, pois estes giram em torno do interesse econômico, enquanto o casamento se prende a interesses morais e patrimoniais. TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL. CARACTERÍSTICAS DO CASAMENTO: I. É ato eminentemente solene, para que seja dada maior segurança aos referidos atos e para garantir a sua validade e enfatizar a sua seriedade; II. Possuem normas de ordem pública: Com a constitucionalização do Direito Civil, passou a ser atribuído tanto na Constituição Federal quanto na legislação civil; III. Estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges; IV. União exclusiva: o que reflete a monogamia e a fidelidade recíproca; V. Possui caráter dissolúvel; VI. Celebrado entre pessoas de sexo diferente ou do mesmo sexo; VII. Não comporta termo ou condição, sendo, dessa forma, negócio jurídico puro e simples; VIII. Permite liberdade de escolha do nubente. Impedimentos Matrimoniais Não podem casar: a) Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil: é nulo de pleno direito. No entanto, o Decreto-lei nº. 3.200/41, denominado de Lei de Organização e Proteção da Família, prevê a possibilidade de realização de casamento entre colaterais de 3º grau, impondo-os a exame pré-nupcial, que será levado a cabo por dois peritos nomeados pelo juiz de casamento, onde emitirão um relatório atestando a sanidade dos nubentes e a inexistência de problemas que possam afetar os noivos e a prole. Não havendo obstáculos, será emitida a certidão de habilitação e o casamento será realizado. Se o laudo for desfavorável, o casamento não será realizado. b) Os afins em linha reta: parentes naturais ou civis do cônjuge ou companheiro. OBS: como a lei estende a proibição apenas aos afins em linha reta, significa que é possível o casamento de uma pessoa com o seu cunhado ou cunhada, haja vista que são parentes em linha colateral por afinidade. c) O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante. Crítica: faz uma certa distinção em relação ao filho adotado, haja vista que é filho da mesma forma. Suponha que uma mulher adota uma jovem e logo após, se casa, o homem é padrasto da jovem. Findo o relacionamento, a jovem não poderá se casar com o ex-esposo de sua mãe. Da mesma forma, a adotante (mãe) também não poderá se casar com o ex-esposo de sua filha, a adotada. (SOGRA É PARENTE PARA SEMPRE, AD ETERNUM!). d) Os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até terceiro grau. e) O adotado com o filho do adotante, por serem irmãos; f) As pessoas casadas. g) O cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte; Ex: Caso um homem tente matar o esposo de um sujeito, a viúva (sobrevivente) não poderá se casar com o criminoso, caso ele tenha sido condenado pelo homicídio ou tentativa de homicídio. Se o sujeito não morrer e se divorciarem, antes de sentença condenatória transitada em julgado, essa regra não incidirá. Os impedimentos matrimoniais podem ser opostos até o momento da celebração do casamento. OBS: A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do artigo 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicial. Causas Suspensivas do Casamento São situações de menor gravidade, que envolvem questões patrimoniais e de menor gravidade. Não geral nulidade absoluta ou relativa do casamento. Impõem apenas sanções patrimoniais aos cônjuges, como a imposição do regime de separação legal ou obrigatória de bens. NÃO DEVEM CASAR: I. o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer o inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II. a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III. o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV. o tutor ou curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. OBS: Em todos os casos, desaparece a causa suspensiva se for provada a ausência de prejuízo aos envolvidos; Somente parentes em linha reta de um dos cônjuges, consanguíneos ou afins (ex: pai, avó, sogro) e pelos colaterais em 2º grau, consanguíneos ou afins (irmãos ou cunhados). Não podem ser reconhecidas pelo juiz ou pelo oficial do Registro Civil. Do processo de habilitação para o casamento DA CAPACIDADE PARA O CASAMENTO A capacidade núbil é a aptidão do indivíduo para casar-se que se dá aos 16 anos (idade núbil). Não se confunde com a capacidade para os atos da vida civil, tendo em vista que existem pessoas capazes, mas, impedidas para o casamento, como é o caso das pessoas casadas. E existem pessoas incapazes civilmente, mas que podem se casar, como, por exemplos, as pessoas de 16 anos, com autorização de ambos os pais. Até o ano de 2019 existiam duas situações em que menores de 16 anos poderiam se casar, excepcionalmente, em casos de gravidez e para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal, porém, em 2019, o artigo 1520, do Código Civil foi modificado, proibindo, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil. Com a celebração do casamento, cessa a incapacidade civil dos nubentes, tornando-se o menor emancipado. Desfeito o casamento pelo divórcio ou morte de um dos cônjuges, mantém-se a capacidade civil. O Código Civil exige que as pessoas que desejam se casar e possuam 16 anos exibam a autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto a maioridade civil não for atingida. Art.1517: O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se a autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. É permitido o suprimento judicial de consentimento, quando a não autorização por injusta ou por mero capricho, ou seja, as partes podem recorrer ao juiz. para solucionar o conflito. Como o código não especifica em quais casos essa denegação de um dos pais ou de ambos é considerada injusta, fica a critério do juiz verificar se a justificativa para a não autorização foi plausível ou não. Segundo a doutrina, são considerados motivos justos e justificáveis, os seguintes: i. Existência de impedimento legal;ii. Grave risco à saúde do menor; iii. Costumes desregrados, como embriaguez habitual e paixão imoderada pelo jogo. iv. Falta de recursos para sustentar a família; v. Total recusa ou incapacidade para o trabalho; vi. Maus antecedentes criminais. Se o pedido se suprimento do consentimento for suprimido pelo juiz, será expedido um alvará, que será anexado ao processo de habilitação e o casamento deverá ser, obrigatoriamente, no regime de separação de bens, o que pode ser mudado após ambos atingirem a capacidade civil plena. O procedimento para o suprimento judicial do consentimento é igual ao previsto para a jurisdição voluntária, previsto a partir do artigo 1103 do CPC. Para que o pedido seja viabilizado, admite-se que o menor outorgue procuração a advogado, sem assistência de seu representante legal em razão da colisão de interesses e por se tratar de jurisdição voluntária. O representante do Ministério Público fica encarregado de requerer ao Juiz a nomeação de advogado dativo (aquele que exerce papel de defensor público) para o menor. É cabível recurso de apelação para a instância superior da decisão proferida pelo juiz. O parágrafo único do art. 1.517 do Código Civil dispõe que, se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631: “é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo”. Pode também a ação ser endereçada contra um dos pais, se somente este se recusar a dar a autorização. OBS: O maior interdito necessita de autorização do curador, o militar dos seus superiores hierárquicos, o magistrado não pode casar sem autorização superior com pessoa que esteja sob sua jurisdição, os diplomatas necessitam de autorização para poder casar com estrangeiros. PROCEDIMENTO PARA HABILITAÇÃO O processo de habilitação possui finalidade de comprovar que os nubentes preenchem os requisitos que a lei exige para que seja celebrado o casamento. Através dele, as partes apresentam documentos que constatem a capacidade para a realização do ato, a inexistência de impedimentos matrimoniais ou de causa suspensiva e a dar publicidade, por meio de editais, chamados de “editais de proclamas” à pretensão manifestada pelos noivos, convocando as pessoas que saibam de algum impedimento para que venham opô-los (apresenta-los). O pedido deverá ser realizado perante o oficial da comarca de residência de um dos nubentes. É importante que o pedido seja feito no local de residência ou domicílio de um ou ambos os nubentes, pois deve ser dada a máxima publicidade, especialmente perante a sociedade. Não há mais necessidade de homologação da habilitação pelo juiz, processando-se perante o Oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público, sendo remetida ao juiz apenas no caso de impugnação da habilitação, feita pelo oficial, Ministério Público ou terceiro que se opõe. O consentimento dos nubentes é apresentado perante a autoridade competente para presidir a solenidade, denominada Juiz de Paz, aquele que realiza casamentos civis. O processo de habilitação permite ainda o exame de situações que possam, de algum modo, ameaçar a ordem pública, como o parentesco próximo dos nubentes, proibindo-se a realização do enlace para preservar a moral familiar. Possibilita ainda evitar uniões decorrentes de outras circunstâncias prejudiciais ou em que existam defeitos impossíveis de serem supridos ou sanados. Os noivos devem requerer a instauração do processo de habilitação no cartório de seu domicílio. Se os noivos são domiciliados em municípios distintos, o processo tramitará perante o cartório do registro civil de qualquer deles, porém, o edital de proclamas será publicado em ambos. Se forem analfabetos, o requerimento será assinado a rogo (assinado por outra pessoa, a seu pedido, diante do fato de não saber ou poder assinar), com duas testemunhas. Conforme o artigo 1526, “a habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público.” Parágrafo Único: “caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habitação será submetida ao juiz. “ Dessa forma, percebe-se que o juiz só deve ser chamado a intervir no processo de habilitação se houver impugnação do Ministério Público. Decorrido o prazo de quinze dias a contar da afixação do edital em cartório (e não da publicação na imprensa), o oficial entregará aos nubentes certidão de que estão habilitados a se casar dentro de noventa dias, sob pena de perda de sua eficácia. Vencido esse prazo, que é de caducidade, será necessária nova habilitação, porque pode ter surgido algum impedimento que inexistia antes da publicação dos proclamas (PRAZO DECADENCIAL). Segundo o parágrafo único do artigo 1527 do Código Civil, “a autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação dos proclamas. “ É o chamado casamento nuncupativo, realizado em caso de extrema urgência, por exemplo, quando um dos nubentes está na iminência de morrer e que não há tempo para o comparecimento do Juiz de Paz ou em caso de moléstia grave, nesse cenário, o juiz de casamento e o Oficial do Registro Civil se dirigirão ao local em que o enfermo se encontra, para celebrar o casamento, desde que presente duas testemunhas, quatro em casos de o nubente não poder assinar, em casos de viagem imprevista e demorada, prestação de serviços públicos obrigatórios e inadiáveis, entre outros. A cerimônia será conduzida pelos próprios nubentes, que declararão em voz alta que desejam se casar, sendo necessária a presença de seis testemunhas, que não podem ser ascendentes, descendentes ou irmãos de nenhum dos nubentes. Exige-se apenas que o contraente, em petição dirigida ao juiz, especifique os motivos de urgência do casamento, provando com documentos ou indicando outras provas para a demonstração do alegado. As testemunhas, em até 10 dias após a celebração deverão se dirigir à autoridade judicial mais próxima para confirmar o ato que presenciaram e o estado de risco de morte evidente de um dos nubentes. Cada um desses motivos será apreciado pelo juiz, que pode retardar a concessão, em caso de dúvidas quanto à possibilidade de existirem impedimentos. Da decisão não cabe recurso. A dispensa do edital de proclamas é fatos excepcional, tendo em vista que se destina a permitir o aparecimento de impedimentos para o casamento. DOCUMENTOS NECESSÁRIOS Segundo o artigo 1528, do CC, é dever do oficial de registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens. Os editais não serão publicados ou a celebração será suspensa temporariamente sempre que a documentação for insuficiente ou irregular ou ainda, existir impedimento matrimonial, que, de ofício, lhe cabe declarar. Se o interessado quiser justificar fato necessário à habilitação para o casamento, deduzirá sua intenção perante o juiz competente, em petição circunstanciada, indicando testemunhas e apresentando documentos que comprovem a alegação”. Versa o dispositivo sobre a possibilidade de um dos cônjuges demonstrar, por exemplo, mediante a oitiva de testemunhas, que o outro encontra-se desaparecido há anos e, portanto, impossibilitado de dar o consentimento para o casamento de filho menor, a fim de que o peticionário possa dar sozinho, validamente, a necessária anuência; de se proceder a eventual retificação de idade; de se corrigir algum outro dado irreal sobre a pessoa do habilitando etc. Dispõe o art. 1.512 do Código Civil que “o casamento é civil e gratuita a sua celebração”, acrescentando o parágrafo único que “a habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei”. A habilitação para casamento a ser realizado no Brasil, sendo um dos nubentes divorciado no exterior, dependede homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça (CF, art. 105, I, i), uma vez que irá produzir efeitos em nosso país. São documentos necessários: I. Certidão de Nascimento ou documento equivalente (RG, título de eleitor ou passaporte); destina-se a provar se os nubentes possuem capacidade núbil ou se possuem mais de 70 anos para que seja obrigatório o regime se separação de bens para proteger o patrimônio do idoso; II. Autorização das pessoas que estiverem sob dependência legal ou ato judicial que a supra, “autorização por escrito” dos pais ou responsáveis pelos nubentes menores ou incapazes, ou ato judicial que a supra. Se os genitores não souberem escrever, o assentimento será assinado a rogo, na presença de duas testemunhas. Se não forem casados, bastará o consentimento do que houver reconhecido o menor, ou, se este não for reconhecido, o reconhecimento materno; Se o marido se encontra desaparecido há vários anos, pode a mulher, justificando judicialmente o fato por testemunhas ser autorizada a sozinha, dar validamente o consentimento. Se, por algum obstáculo intransponível, não se torna possível obter a manifestação dos pais do menor e há urgência na realização do casamento, têm os juízes solucionado o impasse com a nomeação de um curador especial para o ato, nos próprios autos de habilitação; III. Declaração de duas pessoas maiores, parentes ou não, que atestem conhecer os nubentes e afirmem não existir impedimento; IV. Declaração do estado civil, do domicílio, e da residência dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos. Esse documento é denominado memorial e deve ser assinado pelos nubentes; Certidão de óbito do cônjuge falecido, da anulação do casamento anterior ou do registro da sentença do divórcio. Se o assento do óbito, entretanto, não foi lavrado porque o corpo desapareceu em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, ou o falecido estava em perigo de vida e é extremamente provável a sua morte, tal certidão pode ser substituída por sentença obtida em declaração da morte presumida, sem decretação de ausência (CC, art. 7º) ou em justificação judicial requerida perante juiz togado. Na última hipótese, a declaração de morte presumida ocorrerá após o trânsito em julgado da sentença que concedeu a sucessão definitiva dos bens do ausente, a qual, tem lugar depois de decorridos 10 anos da concessão da sucessão provisória. Nos casos de nulidade ou anulação do casamento, será juntada certidão do trânsito em julgado da sentença. Se um dos cônjuges for divorciado, não bastará a certidão do trânsito em julgado da sentença que decretou o divórcio: é preciso juntar certidão do registro dessa sentença no Cartório do Registro Civil onde o casamento se realizou, porque somente com esse registro produzirá efeitos. EDITAL DE PROCLAMAS Será afixado durante 15 dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver. Ausente a imprensa local, faz- se a afixação no mural do próprio fórum. É um ato de publicidade, onde através dele, poderá aparecer oposições ao casamento. É garantido aos nubentes o contraditório e a ampla produção de provas. O certificado de habilitação possui prazo decadencial de 90 dias, ou seja, o casamento deverá ser celebrado nesse prazo. Caso os nubentes percam o prazo, deverá ser expedido outro certificado de habilitação. Da Celebração do Casamento O ato deve ser presidido pelo juiz de paz, de direito ou, no casamento religioso com efeitos civis, pela autoridade religiosa. O casamento será celebrado no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes que se mostrem habilitados com a certidão de habilitação. A solenidade será realizada no cartório, a portas abertas (para que seja dada a devida publicidade, com pelo menos duas testemunhas, parentes ou não. Se os nubentes forem analfabetos ou estiverem impossibilitados de assinar o termo, como por exemplo, enfermidade na mão que utiliza para escrever, deverá ser 4 testemunhas. Querendo as partes e consentindo a autoridade, o casamento poderá ser realizado em edifício público ou particular, devendo ficar de portas abertas durante o ato e mediante a presença de 4 testemunhas. A concretização do casamento decorre do consentimento dos noivos (“SIM”) e não do pronunciamento do presidente do ato, de natureza meramente declaratória da união conjugal. Expressões como: “não sei”, “estou em dúvida” ou até mesmo o silêncio impõem à autoridade celebrante a imediata suspensão da solenidade, que não poderá ser retratada naquele dia. Realizado o casamento, será lavrado o assento no livro de registro, o assento deve ser assinado pelo presidente do ato, cônjuges e testemunhas: Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro, serão exarados: I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos cônjuges; II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual dos pais; III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento anterior; IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento; V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro; VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas; VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obrigatoriamente estabelecido. Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes: I - recusar a solene afirmação da sua vontade; II - declarar que esta não é livre e espontânea; III - manifestar-se arrependido. Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas, o presidente do ato, ouvida dos nubentes a afirmação de que pretendem se casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, com as seguintes palavras: “De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados. ” Tipos de Casamento CASAMENTO URGENTE POR MOLÉSTIA GRAVE A principal diferença entre este e o casamento nuncupativo é que no último caso, o nubente se encontra no leito de morte, não tendo tido tempo para se habilitar, nem solicitar a presença de uma autoridade celebrante ou seu substituto. No casamento por moléstia grave, a habilitação foi feita, mas, por conta de grave doença, tornou-se impossível o comparecimento à solenidade matrimonial. Em virtude da moléstia que o acomete, o nubente não pode se deslocar ao salão de casamentos, solicitando, dessa forma, que a própria autoridade celebrante vá ao seu encontro. Diz o artigo 1539, do Código Civil: O disposto acima implica dizer que, nesse cenário, o juiz de casamento (ou os seus suplentes) e o Oficial do Registro Civil (ou outra pessoa nomeada pela autoridade celebrante para o ato- ad hoc- caso o oficial não possa se deslocar) se dirigirão ao local em que o enfermo se encontra para celebrar o casamento, desde que presentes duas testemunhas. Será assentado o ato pelo oficial (caso não tenha levado o livro) ou pelo ad hoc (que não tem acesso ao livro) em termo avulso que será levado a registro em até cinco dias, na presença de duas testemunhas. A habilitação prévia não pode ser suprimida. Mesmo nesse caso extremo o juiz deverá exigircertidão de habilitação válida. Caso não haja, deverá colher e analisar imediatamente todos os documentos exigidos pela lei, dispensando, evidentemente, os proclamas. No entanto, a jurisprudência vem dispensando o processo de habilitação. CASAMENTO NUNCUPATIVO OU IN EXTREMIS VITAE MOMENTIS OU IN ARTICULO MORTIS Art. 1539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. §1º. A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato. §2º. O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado. É aquele contraído, de viva voz, por nubente que se encontre no leito de morte, na presença de, pelo menos, seis testemunhas, independentemente da presença da autoridade competente ou de seu substituto. Realizado o casamento, as testemunhas deverão comparecer perante a autoridade judicial mais próxima em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de que: foram convocados por parte do enfermo; este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher. A partir daí, instaura-se procedimento de jurisdição voluntária, com participação do Ministério Público, onde o juiz, após verificar se os nubentes poderiam ter se habilitado, ouvirá interessados e, concluindo haverem sido observadas as formalidades legais e não ter havido fraude, decidirá, por mandado (ordem judicial), o registro do ato. A ausência desse registro implicará a nulidade absoluta do casamento. Havendo depoimentos contraditórios, o juiz deverá negar o registro. Estando observados os pressupostos da lei, o assento será lavrado e retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração, isto é, a sentença surtirá efeitos ex tunc. Todas essas formalidades serão dispensadas se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença de autoridade competente e do oficial do registro. A autoridade competente para o registro do casamento nuncupativo é o Juiz da Vara de Família. CASAMENTO CELEBRADO FORA DO PAÍS, PERANTE AUTORIDADE DIPLOMÁTICA BRASILEIRA O brasileiro que se encontra fora do país pode decidir casar seja com outro brasileiro seja com estrangeiro. Nesse caso, ele tem a possibilidade de celebrar o casamento conforme as leis brasileiras. De acordo com o artigo 18 da LINDB, “tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiros ou brasileira nascido no país da sede do consulado.” Todavia, nos termos do art. 1544, do Código Civil, o casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em 180 dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir. OBS: se trata de prazo decadencial, onde sua inobservância gera a impossibilidade do casamento produzir seus efeitos jurídicos, não se considerando, dessa forma, tais pessoas como casadas pela lei brasileira. A volta de um ou ambos o cônjuge deve ser efetiva, não se considerando, portanto, retorno esporádico. CASAMENTO RELIGIOSO E RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS O casamento meramente religioso não goza de efeitos civis; No entanto, o casamento religioso com efeitos civis, celebrado por autoridade eclesiástica ou religiosa, autorizado pela lei, para produzir efeitos civis deverá observar as mesmas formalidades do casamento civil (habilitação, testemunhas, portas abertas, etc.) e depois, deverá ser registrado no prazo máximo de 90 dias no Registro Civil competente. Dessa forma, será considerado realizado o casamento no momento da cerimônia, tendo o registro posterior, efeito ex tunc, pois retroage até a data da celebração religiosa. Pode ocorrer de duas formas: Precedido de Habilitação; Não precedido de habilitação. No casamento religioso precedido de habilitação, o ato deve ser registrado no prazo decadencial de 90 dias, contados de sua realização. Após esse prazo, será preciso nova habilitação para poder registrar. No casamento religioso não precedido de habilitação, somente terá efeitos civis se, após a cerimônia, for feito o requerimento de registro pelo casal, juntamente com a prova do ato religioso e documentos necessários à habilitação. Processada a habilitação e não havendo impedimentos nem causas suspensivas, o oficial fará o registro no prazo de 90 dias (efeitos ex tunc) CASAMENTO PUTATIVO É o casamento que, contraído de boa-fé por um ou ambos os cônjuges, embora padeça de nulidade absoluta ou relativa, tem seus efeitos jurídicos resguardados em favor do cônjuge inocente. Ex: Duas pessoas maiores, capazes, apaixonam-se e casam, sem sequer imaginar que são irmãos. Os direitos da prole sempre, e em qualquer circunstância, serão resguardados (hipótese em que ambos os cônjuges agiram de má-fé). O juiz não depende de provocação da parte interessada para o reconhecimento da putatividade, pois pode fazer de ofício, preservando os efeitos do casamento inválido. Assim, poderá, no dispositivo da sentença, acolhendo o pedindo, declarar nulo ou anular o casamento impugnado, preservando seus efeitos em favor do cônjuge inocente, independentemente de requerimento. O provimento jurisdicional que reconhece a putatividade é meramente declaratório. Ao coacto devem ser preservados os efeitos jurídicos do casamento, como decorrência do princípio da eticidade, para favorecê-lo. CASAMENTO PUTATIVO CONTRAÍDO DE BOA-FÉ POR AMBOS OS CÔNJUGES Invalidado o casamento, os direitos e deveres deverão cessar para os dois cônjuges. No que tange a alimentos, por força dos princípios da solidariedade e da eticidade, devem ser fixados, mesmo após a sentença que invalida o matrimônio. No que se refere aos bens, considerando-se a boa-fé de ambos os cônjuges, a partilha deve ser feita, segundo o regime de bens escolhido, como se o juiz estivesse conduzindo um divórcio. CASAMENTO PUTATIVO CONTRAÍDO DE BOA-FÉ POR UM DOS CÔNJUGES O dever de prestar alimentos persiste em favor apenas do cônjuge de boa-fé. Ainda que o outro necessite de pensão, essa não será devida, haja vista que já sabia da impossibilidade jurídica do casamento contraído. O direito à herança será extinto a partir da sentença de nulidade ou anulação, e, se a morte ocorrer quando ainda em curso a ação de invalidade, o direito sucessório do cônjuge de boa- fé será mantido. OBS: O cônjuge de boa-fé ainda poderá pleitear reparação por danos morais em virtude de haver sido induzido ou coagido a contrair um casamento que imaginava ser perfeitamente válido e eficaz, mas que possuía vício invalidante. Da prova do Casamento O casamento deverá ser provado por meio da certidão de registro de casamento e pela expedição de certidão dele oriunda admitindo-se, na falta desse documento, que a dilação probatória possa ser feita por qualquer outro meio, que seja admitido constitucionalmente. A falta ou perda do registro civil deverá ser justificada, nos moldes do parágrafo único do artigo 1543. Art. 1543- O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro. Parágrafo Único- justificada a perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de prova. Exemplos de meios subsidiários de prova: testemunhas do ato, certidão de proclamas, documentos públicos que mencionem o estado civil,etc. No entanto, deve ser instaurado um procedimento judicial para que se realize a justificação. A sentença de suprimento de registro de casamento terá efeito retroativo (ex tunc), conforme artigo 1546, que dispõe, “quando a prova da celebração legal do casamento resultar de processo judicial, o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento”. POSSE DO ESTADO DE CASADAS Se trata de uma situação em que há a nítida aparência da existência e validade do casamento, onde, pela própria teoria da aparência, não se poderá impugnar matrimônio, salvo quando houver provas de que uma das partes já era casada. Art. 1545- O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da parte comum, salvo mediante Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o casamento impugnado”. Requisitos de Existência do Casamento MANIFESTAÇÃO DA VONTADE (CONSENTIMENTO) Poderá ser expressa, através da palavra escrita ou falada, gestos ou sinais ou tácita, que resulta de um comportamento do nubente. A coação torna inexistente o negócio jurídico. A ausência completa de manifestações volitivas (ex: silêncio) conduz o casamento à declaração de inexistência, o que não se confunde com a manifestação viciada, que autoriza a anulação. CELEBRAÇÃO POR AUTORIDADE COMPETENTE Considerando-se que o casamento pode ser civil ou religioso com efeitos civis, poderão figurar como autoridades celebrantes o juiz de direito, o juiz de paz, segundo a Lei de Organização Judiciária de casa Estado ou a autoridade religiosa. Requisitos de Validade do Casamento INVALIDADES DO CASAMENTO O casamento realizado pode conter defeito tão grave que não comporta correção, é o caso da nulidade, já o casamento anulável, possui defeito menos incisivo e pode ser convalidado. CASAMENTO NULO É nulo o casamento a. Que for realizado com inobservância de impedimentos; Anteriormente, era considerado casamento nulo aquele contraído por pessoa sem discernimento. No entanto, foi revogado em razão da vigência do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº. 13.146/2015). Essa lei entende que “a pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador”. DO CASAMENTO CELEBRADO COM INFRIGÊNCIA A IMPEDIMENTO MATRIMONIAL Efeitos: Ação Imprescritível; Ação proposta por qualquer interessado ou pelo MP; Efeitos ex tunc da sentença, no entanto, não pode prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé nem resultante de sentença transitada em julgado (ART. 1563/CC). O JUIZ NÃO PODERÁ DECLARAR DE OFÍCIO A NULIDADE DO CASAMENTO, EXIGINDO-SE PARA TANTO, A PROPOSITURA DE AÇÃO DIRETA DE NULIDADE/ DECLARATÓRIA DE NULIDADE. CASAMENTO ANULÁVEL Segundo o artigo 1550, é anulável o casamento: I. De quem não completou a idade mínima para casar; A capacidade núbil se dá aos 16 anos. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida: I - pelo próprio cônjuge menor; II - por seus representantes legais; III - por seus ascendentes. O MENOR, APÓS ATINGIR A IDADE NÚBL, PODERÁ CONVALIDAR SEU CASAMENTO MEDIANTE AUTORIZAÇÃO DE SEUS REPRESENTANTES LEGAIS OU SUPRIMENTO. Se uma menina de 15 anos se casar, este casamento será anulável e pode ser convalidado caso resulte gravidez posterior ao matrimônio (GRAVIDEZ ANTERIOR NÃO RESULTA MAIS EM CASAMENTO, EM NENHUMA HIPÓTESE). II. Do menor em idade núbil, quando não autorizado pelo seu representante legal; OBS: o menor entre 16 e 18 anos necessita de autorização especial dos pais ou de ambos os representantes para se casar. O prazo para a propositura da ação é de 180 dias, se ela for proposta pelo menor, conta-se a partir do momento em que ele completar 18 anos, se proposta pelo representante legal, conta-se a partir da celebração do casamento e se por herdeiro necessário, conta-se a partir do óbito do menor. NÃO SE ANULARÁ O CASAMENTO quando os representantes legais do menor tiverem assistido à celebração ou tiverem manifestado a sua aprovação. O CASAMENTO SERÁ CONVALIDADO. III. Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; Tais circunstâncias deverão se verificar no momento da celebração. EX: ébrios habituais. PRAZO PARA A ANULAÇÃO: 180 DIAS. IV. Realizado pelo mandatário, sem que ele ou outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; Poderá ser anulado se realizado por mandatário, ocorrendo a revogação do mandato, sem que o representante e o outro cônjuge tenham conhecimento da extinção do contrato. O PRAZO PARA A ANULAÇÃO É DE 180 DIAS, A CONTAR DO MOMENTO EM QUE CHEGUE AO CONHECIMENTO DO MANDANTE A REALIZAÇÃO DO CASAMENTO E CABE SOMENTE AO MANDANTE. Caso haja coabitação entre os cônjuges, o casamento será convalidado. V. Por incompetência da autoridade celebrante. A incompetência é em relação ao local, como, por exemplo, quando o juiz de paz de determinada localidade realiza casamento em outra, fora de sua competência. O PRAZO PARA ANULAÇÃO É DE 2 ANOS, A CONTAR DA CELEBRRAÇÃO. Será convalidado se o celebrante, mesmo sem possuir a competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil. De acordo com o artigo 1.558, “é anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges tiver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares”. Nesse caso, o prazo para a anulação é de 4 anos, contados a partir da celebração e somente poderá ser proposta pelo cônjuge que sofreu a coação, pois se trata de uma ação personalíssima. No entanto, havendo posterior coabitação entre os cônjuges e ciência do vício, pelo tempo que o juiz entender que é razoável, o casamento será convalidado. Vale lembrar que são dois os tipos de coação, a física e a moral. DO ERRO ESSENCIAL SOBRE A PESSOA DE UM DOS CÔNJUGES Dispõe o Código Civil: “São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio”. Trata-se de uma falsa percepção da realidade, que invalida o ato que se pratica, incidente nas características pessoais ou no comportamento de um dos declarantes. O erro deverá ser de tal impacto que torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado. O Código Civil elenca as situações consideradas de erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge, dispostas no artigo 1557: Art. 1557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I. O que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; EX: casamento com homossexual, com viciado em tóxico, com pessoa violenta, etc. II. A ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal. III. A ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência. Ex: hermafroditismo, AIDS, sífilis, etc. É o caso do marido com irreversível inaptidão para a relação sexual, desde que comprovada, o casamento poderá ser anulado. OBS: essa anomalia não pode ser confundida com a capacidade para gerar filhos, pois, essa, por si só, não é motivo para justificar a invalidade do casamento. No que toca as impotências: IMPOTÊNCIA GENERANDI:incapacidade para a fecundação = NÃO ANULA; IMPOTÊNCIA CONCEPIENDI: incapacidade para a concepção= NÃO ANULA; IMPOTÊNCIA COEUNDI: impotência instrumental que provoca a inabilitação para a prática do sexo- ANULA, POIS O SEXO É UM DEVER MATRIMONIAL. PRAZO PARA ANULAÇÃO: 3 ANOS, A CONTAR DA CELEBRAÇÃO E A PROPOSITURA DA AÇÃO CABE SOMENTE AO CÔNJUGE QUE INCIDIU EM ERRO. No entanto, havendo posterior coabitação entre os cônjuges e ciência do vício, pelo tempo que o juiz entender razoável, o casamento será convalidado. Efeitos Jurídicos do Casamento Principais efeitos jurídicos: a) Social: estabelece vínculo de afinidade entre cada cônjuge e os parentes do outro e emancipa o nubente menor de idade. b) Pessoal: apresenta o rol de direitos e deveres dos cônjuges e dos pais em relação aos filhos. c) Patrimoniais: fixa o dever de sustento da família, a obrigação alimentar e o termo inicial da vigência do regime de bens, dispõe sobre o bem de família e sobre os atos que não podem ser praticados por um dos cônjuges sem a anuência do outro, etc. Art. 1565/CC- Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. (COMUNHÃO PLENA DE VIDA). Qualquer dos nubentes poderá acrescer ao seu sobrenome o sobrenome do outro, mesmo após o casamento, no entanto, deverá ser por via judicial. Segundo o art. 1571, §2º, o cônjuge poderá manter o nome de casado após o divórcio, exceto se a dissolução da sociedade for motivada pela nulidade ou anulação do casamento. É de livre decisão do casal o planejamento familiar, sendo vedada qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas. DEVERES DO CASAMENTO a) Fidelidade recíproca: A violação desse dever pode, independentemente da sociedade conjugal ou da relação de companheirismo, gerar consequências jurídicas, inclusive indenizatórias. Decorre do caráter monogâmico do casamento, onde impõe-se exclusividade nas relações sexuais. b) Vida em comum, no domicílio conjugal: Dever de coabitação, autores como Orlando Gomes entendem que “a coabitação representa mais do que a simples convivência sob o mesmo teto”, remetendo a união carnal. No entanto, esse dever de coabitação deve ser visualizado a partir da realidade social, como é o caso de que, por motivos de trabalho, os cônjuges residam em cidades diferentes. O abandono somente se configurará após um ano, segundo o artigo 1.573, IV, CC. c) Mútua assistência: Assistência material, moral, afetiva, patrimonial, sexual e espiritual. d) Sustento, guarda e educação dos filhos; Os pais devem zelar pelo sustento, dividir as responsabilidades e propiciar educação. e) Respeito e consideração mútuos. ADMINISTRAÇÃO E DIREÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL Art. 1567- A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos. Parágrafo Único: Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, que decidirá tendo em consideração aqueles interesses. Art. 1570- A administração da sociedade conjugal e a direção da família poderão ser exercidas exclusivamente por um dos cônjuges, estando o outro: Em lugar remoto ou não sabido; Encarcerado por mais de 180 dias; Interditado judicialmente ou privado de consciência em virtude de enfermidade ou acidente.
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