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Anemias Definicao: A anemia consiste em redução da hemoglobina, com consequente diminuição do aporte de oxigênio aos tecidos periféricos. Os valores de referência normais para a hemoglobina (Hb) são estabelecidos por meio de estudos de populações, porém a faixa deve ser ajustada para os diferentes grupos etários, sobretudo para crianças, e os níveis são mais baixos em mulheres e afrodescendentes. Existe alguma controvérsia quanto ao fato de as pessoas de idade mais avançada apresentarem níveis fisiologicamente mais baixos de Hb. Mais provavelmente, os valores mais baixos indicam alguma patologia subjacente. Os valores da Hb são mais acurados do que os valores do hematócrito (Ht), visto que a Hb é medida diretamente por analisadores automáticos, enquanto o Ht é um valor calculado. Producao de Hemacias: As hemácias são produzidas na medula óssea, usando como matéria prima ferro, vitamina B12, ácido fólico, aminoácidos. São elas que fazem o transporte de oxigênio. Quando ocorre hipoxemia, as células tubulares proximais renais liberam eritropoietina que é um hormônio que estimula a produção de glóbulos vermelhos (por isso tabagistas possuem hematócritos altos, já que chega pouco oxigênio nos rins). Hematopoese é o processo de produção dos elementos figurados do sangue e começa com a célula-tronco hematopoiética. As células-tronco têm a capacidade de produzir eritrócitos, granulócitos de todas as classes, monócitos, plaquetas e células do sistema imune. As células tronco têm a capacidade de se transformar em células indeterminadas linfoides e mielóides (a produção descontrolada dessas células gera leucemia). A partir da célula indiferenciada mielóide é capaz de surgir e se diferenciar em pró- eritroblastos, eritroblastos e reticulocitose que viram hemácias. Além disso, a partir da célula indiferenciada mielóides, tem-se a linhagem megacariocítica que formara os megacariócitos que formaram as plaquetas. Os mieloblastos darão a origem aos basófilos, neutrófilos, eosinófilos e monócitos (se diferenciam em macrófagos e células dendríticas). As células indiferenciadas linfoides dão origem aos linfoblastos, prólinfócito, linfócito maduro (dão origem aos linfócitos T e B, o linfócito B dará origem aos plasmócitos). Também dará origem às células dendríticas linfoides. É necessário saber que parte dessas diferenciações ocorrem na medula óssea, outras no sangue e outas nos tecidos (como é visto na imagem). Sinais e Sintomas: Principais fatores para a repercussão clínica: 1. Hipóxia tecidual 2. Mecanismos fisiológicos compensatórios 3. Hipotensão secundária a sangramento agudo 4. Achados secundários à lise de eritrócitos nas anemias hemolíticas anemias 5. Outros achados relacionados à doença de base causadora da anemia o Dispnéia aos esforços, palpitações e taquicardias o Diminuição da tolerância aos esforços, cansaço evidente, indisposição (astenia) o Tontura postural, cefaléia o Descompensação de doença cardiovascular (ICC, angina), cerebrovasculares, respiratórias e arterial periférica (piora da claudicação) o Palidez cutaneomucosa, icterícia, sopro sistólico pancardíaco o Hipotensão, síncope, ansiedade, agitação, confusão mental o Fáceis talassêmica, queilite angular, dactilite, etc… Fatores Que Determinam a Resposta Especifica Individual a Anemia: o Gravidade da anemia o Velocidade de instalação o Idade o Grau de atividade física o Comorbidades Anamnese: o História prévia ou presença de sinais e sintomas de doenças concomitantes, sabidamente causadoras de anemia, como doenças infecciosas, malignidade ou doenças inflamatórias. o Tempo de anemia: Recente (adquirida) X longa data (Hereditária?) o Comorbidades frequentes como DRC, DM (grande causa de DRC), doença hepática o História familiar de anemia o Origem (país ou etnia): talassemia – mediterrâneos, falciforme – africanos o Sangramentos exteriorizados: fezes, urina, trato respiratório, história menstrual o Passado de cirurgia gástrica e relação com deficiência de vitB12 o Petéquias o Etilismo o Dieta pobre em carnes (vegetarianos), verduras, frutas e legumes o Passado de esplenectomia ou litíase biliar – anemia hemolítica crônica o Hábitos alimentares anormais (pica) o Uso de medicamentos relacionados à mielossupressão (quimioterápicos, antirretrovirais), anemia hemolítica, sangramentos (AINEs) o História ocupacional: intoxicação por chumbo (anemia sideroblástica), intoxicação com substâncias mielossupressoras o Uso de drogas intravenosas – HIV, HCV o Dor óssea – expansão da MO (leucemias ou invasão medular) ou lesões líticas (mieloma múltiplo, metástases). Exame Fisico: o Presença de icterícia – anemia hemolítica, doença hepática o Linfadenomegalia o Esplenomegalia – anemia hemolítica, doença linfoproliferativa, metaplasia mielóide agnogênica, hiperesplenismo o Púrpura, petéquias, equimoses, sangramentos - doenças linfoproliferativas o Queilite angular, glossite atrófica, coiloníquia, esclera azulada, membrana esofagiana associada a disfagia (síndrome de Plummer- Vinson ou Paterson-Kelly) – sinais de anemia ferropriva. o Perda de sensibilidade vibratória, parestesias ou formigamentos de distribuição simétrica, principalmente nas pernas, pés e mãos ataxia – deficiência de VitB12 o Fáceis talasssêmica. o Dactilite – anemia falciforme Achados Laboratoriais: A investigação laboratorial inicial deve contemplar um hemograma completo, com contagem de reticulócitos e exame do esfregaço de sangue periférico. A contagem de reticulócitos indica a resposta da medula óssea à anemia. Uma vez confirmada a suspeita de anemia pelo achado de redução da Hb (a contagem de eritrócitos pode estar normal ou até mesmo mais alta em determinadas condições, como traço de talassemia), é preciso determinar o tipo de anemia por meio de investigações laboratoriais subsequentes, com base, em sua maioria, no VCM, e subdivididas pela fisiopatologia. O RDW (índice de anisocitose ou amplitude de distribuição dos eritrócitos) fornece uma medida útil da variação de tamanho dos eritrócitos, indicando a existência de anisocitose quando elevado. Uma vez identificada a anemia, as investigações subsequentes dependem do tipo de anemia suspeitada com base nos índices eritrocitários e na contagem de reticulócitos. Exames laboratoriais mais complexos ou a realização de biopsia da medula óssea podem estar indicados para averiguar a etiologia precisa. Anemias Hiperproliferativas: Reticulócitos > 100.000/mm3 ou IRC > 2% Anemias hemolíticas: o Congênitas: esferocitose, falciforme, talassemia, o Adquiridas: auto-imune, PTT – SHU, malária, hiperesplenismo Espoliação (sangramentos): o Agudos evidentes: trauma o Induzido: coletas sucessivas, doação Anemias Hipoproliferativas: Reticulócitos < 40 a 50.000/mm3 ou IRC < 2% Anemias carenciais (ferro, Vit B12, ác. Fólico) Desordens de medula (anemia aplásica, mielodisplasia, infiltração da medula por tumores, mielofibrose) Mielossupressão (drogas, QT ou irradiação) Baixos níveis de hormônios (EPO, hipoT4 ou hipogonadismo) Anemia de doença crônica/ anemia inflamatória Anemia Falciforme: O termo doença falciforme (DF) descreve todas as condições associadas ao afoiçamento dos eritrócitos. A DF abrange um grupo de condições com herança autossômica da cadeia beta da Hb anormal, devido a uma substituição do ácido glutâmico por valina na cadeia de betaglobina. Essa substituição resulta em polimerização da desoxi- HbS pouco solúvel, o que resulta em acentuada diminuição da desformalidade dos eritrócitos e deformação irreversível dos eritrócitos que se tornam falciformes. Essas células são removidas pelo baço (antes da ocorrência de autoesplenectomia) e pelos macrófagos. A DF é encontrada, principalmente, em populações de ascendênciaafricana ou árabe, bem como em alguns grupos indianos. A anemia falciforme (AF) referese ao estado homozigoto, em que a maioria da Hb consiste em HbS. Isso resulta em precipitação e polimerização da Hb, produzindo cristais rígidos que deformam os eritrócitos (afoiçamento), com consequente ocorrência de oclusão microvascular e hemólise. O traço falciforme (TF) referese à forma heterozigota, em que o hemograma completo está normal. Embora seja geralmente assintomático, o diagnóstico é importante para aconselhamento genético. As síndromes (doenças) falciformes representam combinações do trato falciforme com outras hemoglobinopatias, mais comumente betatalassemia ou HbC. Anemia falciforme se dá pela alteração de um par de bases nitrogenadas no DNA, sendo passada de pai para filho. Ocorre a alteração de um aminoácido glutamina por uma valina e a hemácia fica passível de mutação por conta da formação de uma hemoglobina mutante. Ocorre polimerização da hemoglobina S dessaturada, levando à deformação da hemácea (drepanócitos – hemácias em forma de foice). Tais hemácias não circulam corretamente e formam microtrombos que levam aos eventos tromboembólicos (crises vasooclusivas). As hemácias que entopem os vasos passam por processo de hemólise, funcionando como se fosse uma anemia hemolítica. A crise álgica é a principal manifestação clínica do paciente com anemia falciforme. As manifestações clínicas dos pacientes falcêmicos devem-se principalmente a dois fatores: a oclusão vascular pelos glóbulos vermelhos seguida de infarto nos diversos tecidos e órgãos, e a hemólise crônica e seus mecanismos compensadores. Associados, esses eventos danificam progressivamente os diversos órgãos e podem alterar o crescimento e provocar atraso puberal. O fenômeno da vaso-oclusão também leva à destruição progressiva do baço e consequentemente à autoesplenectomia, sendo responsável pela susceptibilidade aumentada a infecções graves. Como há a possibilidade potencial de evolução com choque hipovolêmico, trata- se de uma emergência clínica. O sequestro esplênico é a segunda causa de morte entre as crianças com AF, podendo ocorrer entre os 2 meses de idade até por volta dos 3 anos, e nos pacientes com doença falciforme, em idades maiores. Caracteriza-se por um quadro de instalação abrupta com palidez e aumento do volume do baço com dor abdominal, fraqueza súbita, podendo ser desencadeado com processos infecciosos. Por isso os pais são ensinados a palpar o baço, para que possam identificar precocemente o sequestro esplênico e procurar ajuda. O termo Síndrome Torácica Aguda reflete a dificuldade na distinção entre infecção pulmonar (bacteriana ou viral) de outras condições que podem ocorrer na doença falciforme, incluindo a embolia gordurosa ou infarto pulmonar por oclusão da microvasculatura ou tromboembolismo, causando alterações inflamatórias no pulmão. A fisiopatogenia da STA é multifatorial, cujo resultado final é a trombose microvascular. Os pacientes falcêmicos são suscetíveis às infecções sobretudo por germes encapsulados, uma vez que a função esplênica é perdida devido ao progressivo infarto no baço. Há elevado risco de sepse fulminante no paciente falcêmico já nos primeiros anos de vida, e embora diminua após os 5 anos, pacientes podem desenvolver infecções graves mais tarde. Outro fator importante na doença falciforme é que as infecções virais e bacterianas induzem ao aumento de fibrinogênio e estimulam a aderência da célula falciforme ao endotélio, o que promove a vasoconstricção e a hipóxia tecidual. Isso gera uma lesão tecidual que agudamente pode apresentar-se como crises dolorosas, acidente vascular cerebral, síndrome torácica aguda. Geralmente os pacientes portadores da DF toleram bem a anemia crônica e precisam de transfusão sanguínea somente em condições clinicas especiais como: crise aplástica, sequestro esplênico, acidente vascular cerebral e síndrome torácica aguda. Referencias Bibliograficas: • Cecil, Goldman e Ausiello e cols. Tratado de Medicina Interna, Ed. Elsevier, 22a. Edição, 2005, pág • Resumos da Med • SanarFlix • Wallach 10Ed Interpretação de Exames Laboratoriais
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