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Casamento: Conceito, Natureza Jurídica e Impedimentos

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Casamento
O casamento é um negócio jurídico público, complexo, bilateral, revestido de publicidade e 
solenidade onde duas pessoas, que não são impedidas de casar, manifestam livre e 
conscientemente sua vontade de estabelecer uma relação matrimonial e a vontade de 
constituir família que se completa pela celebração, que constitui ato privativo de 
representante do Estado. 
Sua principal finalidade é estabelecer uma comunhão plena de vida. 
A relação matrimonial é uma relação personalíssima e permanente que traduz ampla e 
duradoura comunhão de vida. 
NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO 
Quanto à sua natureza, existem três correntes. São elas: 
a. Concepção clássica, individualista ou contratualista: considerava o casamento civil um 
contrato, cuja validade e eficácia decorreriam exclusivamente da vontade das partes. 
Poderia dissolver-se por um distrato, ficando a sua dissolução dependente do mútuo 
consentimento. 
b. Concepção individualista ou supraindividualista: prevalece no casamento o caráter 
institucional, sendo o casamento uma “instituição social”, possuindo um conjunto de 
regras impostas pelo Estado, onde as partes ficam sujeitas, não podendo modificar 
a legislação pertinente conforme a sua vontade. 
c. Concepção de natureza eclética ou mista: considera o casamento, simultaneamente, 
um contrato e uma instituição. É um contrato especial, diferentemente dos contratos 
meramente patrimoniais atribuídos ao direito das obrigações, pois estes giram em 
torno do interesse econômico, enquanto o casamento se prende a interesses morais 
e patrimoniais. TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL. 
 
CARACTERÍSTICAS DO CASAMENTO: 
I. É ato eminentemente solene, para que seja dada maior segurança aos referidos atos 
e para garantir a sua validade e enfatizar a sua seriedade; 
II. Possuem normas de ordem pública: Com a constitucionalização do Direito Civil, passou 
a ser atribuído tanto na Constituição Federal quanto na legislação civil; 
III. Estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos 
cônjuges; 
IV. União exclusiva: o que reflete a monogamia e a fidelidade recíproca; 
V. Possui caráter dissolúvel; 
VI. Celebrado entre pessoas de sexo diferente ou do mesmo sexo; 
VII. Não comporta termo ou condição, sendo, dessa forma, negócio jurídico puro e simples; 
VIII. Permite liberdade de escolha do nubente. 
 
Impedimentos Matrimoniais 
Não podem casar: 
a) Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil: é nulo de 
pleno direito. 
No entanto, o Decreto-lei nº. 3.200/41, denominado de Lei de Organização e Proteção 
da Família, prevê a possibilidade de realização de casamento entre colaterais de 3º grau, 
impondo-os a exame pré-nupcial, que será levado a cabo por dois peritos nomeados pelo 
juiz de casamento, onde emitirão um relatório atestando a sanidade dos nubentes e a 
inexistência de problemas que possam afetar os noivos e a prole. 
Não havendo obstáculos, será emitida a certidão de habilitação e o casamento será 
realizado. Se o laudo for desfavorável, o casamento não será realizado. 
b) Os afins em linha reta: parentes naturais ou civis do cônjuge ou companheiro. 
OBS: como a lei estende a proibição apenas aos afins em linha reta, significa que é 
possível o casamento de uma pessoa com o seu cunhado ou cunhada, haja vista que são 
parentes em linha colateral por afinidade. 
c) O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante. 
Crítica: faz uma certa distinção em relação ao filho adotado, haja vista que é filho da 
mesma forma. 
Suponha que uma mulher adota uma jovem e logo após, se casa, o homem é padrasto da 
jovem. Findo o relacionamento, a jovem não poderá se casar com o ex-esposo de sua 
mãe. Da mesma forma, a adotante (mãe) também não poderá se casar com o ex-esposo 
de sua filha, a adotada. (SOGRA É PARENTE PARA SEMPRE, AD ETERNUM!). 
d) Os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até terceiro grau. 
e) O adotado com o filho do adotante, por serem irmãos; 
f) As pessoas casadas. 
g) O cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio 
contra o seu consorte; 
Ex: Caso um homem tente matar o esposo de um sujeito, a viúva (sobrevivente) não 
poderá se casar com o criminoso, caso ele tenha sido condenado pelo homicídio ou 
tentativa de homicídio. Se o sujeito não morrer e se divorciarem, antes de sentença 
condenatória transitada em julgado, essa regra não incidirá. 
Os impedimentos matrimoniais podem ser opostos até o momento da celebração do 
casamento. 
OBS: A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do artigo 1.521; não 
se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato 
ou judicial. 
 
Causas Suspensivas do Casamento 
São situações de menor gravidade, que envolvem questões patrimoniais e de menor gravidade. 
Não geral nulidade absoluta ou relativa do casamento. Impõem apenas sanções patrimoniais 
aos cônjuges, como a imposição do regime de separação legal ou obrigatória de bens. 
NÃO DEVEM CASAR: 
I. o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer o inventário 
dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; 
II. a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até 
dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; 
III. o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do 
casal; 
IV. o tutor ou curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou 
sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou 
curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. 
OBS: 
 Em todos os casos, desaparece a causa suspensiva se for provada a ausência de 
prejuízo aos envolvidos; 
 Somente parentes em linha reta de um dos cônjuges, consanguíneos ou afins (ex: 
pai, avó, sogro) e pelos colaterais em 2º grau, consanguíneos ou afins (irmãos ou 
cunhados). 
 Não podem ser reconhecidas pelo juiz ou pelo oficial do Registro Civil. 
 
Do processo de habilitação para o 
casamento
DA CAPACIDADE PARA O CASAMENTO 
A capacidade núbil é a aptidão do indivíduo para casar-se que se dá aos 16 anos (idade núbil). 
Não se confunde com a capacidade para os atos da vida civil, tendo em vista que existem 
pessoas capazes, mas, impedidas para o casamento, como é o caso das pessoas casadas. E 
existem pessoas incapazes civilmente, mas que podem se casar, como, por exemplos, as 
pessoas de 16 anos, com autorização de ambos os pais. 
Até o ano de 2019 existiam duas situações em que menores de 16 anos poderiam se casar, 
excepcionalmente, em casos de gravidez e para evitar imposição ou cumprimento de pena 
criminal, porém, em 2019, o artigo 1520, do Código Civil foi modificado, proibindo, em qualquer 
caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil. 
Com a celebração do casamento, cessa a incapacidade civil dos nubentes, tornando-se o 
menor emancipado. Desfeito o casamento pelo divórcio ou morte de um dos cônjuges, 
mantém-se a capacidade civil. 
O Código Civil exige que as pessoas que desejam se casar e possuam 16 anos exibam a 
autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto a maioridade civil 
não for atingida. 
Art.1517: O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se a autorização 
de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. 
É permitido o suprimento judicial de consentimento, quando a não autorização por injusta ou 
por mero capricho, ou seja, as partes podem recorrer ao juiz. para solucionar o conflito. 
Como o código não especifica em quais casos essa denegação de um dos pais ou de ambos é 
considerada injusta, fica a critério do juiz verificar se a justificativa para a não autorização 
foi plausível ou não. 
Segundo a doutrina, são considerados motivos justos e justificáveis, os seguintes: 
i. Existência de impedimento legal;ii. Grave risco à saúde do menor; 
iii. Costumes desregrados, como embriaguez habitual e paixão imoderada pelo jogo. 
iv. Falta de recursos para sustentar a família; 
v. Total recusa ou incapacidade para o trabalho; 
vi. Maus antecedentes criminais. 
Se o pedido se suprimento do consentimento for suprimido pelo juiz, será expedido um alvará, 
que será anexado ao processo de habilitação e o casamento deverá ser, obrigatoriamente, 
no regime de separação de bens, o que pode ser mudado após ambos atingirem a capacidade 
civil plena. 
O procedimento para o suprimento judicial do consentimento é igual ao previsto para a 
jurisdição voluntária, previsto a partir do artigo 1103 do CPC. 
Para que o pedido seja viabilizado, admite-se que o menor outorgue procuração a advogado, 
sem assistência de seu representante legal em razão da colisão de interesses e por se 
tratar de jurisdição voluntária. 
O representante do Ministério Público fica encarregado de requerer ao Juiz a nomeação de 
advogado dativo (aquele que exerce papel de defensor público) para o menor. 
É cabível recurso de apelação para a instância superior da decisão proferida pelo juiz. 
O parágrafo único do art. 1.517 do Código Civil dispõe que, se houver divergência entre os 
pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631: “é assegurado a qualquer deles 
recorrer ao juiz para solução do desacordo”. Pode também a ação ser endereçada contra 
um dos pais, se somente este se recusar a dar a autorização. 
 
OBS: O maior interdito necessita de autorização do curador, o militar dos seus superiores 
hierárquicos, o magistrado não pode casar sem autorização superior com pessoa que esteja 
sob sua jurisdição, os diplomatas necessitam de autorização para poder casar com 
estrangeiros. 
 
PROCEDIMENTO PARA HABILITAÇÃO 
O processo de habilitação possui finalidade de comprovar que os nubentes preenchem os 
requisitos que a lei exige para que seja celebrado o casamento. 
Através dele, as partes apresentam documentos que constatem a capacidade para a 
realização do ato, a inexistência de impedimentos matrimoniais ou de causa suspensiva e a 
dar publicidade, por meio de editais, chamados de “editais de proclamas” à pretensão 
manifestada pelos noivos, convocando as pessoas que saibam de algum impedimento para 
que venham opô-los (apresenta-los). 
O pedido deverá ser realizado perante o oficial da comarca de residência de um dos nubentes. 
É importante que o pedido seja feito no local de residência ou domicílio de um ou ambos os 
nubentes, pois deve ser dada a máxima publicidade, especialmente perante a sociedade. 
Não há mais necessidade de homologação da habilitação pelo juiz, processando-se perante o 
Oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público, sendo remetida ao juiz apenas 
no caso de impugnação da habilitação, feita pelo oficial, Ministério Público ou terceiro que se 
opõe. 
O consentimento dos nubentes é apresentado perante a autoridade competente para 
presidir a solenidade, denominada Juiz de Paz, aquele que realiza casamentos civis. 
O processo de habilitação permite ainda o exame de situações que possam, de algum modo, 
ameaçar a ordem pública, como o parentesco próximo dos nubentes, proibindo-se a realização 
do enlace para preservar a moral familiar. Possibilita ainda evitar uniões decorrentes de 
outras circunstâncias prejudiciais ou em que existam defeitos impossíveis de serem supridos 
ou sanados. 
 
Os noivos devem requerer a instauração do processo de habilitação no cartório de seu 
domicílio. Se os noivos são domiciliados em municípios distintos, o processo tramitará perante 
o cartório do registro civil de qualquer deles, porém, o edital de proclamas será publicado em 
ambos. 
 
Se forem analfabetos, o requerimento será assinado a rogo (assinado por outra pessoa, a 
seu pedido, diante do fato de não saber ou poder assinar), com duas testemunhas. 
 
Conforme o artigo 1526, “a habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro 
Civil, com a audiência do Ministério Público.” Parágrafo Único: “caso haja impugnação do oficial, 
do Ministério Público ou de terceiro, a habitação será submetida ao juiz. “ 
 
Dessa forma, percebe-se que o juiz só deve ser chamado a intervir no processo de 
habilitação se houver impugnação do Ministério Público. 
 
Decorrido o prazo de quinze dias a contar da afixação do edital em cartório (e não da 
publicação na imprensa), o oficial entregará aos nubentes certidão de que estão habilitados a 
se casar dentro de noventa dias, sob pena de perda de sua eficácia. 
 
Vencido esse prazo, que é de caducidade, será necessária nova habilitação, porque pode ter 
surgido algum impedimento que inexistia antes da publicação dos proclamas (PRAZO 
DECADENCIAL). 
 
Segundo o parágrafo único do artigo 1527 do Código Civil, “a autoridade competente, havendo 
urgência, poderá dispensar a publicação dos proclamas. “ É o chamado casamento 
nuncupativo, realizado em caso de extrema urgência, por exemplo, quando um dos nubentes 
está na iminência de morrer e que não há tempo para o comparecimento do Juiz de Paz ou 
em caso de moléstia grave, nesse cenário, o juiz de casamento e o Oficial do Registro Civil se 
dirigirão ao local em que o enfermo se encontra, para celebrar o casamento, desde que 
presente duas testemunhas, quatro em casos de o nubente não poder assinar, em casos de 
viagem imprevista e demorada, prestação de serviços públicos obrigatórios e inadiáveis, entre 
outros. 
 
A cerimônia será conduzida pelos próprios nubentes, que declararão em voz alta que desejam 
se casar, sendo necessária a presença de seis testemunhas, que não podem ser 
ascendentes, descendentes ou irmãos de nenhum dos nubentes. 
 
Exige-se apenas que o contraente, em petição dirigida ao juiz, especifique os motivos de 
urgência do casamento, provando com documentos ou indicando outras provas para a 
demonstração do alegado. 
 
As testemunhas, em até 10 dias após a celebração deverão se dirigir à autoridade judicial 
mais próxima para confirmar o ato que presenciaram e o estado de risco de morte evidente 
de um dos nubentes. 
 
Cada um desses motivos será apreciado pelo juiz, que pode retardar a concessão, em caso 
de dúvidas quanto à possibilidade de existirem impedimentos. Da decisão não cabe recurso. 
 
A dispensa do edital de proclamas é fatos excepcional, tendo em vista que se destina a 
permitir o aparecimento de impedimentos para o casamento. 
 
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS 
 
Segundo o artigo 1528, do CC, é dever do oficial de registro esclarecer os nubentes a respeito 
dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos 
regimes de bens. 
 
Os editais não serão publicados ou a celebração será suspensa temporariamente sempre 
que a documentação for insuficiente ou irregular ou ainda, existir impedimento matrimonial, 
que, de ofício, lhe cabe declarar. 
 
Se o interessado quiser justificar fato necessário à habilitação para o casamento, deduzirá 
sua intenção perante o juiz competente, em petição circunstanciada, indicando testemunhas 
e apresentando documentos que comprovem a alegação”. Versa o dispositivo sobre a 
possibilidade de um dos cônjuges demonstrar, por exemplo, mediante a oitiva de testemunhas, 
que o outro encontra-se desaparecido há anos e, portanto, impossibilitado de dar o 
consentimento para o casamento de filho menor, a fim de que o peticionário possa dar 
sozinho, validamente, a necessária anuência; de se proceder a eventual retificação de idade; 
de se corrigir algum outro dado irreal sobre a pessoa do habilitando etc. 
 
Dispõe o art. 1.512 do Código Civil que “o casamento é civil e gratuita a sua celebração”, 
acrescentando o parágrafo único que “a habilitação para o casamento, o registro e a primeira 
certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for 
declarada, sob as penas da lei”. 
 
A habilitação para casamento a ser realizado no Brasil, sendo um dos nubentes divorciado no 
exterior, dependede homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça 
(CF, art. 105, I, i), uma vez que irá produzir efeitos em nosso país. 
 
São documentos necessários: 
 
I. Certidão de Nascimento ou documento equivalente (RG, título de eleitor ou 
passaporte); destina-se a provar se os nubentes possuem capacidade núbil ou se 
possuem mais de 70 anos para que seja obrigatório o regime se separação de bens 
para proteger o patrimônio do idoso; 
II. Autorização das pessoas que estiverem sob dependência legal ou ato judicial que a 
supra, “autorização por escrito” dos pais ou responsáveis pelos nubentes menores 
ou incapazes, ou ato judicial que a supra. Se os genitores não souberem escrever, o 
assentimento será assinado a rogo, na presença de duas testemunhas. Se não forem 
casados, bastará o consentimento do que houver reconhecido o menor, ou, se este 
não for reconhecido, o reconhecimento materno; 
 
Se o marido se encontra desaparecido há vários anos, pode a mulher, justificando 
judicialmente o fato por testemunhas ser autorizada a sozinha, dar validamente o 
consentimento. Se, por algum obstáculo intransponível, não se torna possível obter a 
manifestação dos pais do menor e há urgência na realização do casamento, têm os 
juízes solucionado o impasse com a nomeação de um curador especial para o ato, nos 
próprios autos de habilitação; 
 
III. Declaração de duas pessoas maiores, parentes ou não, que atestem conhecer os 
nubentes e afirmem não existir impedimento; 
IV. Declaração do estado civil, do domicílio, e da residência dos contraentes e de seus 
pais, se forem conhecidos. Esse documento é denominado memorial e deve ser 
assinado pelos nubentes; 
 
Certidão de óbito do cônjuge falecido, da anulação do casamento anterior ou do 
registro da sentença do divórcio. Se o assento do óbito, entretanto, não foi lavrado 
porque o corpo desapareceu em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou 
qualquer outra catástrofe, ou o falecido estava em perigo de vida e é extremamente 
provável a sua morte, tal certidão pode ser substituída por sentença obtida em 
declaração da morte presumida, sem decretação de ausência (CC, art. 7º) ou em 
justificação judicial requerida perante juiz togado. Na última hipótese, a declaração de 
morte presumida ocorrerá após o trânsito em julgado da sentença que concedeu a 
sucessão definitiva dos bens do ausente, a qual, tem lugar depois de decorridos 10 
anos da concessão da sucessão provisória. 
 
Nos casos de nulidade ou anulação do casamento, será juntada certidão do trânsito 
em julgado da sentença. Se um dos cônjuges for divorciado, não bastará a certidão 
do trânsito em julgado da sentença que decretou o divórcio: é preciso juntar certidão 
do registro dessa sentença no Cartório do Registro Civil onde o casamento se realizou, 
porque somente com esse registro produzirá efeitos. 
 
EDITAL DE PROCLAMAS 
Será afixado durante 15 dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes e, 
obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver. Ausente a imprensa local, faz-
se a afixação no mural do próprio fórum. 
É um ato de publicidade, onde através dele, poderá aparecer oposições ao casamento. É 
garantido aos nubentes o contraditório e a ampla produção de provas. 
O certificado de habilitação possui prazo decadencial de 90 dias, ou seja, o casamento deverá 
ser celebrado nesse prazo. Caso os nubentes percam o prazo, deverá ser expedido outro 
certificado de habilitação. 
 
Da Celebração do Casamento 
O ato deve ser presidido pelo juiz de paz, de direito ou, no casamento religioso com efeitos 
civis, pela autoridade religiosa. 
O casamento será celebrado no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade 
que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes que se mostrem habilitados 
com a certidão de habilitação. 
A solenidade será realizada no cartório, a portas abertas (para que seja dada a devida 
publicidade, com pelo menos duas testemunhas, parentes ou não. 
 Se os nubentes forem analfabetos ou estiverem impossibilitados de assinar o termo, 
como por exemplo, enfermidade na mão que utiliza para escrever, deverá ser 4 
testemunhas. 
Querendo as partes e consentindo a autoridade, o casamento poderá ser realizado em edifício 
público ou particular, devendo ficar de portas abertas durante o ato e mediante a presença 
de 4 testemunhas. 
A concretização do casamento decorre do consentimento dos noivos (“SIM”) e não do 
pronunciamento do presidente do ato, de natureza meramente declaratória da união conjugal. 
Expressões como: “não sei”, “estou em dúvida” ou até mesmo o silêncio impõem à autoridade 
celebrante a imediata suspensão da solenidade, que não poderá ser retratada naquele dia. 
Realizado o casamento, será lavrado o assento no livro de registro, o assento deve ser 
assinado pelo presidente do ato, cônjuges e testemunhas: 
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de 
registro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o 
oficial do registro, serão exarados: 
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual 
dos cônjuges; 
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência 
atual dos pais; 
III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento 
anterior; 
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento; 
V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro; 
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas; 
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas 
foi lavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o 
obrigatoriamente estabelecido. 
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos 
contraentes: 
I - recusar a solene afirmação da sua vontade; 
II - declarar que esta não é livre e espontânea; 
III - manifestar-se arrependido. 
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der 
causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia. 
Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as 
testemunhas, o presidente do ato, ouvida dos nubentes a afirmação de que pretendem se 
casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, com as seguintes 
palavras: “De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos 
receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados. ” 
 
Tipos de Casamento 
CASAMENTO URGENTE POR MOLÉSTIA GRAVE 
A principal diferença entre este e o casamento nuncupativo é que no último caso, o 
nubente se encontra no leito de morte, não tendo tido tempo para se habilitar, nem 
solicitar a presença de uma autoridade celebrante ou seu substituto. No casamento por 
moléstia grave, a habilitação foi feita, mas, por conta de grave doença, tornou-se 
impossível o comparecimento à solenidade matrimonial. 
Em virtude da moléstia que o acomete, o nubente não pode se deslocar ao salão de 
casamentos, solicitando, dessa forma, que a própria autoridade celebrante vá ao seu 
encontro. 
Diz o artigo 1539, do Código Civil: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O disposto acima implica dizer que, nesse cenário, o juiz de casamento (ou os seus suplentes) 
e o Oficial do Registro Civil (ou outra pessoa nomeada pela autoridade celebrante para o ato- 
ad hoc- caso o oficial não possa se deslocar) se dirigirão ao local em que o enfermo se 
encontra para celebrar o casamento, desde que presentes duas testemunhas. 
Será assentado o ato pelo oficial (caso não tenha levado o livro) ou pelo ad hoc (que não tem 
acesso ao livro) em termo avulso que será levado a registro em até cinco dias, na presença 
de duas testemunhas. 
A habilitação prévia não pode ser suprimida. Mesmo nesse caso extremo o juiz deverá exigircertidão de habilitação válida. Caso não haja, deverá colher e analisar imediatamente todos os 
documentos exigidos pela lei, dispensando, evidentemente, os proclamas. No entanto, a 
jurisprudência vem dispensando o processo de habilitação. 
 
CASAMENTO NUNCUPATIVO OU IN EXTREMIS VITAE MOMENTIS OU IN ARTICULO MORTIS 
Art. 1539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o 
presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, 
sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas 
que saibam ler e escrever. 
§1º. A falta ou impedimento da autoridade competente para 
presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus 
substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad 
hoc, nomeado pelo presidente do ato. 
§2º. O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será 
registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, 
perante duas testemunhas, ficando arquivado. 
 
É aquele contraído, de viva voz, por nubente que se encontre no leito de morte, na presença 
de, pelo menos, seis testemunhas, independentemente da presença da autoridade 
competente ou de seu substituto. 
Realizado o casamento, as testemunhas deverão comparecer perante a autoridade judicial 
mais próxima em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de que: foram 
convocados por parte do enfermo; este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; em 
sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido 
e mulher. 
A partir daí, instaura-se procedimento de jurisdição voluntária, com participação do Ministério 
Público, onde o juiz, após verificar se os nubentes poderiam ter se habilitado, ouvirá 
interessados e, concluindo haverem sido observadas as formalidades legais e não ter havido 
fraude, decidirá, por mandado (ordem judicial), o registro do ato. 
A ausência desse registro implicará a nulidade absoluta do casamento. 
Havendo depoimentos contraditórios, o juiz deverá negar o registro. 
Estando observados os pressupostos da lei, o assento será lavrado e retrotrairá os efeitos 
do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração, isto é, a sentença 
surtirá efeitos ex tunc. 
Todas essas formalidades serão dispensadas se o enfermo convalescer e puder ratificar o 
casamento na presença de autoridade competente e do oficial do registro. 
A autoridade competente para o registro do casamento nuncupativo é o Juiz da Vara de 
Família. 
CASAMENTO CELEBRADO FORA DO PAÍS, PERANTE AUTORIDADE DIPLOMÁTICA BRASILEIRA 
O brasileiro que se encontra fora do país pode decidir casar seja com outro brasileiro seja 
com estrangeiro. Nesse caso, ele tem a possibilidade de celebrar o casamento conforme as 
leis brasileiras. 
De acordo com o artigo 18 da LINDB, “tratando-se de brasileiros, são competentes as 
autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro 
Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiros ou 
brasileira nascido no país da sede do consulado.” 
Todavia, nos termos do art. 1544, do Código Civil, o casamento de brasileiro, celebrado no 
estrangeiro, perante as respectivas autoridades os cônsules brasileiros, deverá ser 
registrado em 180 dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no 
cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado em que 
passarem a residir. 
OBS: se trata de prazo decadencial, onde sua inobservância gera a impossibilidade do 
casamento produzir seus efeitos jurídicos, não se considerando, dessa forma, tais pessoas 
como casadas pela lei brasileira. 
A volta de um ou ambos o cônjuge deve ser efetiva, não se considerando, portanto, retorno 
esporádico. 
CASAMENTO RELIGIOSO E RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS 
O casamento meramente religioso não goza de efeitos civis; 
No entanto, o casamento religioso com efeitos civis, celebrado por autoridade eclesiástica ou 
religiosa, autorizado pela lei, para produzir efeitos civis deverá observar as mesmas 
formalidades do casamento civil (habilitação, testemunhas, portas abertas, etc.) e depois, 
deverá ser registrado no prazo máximo de 90 dias no Registro Civil competente. 
Dessa forma, será considerado realizado o casamento no momento da cerimônia, tendo o 
registro posterior, efeito ex tunc, pois retroage até a data da celebração religiosa. 
Pode ocorrer de duas formas: 
 Precedido de Habilitação; 
 Não precedido de habilitação. 
No casamento religioso precedido de habilitação, o ato deve ser registrado no prazo 
decadencial de 90 dias, contados de sua realização. Após esse prazo, será preciso nova 
habilitação para poder registrar. 
No casamento religioso não precedido de habilitação, somente terá efeitos civis se, após a 
cerimônia, for feito o requerimento de registro pelo casal, juntamente com a prova do ato 
religioso e documentos necessários à habilitação. Processada a habilitação e não havendo 
impedimentos nem causas suspensivas, o oficial fará o registro no prazo de 90 dias (efeitos 
ex tunc) 
CASAMENTO PUTATIVO 
É o casamento que, contraído de boa-fé por um ou ambos os cônjuges, embora padeça de 
nulidade absoluta ou relativa, tem seus efeitos jurídicos resguardados em favor do cônjuge 
inocente. 
Ex: Duas pessoas maiores, capazes, apaixonam-se e casam, sem sequer imaginar que são 
irmãos. 
Os direitos da prole sempre, e em qualquer circunstância, serão resguardados (hipótese em 
que ambos os cônjuges agiram de má-fé). 
O juiz não depende de provocação da parte interessada para o reconhecimento da 
putatividade, pois pode fazer de ofício, preservando os efeitos do casamento inválido. 
Assim, poderá, no dispositivo da sentença, acolhendo o pedindo, declarar nulo ou anular o 
casamento impugnado, preservando seus efeitos em favor do cônjuge inocente, 
independentemente de requerimento. 
O provimento jurisdicional que reconhece a putatividade é meramente declaratório. 
Ao coacto devem ser preservados os efeitos jurídicos do casamento, como decorrência do 
princípio da eticidade, para favorecê-lo. 
CASAMENTO PUTATIVO CONTRAÍDO DE BOA-FÉ POR AMBOS OS CÔNJUGES 
Invalidado o casamento, os direitos e deveres deverão cessar para os dois cônjuges. 
No que tange a alimentos, por força dos princípios da solidariedade e da eticidade, devem ser 
fixados, mesmo após a sentença que invalida o matrimônio. 
No que se refere aos bens, considerando-se a boa-fé de ambos os cônjuges, a partilha deve 
ser feita, segundo o regime de bens escolhido, como se o juiz estivesse conduzindo um 
divórcio. 
CASAMENTO PUTATIVO CONTRAÍDO DE BOA-FÉ POR UM DOS CÔNJUGES 
O dever de prestar alimentos persiste em favor apenas do cônjuge de boa-fé. 
Ainda que o outro necessite de pensão, essa não será devida, haja vista que já sabia da 
impossibilidade jurídica do casamento contraído. 
O direito à herança será extinto a partir da sentença de nulidade ou anulação, e, se a morte 
ocorrer quando ainda em curso a ação de invalidade, o direito sucessório do cônjuge de boa-
fé será mantido. 
OBS: O cônjuge de boa-fé ainda poderá pleitear reparação por danos morais em virtude de 
haver sido induzido ou coagido a contrair um casamento que imaginava ser perfeitamente 
válido e eficaz, mas que possuía vício invalidante. 
 
Da prova do Casamento 
O casamento deverá ser provado por meio da certidão de registro de casamento e pela 
expedição de certidão dele oriunda admitindo-se, na falta desse documento, que a dilação 
probatória possa ser feita por qualquer outro meio, que seja admitido constitucionalmente. 
A falta ou perda do registro civil deverá ser justificada, nos moldes do parágrafo único do 
artigo 1543. 
Art. 1543- O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro. 
Parágrafo Único- justificada a perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de 
prova. 
Exemplos de meios subsidiários de prova: testemunhas do ato, certidão de proclamas, 
documentos públicos que mencionem o estado civil,etc. 
No entanto, deve ser instaurado um procedimento judicial para que se realize a justificação. 
A sentença de suprimento de registro de casamento terá efeito retroativo (ex tunc), 
conforme artigo 1546, que dispõe, “quando a prova da celebração legal do casamento 
resultar de processo judicial, o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto 
no que toca aos cônjuges como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a 
data do casamento”. 
POSSE DO ESTADO DE CASADAS 
Se trata de uma situação em que há a nítida aparência da existência e validade do casamento, 
onde, pela própria teoria da aparência, não se poderá impugnar matrimônio, salvo quando 
houver provas de que uma das partes já era casada. 
Art. 1545- O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam 
manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da parte comum, 
salvo mediante Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o 
casamento impugnado”. 
 
 
 
Requisitos de Existência do Casamento 
MANIFESTAÇÃO DA VONTADE (CONSENTIMENTO) 
Poderá ser expressa, através da palavra escrita ou falada, gestos ou sinais ou tácita, que 
resulta de um comportamento do nubente. 
A coação torna inexistente o negócio jurídico. 
A ausência completa de manifestações volitivas (ex: silêncio) conduz o casamento à declaração 
de inexistência, o que não se confunde com a manifestação viciada, que autoriza a anulação. 
CELEBRAÇÃO POR AUTORIDADE COMPETENTE 
Considerando-se que o casamento pode ser civil ou religioso com efeitos civis, poderão figurar 
como autoridades celebrantes o juiz de direito, o juiz de paz, segundo a Lei de Organização 
Judiciária de casa Estado ou a autoridade religiosa. 
 
Requisitos de Validade do Casamento 
INVALIDADES DO CASAMENTO 
O casamento realizado pode conter defeito tão grave que não comporta correção, é o caso 
da nulidade, já o casamento anulável, possui defeito menos incisivo e pode ser convalidado. 
CASAMENTO NULO 
É nulo o casamento 
a. Que for realizado com inobservância de impedimentos; 
Anteriormente, era considerado casamento nulo aquele contraído por pessoa sem 
discernimento. No entanto, foi revogado em razão da vigência do Estatuto da Pessoa com 
Deficiência (Lei nº. 13.146/2015). 
Essa lei entende que “a pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá 
contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável 
ou curador”. 
 DO CASAMENTO CELEBRADO COM INFRIGÊNCIA A IMPEDIMENTO MATRIMONIAL 
Efeitos: 
 Ação Imprescritível; 
 Ação proposta por qualquer interessado ou pelo MP; 
 Efeitos ex tunc da sentença, no entanto, não pode prejudicar a aquisição de direitos, 
a título oneroso, por terceiros de boa-fé nem resultante de sentença transitada em 
julgado (ART. 1563/CC). 
O JUIZ NÃO PODERÁ DECLARAR DE OFÍCIO A NULIDADE DO CASAMENTO, EXIGINDO-SE PARA 
TANTO, A PROPOSITURA DE AÇÃO DIRETA DE NULIDADE/ DECLARATÓRIA DE NULIDADE. 
CASAMENTO ANULÁVEL 
Segundo o artigo 1550, é anulável o casamento: 
I. De quem não completou a idade mínima para casar; 
A capacidade núbil se dá aos 16 anos. 
 A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida: 
I - pelo próprio cônjuge menor; 
II - por seus representantes legais; 
III - por seus ascendentes. 
O MENOR, APÓS ATINGIR A IDADE NÚBL, PODERÁ CONVALIDAR SEU CASAMENTO 
MEDIANTE AUTORIZAÇÃO DE SEUS REPRESENTANTES LEGAIS OU SUPRIMENTO. 
Se uma menina de 15 anos se casar, este casamento será anulável e pode ser convalidado 
caso resulte gravidez posterior ao matrimônio (GRAVIDEZ ANTERIOR NÃO RESULTA MAIS 
EM CASAMENTO, EM NENHUMA HIPÓTESE). 
II. Do menor em idade núbil, quando não autorizado pelo seu representante legal; 
OBS: o menor entre 16 e 18 anos necessita de autorização especial dos pais ou de 
ambos os representantes para se casar. O prazo para a propositura da ação é de 
180 dias, se ela for proposta pelo menor, conta-se a partir do momento em que ele 
completar 18 anos, se proposta pelo representante legal, conta-se a partir da 
celebração do casamento e se por herdeiro necessário, conta-se a partir do óbito 
do menor. 
NÃO SE ANULARÁ O CASAMENTO quando os representantes legais do menor 
tiverem assistido à celebração ou tiverem manifestado a sua aprovação. O 
CASAMENTO SERÁ CONVALIDADO. 
III. Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; 
Tais circunstâncias deverão se verificar no momento da celebração. 
EX: ébrios habituais. 
PRAZO PARA A ANULAÇÃO: 180 DIAS. 
IV. Realizado pelo mandatário, sem que ele ou outro contraente soubesse da revogação 
do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; 
Poderá ser anulado se realizado por mandatário, ocorrendo a revogação do mandato, 
sem que o representante e o outro cônjuge tenham conhecimento da extinção do 
contrato. 
O PRAZO PARA A ANULAÇÃO É DE 180 DIAS, A CONTAR DO MOMENTO EM QUE 
CHEGUE AO CONHECIMENTO DO MANDANTE A REALIZAÇÃO DO CASAMENTO E CABE 
SOMENTE AO MANDANTE. 
Caso haja coabitação entre os cônjuges, o casamento será convalidado. 
V. Por incompetência da autoridade celebrante. 
A incompetência é em relação ao local, como, por exemplo, quando o juiz de paz de 
determinada localidade realiza casamento em outra, fora de sua competência. 
O PRAZO PARA ANULAÇÃO É DE 2 ANOS, A CONTAR DA CELEBRRAÇÃO. 
Será convalidado se o celebrante, mesmo sem possuir a competência exigida na lei, 
exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver 
registrado o ato no Registro Civil. 
De acordo com o artigo 1.558, “é anulável o casamento em virtude de coação, quando o 
consentimento de um ou de ambos os cônjuges tiver sido captado mediante fundado temor 
de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares”. 
Nesse caso, o prazo para a anulação é de 4 anos, contados a partir da celebração e somente 
poderá ser proposta pelo cônjuge que sofreu a coação, pois se trata de uma ação 
personalíssima. No entanto, havendo posterior coabitação entre os cônjuges e ciência do 
vício, pelo tempo que o juiz entender que é razoável, o casamento será convalidado. 
Vale lembrar que são dois os tipos de coação, a física e a moral. 
DO ERRO ESSENCIAL SOBRE A PESSOA DE UM DOS CÔNJUGES 
Dispõe o Código Civil: “São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade 
emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, 
em face das circunstâncias do negócio”. 
Trata-se de uma falsa percepção da realidade, que invalida o ato que se pratica, incidente 
nas características pessoais ou no comportamento de um dos declarantes. 
O erro deverá ser de tal impacto que torne insuportável a vida em comum ao cônjuge 
enganado. 
O Código Civil elenca as situações consideradas de erro essencial sobre a pessoa do outro 
cônjuge, dispostas no artigo 1557: 
Art. 1557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: 
I. O que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal 
que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge 
enganado; 
EX: casamento com homossexual, com viciado em tóxico, com pessoa violenta, 
etc. 
II. A ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne 
insuportável a vida conjugal. 
III. A ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não 
caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou 
herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência. 
Ex: hermafroditismo, AIDS, sífilis, etc. 
É o caso do marido com irreversível inaptidão para a relação sexual, desde que 
comprovada, o casamento poderá ser anulado. OBS: essa anomalia não pode ser 
confundida com a capacidade para gerar filhos, pois, essa, por si só, não é motivo 
para justificar a invalidade do casamento. 
 
No que toca as impotências: 
 IMPOTÊNCIA GENERANDI:incapacidade para a fecundação = NÃO ANULA; 
 IMPOTÊNCIA CONCEPIENDI: incapacidade para a concepção= NÃO ANULA; 
 IMPOTÊNCIA COEUNDI: impotência instrumental que provoca a inabilitação 
para a prática do sexo- ANULA, POIS O SEXO É UM DEVER MATRIMONIAL. 
 
PRAZO PARA ANULAÇÃO: 3 ANOS, A CONTAR DA CELEBRAÇÃO E A 
PROPOSITURA DA AÇÃO CABE SOMENTE AO CÔNJUGE QUE INCIDIU EM ERRO. 
No entanto, havendo posterior coabitação entre os cônjuges e ciência do vício, pelo tempo 
que o juiz entender razoável, o casamento será convalidado. 
 
Efeitos Jurídicos do Casamento 
Principais efeitos jurídicos: 
a) Social: estabelece vínculo de afinidade entre cada cônjuge e os parentes do outro e 
emancipa o nubente menor de idade. 
b) Pessoal: apresenta o rol de direitos e deveres dos cônjuges e dos pais em relação 
aos filhos. 
c) Patrimoniais: fixa o dever de sustento da família, a obrigação alimentar e o termo 
inicial da vigência do regime de bens, dispõe sobre o bem de família e sobre os atos 
que não podem ser praticados por um dos cônjuges sem a anuência do outro, etc. 
Art. 1565/CC- Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de 
consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. (COMUNHÃO PLENA 
DE VIDA). 
 Qualquer dos nubentes poderá acrescer ao seu sobrenome o sobrenome do 
outro, mesmo após o casamento, no entanto, deverá ser por via judicial. Segundo 
o art. 1571, §2º, o cônjuge poderá manter o nome de casado após o divórcio, 
exceto se a dissolução da sociedade for motivada pela nulidade ou anulação do 
casamento. 
 É de livre decisão do casal o planejamento familiar, sendo vedada qualquer tipo de 
coerção por parte de instituições privadas ou públicas. 
DEVERES DO CASAMENTO 
a) Fidelidade recíproca: A violação desse dever pode, independentemente da sociedade 
conjugal ou da relação de companheirismo, gerar consequências jurídicas, inclusive 
indenizatórias. Decorre do caráter monogâmico do casamento, onde impõe-se 
exclusividade nas relações sexuais. 
b) Vida em comum, no domicílio conjugal: Dever de coabitação, autores como Orlando 
Gomes entendem que “a coabitação representa mais do que a simples convivência 
sob o mesmo teto”, remetendo a união carnal. No entanto, esse dever de coabitação 
deve ser visualizado a partir da realidade social, como é o caso de que, por motivos 
de trabalho, os cônjuges residam em cidades diferentes. O abandono somente se 
configurará após um ano, segundo o artigo 1.573, IV, CC. 
c) Mútua assistência: Assistência material, moral, afetiva, patrimonial, sexual e espiritual. 
d) Sustento, guarda e educação dos filhos; Os pais devem zelar pelo sustento, dividir as 
responsabilidades e propiciar educação. 
e) Respeito e consideração mútuos. 
ADMINISTRAÇÃO E DIREÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL 
Art. 1567- A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela 
mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos. 
Parágrafo Único: Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, que 
decidirá tendo em consideração aqueles interesses. 
Art. 1570- A administração da sociedade conjugal e a direção da família poderão ser 
exercidas exclusivamente por um dos cônjuges, estando o outro: 
 Em lugar remoto ou não sabido; 
 Encarcerado por mais de 180 dias; 
 Interditado judicialmente ou privado de consciência em virtude de enfermidade ou 
acidente.

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