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Glauciene Alves de Carvalho Márcia Cristina Freitas Silva Élida Patrícia de Souza Lívia Silva Sposito Liderança e gestão de pessoas Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube © 2018 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitor de Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Coordenação de Graduação a Distância Sílvia Denise dos Santos Bisinotto Editoração e Arte Produção de Materiais Didáticos-Uniube Editoração Stela Maria Queiroz Dias Diagramação Andrezza de Cássia Santos Projeto da capa Agência Experimental Portfólio Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Élida Patrícia de Souza Doutora e mestre em Administração, com ênfase em Gestão de Pessoas e Comportamento Organizacional, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Graduada em Psicologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora da Universidade de Uberaba (Uniube) nos cursos presenciais e a distância de Psicologia e Administração. É autora de artigos científicos publicados em periódicos e congressos nacionais e internacionais sobre temas como gestão de pessoas, carreiras, comprometimento organizacional, qualidade de vida, etc. Possui, ainda, experiência em consultoria de recursos humanos e condução de processos de orientação profissional. Glauciene Alves de Carvalho Especialista em Programas e Projetos Sociais pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) e em Administração do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI). Graduada em Serviço Social pela Universidade de Uberaba (Uniube). Assistente Social com experiência na área de Gestão de Programas, Projetos Sociais e Serviço Social. Lívia Silva Sposito Mestre em Educação pela Universidade de Uberaba (Uniube). Especialista em Programas e Projetos Sociais pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM). Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Psicóloga com experiência na área organizacional, social e clínica. Professora da Universidade de Uberaba (Uniube) nos cursos presenciais da área da saúde e nos cursos a distância de Administração e Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos. Sobre os autores Márcia Cristina Freitas Silva Mestre em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP/Franca). Especialista em Violência Doméstica contra Criança e Adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP). Graduada em Serviço Social pela Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS). Professora da Universidade de Uberaba (Uniube) nos cursos de graduação nas áreas de humanas, exatas e biológicas. Sumário Apresentação .......................................................................................... Capítulo 1 A organização e os comportamentos ...................................1 1.1 O que são organizações? .......................................................................................3 1.2 O gestor e o seu papel nas organizações ..............................................................7 1.3 Definição e dimensões do Comportamento Organizacional .................................13 1.4 Comportamento Organizacional e seus desafios ................................................18 1.5 Conclusão .............................................................................................................29 Capítulo 2 Comunicação, organização e diversidades ......................33 2.1 Comunicação: uma introdução ..............................................................................35 2.1.1 Definindo a Comunicação ............................................................................37 2.1.2 Importância e função da Comunicação .......................................................38 2.1.3 Direção da Comunicação .............................................................................40 2.1.4 Tipos de Comunicação.................................................................................42 2.1.5 Redes e canais de comunicação .................................................................49 2.1.6 Barreiras para a Comunicação ....................................................................52 2.1.7 Fechando o raciocínio sobre a Comunicação .............................................54 2.2 Diversidade: uma introdução .................................................................................55 2.2.1 Definindo a Diversidade ...............................................................................56 2.2.2 Níveis de Diversidade ..................................................................................57 2.2.3 Legislação sobre a Diversidade ...................................................................59 2.2.4 Fechando o raciocínio sobre a Diversidade ................................................64 2.3 Gestão da Comunicação e da Diversidade nas empresas ...................................65 2.3.1 Gestão da Comunicação .............................................................................66 2.3.2 Gestão da Diversidade ................................................................................67 2.4 Fechando o raciocínio sobre a Gestão da Comunicação e da Diversidade nas empresas ...............................................................................................................70 Capítulo 3 O líder e a liderança na Gestão de Pessoas .....................75 3.1 Gestão de Pessoas: uma introdução ....................................................................77 3.1.1 Definindo a Gestão de Pessoas ..................................................................78 3.1.2 Fases evolutivas da Gestão de Pessoas ....................................................80 3.1.3 Pessoas como vantagem competitiva .........................................................83 3.2 Liderança: uma introdução ....................................................................................84 3.2.1 O que é liderança? .......................................................................................85 3.2.2 Diferenciando líder e chefe ..........................................................................88 3.2.3 Teorias sobre a liderança .............................................................................91 3.3 Gestão de Pessoas e Liderança .........................................................................115 3.3.1 O líder, o recrutamento e a seleção de pessoas .......................................116 3.3.2 O líder, o treinamento e o desenvolvimento de pessoas ..........................119 3.3.3 O líder e a remuneração de pessoas ........................................................122 3.3.4 O líder e a avaliação de desempenho .......................................................125 3.4 Conclusão ............................................................................................................128 Capítulo 4 O grupo nas organizações ...............................................135 4.1 Definindo e classificando grupos .........................................................................136 4.2 O processo grupal ................................................................................................138 4.3 Comunicação na dinâmica grupal .......................................................................144 4.4 Considerações Finais ..........................................................................................150 Capítulo 5 Equipes: êxito nos resultados ..........................................1555.1 Êxito nos resultados: Breve contextualização .....................................................156 5.2 Gestão por Excelência: Tipos de equipes e liderança ........................................158 5.3 Considerações finais............................................................................................166 Capítulo 6 Sociedade de Aprendizagem e Gestão Participativa ......169 6.1 Sociedade de Aprendizagem e Gestão Participativa ..........................................170 6.2 Gestão Participativa e seus avanços no contexto do mercado ..........................174 6.3 Considerações finais............................................................................................179 Capítulo 7 Dinâmica e desenvolvimento de equipe ..........................181 7.1 O trabalho em equipes: conceitos .......................................................................182 7.2 Processo de desenvolvimento de equipes ..........................................................190 7.3 Conclusão ............................................................................................................195 Capítulo 8 A organização e os comportamentos ..............................199 8.1 Conflitos nas organizações: Reflexões atuais.....................................................200 8.2 Os conflitos e suas consequências para as organizações .................................205 8.3 Considerações finais............................................................................................211 Apresentação Prezado(a) aluno(a). O mercado tem demonstrado profundas transformações de forma constante e célere, o que exige cada vez mais profissionais com competências e habilidades diversificadas, com capacidade de se reinventar no cotidiano por meio da inovação e criatividade. A necessidade para se adaptar às mudanças requer a construção do conhecimento acerca do contexto empresarial, e ainda a capacidade de reconhecer a importância das pessoas para as organizações. Além disso, é preciso saber como essas pessoas se desenvolvem, influenciam e são motivadas através do estudo e práticas voltadas aos comportamentos organizacionais para gestão de excelência. Nesse sentido, como um dos nossos compromissos na docência é desafiá-lo(a) à autonomia em seu processo de aprendizagem, promovendo atividades diversificadas como: leitura, reflexão, ação investigativa (pesquisa), desenvolvimento de analises críticas na necessária e permanente construção e reconstrução do conhecimento. Assim, este livro que chega até você é fruto do trabalho das autoras que, por meio da experiência no exercício docente no meio acadêmico, partilharam seus conhecimentos para contribuir com a articulação entre a teoria e a prática, num processo de aproximação com a realidade social, econômica, política e cultural brasileira do mercado globalizado. A estrutura desta obra foi organizada em oito capítulos que abordam definições e/ou conceitos, processos e estratégias que compõem os temas relacionados à liderança na gestão de pessoas. VIII UNIUBE A partir da leitura dos capítulos você terá contato com as discussões que envolvem desde a constituição de uma organização, os comportamentos, a liderança, diversidade, comunicação, os trabalhos em grupos e/ou equipes, a aprendizagem e participação na gestão de pessoas, os conflitos e desafios que se apresentam nesse cenário empresarial. Como poderá perceber durante a sua leitura e estudo, os capítulos foram escritos com vistas a fornecer a você uma formação profissional de qualidade. O capítulo 1, intitulado “A organização e os comportamentos”, apresenta definições, conceitos e dimensões das organizações e do comportamento. Destaca a importância dos estudos do comportamento organizacional como ferramenta fundamental na gestão das pessoas e, consequentemente, seus comportamentos mediante os desafios de alinhamento com os objetivos empresariais numa perspectiva ética e responsável. Aborda também o estudo do comportamento organizacional, as funções da gestão do comportamento nas organizações e suas dimensões micro (individual), meso (grupo) e macro (organização). Na dimensão “micro” (individual), são abordadas a percepção humana, a personalidade, aprendizagem, motivação, emoção. Na dimensão “meso” (grupo), trata da comunicação, trabalho em equipe e lideranças. Na dimensão “macro” (organização), destaca a cultura, clima organizacional e as mudanças que impactam nesse contexto. No capítulo 2, “Comunicação, organização e diversidades”, são destacados os objetivos das organizações e suas necessidades na perspectiva da ampliação dos resultados e vantagens no mercado. O reconhecimento da diversidade no comportamento organizacional é visto por meio da participação e desenvolvimento na promoção de inovações. Além disso, trata da importância da comunicação e da diversidade no espaço organizacional, suas funções, tipos, processos, desafios, legislações quanto a diversidade na eficácia da gestão da comunicação e da diversidade. UNIUBE IX O capítulo 3, “O líder e a liderança na gestão de pessoas”, são apresentados o conceito de liderança, sua origem e definição, focaliza ainda o papel da liderança e sua relevância para a gestão do comportamento, suas definições, tipos, teorias, funções e práticas utilizadas na ampliação das vantagens competitivas através das pessoas e suas interações. Aborda a importância dos líderes para a gestão de pessoas, sua definição, a evolução da Gestão de Pessoas e como essas estratégias podem ser um benefício na competitividade entre as empresas e ainda a diferença entre líder e chefe e as principais teorias acerca do tema. Outro aspecto importante é a articulação existente entre a Gestão de Pessoas e a Liderança, as características de subsistemas de RH, como: recrutamento, seleção, treinamento e desenvolvimento, remuneração e avaliação de desempenho e as respectivas funções dos líderes nesse contexto. A centralidade no valor que as pessoas têm nas empresas e, particularmente, o papel e a responsabilidade que os líderes exercem na gestão de pessoas nas organizações, são outros aspectos evidenciados neste capítulo. “O grupo nas organizações” é o nome do quarto capítulo. Nele, são abordados os diferentes tipos de grupos, suas classificações, personas em um grupo, as variáveis que constituem os processos grupais, a avaliação do desenvolvimento da comunicação organizacional mediante sua dinâmica e como se estabelecem as relações interpessoais. Na essencialidade do ser humano se encontra sua condição de ser social, o que envolve a tendência para se vincular, compor, desintegrar, adaptar-se, para se ligar a um grupo, o que exige a capacidade de comunicação entre as pessoas. A constituição dos grupos pode se dar por razões diversas e, em uma organização, normalmente é formado por diferentes profissões que se afinam entre si, com ações específicas na implementação de objetivos que se espera alcançar em grupo. X UNIUBE O capítulo 5, “Equipe: êxito nos resultados”, expõe os conceitos de equipe e liderança, seus tipos, os processos de trabalhos estabelecidos para produtividade na perspectiva da inovação para gestão de excelência. Esse capítulo discute a importância da equipe e do líder nas empresas e o seu envolvimento/participação nas decisões mediante as necessidades para o alcance do sucesso empresarial. Aborda também a relação do líder e a equipe de trabalho, suas classificações, o papel do líder junto à equipe e as novas técnicas desenvolvidas para se alcançar êxito nos resultados, compondo o novo perfil profissional exigido nos tempos atuais ao enfrentar os desafios e as dificuldades, além de propor ações inovadoras, condizentes com a realidade da organização, com vistas nos aspectos de sustentabilidade e responsabilidade social, ingredientes essenciais para o sucesso de uma organização. No capítulo 6, intitulado “Aprendizagens e Participação”, destaca-se arelevância desses elementos – aprendizagem e participação – na gestão do comportamento organizacional. Muitos são os aspectos evidenciazdos: a sociedade da aprendizagem, seu conceito, tipos, desenvolvimento processual e influência nos comportamentos. Trata-se, pois, de comentar sobre o significado da participação, sua importância na gestão dos conflitos e seus processos nas organizações mediante os avanços altamente competitivos da concorrência no mercado. Ambas focam o trabalho unidos para o desenvolvimento da sociedade. No que se refere ao aprendizado, torna-se necessário que o conhecimento alcançado seja socializado para outras empresas, obtendo o crescimento de todos os envolvidos. Já em relação à gestão participativas, busca-se ilustrar o seu significado e papel para a empresa e a sua relação com a sociedade, com foco no desempenho e na otimização das ações para se obter êxito nos resultados. UNIUBE XI O capítulo 7, “Dinâmicas e Desenvolvimento Equipes”, trata desses aspectos em relação com as organizações, e também as diferenças do trabalho em grupo e do trabalho em equipe e sua contribuição para a formação profissional e as exigências para inovação no desenvolvimento das equipes. O processo de gestão de equipes é mais complexo e exige aprofundamento nos estudos ao se considerar que se trata se pessoas, profissionais com habilidades específicas e competências para lidar com as situações que são proporcionadas no ambiente de trabalho. Assim, a equipe deve ser direcionada para a cultura da organização, a compreensão da lógica do mercado competitivo e globalizado e com capacidade de criar e inovar em momentos de crise. No oitavo e último capítulo, “Gestão de conflito em/na equipe”, são apresentados os conceitos de gestão e de conflitos, como esses se desenvolvem, os diferentes tipos no contexto empresarial. Além disso, fala-se do papel do gestor, das habilidades e competências necessárias para a excelência na gestão de conflitos. Na abordagem do conflito nas organizações destaca-se a existência de divergências de ideias que predominam na equipe ligadas aos embates de valores e culturas que podem culminar em conflitos. São abordados também os conflitos e suas dimensões construtivas e/ou destrutivas nas relações interpessoais mediante a gestão administrativa dessas situações. A gestão de conflitos exige a busca pela superação de desafios cotidianos para o êxito organizacional, porque pleiteia a capacidade de análise aprofundada da situação e a utilização de novas estratégias no trato de conflitos já superados e outros emergentes buscando reverter tais situações em favor do crescimento da empresa. Bons Estudos! XII UNIUBE Élida Patrícia de Souza Introdução A organização e os comportamentosCapítulo1 “Uma empresa só terá um bom desempenho se puder contar com a capacidade de cada um de seus trabalhadores: então, as decisões envolvendo pessoas devem ser certas”. Peter Drucker Uma organização, por definição, é uma entidade social e, portanto, formada por pessoas. Pessoas, por sua vez, possuem maneiras distintas de ser e de se comportar, sendo capazes de influenciar toda uma organização. Nesse sentido, pensar em organização é pensar também na gestão de comportamentos, de modo a alinhar pessoas em torno dos objetivos organizacionais. O campo de estudos que se dedica à análise do comportamento nas organizações é denominado “Comportamento organizacional” e é influenciado por ciências como a Psicologia, a Antropologia e a Sociologia. Comumente, esse campo é dividido em três dimensões básicas, que são: a dimensão micro, meso e macro do comportamento. A dimensão micro concentra-se em temáticas ligadas ao indivíduo e as suas singularidades, tais como a percepção humana, a personalidade, a aprendizagem, a motivação e a emoção. A dimensão meso enfatiza assuntos ligados ao comportamento 2 UNIUBE em grupo, como comunicação, equipes, liderança, etc. Já a dimensão macro atenta-se a temas referentes à organização em sua totalidade, como mudança, clima e cultura organizacionais. O que não se pode perder de vista é que, independente da dimensão, estudar o comportamento organizacional é importante para entender como os indivíduos influenciam a dinâmica organizacional, de modo a obter, de maneira ética e responsável, os melhores resultados. Esse é, pois, um dos maiores desafios que gestores e acadêmicos enfrentam na gestão de organizações na atualidade. E você? Está preparado(a) para lidar com esse desafio? Estaremos juntos nessa jornada, que promete muita aprendizagem e desenvolvimento pessoal e profissional. Vamos lá? Você verá que este capítulo está estruturado em quatro partes. A primeira delas concentra-se na definição e na caracterização do termo “organização”. A segunda, discute a diferença entre os termos “organização” e “administração”, passando pelas funções e habilidades necessárias a um administrador. A terceira contempla o conceito de “comportamento organizacional” e suas dimensões. E, finalmente, a quarta parte dedica-se à discussão dos principais desafios enfrentados pelo campo dos estudos sobre comportamento organizacional na atualidade. Lembrando que, para melhor aprendizado e aproveitamento, é essencial que você se dedique ao estudo deste capítulo, consulte outras obras disponíveis na biblioteca e, em caso de dúvida, solicite auxílio aos tutores pelo Portal do Aluno. Bons estudos! UNIUBE 3 A partir da leitura deste capítulo, você será capaz de: • definir as organizações e reconhecer o lugar que as pessoas e seus comportamentos ocupam nesses espaços; • entender a diferença entre “organização” e “administração” e identificar o papel que os administradores/gestores devem exercer na gestão de comportamentos nas organizações; • identificar as contribuições de disciplinas diversas, acerca das dimensões micro, meso e macro do comportamento nas organizações; • desenvolver o senso crítico quanto à análise e/ou gestão do comportamento nas organizações; • conscientizar-se quanto à importância de uma gestão ética e responsável de comportamentos nas organizações. Para facilitar a sua aprendizagem, este capítulo está estruturado em torno dos seguintes tópicos: Objetivos Esquema O que são organizações? 1.1 O uso da palavra “organização” é comum em nosso dia a dia, mas você já parou para pensar no que, de fato, é uma organização? E, em exemplos de organizações? Quais seriam os seus palpites? O que são organizações? O gestor e o seu papel nas organizações. Definição e dimensões do Comportamento Organizacional. Comportamento Organizacional e seus desafios. 4 UNIUBE Uma resposta provável de ser dada a essa questão é aquela que considera a empresa como uma organização. Mas, existiriam outros exemplos? O que você diria de uma escola, de uma igreja e de uma família? São exemplos de organizações? Bem, se você procurar por definições de “organização”, provavelmente irá encontrar várias delas. Algumas enfatizando fatores internos, como estrutura, processos e práticas organizacionais; outras abordando fatores externos, como influências socioeconômicas, políticas culturais e tecnológicas nas organizações. Veja só algumas dessas definições no Quadro 1. Quadro 1: Definições de organização. Autor Definição Mooney e Reiley (1939, p.1 apud PASSETO e MESADRI, 2012, p.34) “organização é a forma de toda associação humana para a consecução de certo objetivo comum. No sentido formal, significa ordem; seu corolário, um procedimento sistemático”. Schein (1982, p. 12 apud PASSETO e MESADRI, 2012, p. 37) “organização é a coordenação planejada das atividades de uma série de pessoas para a consecução de algum propósito de objetivo comum, explícito, através da divisão de trabalho e função, e através de uma hierarquia de autoridade e responsabilidade”. Chiavenato (2000, p. 225) “As organizações são unidades sociais intencionalmenteconstruídas e reconstruídas, a fim de se atingirem objetivos específicos”. Robbins; Judge; Sobral (2010, p. 3) “Organização é uma unidade social conscientemente coordenada, composta de duas ou mais pessoas, que funciona de maneira relativamente contínua para atingir um objetivo comum”. UNIUBE 5 Se você observar essas definições, verá que, independente da ênfase dada, a ideia de organização gira em torno das pessoas (unidades sociais) que a compõem e no modo como essas pessoas são organizadas para alcançar objetivos e metas preestabelecidos. Pensando nisso, é possível supor que todas aquelas instituições citadas anteriormente (escola, igreja e família, além da empresa) são organizações, não é verdade? Isso acontece porque todas elas são compostas por pessoas e direcionadas a uma finalidade ou objetivo. A escola, por exemplo, tem por finalidade o ensino técnico-profissional, sendo composta por diretores, coordenadores, professores, funcionários administrativos e alunos. A igreja, por sua vez, objetiva a transmissão de conhecimentos religiosos, direcionados à conduta humana na sociedade e é composta por religiosos e fiéis. Já uma família é a base da formação humana, ética e moral, composta por diferentes pessoas, como pais, filhos, avós, tios, etc., conforme a sua configuração. E, finalmente, a empresa também pode ser chamada de organização, já que é formada por pessoas ou empregados, direcionados ao alcance de metas e obtenção de lucros. É importante dizer que uma organização é um sistema aberto, sempre dinâmica, resultante da interação daqueles que a compõem, interna e externamente, em um processo de contínua e necessária mudança e adaptação. Quando se diz que uma organização é um sistema aberto, está se referindo à relação dinâmica que essa organização tem com o seu ambiente. Ou seja, ao processo em que há o recebimento de insumos (recursos humanos, capital, matérias-primas), os quais são transformados em produtos e/ou serviços. Veja a Figura 1: Figura 1: Organização como sistema aberto. Fonte: Sobral (2008, p. 56). Entrada (insumo) Informação Energia Recursos materiais Saída (produto) Bens Serviços informação OutrosProcesso de transformação ou de conversação Feedback 6 UNIUBE Uma organização, além de dinâmica, é complexa, composta por aspectos formais e informais, os quais exigem cuidado e atenção por parte de seus gestores. Os aspectos formais compreendem toda a parte “visível” de uma organização, como por exemplo, a estrutura, os processos, as políticas e práticas de gestão. Já os aspectos informais compreendem a parte “invisível” de uma organização, como a interação existente entre as pessoas e a interação existente entre a empresa e o meio externo, no qual está inserida. Se você observar a empresa na qual trabalha ou até mesmo visitar uma grande empresa, notará que há uma série de documentos e procedimentos que identificam aquela empresa e direcionam o seu funcionamento. Assim, você encontrará um organograma, com a hierarquia de cargos; encontrará também um plano de cargos e salários com a descrição de cargos e toda a política de pagamento adotada pela empresa; encontrará uma política de planejamento estratégico, em que consta a missão, a visão e os valores daquela empresa. Todos esses são exemplos de aspectos formais dessa organização. Agora, se você observar bem, nessa mesma organização acontecem coisas que não necessariamente estão formalizadas e escritas em papeis e/ou previstas em políticas e práticas organizacionais. A maneira como as pessoas interagem umas com as outras, seja entre Organograma setores/ departamentos, hierarquia e relacionamento entre eles. Plano de cargos e salários documento que define a política salarial de uma organização, composta por descrição de cargo, tabela salarial e critérios de ascensão profissional, em termos de aptidões e desempenhos. Planejamento estratégico processo em que são formulados metas e objetivos, conforme as especificidades da organização, tendo em vista a sua missão, visão e valores. UNIUBE 7 colegas de trabalho, seja entre líder e empregado, incluindo relações de poder e conflitos, o clima e a cultura organizacionais e até mesmo o relacionamento que essa empresa tem junto a seus clientes e fornecedores. Esses são exemplos de aspectos informais da organização. Percebe a diferença entre os aspectos formais e informais? E, principalmente, percebe como eles fazem parte da dinâmica organizacional? Missão o propósito, a razão de existir de uma organização. Visão futuro, aonde a organização quer chegar, o que deseja conquistar. Valores princípios organizacionais básicos, que direcionam o comportamento interno e externo. Uma organização é composta por pessoas, organizadas em torno de objetivos e metas. Ao se pensar em uma organização deve-se levar em consideração os seus aspectos formais e informais, sua dinâmica interna e sua relação com o meio externo. RELEMBRANDO Frente a essa definição de “organização”, partiremos para o papel que administradores/gestores executam nas organizações. Você conhece algum administrador/gestor? Já parou para pensar no trabalho que esses profissionais realizam? Vamos falar um pouquinho sobre esses profissionais tão importantes? O gestor e o seu papel nas organizações 1.2 Provavelmente você conhece ou já ouviu falar em vários administradores. Sílvio Santos, Steve Jobes, Bill Gates, Mark Zuckerberg, ou mesmo o gestor da padaria ou do banco que você frequenta. 8 UNIUBE Você também deve ter uma noção do que eles fazem no dia a dia de trabalho, mas você sabe, exatamente, a função de um gestor? Não é de hoje que questionamentos sobre a função de um administrador são feitos. Um exemplo é Jules Henri Fayol, um dos principais autores da Escola Clássica da Administração, que escreveu um livro, em 1916, denominado “Administração Geral e Industrial”, em que constava a definição e as funções de um administrador. Segundo Fayol (1950, apud CHIAVENATO, 2014), o trabalho do administrador é distinto dos demais trabalhos e engloba atividades realizadas em empresas. Isto é, diferente de finanças, contábeis, recursos humanos e outros campos do saber; o administrador deve saber administrar. Atividade essa que envolve cinco funções básicas: planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar. Veja, em detalhes, cada uma delas: • Planejar compreende a capacidade de vislumbrar um futuro para a organização, desenvolvendo e concretizando metas e objetivos. O administrador deve saber quem é a organização e aonde ela quer chegar, isto é, fazer diagnósticos, pesquisas de mercado, elaborar e trabalhar para o alcance de metas e objetivos organizacionais. • Organizar refere-se à capacidade de estruturar adequadamente as funções e tarefas previstas na organização. O administrador deve conhecer bem o seu negócio, estruturando-o adequadamente, ou seja, elaborar um organograma com a distribuição de setores/ departamentos e estabelecer o relacionamento entre esses setores. • Comandar diz respeito à função de liderança e orientação da equipe. O administrador deve ser um líder perante a sua equipe de trabalho, mostrando-se atuante e conhecedor das demandas de sua equipe. UNIUBE 9 • Coordenar compreende a capacidade de integrar os esforços da equipe e alinhá-los, segundo os objetivos organizacionais. O administrador deve saber coordenar demandas técnicas e humanas, de modo a conciliar objetivos individuais e objetivos organizacionais. • Controlar refere-se à capacidade de criar mecanismos capazes de acompanhar o andamento das atividades e de avaliar o desempenho organizacional. O administrador deve utilizar-se de diferentes ferramentas (fluxo de caixa, controle de estoque, controle de pessoal, etc.) para controlar o seu negócio, evitando ocorrências negativas. É importante dizer que essas cinco funções administrativas(planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar) devem ser exercidas, simultaneamente, pelo administrador no seu dia a dia de trabalho, de uma maneira dinâmica e flexível. Veja só a Figura 2. Figura 2: Funções do administrador. Fonte: Acervo da autora. Atualmente no Brasil, a função do administrador é descrita pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) e regulamentada pela Lei nº 4.769/65. Veja, no Quadro 2, quais são essas funções: ADMINISTRADOR Organizar Planejar Comandar CoordenarControlar 10 UNIUBE Quadro 2: Funções do administrador, conforme o CBO Títulos 2521-05 – Administrador Administrador de empresas, Administrador de marketing, Administrador de orçamento, Administrador de patrimônio, Administrador de pequena e média empresas, Administrador de recursos humanos, Administrador de recursos tecnológicos, Administrador financeiro, Administrador hospitalar, Administrador público, Analista administrativo, Consultor administrativo, Consultor de organização, Gestor público (administrador) Descrição Sumária Planejam, organizam, controlam e assessoram as organizações nas áreas de recursos humanos, patrimônio, materiais, informações, financeira, tecnológica, entre outras; implementam programas e projetos; elaboram planejamento organizacional; promovem estudos de racionalização e controlam o desempenho organizacional. Prestam consultoria administrativa a organizações e pessoas. Fonte: Brasil, s/d. Perceba que as funções do administrador, segundo a CBO, preveem atividades de planejamento, organização, comando, coordenação e controle, conforme as ideias de Fayol, podendo ser exercidas em diferentes áreas, sejam elas públicas ou privadas. Outra diferenciação importante a ser feita é em relação à distinção entre o que é a “organização” e o que é a “administração”. Veja o que fala Fayol (1950, apud PASSETO e MESADRI, 2012, p. 34): (...) a administração envolve um conjunto entrosado e unificado, no qual estariam inseridos aspectos como previsão, comando, controle e coordenação. Já a organização abrange somente o estabelecimento da estrutura e da forma, ou seja, seria uma entidade social em que temos empregada a função administrativa. (Grifos nossos). UNIUBE 11 Isso quer dizer que, a administração ou o trabalho do administrador está contido na entidade social que é a organização. Em outras palavras, é na organização, considerando sua forma e estrutura, que o administrador atua e executa as suas funções de planejamento, organização, comando, coordenação e controle. Além dessas funções administrativas, cabe ao gestor o desenvolvimento e utilização de algumas habilidades na sua rotina de trabalho. Você sabe quais são? Veja algumas delas: • Habilidades técnicas: capacidade de aprender e aplicar conhecimento técnico. • Habilidades humanas: capacidade de interação e bom relacionamento com pessoas internas e externas à organização. • Habilidades conceituais: capacidade de leitura e análise de situações diversas e complexas do dia a dia de trabalho. Em linhas gerais, um administrador, para atuar em seu campo de trabalho, deve possuir conhecimento técnico adequado, adquirido em cursos de graduação, pós-graduação, cursos de qualificação e atualização diversos. O administrador deve também ser capaz de relacionar-se bem com as pessoas de sua equipe, clientes e fornecedores, buscando parcerias e relacionamentos saudáveis. Por fim, o administrador precisa ser capaz de analisar e tomar decisões, frente a situações complexas da organização. Nesse caso, capacidade de raciocínio, análise, capacidade de correr riscos e tomar decisões certas são essenciais. Para o exercício das funções de um administrador, é importante que o gestor utilize, simultaneamente, essas habilidades. E, em se tratando da gestão específica de pessoas ou do comportamento nas empresas, vale dizer que as habilidades humanas do gestor precisam ser utilizadas e cada vez mais aprimoradas. 12 UNIUBE Mas você sabe como um gestor pode desenvolver essas habilidades? Você sabia que você também pode desenvolver suas habilidades técnicas, humanas e conceituais? Para esse fim, é muito comum empresas investirem na formação técnica, humana e conceitual de seus gestores, por meio de treinamentos formais internos ou externos à empresa. Nesse caso, é preciso que haja um levantamento de necessidades de treinamento, capaz de detectar quais habilidades precisam ser desenvolvidas, selecionando gestores carentes dessas habilidades. Esses treinamentos podem ser voltados para assuntos técnicos, comportamentais e conceituais, com duração variável, dependendo do objetivo pretendido. As habilidades técnicas podem, por exemplo, ser desenvolvidas a partir do incentivo ao estudo técnico, superior e pós-graduação. As habilidades humanas podem ser desenvolvidas em dinâmicas de grupo, simulações e treinamentos teóricos. As habilidades conceituais podem ser desenvolvidas a partir da análise de estudos de caso, benchmarching (observação das melhores práticas desenvolvidas no mercado), etc. Um procedimento comum utilizado hoje em dia pelas empresas é a contratação do serviço de coaching para o desenvolvimento gerencial. Você sabe o que é coaching? Segundo a Sociedade Brasileira de Coaching, o coaching é “uma assessoria pessoal e profissional que utiliza procedimentos orientados, cientificamente validados, para que indivíduos, times e empresas alcancem resultados superiores e positivos” (SBCOACHING, s/d). Trata-se de um processo de análise e autoconsciência da pessoa, em relação às suas potencialidades e fraquezas, promovendo a avaliação e o aprimoramento de sua maneira de agir. UNIUBE 13 É importante dizer que o coaching pode ser utilizado por qualquer pessoa, incluindo os gestores, que tenham o desejo de refletir sobre suas habilidades e potencializá-las. O trabalho do administrador é marcado pelo exercício de cinco funções básicas (planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar) e pelo desenvolvimento de habilidades técnicas, humanas e conceituais. RELEMBRANDO Agora que já entendemos o que é uma organização e de que forma o administrador atua em uma organização, vamos conhecer o campo de estudos voltados para o comportamento humano nas empresas. Você sabe qual é esse campo? Definição e dimensões do Comportamento Organizacional1.3 Se você falou “comportamento organizacional”, você acertou! Comportamento Organizacional (CO), como o próprio nome sugere, refere-se ao “comportamento” nas “organizações”, ou seja, é o campo de estudos que se dedica ao estudo do comportamento humano nas empresas, considerando a influência que indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre a dinâmica da organização, visando melhores resultados. Se você prestar bastante atenção nessa definição de Comportamento Organizacional, você notará a importância de algumas palavras-chave, que são: indivíduos, grupo e estrutura. O que será que essas palavras querem dizer? 14 UNIUBE Bom, essas palavras tratam das dimensões de estudo do Comportamento Organizacional, ou seja, a dimensão micro, a dimensão meso e a dimensão macro do comportamento nas empresas. A dimensão micro refere-se a temáticas ligadas ao indivíduo em si, como a aprendizagem, a percepção, a personalidade, a motivação, dentre outros. A dimensão meso compreende assuntos ligados a um conjunto de indivíduos, como grupos e equipes, liderança, comunicação, negociação, etc. E, a dimensão macro está ligada a temas de ordem geral, que abrangem toda a organização, tais como cultura e clima organizacional, mudança organizacional, estresse e qualidade de vida etc. Veja o esquema proposto pela Figura 3. Figura 3: Dimensões do Comportamento Organizacional. Fonte: Acervo da autora. Outro detalhe que é importante de ser observado na definição de Comportamento Organizacional é a necessidade de entender como o comportamento humano é influenciado por indivíduos, grupos eestrutura, mas para gerar melhores resultados. Isso quer dizer que um dos motivos de você estar estudando esta disciplina é justamente entender todas essas variáveis do comportamento humano aplicadas ao contexto organizacional, de modo a aproveitar o melhor desses temas a seu favor e/ou a favor da organização. DIMENSÃO MICRO Aprendizagem, percepção, personalidade, emoções, motivação. DIMENSÃO MESO Grupos e equipes, liderança, comunicação, negociação. DIMENSÃO MACRO Cultura e clima organizacional, mudança organizacional, qualidade de vida e estresse. UNIUBE 15 Mas, como fazer isso? Na verdade, essa é a resposta que todo administrador quer ter! Afinal, trata-se de uma resposta difícil e desafiadora. Na tentativa de respondê- la, Robbins, Judge e Sobral (2010), sugeriram um modelo básico de Comportamento Organizacional (Figura 4). Figura 4: Modelo básico de Comportamento Organizacional. Fonte: Robbins; Judge; Sobral (2010, p. 27) A partir desse modelo, é possível imaginar a complexidade do trabalho de um administrador, especialmente, quanto às questões que envolvem o comportamento humano nas empresas. 16 UNIUBE Imagine só como o administrador toma decisões, considerando todas essas variáveis? Esse não é um trabalho fácil e, por isso, precisa estar amparado em diversos campos de saber, capazes de lidar com tantas e distintas temáticas do comportamento humano. Exemplos desses campos de saber são a Psicologia, a Sociologia e a Antropologia. A Psicologia é uma ciência que estuda o comportamento humano e animal e sua principal contribuição para o comportamento organizacional está relacionada à dimensão micro. Isso quer dizer que gestores utilizam de estudos da Psicologia para entender e tomar decisões sobre os indivíduos nas organizações, no que tange à aprendizagem, personalidade, inteligência, motivação, memória, etc. Segundo Passeto e Mesadri (2012), a contribuição da Psicologia às organizações ocorre desde a fase da Psicologia Industrial, durante o Taylorismo, quando o foco era recrutar e selecionar pessoas. Nessa época, foi grande o investimento em estudos sobre testes psicológicos e demais técnicas que pudessem auxiliar na escolha de empregados para a organização. Uma segunda fase da Psicologia no contexto organizacional foi a denominada Psicologia Organizacional, cuja finalidade era o estudo da estrutura das empresas. Isso significou uma ampliação no objeto de estudo da Psicologia que passou a cuidar além, da seleção, de processos de treinamento, desenvolvimento gerencial e organizacional, etc. Após a década de 1970, com o advento da Teoria Contingencial, o trabalho do psicólogo nas organizações passa a considerar o empregado como sujeito desejante, influenciado por aspectos inconscientes e suscetível a temas como prazer e sofrimento no trabalho. Essa fase da Psicologia é conhecida como Psicologia do Trabalho. UNIUBE 17 A Sociologia, por sua vez, é uma ciência que se dedica ao estudo das pessoas e suas interações e aos papeis que desempenham. Por isso, sua contribuição ao Comportamento Organizacional acontece mediante assuntos ligados à dimensão meso, auxiliando gestores, por exemplo, no planejamento de equipes, na dinâmica de grupo, comunicação, liderança, etc. Já a Antropologia é uma ciência que está direcionada ao estudo de sociedades, valores, atitudes e suas diferenças entre culturas e organizações, dedicando-se, portanto, a temáticas da dimensão macro do comportamento organizacional. Ela auxilia gestores no entendimento de assuntos estruturais da empresa, especialmente no contexto da atual globalização em que são comuns fusões e aquisições entre empresas. Nesse caso, são comuns o convívio e a negociação entre indivíduos de diferentes culturas. Depreende-se dessas ideias que o trabalho do administrador é um trabalho interdisciplinar, exigindo conhecimento e aplicação de assuntos ligados a diferentes ciências ou campos de estudos. O Comportamento Organizacional é um campo de estudos que se dedica ao comportamento humano no trabalho, em suas dimensões micro, meso e macro! RELEMBRANDO Agora que você já sabe o que é Comportamento Organizacional e a importância de um trabalho interdisciplinar, por parte dos gestores, vamos discutir alguns desafios enfrentados por gestores no contexto atual? 18 UNIUBE Comportamento Organizacional e seus desafios 1.4 Você, enquanto gestor, ao lidar com questões associadas ao comportamento humano no trabalho certamente encontrará alguns desafios. Esses desafios são resultantes do contexto atual, das transformações socioculturais, econômicas e políticas ocorridas e que exigirão de você postura e tomada de decisão acertadas. Vamos pensar nesses desafios? • Globalização, tecnologia e mudança na concepção de trabalho O primeiro desafio a ser discutido é a mudança no tempo com que as coisas acontecem nos dias atuais. Pense como era o mundo antes do advento da internet e da globalização.... Você verá que, naquela época, o tempo era vivenciado de uma maneira distinta. Isso porque, a comunicação era feita de maneira presencial ou por cartas, as negociações exigiam encontros presenciais, face a face, exigindo tempo de deslocamento. Os clientes e fornecedores eram locais e o envio de mercadorias envolvia uma logística mais demorada. Além disso, os processos de trabalho eram mais rudimentares, envolvendo a utilização de muitos papeis. Mais recentemente, o mundo tornou-se interconectado e, consequentemente, as empresas tornaram-se mais abertas. Hoje em dia, é possível ter clientes e fornecedores em todas as partes do mundo, fazer reuniões com o uso da internet, sem a necessidade de deslocamento, além disso, são utilizados sistemas de informação que facilitam a execução dos processos de trabalho. Ou seja, o uso de tecnologias cada vez mais modernas aumentou a velocidade da comunicação, impactando nossos hábitos e costumes, na sociedade e, consequentemente, nas empresas. UNIUBE 19 É preciso cada vez mais estar conectado, estudar as tendências de mercado e, principalmente, preparar-se para essas mudanças! Daí a importância de recursos como o planejamento estratégico nas empresas e a noção de que é preciso encarar as pessoas como vantagem competitiva. Isto é, as empresas passam a adquirir vantagem no mercado competitivo, conforme os recursos que possuam. Em função disso, a gestão de pessoas cada vez mais tem sido convidada a integrar o negócio organizacional, auxiliando a empresa a alcançar seus objetivos e ter vantagem sobre as demais empresas do mercado. Um exemplo está na Pesquisa Delphi, feita por Fischer e Albuquerque (2004) junto a profissionais de Recursos Humanos e que considera como desafios prioritários à Gestão de RH, o alinhamento da gestão de pessoas às estratégias de negócio; o desenvolvimento e a capacitação dos gestores; a retenção de talentos; e o comprometimento da alta direção com gestão de pessoas. Outro ponto a ser dito é que a concepção de trabalho também mudou. E isso é muito fácil de perceber quando questionamos as pessoas de diferentes gerações qual a concepção de trabalho que elas têm. Quer ver? Pergunte aos seus pais e/ou avós o que eles acham que é trabalho e como eles se comportaram ou se comportam com relação ao trabalho deles. Provavelmente, eles irão dizer que no tempo deles as coisas eram diferentes. As pessoas levavam o trabalho a sério, ficavam vários anos, quase a vida toda em uma mesma empresa e que ter vários vínculos com empresas diferentes era malvisto. Havia até uma expressão para isso, o “queimar a carteira de trabalho”, quando você ficava pouco tempo em uma empresa, você “queimava” a carteira, não é? 20 UNIUBE Mas, comparativamente, como você vê o trabalho hoje? Hoje, as relações são mais flexíveis, é comum você ter várias experiências e em diferentes empresas, visando aprendizagem. Hoje, você tem acesso a informações e consegue estudar sozinho e adquirir diferenteshabilidades. O trabalho não é mais tão central na sua vida como era na vida de seus pais e avós. Um exemplo é a geração “nem-nem”, que nem estuda, nem trabalha e não vê problema nisso. Sobre isso, Antunes e Alves (2004) dizem que as transformações no mundo do trabalho tornaram-no uma atividade heterogênea, fragmentada e complexa. A diminuição no número de trabalhadores dedicados à atividade industrial e ao aumento de trabalhadores lotados na área de serviços significou a possibilidade de modalidades diferenciadas de trabalho como a terceirização, a subcontratação, regimes part-time de trabalho, dentre outros e trajetórias de carreiras flexíveis e não tradicionais. Para Bauman (2005), as distâncias se tornaram curtas e as relações sociais facilitadas pelas tecnologias, contudo, há impactos severos nos modos como as pessoas constituem tais relações e criam vínculos. Mediante a milhares de influências disponíveis com um “click” no computador, as pessoas tornaram-se alvo de várias influências, incorporando muitas, porém, fragmentadas referências. Nessa lógica, as organizações, que no passado desempenhavam o papel de referência e estabilidade para as pessoas, também se tornaram lócus de instabilidade, desafiando as formas conhecidas de construção de vínculos e de carreiras. Percebe como todas essas mudanças alteraram a dinâmica da sociedade e também a dinâmica organizacional? UNIUBE 21 Pois é, cabe aos gestores lidar com essas mudanças, buscando soluções plausíveis e lucrativas. • Lidar com a crise Um segundo desafio e, não menos importante, para o Comportamento Organizacional refere-se à capacidade de lidar com a crise. Crise essa, que pode ser de ordem econômica, política, fenômeno da natureza, enfim, toda e qualquer situação que impacte a ordem e o funcionamento de uma empresa, dificultando a obtenção de resultados. Nesses casos, é comum o aumento no número de demissões e a necessidade de readequações no planejamento da empresa, promovendo mudanças organizacionais, de modo a diminuir o impacto da crise e recuperar-se rapidamente. Em se tratando de comportamento organizacional, é preciso manter a equipe alinhada e focada não no problema, mas na solução! Em casos de demissão, costumo dizer que o problema não está tanto na pessoa que foi demitida, mas sim nas pessoas que ficaram na empresa e que precisam lidar com o acúmulo de tarefas e com o medo e a insegurança em relação ao seu emprego. Ou seja, o clima organizacional tende a ficar ruim e impactar negativamente os resultados da empresa. Para entender o impacto de uma crise para a organização e como superá-la, leia atentamente o caso da empresa Europcar, intitulado “Um case voltado para a superação de crises”, disponível no link: http://www. blogdoincentivo.com.br/2014/12/ 09/um-case-voltado-para-superacao-de- crises/#.XAajGkxFzct. Nele, você verá como situações contextuais e, nem sempre esperadas, afetaram a empresa e exigiram a formulação de práticas e metas diversas. Trata-se de um exemplo das dimensões micro, meso e macro do comportamento organizacional e toda a sua dinâmica. PESQUISANDO NA WEB 22 UNIUBE • Falta de mão de obra qualificada A falta de mão de obra qualificada é um problema sério que muitas organizações têm enfrentado. Às vezes, mesmo perante a possibilidade de crescimento, a empresa não consegue avançar por não ter em sua equipe profissionais capacitados e preparados para novos desafios. E, perceba: o problema está tanto na falta de formação - quando falamos de pessoas que não estudaram -, quanto na qualidade da formação daqueles que decidiram estudar. Vejamos cada um desses casos, separadamente. Dados do IBGE revelam que mesmo com uma baixa no índice de analfabetismo de 2007 a 2015, ainda é alta a porcentagem de brasileiros sem estudo. Soma-se a isso o número baixo de anos dedicados aos estudos dentre os(as) brasileiros(as) que resolveram estudar. Veja só os Gráficos 1 e 2. UNIUBE 23 Fonte: BRASIL-IBGE;s/d E... qual o impacto disso para as organizações? Bem, infelizmente, diante de um contingente menor de pessoas escolarizadas, os gestores encontram-se sem opções para compor o quadro de pessoal de suas empresas. Nesse caso, uma solução possível e viável seria a contratação de pessoas sem escolarização ou com pouco estudo, fornecendo a possibilidade de estudar dentro da empresa, a partir de programas de educação específicos, ou até mesmo fora da empresa, mediante a formação de parcerias com instituições de ensino diversas. Mas, para isso, é preciso investir tempo e dinheiro necessários à tal demanda. Outra questão a ser dita sobre a baixa qualificação da mão de obra, diz respeito à qualidade da formação à qual foram submetidos os profissionais que estão no mercado. Em função do grande número de faculdades e instituições de ensino, bem como do aumento de programas assistenciais que incentivam a inclusão e permanência em cursos de ensino superior (FIES, PROUNI, são alguns exemplos), grande tem sido a quantidade de pessoas que se formam e adquirem títulos profissionais. 24 UNIUBE Aí você poderia perguntar: Mas essa não é uma boa notícia? Sim, seria uma boa notícia se não fosse a baixa qualidade dessas formações. Grades curriculares inadequadas, professores despreparados, falta de assistência estrutural, com bibliotecas, laboratórios e também assistência humana, com programas de monitoria, iniciação científica, etc., caracterizam muitas das instituições que oferecem cursos superiores, presenciais e/ou a distância, no Brasil. Com isso, formam-se profissionais com atuação questionável no mercado de trabalho, visto que possuem o diploma, mas são incapazes de aplicar os conhecimentos adquiridos e solucionar problemas práticos nas organizações. Para exemplificar essa triste situação, recentemente, o site da BBC publicou uma reportagem sobre essa questão, com o título “Geração do diploma lota faculdades, mas decepciona empresários”. De acordo com a reportagem, “o número de matrículas no ensino superior no Brasil dobrou (...). Só entre 2011 e 2012, por exemplo, 867 mil brasileiros receberam um diploma, segundo a mais recente Pesquisa Nacional de Domicílio (Pnad) do IBGE”. Contudo, “mesmo com essa expansão, na indústria de transformação, por exemplo, tivemos um aumento de produtividade de apenas 1,1% entre 2001 e 2012, enquanto o salário médio dos trabalhadores subiu 169% (em dólares)”. Isso quer dizer que apesar de possuírem mais anos de estudo, os brasileiros não estão entregando os devidos resultados, em termos de produtividade nas empresas, gerando a preocupação de empresários. Leia mais no link: https://www.bbc.com/portuguese/ noticias/2013/10/131004_mercado_ trabalho_diplomas_ru. PESQUISANDO NA WEB UNIUBE 25 Reportagens como essa levam a crer que o problema da falta de qualificação da mão de obra está para além das capacidades do gestor, englobando questões educacionais do País e de formação oferecidas pelas instituições de ensino superior. Mas, fato é, que cabe ao gestor lidar com esse desafio. Nesse caso, os treinamentos e capacitações também têm sido as alternativas utilizadas por gestores para melhorar a qualidade da mão de obra nas empresas, assim como a contratação de funcionários estrangeiros ou de outras regiões do País que estejam melhor preparados para a função pretendida, ou aumentando o salário daqueles que já compõem o quadro de pessoal da empresa, mesmo que essas medidas signifiquem um gasto maior por parte do empregador. E, você? Como anda a sua qualificação? Você se sente preparado para atuar no mercado de trabalho? Quais medidas você pode adotar desde já para potencializar a sua entrada e permanência em uma organização? • Diversidade de mão de obra Outro desafio ao Comportamento Organizacional é a questão da diversidade da mão de obra, mais frequentemente debatida nos dias atuais, já que discute a inserção das minorias nas organizações. A diversidadeé importante por incentivar um ambiente de trabalho misto em que possam estar presentes e contribuir para o negócio, pessoas de diferentes sexos, raças, religiões etc. Nos últimos anos, por exemplo, é evidente o aumento da presença da mulher no mercado de trabalho, que passou a exercer atividades até então consideradas masculinas pela sociedade em geral. Assim como a abertura para a contratação de deficientes físicos e mentais, a partir 26 UNIUBE da Lei nº 8.213/91, também conhecida como a Lei do Deficiente ou Lei de Cotas, a qual prevê a contratação de deficientes, proporcionalmente ao número de funcionários da empresa. Ou até mesmo o incentivo à contratação de afrodescendentes a partir de sistema de cotas. Contudo, apesar de iniciativas como essas, tal tema ainda é delicado de ser tratado nas empresas por demandar um preparo por parte dos gestores no que tange à gestão da diversidade. Nesse ínterim, o questionamento central deve ser: Como aproveitar o máximo de cada funcionário, considerando as suas especificidades? Como preparar a minha equipe para trabalhar com a diversidade? Afinal, uma equipe diversa pode representar, por um lado, um incentivo à abertura de ideias, à criatividade, ao compartilhamento de experiências; por outro, pode significar conflito, intolerância e violência no trabalho. Percebe como é uma questão delicada? Como você, enquanto gestor, resolveria essa questão? Um dos caminhos seria uma reformulação de políticas e práticas de gestão, de modo a adaptar-se às particularidades de cada empregado, e aproveitando o melhor que cada um tem a oferecer. Iniciando já nos processos de recrutamento e seleção e continuando em políticas de remuneração, avaliação de desempenho e carreira etc. A charge abaixo ajuda a entender como as políticas e práticas de gestão podem ser, por vezes, injustas e dificultar a diversidade nas empresas: UNIUBE 27 PARADA PARA REFLEXÃO Fonte: CESUPA (2015). • Inovação A inovação também é um tema que desperta a atenção de gestores, dada a sua importância na continuidade do negócio, em termos de leitura de mercado, reconhecimento de tendências e adaptação. A empresa que não inova acaba por desaparecer! Pense você nos administradores que, no passado, eram donos de fábricas de máquinas de datilografar. Ou nos donos de locadoras de vídeos. Ou nos empresários que fabricavam os mimeógrafos, máquinas que fazem cópias a partir de estêncil. Como será que estão hoje essas pessoas? Se esses administradores não se adaptaram e reformularam o seu negócio, inovando em produtos e criando coisas novas, infelizmente, eles fracassaram. Porque o mercado mudou, as demandas da sociedade são outras e tais produtos não cabem mais na realidade atual. 28 UNIUBE Daí a necessidade de inovar, entende? Mas, tendo em vista essa importância, é possível ao gestor incentivar a inovação? Se sim, como? No Brasil, existem leis que incentivam a inovação nas empresas, simplificando o relacionamento entre empresas e instituições de ensino (Lei nº 13.243/2016). A busca por parcerias, nesse caso, é muito importante para promover a inovação. Destinar uma parte do orçamento da empresa para investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) também é um caminho. O investimento em ambientes organizacionais mais abertos, flexíveis e colaborativos também pode facilitar o intercâmbio de ideias entre os funcionários e entre os funcionários e pessoas externas à organização. Financiar idas a congressos, seminários e campeonatos de inovação, além de disponibilizar programas de benefícios àqueles que propõem novas ideias também são possibilidades ao gestor. Quais outras alternativas você, aluno(a), sugeriria? • Comportamento ético Em meio a tantos escândalos e casos de corrupção no meio político e empresarial no Brasil e no mundo, fica quase impossível não discutir a importância da ética nas empresas e a importância de um comportamento ético. Tem sido cada vez mais difícil considerar algo como certo ou errado, frente às diferentes condutas vistas na atualidade. Contudo, o fato é que condutas antiéticas podem despertar desconfiança, desmotivação e baixo desempenho. UNIUBE 29 Então, como lidar com o problema? Bowditch e Buono (2015, p. 3-4) trazem seis perguntas básicas sobre atos e comportamentos possíveis de serem utilizadas em treinamentos com fins de incentivar a ética no ambiente de trabalho, que são: É certo? É justo? Quem será prejudicado? Você se sentiria à vontade se os detalhes da sua decisão fossem publicados na primeira página do jornal da sua cidade? O que você diria a seu filho para fazer? Cheira bem ou mal? A ideia é que, ao tomar decisões, empregados e gestores tenham consciência de suas ações e adotem posturas éticas, não apenas no trabalho, mas na vida. Legal, né? Você também pode utilizar esses questionamentos para balizar seus comportamentos na vida pessoal e profissional! Conclusão 1.5 Depreende-se das ideias discutidas neste capítulo que as organizações são entidades sociais, dinâmicas e de administração complexa, a qual exige preparo por parte de seus gestores. Aos gestores, cabe o exercício de cinco funções básicas, além do desenvolvimento e aplicação de habilidades técnicas, humanas e conceituais. O comportamento organizacional, em si, é um importante campo de estudos para gestores e acadêmicos. Composto pelas dimensões micro, meso e macro, o comportamento organizacional precisa subsidiar ações organizacionais, capazes de considerar indivíduo, grupo e estrutura, e garantir melhores resultados à empresa. 30 UNIUBE Para tanto, válidos e aplicáveis são os conhecimentos provenientes de ciências como a Psicologia, Sociologia e Antropologia que facilitam e complementam o processo de gestão. Por fim, vários são os desafios a serem considerados por administradores que lidam com o comportamento organizacional na atualidade. Mudanças no mundo do trabalho, tecnologia e inovação, diversidade e ética são alguns desses temas, os quais precisam ser enfrentados com sabedoria e muito estudo! Espero que você tenha aumentado os seus conhecimentos sobre o mundo organizacional, estando melhor preparado para uma atuação ética e responsável nas empresas. Sucesso! Resumo Ao longo deste capítulo você conheceu a definição e as principais características das organizações. Entendeu a figura do administrador e o seu papel na gestão do comportamento nas empresas. Além disso, você teve acesso à definição de comportamento organizacional, conheceu as suas dimensões e a sua importância nos dias atuais. Para finalizar, você soube de alguns dos desafios existentes em torno do comportamento organizacional que gestores e acadêmicos precisam enfrentar em seu dia a dia de trabalho. UNIUBE 31 Referências ANTUNES, R.; ALVES, G. As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital. Revista Educação & Sociedade, Campinas, v. 25, n. 87, p. 335-351, maio/ago., 2004. BAUMAN, Z. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. BBC-News/Brasil. 'Geração do diploma' lota faculdades, mas decepciona empresários. Ruth Costas. Da BBC Brasil em São Paulo, 9 de outubro de 2013. Disponível em: <https://www.bbc.com/ portuguese/noticias/2013/10/131004_ mercado_trabalho_diplomas_ru>. Acesso em: 18 set.2018. BOWDITCH, James L.; BUONO, Anthony F. Elementos de comportamento organizacional. São Paulo: Cengage Learning, 2015. BRASIL, Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Brasília, 1991. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/Ccivil_03/ leis/L8213cons.htm. Acesso em: 18 set.2018. BRASIL, Lei nº 13.243, de 11 de janeiro de 2016. Dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação. Brasília, 2016. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/_ato20152018/2016/lei/l13243.htm. Acesso em: 18 set. 2018. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação Brasileira de Ocupações. s/d. Disponível em: http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/ pesquisas/BuscaPorTituloResultado.jsf. Acesso em: 18 set. 2018. BRASIL. IBGE. Brasil em síntese. s/d. Disponível em: ttps://brasilemsintese.ibge. gov.br/index. php. CESUPA 2015. Questão 6 268076. 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O que fazer para não perder a diversidade de olhares e perspectivas na ânsia de se obter resultados e vantagem em um mercado competitivo? Como promover espaços de abertura à expressão das diferentes ideias com respeito e confiança? Imagine você em uma sala de aula ou em uma reunião no trabalho. Na primeira situação, você apenas assiste à aula ou à reunião, na qual o professor ou o chefe conduz a pauta, informando os ocorridos e comunicando metas. Você não tem participação, apenas escuta e executa o que lhe foi pedido. Agora imagine uma segunda situação em que você assiste a outra aula 34 UNIUBE ou reunião, só que dessa vez você é chamado a dar a sua opinião sobre a aula ou a empresa, é convidado a ter ideias inovadoras ou mesmo a desenvolver projetos desafiadores, aplicados a sua escola ou empresa. Nesse caso, o seu chefe, professor e colegas o escutam com respeito, mesmo quando a sua ideia parece sem sentido inicialmente. Você é considerado pelas suas ideias e contribuição à aula ou à empresa e não pela sua condição social, racial ou de gênero. Em qual situação você se sentiria melhor? Em qual situação você ficaria mais motivado a contribuir e a gerar resultados? Essas duas situações exemplificam apenas alguns dos desafios relacionados aos temas “comunicação” e “diversidades” nas empresas aos quais estão sujeitos os gestores e profissionais de Recursos Humanos, sendo de suma importância a sua discussão frente ao aumento no número de mulheres, negros, deficientes, homossexuais, etc. no mercado de trabalho. Iniciaremos a discussão com o tema “comunicação”, apresentando o conceito, falando de sua função e importância, caracterizando seus tipos e o processo como ocorre, refletindo sobre as barreiras na comunicação e também como promover uma comunicação eficaz. Em um segundo momento, discutiremos o tema “diversidade”, falando do conceito, níveis de diversidade, legislações brasileiras voltadas para o tema, finalizando com noções de gestão da diversidade nas empresas. Para fechar, falaremos de como promover a gestão da comunicação e da diversidade nas empresas. UNIUBE 35 ou mesmo a desenvolver projetos desafiadores, aplicados a sua escola ou empresa. Nesse caso, o seu chefe, professor e colegas o escutam com respeito, mesmo quando a sua ideia parece sem sentido inicialmente. Espera-se que a partir da leitura deste capítulo você seja capaz de: • entender o que é “comunicação”, em termos de definição, caracterização e importância nas empresas; • entender o que é “diversidade”, em termos de definição, caracterização e legislação brasileira; • refletir e propor uma gestão eficaz da comunicação e da diversidade nas empresas. Objetivos Esquema Comunicação: uma introdução2.1 Para iniciarmos nossos estudos sobre comunicação, vamos rir um pouquinho juntos, analisando a charge abaixo: Lembrando que essa reflexão só será possível se você se dedicar! Assim, leia todo o material indicado, assista às videoaulas, além de buscar referências complementares e confiáveis, na biblioteca e na internet. Busque também o auxílio dos professores tutores pelo portal do aluno, caso tenha dúvidas. Bons estudos para você! COMUNICAÇÃO – Definição – Importância e função – Direção – Tipos – Redes e canais de comunicação – Barreiras para a Comunicação – Fechando o raciocínio sobre a Comunicação DIVERSIDADE – Definição – Níveis de Diversidade – Legislação sobre a Diversidade – Fechando o raciocínio sobre a Diversidade GESTÃO DA COMUNICAÇÃO E DA DIVERSIDADE NAS EMPRESAS – Gestão da Comunicação – Gestão da Diversidade – Fechando o raciocínio sobre a Gestão da Comunicação e da Diversidade nas Empresas 36 UNIUBE Fonte: https://br.pinterest.com/pin/573575702521604518/ Para você, houve uma comunicação entre os pinguins? Você pode dizer que sim se considerar que uma mensagem foi dada de um pinguim a outro. Mas será que apenas transmitir uma mensagem é suficiente para ter uma comunicação? Nesse caso, um dos pinguins foi engolido por não entender a mensagem transferida. E aí, teve ou não uma comunicação eficaz? Você verá que uma das condições para uma comunicação perfeita ocorre quando a mensagem emitida é devidamente compreendida pelo receptor. Baseado nisso, pode-se dizer que não houve comunicação entre os pinguins, porque uma mensagem foi dada, mas não corretamente compreendida. Mas, como garantir a perfeita transmissão de mensagens entre emissor e receptor? Falaremos a seguir sobre essa e outras questões ligadas à comunicação nas empresas. Vamos lá? UNIUBE 37 2.1.1 Definindo a Comunicação Conforme dito anteriormente, uma questão essencial na Comunicação é a transmissão de uma informação, juntamente com o entendimento correto dessa informação. Veja só a definição dada por Bowditch (2015, p. 80): “Comunicação é a troca de informações entre um transmissor e um receptor, e a inferência (percepção) do significado entre os indivíduos envolvidos”. Falando assim, até parece que a Comunicação é uma ação fácil. Mas não se engane! Para que a Comunicação aconteça é preciso que ocorra um processo, composto por vários componentes. Veja só a figura apresentada por Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 327). Figura 2: O processo da Comunicação. Fonte: Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 327). Perceba que é preciso que haja, em primeiro lugar, uma mensagem a ser enviada, um emissor (aquele que emite uma mensagem), a mensagem em si (transmitida por um canal específico) um receptor (aquele que recebe uma mensagem) e a mensagem final decodificada.Sem esquecer, é claro, dos fatores de influência ou ruídos que podem dificultar a transmissão da mensagem e também da ação retroativa (feedback) que a mensagem final decodificada gera no emissor. 38 UNIUBE Vamos supor que você está com uma vontade danada de comer um macarrão feito pela sua mãe e decide ligar e pedir para que ela faça o macarrão no almoço. Nesse caso, havia uma mensagem inicial “Vontade de comer macarrão”, que foi identificada e codificada por você em pensamento e, posteriormente em palavras, a qual foi transmitida em uma ligação telefônica (canal). A sua mãe ao atender a ligação, recebeu e decodificou essa mensagem, avaliando em pensamento se seria ou não possível fazer o macarrão que você queria. Daí essa decodificação gera uma nova mensagem ao emissor (feedback), que é “ir para a casa da minha mãe para comer o macarrão”. Nesse caso, a mensagem emitida foi transmitida e entendida corretamente pela sua mãe. Contudo, poderia ter havido a influência de ruídos, por exemplo, se em vez de “macarrão” a sua mãe tivesse entendido “empadão”, que é o prato predileto dela. Nesse caso, você iria correndo até a casa de sua mãe e, ao chegar lá, se frustraria ao ver que ela fizera empadão e não macarrão, considerando os interesses e gostos pessoais dela e não os seus. Ficou mais claro o processo de Comunicação e o seu funcionamento? Vejamos agora a importância e a função que a Comunicação ocupa em nossas vidas e, mais especificamente nas empresas. 2.1.2 Importância e função da Comunicação Tendo em vista todo o processo da Comunicação, qual será a importância de nos comunicarmos uns com os outros? Bom, como seres humanos e sociais que somos, nós necessitamos interagir com as demais pessoas a nossa volta, comunicando vontades, anseios, tirando dúvidas e conhecendo o mundo. Essas interações nos permitem ser quem somos, expor nossas ideias e obter reconhecimento. UNIUBE 39 Já no contexto organizacional, a Comunicação tem quatro funções básicas, segundo Robbins, Judge e Sobral (2010), que são: • Controle: é a partir da Comunicação que são transmitidas as regras e procedimentos adotados na empresa e, consequentemente, o comportamento esperado por parte dos funcionários. • Motivação: é por meio da Comunicação que se transmite tarefas e demais atividades, incentivando o funcionário a buscar melhor qualidade, inovação e desempenho no trabalho. • Expressão emocional: a Comunicação permite a transmissão de emoções e sentimentos no trabalho, permitindo relações mais abertas e satisfatórias no ambiente de trabalho. • Informação: é por meio da Comunicação que são transmitidas informações necessárias para a realização do trabalho e a tomada de decisões nas empresas. Todas essas funções permitem entender a importância que a Comunicação assume em uma organização. Ou seja, não há empresa sem Comunicação! Afinal, é a comunicação que permite à empresa ser um sistema aberto, enviando e recebendo mensagens interna e externamente (TORQUATO, 2015). Você consegue imaginar uma organização sem Comunicação? Sem a transmissão de mensagens entre seus funcionários e seus líderes? E a empresa sem contato com o meio ao qual está inserida? Sem contato com fornecedores, clientes e a lógica globalizada do mercado competitivo? Não seria impossível? 40 UNIUBE Pois é! Além de reconhecer a importância da Comunicação nas empresas, é preciso falar da necessidade de se transmitir adequadamente as informações. Para isso, tem-se que reconhecer o caráter multidisciplinar da Comunicação; afinal, uma boa comunicação envolve o conhecimento de diferentes campos do saber. Por exemplo, a Linguística contribui para a formulação de mensagens com redação adequada à compreensão do leitor; a Sociologia fornece conhecimentos sobre grupos, opinião pública, lideranças, etc., importantes para entender como as pessoas interagem e como são impactadas pelas informações. A Antropologia, por sua vez, fala sobre temas como etnia, cultura e clima organizacional também ligados à Comunicação. Já o Jornalismo e as Relações Públicas fornecem conhecimentos sobre a comunicação associada à imagem da organização no meio social, com uma influência direta sobre a percepção que pessoas e/ou consumidores têm sobre a empresa (TORQUATO, 2015). Agora que você já sabe o que é Comunicação, a sua importância e função na sociedade e nas empresas, vamos entender como ela ocorre? 2.1.3 Direção da Comunicação Ao pensar na maneira adequada de transmitir uma mensagem, é preciso pensar também no público-alvo de sua mensagem, isto é, para quem você está falando. Como me direciono a essa pessoa? Como faço para essa pessoa entender a minha mensagem? Você, por exemplo, não fala com o seu pai da mesma maneria que fala com os seus amigos da escola. Ou então, não fala com o seu chefe do mesmo modo que fala com os seus colegas de trabalho, fala? É nesse sentido que pensamos nas diferentes direções da Comunicação que, segundo Robbins, Judge e Sobral (2010) podem ser: UNIUBE 41 • Comunicação descendente: ocorre de “cima para baixo”. Nas organizações é quando gestores transmitem mensagens aos seus subordinados, referente a regras, atividades a serem desempenhadas, feedback sobre desempenho, etc.. • Comunicação ascendente: ocorre de “baixo para cima”. Nas organizações é quando funcionários transmitem mensagens a seus chefes e líderes, comunicando problemas, desempenho, sugestões de melhoria, etc.. • Comunicação lateral: ocorre “lado a lado”. Nas organizações dá- se entre pessoas de um mesmo grupo ou categoria de trabalho, desde que estejam no mesmo nível hierárquico na organização. O conteúdo dessas comunicações pode ser relacionado ao desempenho adequado de tarefas, opiniões quanto ao trabalho e à organização etc.. A Figura 3 representa bem essas direções: Figura 3: Direção da comunicação. Fonte: Robbins, Judge e Sobral (2010) As comunicações ascendentes e descendentes costumam utilizar linguagens formais, por compreenderem a transmissão de mensagens entre pessoas de níveis hierárquicos diferentes. As comunicações laterais, por sua vez, admitem o uso de linguagens informais, já que ocorre entre pessoas de mesmo nível hierárquico. Diretor GerenteGerente Lateral AscendenteDescendente Analista Analista Analista 42 UNIUBE Essa noção de formalidade ou informalidade na Comunicação é muito importante por sinalizar a maneira como as informações devem ser transmitidas, de acordo com o emissor e o receptor. Geralmente, pessoas com status diferentes exigem uma linguagem formal, diferentemente de pessoas de mesmo nível ou classe que interagem com linguagem mais livre e informal. Outro fator que pode alterar na Comunicação, conforme o público-alvo, é o tipo e canal de Comunicação, apresentados a seguir. 2.1.4 Tipos de Comunicação Seja em uma Comunicação ascendente, descendente ou lateral, é preciso atentar-se não apenas para o grau de formalidade que a mensagem a ser transmitida exige, mas também no canal de Comunicação mais adequado. Vamos pensar juntos em algumas situações do dia a dia que envolvem a escolha de canais de Comunicação. – Quando você quer pedir aumento salarial para o seu chefe, você o faz pessoalmente em uma conversa face a face ou envia uma mensagem, via telefone celular? – Quando você quer fazer um recurso para a reavaliação da nota de uma prova acadêmica, você escreve um documento e assina ou envia um email? – Quando você quer terminar um relacionamento amoroso com alguém você marca uma conversa ou escreve uma carta? Conversa face a face, cartas, emails e mensagens eletrônicas são alguns dos vários canais através dos quais a comunicação acontece, cada um com suas vantagens e desvantagens, que precisam ser analisadas, tendo em vista a escolha mais adequada. UNIUBE 43 Mas não confunda! Falar em tipos de Comunicação é diferente de falar em canais de Comunicação! Para Robbins, Judge e Sobral (2010) são tipos de comunicação:
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