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0 CURSOS FIC NOVOS CAMINHOS Inspetor de Qualidade QUALIDADE E PRODUTIVIDADE Prof.ª Jéssica Franciane Faria Maio/2022 Machado - MG 1 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...........................................................................................................................4 1. PRINCIPAIS ENFOQUES DA QUALIDADE.................................................................5 1.1. Enfoque transcendental .........................................................................................5 1.2. Enfoque baseado no produto ...............................................................................5 1.3. Enfoque baseado no usuário................................................................................6 1.4. Enfoque baseado na fabricação ..........................................................................6 1.5. Enfoque baseado no valor ....................................................................................7 2. DIMENSÕES DA QUALIDADE.......................................................................................9 2.1. Desempenho (Performance) .................................................................................9 2.2. Características / Atrativo (Features) ...................................................................9 2.3. Confiabilidade (Reliability) ..................................................................................10 2.4. Conformidade (Conformance) ............................................................................10 2.5. Durabilidade (Durability) ......................................................................................10 2.6. Manutenção / Atendimento (Serviceability) ....................................................11 2.7. Estética (Aesthetics) .............................................................................................11 2.8. Qualidade Percebida (Perceived Quality) ........................................................12 3. FERRAMENTAS DA QUALIDADE ..............................................................................13 3.1. Fluxograma .............................................................................................................14 3.2. Diagrama Ishikawa (Espinha-de-Peixe) ............................................................14 3.3. Folhas de Verificação ...........................................................................................14 3.4. Diagrama de Pareto...............................................................................................14 3.5. Histograma ..............................................................................................................15 3.6. Diagrama de Dispersão ........................................................................................15 3.7. Cartas de Controle ................................................................................................15 4. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO................................................................................16 5. LEIAUTE...........................................................................................................................18 5.1. Leiaute ou Arranjo Físico Posicional ................................................................18 5.2. Leiaute ou Arranjo Físico Funcional .................................................................19 5.3. Leiaute ou Arranjo Físico Celular ......................................................................20 5.4. Leiaute ou Arranjo Físico por Produtos...........................................................20 5.5. Vantagens e Desvantagens de cada tipo de Leiaute ....................................21 6. PCP ...................................................................................................................................22 2 6.1. Etapas do PCP........................................................................................................26 6.1.1. Previsão de demanda .......................................................................................26 6.1.2. Planejamento e capacidade de produção ....................................................26 6.1.3. Planejamento agregado de produção (PAP) ...............................................27 6.1.4. Plano mestre de produção (PMP) ..................................................................27 6.1.5. Programação detalhada de produção (PDP) ...............................................27 6.1.6. Controle de produção .......................................................................................28 6.2. Quais são as vantagens do Plano de Controle de Produção? ...................28 6.2.1. Obter suporte para tomada de decisão ........................................................28 6.2.2. Conseguir resultados finais mais atraentes ...............................................29 6.2.3. Ter maior compatibilidade entre os setores de produção e vendas .....29 6.2.4. Sistematizar o processo de produção ..........................................................29 6.2.5. Reduzir de custos ..............................................................................................29 7. SISTEMA DE GESTÃO DE PRODUÇÃO ...................................................................30 7.1. Tipos de sistema de produção ...........................................................................32 7.1.1. Sistema de produção contínua ......................................................................32 7.1.2. Sistema de produção intermitente ................................................................32 7.1.3. Produção para grandes projetos ...................................................................33 7.2. Como implementar um sistema de produção.................................................33 7.3. Como aplicar a melhoria contínua no sistema de produção ......................34 8. JUST IN TIME ..................................................................................................................35 8.1. As Vantagens e Desvantagens ..........................................................................37 8.2. Condições para implantação do JIT .................................................................37 8.3. Just in time e Kanban ...........................................................................................38 9. KANBAN ..........................................................................................................................39 9.1. O que é Kanban? ...................................................................................................39 9.2. Quais são os tipos de Kanban? .........................................................................40 9.2.1. Kanban de produção ........................................................................................40 9.2.2. Kanban de movimentação ...............................................................................40 9.3. Por que usar o Kanban? ......................................................................................41 9.3.1. Fluidez no trabalho............................................................................................42 9.3.2. Aumento de produtividade ..............................................................................42 9.3.3. Foco nas prioridades ........................................................................................42 9.3.4. Eliminação de gargalos ....................................................................................43 3 9.3.5. Acompanhamento de desempenho ..............................................................43 9.3.6. Aliado dos métodos ágeis ...............................................................................43 9.4. Comocolocá-lo em prática? ...............................................................................44 9.4.1. Mapeie os processos ........................................................................................44 9.4.2. Defina o esquema visual e de priorização ...................................................45 9.4.3. Prepare a equipe ................................................................................................45 9.4.4. Estabeleça limites de uso ................................................................................46 9.4.5. Meça os resultados para melhorar ................................................................46 9.4.6. Adapte às necessidades que surgirem ........................................................46 9.5. Como gerenciar vários Kanbans ao mesmo tempo? ...................................47 10. KAIZEN .........................................................................................................................48 10.1. Kaizen e os 5s's .................................................................................................49 11. AÇÕES PREVENTIVAS E CORRETIVAS ..............................................................50 11.1. Entradas típicas .................................................................................................50 11.2. Processo ..............................................................................................................50 11.3. Procedimentos ...................................................................................................50 11.4. Ação corretiva ....................................................................................................51 11.5. Ação preventiva .................................................................................................52 11.6. Acompanhamento .............................................................................................52 11.7. Análise de não-conformidades, acidentes e incidentes ..........................52 11.8. Monitoramento e comunicação de resultados ...........................................53 11.9. Resultados típicos .............................................................................................54 12. TPM – MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL ........................................................55 12.1. Eliminação de Problemas Significativos .....................................................56 12.2. Manutenção Planejada .....................................................................................56 12.3. Manutenção Autônoma ....................................................................................56 12.4. Qualificação e Treinamento ............................................................................57 12.5. Manutenção Preventiva ....................................................................................57 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................58 4 INTRODUÇÃO Se de um lado a qualidade é hoje uma das palavras-chave mais difundidas junto à sociedade (ao lado de palavras como ecologia, cidadania etc.) e nas empresas (ao lado de palavras como produtividade, competitividade, integração etc.), por outro, existe pouco entendimento sobre o que é qualidade e, mesmo, uma certa confusão no uso desta palavra. A confusão existe devido ao subjetivismo associado à qualidade e ao uso genérico com que se emprega esta palavra para representar coisas bastante distintas O fato de a qualidade ser vista por meio de características introduz uma dimensão subjetiva, uma vez que a definição de quais características podem representar a qualidade é subjetiva, a intensidade da associação das características com a qualidade é subjetiva, a forma de mensuração e interpretação das características pode ser subjetiva e, a própria característica pode ser subjetiva. De modo geral, os autores que tratam do tema Gestão da Qualidade reconhecem a dificuldade de definir, precisamente, o que seja o atributo qualidade. Ou seja, a qualidade de produto pode assumir diferentes significados para diferentes pessoas e situações: seja um consumidor, um produtor ou um órgão governamental normativo ou regulador. A qualidade também assume diferentes significados para cada área de uma empresa, seja Marketing, Projeto, Fabricação ou Assistência Técnica. E, muitas vezes, busca-se uma definição única que dê conta de todos esses pontos de vista, o que acaba tornando o conceito da qualidade excessivamente abrangente e analiticamente muito heterogêneo e, portanto, um conceito de pouca aplicação operacional. Uma vez que a Gestão da Qualidade surge com o objetivo de auxiliar a alta gerência na busca pela diferenciação e superioridade em detrimento da concorrência, um dos principais objetivos da Qualidade é o de criar e consolidar um diferencial competitivo no ambiente em que a organização está inserida. Todavia, os objetivos da Qualidade precisam estar alinhados com os objetivos globais da empresa. Pois, se os mesmos divergirem, conflitos de ordem estratégica poderão perturbar o meio organizacional 5 1. PRINCIPAIS ENFOQUES DA QUALIDADE Como já mencionado, na literatura e entre os profissionais da área, coexistem diversos conceitos sobre qualidade. Além disso, tradicionalmente, a qualidade tem sido estudada nas áreas de Economia, Marketing, Engenharia de Produção e Administração. Cada uma dessas áreas se volta para um aspecto específico da qualidade, o que também acaba implicando diferentes visões sobre o assunto, conforme será visto adiante. GARVIN (1984) elaborou uma importante contribuição sistematizando os enfoques existentes para a qualidade, os quais são, de modo geral, originários das áreas de conhecimento acima. O autor identifica cinco enfoques principais para se definir qualidade: • enfoque transcendental • enfoque baseado no produto • enfoque baseado no usuário • enfoque baseado na fabricação • enfoque baseado no valor A seguir apresentamos um resumo de cada um desses enfoques, baseado em GARVIN (1984) e GARVIN (1988). 1.1. Enfoque transcendental Segundo este enfoque, a qualidade é sinônimo de "excelência nata". Ela é absoluta e universalmente reconhecível. Entretanto, a qualidade não poderia ser precisamente definida, pois ela é uma propriedade simples e não analisável, que aprendemos a reconhecer somente através da experiência e observação. 1.2. Enfoque baseado no produto Por este enfoque, a qualidade é definida como uma variável precisa e mensurável, e as diferenças na qualidade refletem-se nas características possuídas por um produto. Este enfoque leva a uma dimensão vertical ou hierarquizada da qualidade, para que os produtos possam ser classificados 6 segundo as características que possuem. Esta visão leva a dois pontos fundamentais: primeiro, a qualidade é uma característica inerente aos produtos e pode ser avaliada objetivamente: segundo, uma qualidade melhor só pode ser obtida a custos maiores, uma vez que a qualidade reflete as características que um produto contém e, como as características são elementos valoráveis na produção, os produtos com qualidade superior serão mais caros. 1.3. Enfoque baseado no usuário Este enfoque parte da premissa oposta de que "a qualidade está nos olhos do observador/consumidor" ou no seu organismo, em se tratando de um produto farmacêutico. A qualidade estaria associada a uma visão subjetiva, baseada em preferências pessoais. Supõe-se que os bens que melhor satisfazem as preferências do consumidor são aqueles por ele considerados como tendo alta qualidade. Este enfoque levou ao conceito de "pontos ideais" (precisas combinações de atributos do produto que dão a maior satisfação a um consumidor específico)e à visão econômica de que as diferenças de qualidade são percebidas através de alterações na curva de demanda do produto. Levou ainda ao conceito de "adequação ao uso", predominante na literatura da área de qualidade. A definição de qualidade, baseada neste enfoque, e mais difundida, é a definição de Juran, já apresentada aqui: qualidade é adequação ao uso. Este enfoque não significa, necessariamente, que as características objetivas do produto não sejam avaliadas. 1.4. Enfoque baseado na fabricação As definições baseadas na fabricação identificam a qualidade como "conformidade com as especificações". Uma vez que uma especificação de projeto tenha sido estabelecida, qualquer desvio significa redução na qualidade; portanto, identifica-se excelência com o atendimento de especificações. Assim, um produto fabricado em conformidade com as especificações seria considerado de boa qualidade, independente da qualidade intrínseca da especificação. 7 No caso de medicamentos e cosméticos o processo de fabricação deve levar em conta o controle de qualidade da matéria prima e da eficiência das sínteses químicas durante a fabricação. Uma definição de qualidade bastante difundida, dentro deste enfoque, é a definição, apresentada anteriormente, de Crosby, "qualidade é conformidade com especificações". 1.5. Enfoque baseado no valor Aqui se define a qualidade em termos de custos e preços. De acordo com esse enfoque, um produto de qualidade é aquele que apresenta ação, terapêutica, por exemplo, a um preço aceitável. Assim, um produto extremamente caro, em relação ao poder de compra do mercado, não importando o quão bem-feito ele o é, não poderia ser considerado um produto de qualidade, pois teria poucos consumidores. A dificuldade de se empregar esta abordagem estaria na união de dois conceitos correlatos, mas distintos, a qualidade e o valor. O resultado é um elemento híbrido - "excelência adquirível "- que não possui limites bem definidos e que é difícil de ser aplicado na prática. Essas abordagens são distintas e, algumas, conflitantes, porém identificar a Qualidade como sendo representada como somente uma dessas abordagens ao longo do tempo em uma empresa pode ser arriscado, pois satisfazer uma abordagem pode mascarar outros aspectos fundamentais para a sobrevivência e sucesso da corporação. Uma maneira de evitar essa situação é adotar orientações múltiplas, na qual a abordagem deve ser coerente com a fase que o produto está, entretanto para um melhor funcionamento, a comunicação é uma ferramenta essencial (GARVIN, 2002). A coexistência desses diferentes enfoques explica os conflitos sobre qualidade entre, por exemplo, a área de Marketing, em Cosméticos, por exemplo, onde predominam os enfoques baseados nos produtos e/ou no usuário, e a área de Produção, com predomínio do enfoque baseado na fabricação. Segundo Garvin, a par do potencial de conflito, é útil cultivar tais perspectivas diferentes pois são essenciais para a introdução bem-sucedida de produtos de alta 8 qualidade. As características que definem a qualidade de um produto devem ser inicialmente identificadas através de uma pesquisa de mercado (abordagem baseada no usuário). As características devem, então, ser traduzidas em atributos identificáveis de produto (qualidade baseada no produto), e o processo produtivo pode então ser organizado, assegurando que os produtos estão seguindo essas especificações (abordagem baseada na fabricação). Todos estes três aspectos são necessários e devem ser conscientemente atacados. Há dimensões que envolvem atributos mensuráveis do produto. Algumas são objetivas e não são influenciadas pelo elemento tempo, ao passo que outras são modificadas pelas várias tendências (no caso dos cosméticos). Há ainda as que são características inerentes aos produtos, enquanto outras são associadas. A confiabilidade e a conformidade envolvem atributos mensuráveis do produto e são objetivas. O desempenho e as características podem refletir preferências pessoais, enquanto a estética e a qualidade observada são as mais subjetivas. A diversidade desses conceitos (dimensões) ajuda a explicar as diferenças entre as cinco abordagens tradicionais da qualidade. Cada uma das abordagens está implicitamente voltada para uma ou mais dimensões da qualidade: a abordagem baseada no produto preocupa-se com desempenho, características e durabilidade; a abordagem baseada no usuário está voltada para a estética e a qualidade observada; e o enfoque baseado na produção busca a conformidade e a confiabilidade. São inevitáveis os conflitos entre os cinco enfoques, pois cada um define qualidade a partir de um ponto de vista diferente. Uma vez que o conceito seja bem entendido e cada dimensão seja considerada separadamente, ficará claro o porquê dos conflitos. Cada dimensão da qualidade impõe suas próprias exigências à empresa. Alto desempenho requer priorização do projeto, além de boa capacidade das áreas de produção e de projetos de desenvolvimento; a conformidade superior requer rigoroso cumprimento das especificações na produção, bem como controle de qualidade da matéria prima. Em cada caso, uma função diferente assume o papel principal, sendo necessárias diferentes prioridades para se alcançar a meta pretendida. 9 2. DIMENSÕES DA QUALIDADE Yamada (2015) elucida que Garvin (1984, 1987, 2002) analisou a Qualidade de acordo com seus elementos básicos e dessa forma, oito dimensões podem ser ponderadas, são elas desempenho, característica, confiabilidade, conformidade, durabilidade, atendimento, estética e qualidade percebida. Além de ajudar a caracterizar as abordagens da Qualidade as oito dimensões também são utilizadas para fins estratégicos. As dimensões múltiplas possibilitam diferentes combinações que geram inúmeros produtos distintos e cabe a cada empresa a percepção de quais dimensões merecem mais investimentos. Uma vez que, competir através da Qualidade pelas oito dimensões, na maioria dos casos, não é possível, pois existem restrições e trade-offs. Contudo, atuar em apenas algumas dimensões proporciona que nichos de mercados de qualidade seletivos sejam preenchidos de maneira mais satisfatório e eficiente (GARVIN, 2002). 2.1. Desempenho (Performance) Esta dimensão envolve atributos físicos ou técnicos, que podem ser medidos, como a característica básica operacional de um produto. Ou seja, as características funcionais primárias de um produto, seus requisitos técnicos concretos. É o mínimo essencial que o Cliente espera do produto: adequação e eficácia em atender o propósito pretendido. No ramo de serviços o desempenho é o quanto este serviço é imediato, sua performance. Alguns atributos medidos são baseados em preferências subjetivas, mas há outros que são universais e tornam-se padrão. 2.2. Características / Atrativo (Features) É o aspecto secundário da performance, que é mais apelativo e suplementa o funcionamento básico. É uma oferta de algo mais, que seja uma necessidade para o cliente, agregam valor ao produto, mas não são exigências explícitas do cliente, entretanto não atendê-los é motivo para não escolha ou 10 reclamação. Abre-se aqui espaço para expectativas e atributos especiais que diferenciam o produto e dão competitividade. 2.3. Confiabilidade (Reliability) É o quanto um produto ou sistema desempenha bem sua função especificada em um determinado tempo, também especificado. Reflete a probabilidade ou nível de interrupções inesperadas, mau funcionamento ou falha do produto, durante determinado período de tempo. Seria a capacidade de um bem durável para manter suas funcionalidades por certo período de tempo, de continuar a funcionar ou de realizar-se de modo regular e consistente durante sua vida útil prevista. Entre as formas mais comuns de mediçãode confiabilidade estão o tempo médio até a ocorrência da primeira falha, o tempo médio entre falhas e a taxa de falha por unidade de tempo. 2.4. Conformidade (Conformance) É o grau em que o design de um produto e suas características operacionais satisfazem aos padrões estabelecidos. Padrões abrangem especificações, procedimentos, regras, normas, leis e regulamentos, externos ou próprios ao fornecedor, aplicáveis ao produto. Isto inclui códigos morais, éticos, ambientais, de segurança, de saúde e quaisquer outros reconhecidos pelo Cliente, sejam formais ou não. Existem também requisitos técnicos resultantes do próprio produto ou seu processo de produção, como a validade, perecibilidade, fragilidade, proteção contra a luz etc. Essa avaliação pode ser medida desde a realização do processo produtivo até após sua entrega com base nas reclamações de campo aceitas. 2.5. Durabilidade (Durability) É uma medida da duração da vida ou da quantidade de uso possível de um produto, ou seja, o ciclo de vida do produto, medido pela sua durabilidade, é, ao mesmo tempo, uma dimensão econômica e uma dimensão técnica. Pode ser 11 definida como a quantidade de uso que alguém pode obter de um produto antes que o mesmo se deteriore. A vida do produto pode incluir possíveis reparos, desde que sejam econômicos e tecnicamente viáveis, além de satisfatoriamente aceitáveis somente caso não ocorram múltiplas falhas ou perda de funções essenciais mesmo que por breve período. 2.6. Manutenção / Atendimento (Serviceability) É uma avaliação da interface do cliente com o produto, em todos as fases do processo e momentos de contato. Desde as etapas de cotação ou busca de informações, estendendo-se durante o uso e alcançando atividades de pós- venda como assistência técnica e garantia do produto. Tem relação ainda com velocidade, cortesia, competência e desembaraço quanto ao serviço de reparo. São aspectos de atendimento tais como a disponibilidade, presteza, escuta, disposição, cortesia, afabilidade, empatia, reatividade, competência, responsabilização, comunicação adequada, esforço de compreensão, habilidade para inspirar crença e confiança, rapidez no suporte em caso de dificuldades ou da realização de reparos, e outras que acontecem nos momentos de contato entre o Cliente e o fornecedor. Além das falhas do produto, o tempo de demora para que o seu funcionamento seja normalizado, cumprimento de serviços, a natureza do trato com o pessoal de serviço são uma dimensão que agrega valor. 2.7. Estética (Aesthetics) Abrange os aspectos estéticos, sensoriais e emocionais ligados ao produto e estrutura de entrega. São dimensões da qualidade subjetiva. É o aspecto visual, sonoro, degustativo ou olfativo de um produto, claramente uma questão de julgamento pessoal e um reflexo da preferência individual. Apesar de serem expectativas subjetivas e desafiadoras na medida em que se baseiam em percepções absolutamente pessoais e individuais podem tornar-se decisivas para o processo de aquisição do produto. 12 2.8. Qualidade Percebida (Perceived Quality) Uma dimensão final da qualidade também subjetiva. É como uma herança da marca. A reputação é a matéria-prima da qualidade percebida. Trata-se da expectativa do Cliente em relação a um produto, construída a partir de sua percepção, estado de espírito e a imagem da marca, do fornecedor, como resultado da propaganda ou de sua experiência pessoal com outro produto da mesma companhia. Certas marcas constroem uma imagem tão forte e positiva que seu impacto alcança todo e qualquer tipo de produto que ele ofereça. Também é normal que o Cliente transfira sua experiência com os produtos de uma marca para outros produtos da mesma marca. Isso acontece por falta de informação ou simplesmente pela força da impressão existente. Deve-se ficar atento para o fato de que esta impressão se transforma em forte expectativa e seu não- atendimento pode gerar uma elevada frustração. Assim, em síntese, a primeira dimensão é o desempenho, essa faz menção às características operacionais básicas do produto, porém esses atributos muitas vezes refletem preferências pessoais, assim torna-se difícil a análise. Característica é a segunda dimensão, essa se refere aos adereços ou características secundárias, essa dimensão também sofre influencia pessoais dos consumidores. Com frequência, as duas primeiras dimensões se confundem. A confiabilidade aparece como a terceira dimensão, em termos conceituais tem-se que confiabilidade está relacionada com a probabilidade do mau funcionamento de um produto ou de sua falha. Já a conformidade é entendida como o grau que um produto atende a padrões preestabelecidos. A durabilidade abrange o conceito de vida útil do produto. Outra dimensão é o atendimento, pois o consumidor também é sensível à rapidez e facilidade de reparo. As duas últimas dimensões – estética e qualidade percebida – estão intimamente correlacionadas com a percepção individuas de cada consumidor, desse modo é necessário lidar com a subjetividade (GARVIN 1984, 1987 apud YAMADA et al, 2015). 13 3. FERRAMENTAS DA QUALIDADE Ferramentas da Qualidade são técnicas que se podem utilizar com a finalidade de definir, mensurar, analisar e propor soluções para problemas que eventualmente são encontrados e interferem no bom desempenho dos processos de trabalho. As ferramentas da qualidade foram estruturadas, principalmente, a partir da década de 50, com base em conceitos e práticas existentes. Desde então, o uso das ferramentas tem sido de grande valia para os sistemas de gestão, sendo um conjunto de ferramentas estatísticas de uso consagrado para melhoria de produtos, serviços e processos. As 7 Ferramentas do Controle de Qualidade são: Fluxograma, Diagrama Ishikawa (Espinha-de-Peixe), Folha de Verificação, Diagrama de Pareto, Histograma, Diagrama de Dispersão e Cartas de Controle. Estas sete ferramentas fazem parte de um grupo de métodos estatísticos elementares, que devem ser de conhecimento de todas as pessoas envolvidas com a empresa, do presidente aos colaboradores, e, por isso, devem fazer parte dos programas básicos de treinamentos das organizações. Figura 1 - Esquema das 7 Ferramentas da Qualidade 14 3.1. Fluxograma O Fluxograma tem como finalidade identificar o caminho real e ideal para um produto ou serviço com o objetivo de identificar os desvios. É uma ilustração seqüencial de todas as etapas de um processo, mostrando como cada etapa é relacionada. Utiliza símbolos facilmente reconhecidos para denotar os diferentes tipos de operações em um processo. 3.2. Diagrama Ishikawa (Espinha-de-Peixe) O Diagrama Espinha-de-Peixe tem como finalidade explorar e indicar todas as causas possíveis de uma condição ou um problema específico. O Diagrama de Causa e Efeito foi desenvolvido para representar a relação entre o efeito e todas as possibilidades de causa que podem contribuir para esse efeito. Também conhecido como Diagrama de Ishikawa, foi desenvolvido por Kaoru Ishikawa, da Universidade de Tóquio, em 1943, onde foi utilizado para explicar para o grupo de engenheiros da Kawasaki Steel Works como vários fatores podem ser ordenados e relacionados. 3.3. Folhas de Verificação As folhas de verificação são tabelas ou planilhas simples usadas para facilitar a coleta e análise de dados. O uso das folhas de verificação economiza tempo, eliminando o trabalho de se desenhar figuras ou escrever números repetitivos. São formulários planejados, nos quais os dados coletados são preenchidos de forma fácil e concisa. Registram os dados dos itens a serem verificados, permitindo uma rápida percepção da realidade e uma imediata interpretação da situação, ajudando a diminuir erros e confusões. 3.4. Diagrama de Pareto O Diagramade Pareto tem como finalidade mostrar a importância de todas as condições, a fim de: escolher o ponto de partida para solução do problema; identificar a causa básica do problema e monitorar o sucesso. Velfredo 15 Pareto foi um economista italiano que descobriu que a riqueza não era distribuída de maneira uniforme. Ele formulou que aproximadamente 20% do povo detinha 80% da riqueza criando uma condição de distribuição desigual. Os Diagramas de Pareto podem ser usados para identificar o problema mais importante através do uso de diferentes critérios de medição, como freqüência ou custo. 3.5. Histograma O histograma tem como finalidade mostrar a distribuição dos dados através de um gráfico de barras indicando o número de unidades em cada categoria. Um histograma é um gráfico de representação de uma série de dados. 3.6. Diagrama de Dispersão O Diagrama de Dispersão mostra o que acontece com uma variável quando a outra muda, para testar possíveis relações de causa e efeito. 3.7. Cartas de Controle As Cartas de Controle são usadas para mostrar as tendências dos pontos de observação em um período de tempo. Os limites de controle são calculados aplicando-se fórmulas simples aos dados do processo. As cartas de controle podem trabalhar tanto com dados por variável (mensuráveis) como com dados por atributo (discretos). Quando devidamente aplicadas, as sete ferramentas poderão levar a organização a: Elevar os níveis de qualidade por meio da solução eficaz de problemas; Diminuir os custos, com produtos e processos mais uniformes; Executar projetos melhores; Melhorar a cooperação em todos os níveis da organização; Identificar problemas existentes nos processos, fornecedores e produtos; Identificar causas raízes dos problemas e solucioná-los de forma eficaz etc. É necessário saber para que serve cada ferramenta e como aplicá-la, pois somente assim será possível obter bons resultados. 16 4. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO A organização do trabalho retrata a concepção da empresa e determina os procedimentos necessários para o seu desenvolvimento. Ou seja, o modelo de gerenciamento do trabalho é aqui considerado como recurso fundamental para a consecução do processo produtivo. O conceito de organização do trabalho expressa o “como” levar adiante determinado trabalho e não pode ser analisado sem considerar a orientação, sentido, conteúdos, relações, dinâmicas, estruturas, tecnologias, processos e produtos que o atravessam. Entender o “como” requer levar em consideração o “para quê”, o “porquê”, o “quê”, o “quando, onde e como”, o “quem”. Assim, organização é a palavra chave para que muitas esferas de nossas vidas sejam bem-sucedidas. Para não ter surpresas financeiras, por exemplo, o caminho é planejar os seus gastos durante um determinado período. O mesmo deve ocorrer para quem deseja alcançar bons resultados profissionalmente. Por isso, a organização no trabalho é um assunto tão importante. Entretanto, manter um dia a dia organizado não é tarefa simples e vai muito além de planejar o que você precisa fazer naquelas 6, 8 ou 10 horas dedicadas à empresa. É necessário contar com imprevistos, pensar na limpeza do ambiente de trabalho e apostar em ferramentas que podem otimizar o dia a dia. Vale ressaltar que a organização no trabalho não é um papel apenas do colaborador, mas também da empresa, que deve prezar por manter o espaço físico sempre limpo e oferecer as ferramentas necessárias para que o profissional consiga organizar sua rotina de trabalho. A organização no trabalho é muito importante para que o ambiente seja positivo para todos: líderes e demais colaboradores. Quando todo o processo está bem definido, o espaço físico é limpo e há uma noção maior de quais são as prioridades, a tendência é que o dia a dia seja mais tranquilo. Se a maioria dos funcionários for bem-organizada, os prazos serão cumpridos, os projetos chegarão ao cliente finalizados e bem estruturados e, principalmente, haverá menos atritos entre os membros de uma equipe. Ao criar uma rotina que venha ao encontro dos objetivos, o profissional tem um aumento de produtividade, além de melhorar o seu bem-estar e qualidade, diminuindo picos de estresse ao não conseguir realizar seu trabalho da forma adequada. 17 Se um trabalho é organizado, possivelmente todos os objetivos propostos obterão aquilo o que se propuseram o objetivo final que é nada mais nada menos que cumprir todas as metas propostas por uma empresa, associação, organização, etc. Ter organização do trabalho leva à borda da perfeição gerando confiança a todas as pessoas que fazem parte de uma organização. Organização do trabalho é simplesmente o fator preciso pelo qual uma empresa consegue todos os seus objetivos, no caso contrário, sem organização do trabalho, os objetivos longe de serem cumpridos, vagariam num limbo desorganizado e causariam todos os tipos de problemas que, na realidade, são o terror de uma organização. Dessa forma, a organização do trabalho é uma engrenagem perfeita para realizar todos os tipos de tarefas as quais nos propomos com uma realização final mais satisfatória. A organização no trabalho é uma janela aberta para o sucesso daquilo que se dispõe a fazer. A verdadeira via, sem a qual não se realiza plenamente bem um trabalho. Quem organiza, rentabiliza; quem organiza, tem resultados satisfatórios. Algumas dicas para se manter uma organização no trabalho; 1 – Estipule metas alcançáveis 2 – Tire pausas para arrumar sua postura e mesa de trabalho 3 – Distribua grandes projetos em pequenas etapas 4 – Estipule prazos para entregas de trabalhos e projetos 5 – Evite distrações Ao criar uma rotina que venha ao encontro dos objetivos, o profissional tem um aumento de produtividade, além de melhorar o seu bem-estar e qualidade, diminuindo picos de estresse ao não conseguir realizar seu trabalho da forma adequada. Por isso, invista na organização no trabalho. Entenda qual o melhor modelo de gerenciamento de projetos para você, limpe seu posto de trabalho e utilize ferramentas de gestão que facilite seu dia a dia. https://www.pontotel.com.br/gestao-de-tarefas/ 18 5. LEIAUTE O cenário atual de alta competitividade faz com que as empresas busquem processos cada vez mais otimizados, com o mínimo possível de perdas e o máximo de qualidade e produtividade. O leiaute industrial desempenha papel importante nesse contexto, tendo em vista que a disposição física de máquinas, equipamentos, áreas de circulação, áreas de estoque e pessoas influencia diretamente a eficiência de uma operação. O leiaute pode ser definido como a disposição física de máquinas, postos de trabalho, equipamentos, pessoas, áreas de circulação, entre outros fatores que ocupam espaço na fábrica, distribuindo-os de forma a maximizar a funcionalidade do processo produtivo e otimizar o ambiente de trabalho (ROCHA, 1995). Na concepção de Slack et al. (2009), o leiaute de uma operação produtiva leva em conta a localização física dos recursos de transformação. Definir o leiaute é decidir o local onde colocar instalações, máquinas, equipamentos e pessoas. O leiaute é uma das características mais evidentes de uma operação produtiva, porque determina a sua forma e aparência, além de definir a maneira segundo a qual os recursos transformados – materiais, informação e clientes – fluem por meio da operação. Um leiaute correto proporciona um fluxo de comunicação entre as atividades de maneira mais eficiente e eficaz, melhorando a utilização das áreas produtivas, obtendo maior facilidade na administração das tarefas, diminuindo, assim, os problemas ergonômicos e flexibilizando os processos em casos de mudanças e ou adequações (SILVA, 2016). Slack et al. (2009) comenta que o tipo de leiaute é a forma geral do arranjo de recursos produtivosna operação. Na prática, a maioria dos leiautes deriva de apenas quatro tipos básicos de leiautes, sendo eles: leiaute posicional; leiaute por processo; leiaute celular; e leiaute por produto. 5.1. Leiaute ou Arranjo Físico Posicional O Arranjo Físico Posicional trata-se da movimentação de equipamento, maquinário, instalações e pessoas, movendo-se na medida do necessário, enquanto o produto fabricado fica parado. 19 Figura 2 - Arranjo Físico Posicional Fonte: adaptada de Toledo Jr. (1991, s.p.) 5.2. Leiaute ou Arranjo Físico Funcional No Arranjo Físico Funcional, recursos ou processos similares são agrupados para que a utilização dos recursos transformadores seja utilizada, melhorando o desempenho da produtividade. Nesse caso, produtos, informações ou clientes que passarem pelo processo produtivo farão o mesmo roteiro, de atividade em atividade, estabelecidos pelas suas necessidades. Sua característica fundamental é o agrupamento de operações de um mesmo tipo. Devido a sua alta flexibilidade, esse arranjo físico trabalha na produção de uma grande variedade de produtos em pequenos lotes, normalmente atendendo a pedidos específicos de clientes (produção sob encomenda). Figura 3 - Arranjo Físico Funcional Fonte: adaptada de Toledo Jr. (1991, s.p.) 20 5.3. Leiaute ou Arranjo Físico Celular Já o Arranjo Físico Celular é aquele em que acontece uma pré-seleção dos recursos transformados ao entrarem no processo de produção; assim, são movimentados para uma parte específica da operação, na qual estão os recursos transformadores necessários para suas necessidades de processamento e transformação. Está ligado à filosofia denominada “Tecnologia de Grupo” (TG). Nessa filosofia as peças com similaridades são identificadas e agrupadas com o objetivo de buscar vantagens no projeto e na manufatura. Figura 4 - Arranjo Físico Celular Fonte: adaptada de Toledo Jr. (1991, s.p.) 5.4. Leiaute ou Arranjo Físico por Produtos E o Arranjo Físico por Produtos trata os recursos a serem transformados segundo o melhor caminho dos recursos transformadores; todo produto, cliente ou informação segue um caminho predefinido, em que a transformação requerida vai ao encontro da sequência na qual os processos foram arranjados fisicamente. Os produtos em transformação são direcionados por um “fluxo” ao longo da “linha” de processos. Também é denominado arranjo físico linear, product flow leiaute, product leiaute e flow shop. A disposição dos locais de trabalho obedece à sequência de processamento do produto, buscando otimizar a movimentação de material. 21 Figura 5 - Arranjo Físico por Produtos Fonte: adaptada de Toledo Jr. (1991, s.p.) 5.5. Vantagens e Desvantagens de cada tipo de Leiaute Slack et al. (2009, p. 194) apresentam as vantagens e desvantagens dos tipos básicos de arranjo físico: Figura 6 - Vantagens e Desvantagens dos tipos básicos de Arranjo Físico Fonte: Slack et al (2009, p. 194) 22 6. PCP PCP é a sigla para Plano de Controle de Produção. Em outras palavras, é um sistema que gerencia os recursos operacionais de uma organização. Se trata de um sistema de gestão operacional de uma empresa, envolvendo todas as operações e a consolidação de informações. O planejamento e controle da produção controla a atividade de planejar o que realmente será necessário para produzir algo, decidir sobre o melhor emprego dos recursos de produção, incluindo custos, perdas, faturamento e satisfação do cliente, assegura o que foi previsto no tempo e quantidade certa e com os recursos corretos, também é muito importante na hora de definir um controle onde se faz todas as anotações durante a produção de um produto, fornece dados de diversas áreas transformando-as em informações de realimentação. O conhecimento da produção serve para observar o quanto as estratégias definidas para a manufatura estão sendo atingidas, permitindo assim às empresas acompanhar o desempenho da produção. Este artigo objetiva apresentar uma pesquisa dos conceitos e das informações necessárias ao controle e planejamento da produção. Para Cervo (2002), "o objetivo do PCP é proporcionar uma utilização adequada dos recursos, de forma que produtos específicos sejam produzidos por métodos específicos, para atender um plano de vendas aprovado”. Na visão de Favaretto (2001), "o objetivo principal do PCP é comandar o processo produtivo, transformando informações de vários setores em ordens de produção e ordens de compra - para tanto exercendo funções de planejamento e controle - de forma a satisfazer os consumidores com produtos e serviços e os acionistas com lucros". 23 Figura 7 - PCP: Linha do Tempo Fonte: https://www.nomus.com.br/blog-industrial/wp-content/uploads/2017/01/PCP-LINHA-DO- TEMPO.png Alguns dos seus princípios foram adotados em meados da Revolução Industrial, mais especificamente quando foi inventado, em 1785, o primeiro tear. https://www.nomus.com.br/blog-industrial/wp-content/uploads/2017/01/PCP-LINHA-DO-TEMPO.png https://www.nomus.com.br/blog-industrial/wp-content/uploads/2017/01/PCP-LINHA-DO-TEMPO.png 24 Isso foi um grande passo para os primórdios do PCP, pois os trabalhadores deixaram de trabalhar em casa e precisaram executar seus trabalhos em engenhos. É o que podemos classificar de o primeiro planejamento e controle da produção. Por volta de 1850, outros caminhos relevantes seriam percorridos para o PCP tornar-se o que é hoje. A Segunda Revolução Industrial acontecia e com ela a maquinação das oficinas. E em 1924 algumas estratégias de PCP ganhariam mais corpo por meio dos esforços de Henry Ford, com a montagem de uma linha de produção em massa. Pois, foi a primeira vez que alguém colocou ordem na produção, separando as etapas, estipulando funções específicas. Era o início acanhado das estratégias de PCP, que logo ganharia contornos mais robustos com o toyotismo, a partir de 1948, cujos princípios buscavam um padrão de qualidade mais rigoroso, maior segmentação e estoque mais enxutos, uma das características dos princípios do Lean Manufacturing (que só passaria a ser chamada assim na década de 90). Mas isso só seria o começo da transformação tal qual como conhecemos atualmente. Nas décadas de 70 e 80, com a chegada dos computadores às empresas, algumas ferramentas para o auxílio do Planejamento e Controle da Produção ficaram mais práticas e acessíveis. E de lá para cá, os avanços são inacreditáveis! A inteligência artificial, automação e internet das coisas são realidades praticamente sem limites, que auxiliam os processos industriais de forma fantástica. Devido às suas principais características, o PCP influencia todo o negócio. As funções desse tipo de planejamento são baseadas em três pilares: 1. Planejamento — determina quais produtos serão produzidos e quando; 2. Programação — define os recursos que serão utilizados do início ao fim do fluxo de produção; 3. Controle — realiza o monitoramento para corrigir possíveis desvios e/ou erros identificados. Além desses pilares, outros pontos são verificados, como: • a quantidade de produtos que serão produzidos; 25 • o layout da fábrica, com o objetivo de aproveitar melhor o fluxo de insumos; • as etapas que compõem o processo de fabricação; • a definição de trabalho, mecânico e humano. Com essas delimitações, a empresa pode planejar, programar e controlar melhor o processo de produção, revisando sempre os objetivos estabelecidos e evitando que ocorram desvios. Caso seja necessário fazer alterações devido a erros ou falhas, ter esses fatores internalizados permitirá tomar melhores decisões. É por isso que essa ferramenta de planejamento também oferece suporte técnico à gestão, mostrando os principais problemas do setor de produção.Figura 8 - Objetivos do Sistema de PCP Fonte: https://www.nomus.com.br/blog-industrial/wp-content/uploads/2022/04/Infografico- Sistema-PCP.jpg https://www.nomus.com.br/blog-industrial/wp-content/uploads/2022/04/Infografico-Sistema-PCP.jpg https://www.nomus.com.br/blog-industrial/wp-content/uploads/2022/04/Infografico-Sistema-PCP.jpg 26 6.1. Etapas do PCP Figura 9 - Etapas do PCP Fonte: https://www.sydle.com/br/blog/planejamento-e-controle-da-producao- 618d56762c9828380c0f398f/ 6.1.1. Previsão de demanda Fazer uma previsão de demanda é uma ação importante para que a empresa saiba quando precisa de cada produto — para o setor de vendas ou para os departamentos de estoque, produção e logística. Essa técnica é subjetiva, mas é baseada em dados históricos e estatísticos para identificar os produtos mais vendidos, a matéria-prima mais utilizada, o estoque mínimo de cada produto e as vendas sazonais. Com esses dados, os gerentes conseguem dimensionar a produção e verificar os recursos materiais e humanos necessários para o processo. 6.1.2. Planejamento e capacidade de produção 27 Essa etapa utiliza os dados de previsão de demanda definidos a médio e longo prazo. Com base nisso, é necessário analisar a capacidade de produção da empresa para verificar se deverá ser feito algum tipo de adaptação no setor. Dessa forma, a capacidade de produção pode ser aumentada ou reduzida de acordo com a demanda. 6.1.3. Planejamento agregado de produção (PAP) No PAP, o objetivo é definir a melhor estratégia de produção para a empresa. Assim, são consideradas as decisões relativas ao volume de produção, estoque, demissão e contratação de pessoas, subcontratação, necessidade de horas extras e contratos de serviços de logística e fornecimento. O PAP é geralmente considerado anualmente, mas há uma revisão mensal, que leva em consideração a demanda do consumidor e a capacidade de produção. O objetivo é tomar decisões adequadas às necessidades da empresa. 6.1.4. Plano mestre de produção (PMP) Essa etapa considera a execução de curto prazo dos planos de produção. O PMP permite analisar e direcionar recursos para que a produção de um determinado período seja executada e atenda à demanda. Essa programação, portanto, é mais detalhada, cobrindo não apenas a previsão de demanda, mas também as ordens de compra e produção em aberto e as encomendas feitas. 6.1.5. Programação detalhada de produção (PDP) O principal objetivo do PDP é mostrar como a empresa realizará suas operações diariamente — ou seja, abarca o próprio lado operacional. As atividades envolvidas nesse processo são: • sequência de ordens de produção — define a sequência operacional das máquinas para reduzir a ociosidade, atrasos e estoques; 28 • gerenciamento de materiais — visa controlar o estoque, definir o tamanho dos lotes, o estoque de segurança e como reabastecer a matéria-prima. • emissão de ordens de produção — é a implementação do programa de produção, emitindo os documentos necessários para que as operações sejam iniciadas; a liberação da produção também é feita deixando os recursos necessários disponíveis. Nas empresas que trabalham com produção repetitiva (ou seja, têm um grande volume de produção e pouca variedade de produtos), o PDP deve ser orientado por sistemas de produção. Alguns exemplos são Kanban, Seis Sigma, Poka-yoke e Kaizen. Por outro lado, as empresas que têm produção intermitente (ou seja, baixo volume de produção e uma grande variedade de produtos) têm mais dificuldade em realizar o PDP. Nesse caso, o uso de um software específico é o mais indicado. 6.1.6. Controle de produção O processo de produção deve ser acompanhado para garantir que esteja andando conforme o esperado. Esse estágio também fornece anotações sobre o tempo e o desempenho do processo, armazenando os dados atualizados para uso em decisões posteriores. 6.2. Quais são as vantagens do Plano de Controle de Produção? 6.2.1. Obter suporte para tomada de decisão Como mencionamos, essa ferramenta permite controlar todo o fluxo do processo de produção da empresa. Isso significa que os dados estarão sempre à mão e poderão ser consultados sempre que necessário. Além disso, facilita a identificação de problemas e falhas. https://rockcontent.com/br/blog/metodo-kaizen/ 29 A partir dessa constatação, a gerência e direção podem tomar decisões com base em dados reais, definindo o que deve ser feito para resolver o problema. 6.2.2. Conseguir resultados finais mais atraentes A empresa que adota o Plano de Controle de Produção apresenta resultados finais mais atraentes. Isso porque, basicamente, consegue identificar melhor os pontos fortes e fracos da produção e logística, atacando os problemas de acordo com a ordem de prioridade. 6.2.3. Ter maior compatibilidade entre os setores de produção e vendas O setor de produção precisa estar interconectado com toda a empresa, especialmente com o setor de vendas. Afinal, de nada adianta um vendedor realizar a venda de um produto se tal produto não está disponível. Ao adotar o processo de planejamento e controle, a empresa sabe exatamente quantos produtos estão no estoque, quais terá que produzir e quais estão faltando (possivelmente exigindo atenção e produção urgentes). 6.2.4. Sistematizar o processo de produção O objetivo ao usar um planejamento operacional é ter controle sobre o processo de produção, o que resulta em uma produção sistematizada. Isso traz mais organização, agilidade, facilidade, segurança, qualidade, correção, velocidade e menos custo. 6.2.5. Reduzir de custos Essa conta é bem simples: mais controle equivale a menos perdas, menos trabalho, menos desperdício e, consequentemente, mais redução de custos. 30 7. SISTEMA DE GESTÃO DE PRODUÇÃO É um conjunto de atividades e operações no processo produtivo de bens ou serviços que interagem entre si, cada qual com sua responsabilidade e peso. Essa integração determinará o resultado do sistema como um todo. O sistema de gestão de produção caminha junto com a automatização dos trabalhos da fábrica e tem o intuito de administrar os processos a partir de indicadores de gerenciamento. Além de aperfeiçoar as tarefas, a estratégia proporciona dados muito mais consistentes, fator primordial para tomadas de decisão bastante assertivas. Um sistema nada mais é que um processo de transformação onde se tem as "entradas" e as "saídas". As "entradas" no processo são as informações, os materiais, os consumidores, os funcionários, as instalações, que serão utilizados e transformados em produtos ou serviços, ou seja, as "saídas" O Sistema de Gerenciamento de Produção não é algo único, há uma interação com as outras funções da organização e sofre influências internas e externas. Internamente ele é influenciado por outras áreas funcionais da Empresa como vendas, marketing, recursos humanos e financeiro, que interagem entre si e refletem no resultado. Externamente a organização sofre influências de fatores relacionados à economia, políticas e regulamentações governamentais, competição, tecnologia, etc. A relação do Sistema de Gerenciamento de Produção com os fatores internos e externos são primordiais para seu funcionamento. Com base nesta relação e como não temos o controle sobre as influências externas, há a necessidade do controle interno através de Metodologias de Gestão, de Melhoria Contínua e Ferramentas da Qualidade visando performance, redução de custos, redução de desperdícios, e assim agregando valor. Não podemos esquecer de assegurar a comunicação eficiente entre os colaboradores e a integração assertiva entre os departamentos. O sistema de gestão de produção faz toda a diferença para qualquer indústria, pois, por meio dele é possível implantar melhoriasoperacionais e financeiras, garantindo o diferencial competitivo da empresa e uma tomada de decisão muito mais estratégica. https://maestec.com.br/2019/06/28/como-implantar-a-automacao-industrial-na-sua-empresa-e-tornar-os-seus-processos-muito-mais-eficientes-2/ https://maestec.com.br/2019/06/28/como-implantar-a-automacao-industrial-na-sua-empresa-e-tornar-os-seus-processos-muito-mais-eficientes-2/ 31 Figura 10 - Sistema de Gerenciamento de Produção Fonte: https://www.dorv.com.br/images/uploads/FILE-20180602-1223F9A5N53RBGKW.png Ciclo de Controle ou Ciclo PDCA, trata-se de uma Ferramenta de Gestão que visa controlar e melhorar os processos e produtos de forma contínua. Ele está presente em todos os Módulos do Sistema de Gerenciamento da Produção e sua finalidade é a agilizar e aperfeiçoar os processos na Empresa identificando as causas de seus problemas e implementando soluções para os mesmos. Figura 11 - Ciclo PDCA Fonte: https://www.take.net/blog/wp-content/uploads/2019/03/VENKI-Ciclo-PDCA- 1024x738.png https://www.dorv.com.br/images/uploads/FILE-20180602-1223F9A5N53RBGKW.png 32 7.1. Tipos de sistema de produção Antes de começar a implantar ou melhorar o sistema de produção da sua fábrica, é preciso definir qual tipo de sistema de produção é mais adequado para sua empresa. Os tipos de sistema de produção são: • Sistema de produção contínua • Sistema de produção intermitente • Produção para grandes projetos Esse passo é fundamental para que a sua empresa defina estratégias de melhoria e também possa estruturar melhor os processos. 7.1.1. Sistema de produção contínua Esse é o sistema de produção mais clássico da indústria. Sua principal característica é a linha produção em um fluxo contínuo, que busca produzir o maior número de produtos no menor tempo possível, sem interrupções ou pausas. Nesse tipo de sistema a padronização dos processos de forma detalhada é fundamental para o seu bom desempenho. Seu uso é indicado para empresas que possuem um fluxo de produtos padronizado e constante, como por exemplo, indústrias automotivas ou de embalagens. 7.1.2. Sistema de produção intermitente No sistema intermitente a fábrica produz por lotes, seguindo a demanda da previsão de vendas ou por encomendas realizadas por seus clientes. Esse modelo pode ser usado para produtos únicos, feitos sob encomenda para produtos únicos ou repetitiva em lotes, para produtos diferenciados. 33 7.1.3. Produção para grandes projetos O terceiro sistema de produção comum no mercado é a produção para grandes projetos. Nesse modelo a fábrica deve atender as necessidades específicas dos seus clientes, considerando um início e fim bem-marcados. Normalmente esse modelo de produção possui preços mais altos, já que quase nada é padronizado e o trabalho é feito de forma totalmente personalizada. Alguns exemplos de setores são a construção civil e a produção de grandes veículos, como aviões e outras máquinas específicas. 7.2. Como implementar um sistema de produção O primeiro passo para implantar o sistema produtivo é mapear as etapas da sua produção para assim entender bem como ela funciona. A partir desse ponto é necessário dar alguns passos, sendo eles: Preparar a produção de acordo com o sistema escolhido a ser implementado • Montar seus processos para atender os prazos determinados; • Definir metas e acompanhar o resultado de cada ciclo de produção; • Definir indicadores de desempenho para equipe e máquinas; • Treinar a equipe para se adequar ao novo sistema; • Integrar as diferentes áreas da empresa em um sistema de gestão integrada; • Automatizar o que for possível para gerar dados rápidos e confiáveis da produção; Para garantir que o sistema produtivo esteja rodando bem, é preciso possuir um sistema para o planejamento e controle da produção da fábrica Nele a fábrica pode registrar e controlar tudo relacionado a produção. Como por exemplo, desde a previsão de vendas, compras, requisição de materiais, até a ordem de produção, apontamento e expedição. 34 7.3. Como aplicar a melhoria contínua no sistema de produção Todo sistema produtivo pode ser melhorado através do Lean Manufacturing, ou manufatura enxuta, que já falamos sobre aqui no Blog algumas vezes. O objetivo desse modelo de pensamento é eliminar qualquer custo desnecessário e prejuízos que a fabrica pode estar sofrendo. Os problemas mais comuns, são: • superprodução; • desperdícios no estoque; • subutilização de máquinas e mão de obra. Para colocar em prática, o ideal é a contratação de um especialista em Lean, que pode auxiliar a sua equipe a colocar em prática ferramentas como: • Just in Time • Kanban • Seis Sigma • 5S • Entre outras 35 8. JUST IN TIME Just-in-time (JIT) é uma das ferramentas que foram desenvolvidas no Sistema Toyota de Produção. Ela tem como objetivo a diminuição dos custos de manutenção do estoque de peças. Foi concebida a partir da ideia de que, ao invés de ficarem aguardando as peças chegarem até eles, como ocorria nos sistemas Taylorista e Fordista, os trabalhadores deveriam buscá-las. Quando esse método foi criado, após o final da Segunda Guerra Mundial, o Japão estava se reerguendo economicamente e industrialmente. Após visitarem os Estados Unidos e verem de perto os sistemas Taylorista e Fordista de produção, Sakichi Toyoda, fundador da Toyota Motors Company, e Taiichi Ohno, engenheiro mecânico e então diretor da empresa, notaram o grande desperdício da produção em massa completamente focada no produto. Desperdício esse que a Toyota, em grave crise financeira, não tinha como sustentar. Foi nesse contexto que surgiu o Sistema Toyota de Produção e, dentro desse sistema, o método Just-in-time, dentre outros. Os materiais deveriam chegar na quantidade certa e no momento exato da produção. Assim, só haveria o estoque referente à produção em andamento. O método em geral não trabalha com estoques de segurança (estoque além do demandado que visa cobrir ou evitar a falta de itens importantes) ou, quando existem, são muito reduzidos. A coordenação entre todos os colaboradores (trabalhadores, fornecedores e empresas de transporte) deve ser ampla e é essencial para que os materiais cheguem no tempo certo. Caso não cheguem, ocorrerá a interrupção da produção. Com estoque reduzido ou inexistente, é imprescindível que os materiais fornecidos sejam de ótima qualidade, uma vez que uma peça defeituosa pode parar uma operação até que o problema seja solucionado. Assim, tanto fornecedores como empresas transportadoras são avaliadas em relação à qualidade das peças e da entrega do serviço. Todo o processo precisa estar em ótima sincronia. O objetivo do método Just-in-time pode parecer ser a redução de custo, mas não fica só nisso. Uma produção eficiente também. Ao usar estoques altamente restritos e exigir a qualidade de materiais, bem como a entrega no 36 tempo exato, o que se nota é uma eficiência na produção. A sintonia fina entre as partes envolvidas acaba por desestimular, se não evitar pontos de ineficiência na produção. Mesmo que eles ocorressem, seriam prontamente corrigidos. Dessa forma, Just in time é um sistema de administração da produção que determina que nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes da hora certa. Just in time é um termo inglês, que significa literalmente “na hora certa” ou "momento certo". Uma empresa que lança mão do método Just-in-time pode se beneficiar muito com a economia e eficiência da produção. Mas é interessante que outras ferramentas sejam usadas em conjunto para que os resultados sejam potencializados. A própria Toyota Motors Company utilizava o Just-in-time com o Kanban (cartões de controle de fluxo de operações). Figura 12 - Demonstração de um processode manufatura antes e depois do Just in Time Fonte: https://www.citisystems.com.br/wp-content/uploads/2012/08/Just-in-Time- Manufatura.png 37 8.1. As Vantagens e Desvantagens A vantagem de utilizar este conceito está na agilidade e na redução de custos que ocorrem em toda cadeia produtiva. Algumas plantas já são estruturadas com células onde são alocados os fornecedores para que eles possam fornecer em pequenas quantidades e em fluxo contínuo. Toda a lógica do sistema contribui para aperfeiçoar o espaço utilizado na planta. Podemos relacionar ainda as seguintes vantagens: • Rápida conversão dos materiais; • Redução do trabalho em processo; • Redução de espaço e manuseio; • Rápida resposta aos problemas; • Redução de agendamentos e rastreamentos; • Maior responsabilidade; • Melhor qualidade; • Menos desperdícios e retrabalhos; • Melhor resposta ao mercado; • Melhoria de atitude. A desvantagem é que este conceito não pode ser aplicado em produtos com demanda pouco previsível e com grandes oscilações. Outro ponto é que ele funciona com maior eficiência com pequenos números de fornecedores sendo necessário que os mesmos tenham estabilidade no fornecimento de materiais. Na prática o que ocorre são os dois conceitos operando em complemento, ou seja, o kanban funcionando de forma conjunta com o just in time. 8.2. Condições para implantação do JIT Para a implantação do Just in time é necessário que a empresa tome algumas atitudes. Veja abaixo algumas delas: • Comprometimento da alta administração; • Verificar onde é possível a implementação do Kanban; • Realizar o treinamento de funcionários; • Investir capital para melhoria de processos; https://www.citisystems.com.br/kanban-conceito-sistema-o-que-e-on-line/ 38 • Melhorar a capacidade de medir o desempenho em diversos setores; • Facilitar a comunicação entre as áreas; • Dominar os processos pertinentes; • Garantir eficiência no controle de qualidade Estas ações são necessárias pela seguinte razão: Os estoques altos em uma linha de produção escondem determinados problemas como: má concepção de produto, setup longo, layout deficiente, baixa qualidade, máquinas avariadas e fornecedores não confiáveis. Quando a empresa decide implantar o JIT, estes problemas, que antes não eram visíveis, irão aflorar. Por este motivo, o JIT só pode acontecer após: • O tempo de setup ser reduzido ou eliminado; • A taxa de defeitos referentes à qualidade ser minimizada; • Existir prevenção das avarias dos equipamentos; • Os prazos de entrega serem mínimos; • Existir otimização da dimensão dos lotes; • A movimentação e os transportes serem minimizados 8.3. Just in time e Kanban Para os iniciantes, uma dúvida é comum: “O just in time e o kanban não são as mesmas coisas?”. A resposta é: “Não”, Explicando a resposta: O kanban é uma ferramenta de trabalho utilizada para o controle de produção (muito importante no conceito do just in time). No kanban, são utilizados cartões que controlam o estoque e a produção de forma visual. O just in time é mais do que uma técnica de gestão de produção. No Just in time estão incluídos conceitos de administração de produtividade, gestão de materiais, projeto do produto, gestão de qualidade, recursos humanos e a administração do trabalho. 39 9. KANBAN Kanban é um sistema de controle e gestão do fluxo de produção em empresas e projetos que usa de cartões coloridos (post-its) e também recebe o nome de gestão visual, em razão do uso de cores como sinalizadores. Desenvolvido pela Toyota na década de 40 (e colocada em prática em 1953), a simplicidade e os benefícios que proporciona fez desse método um dos mais utilizados em empresas de todos os segmentos. 9.1. O que é Kanban? O Kanban funciona como uma linha de produção, na qual as pessoas não podem comprometer seus afazeres consultando manuais, planilhas, controles ou conversando com as outras a todo o momento, caso precisem saber qual será o próximo passo. Trata-se de um sistema visual de gestão capaz de ajudar a organizar as tarefas de um processo para que elas sejam realizadas e entregues ordenada e sistematicamente, mantendo o fluxo de trabalho. O sistema japonês utiliza um quadro grande e estrategicamente posicionado que possa ser visualizado por todos de forma clara e rápida. O template é dividido em colunas, representando as etapas do processo. No modelo mais tradicional, são utilizados cartões ou post-its coloridos nos quais cada uma das atividades que devem ser realizadas são anotadas. Conforme elas vão sendo desenvolvidas, os cards são movimentados entre as colunas, atualizando todos os envolvidos sobre o status das tarefas e abrindo vagas para novas entregas. Como o tempo das equipes e o espaço no quadro são sempre limitados, prioridades precisam ser estabelecidas. De tal forma, garante-se um fluxo contínuo de trabalho para todos os colaboradores, sem sobrecarregá-los. 40 9.2. Quais são os tipos de Kanban? Entendendo o conceito da palavra, fica mais fácil nos aprofundarmos no assunto. O sistema japonês pode ser utilizado de formas distintas, conforme sua finalidade e a estratégia do gerente de projetos. 9.2.1. Kanban de produção O número de colunas — bem como o limite de atividades a serem executadas ao mesmo tempo — depende da complexidade de cada projeto conduzido. Uma iniciativa simples pode ter apenas três colunas no quadro: a fazer, fazendo e feito. Já um projeto mais complexo, como a elaboração de um software, geralmente requer um maior número de etapas para refletir o processo pelo qual cada funcionalidade passa. É o caso de adotar um modelo que contenha as categorias: a fazer, em análise, em desenvolvimento, em teste e entregue. Na sequência, você divide seu quadro em colunas, inserindo na primeira a leva inicial de atividades. Cada cartão precisa conter um mínimo de informações sobre a tarefa, como: o que deve ser feito, o prazo para conclusão e a pessoa responsável. Dispostos os papéis e todos devidamente cientes de suas responsabilidades, chega a hora de trabalhar. A partir daí, quando uma etapa do Kanban é superada, o card pode ser deslocado para a coluna seguinte, até que a diligência seja finalizada. Nesse momento, a coluna cuja vaga está em aberto pode receber uma nova atividade, puxando a linha de produção, evitando a ociosidade do colaborador e permitindo uma melhor gestão do tempo. 9.2.2. Kanban de movimentação É comum que os produtos sejam feitos em lote, como acontece nas fabricantes de móveis e veículos. Que tal um exemplo prático? Considere 3 41 etapas produtivas e sequenciais na fabricação de um carro: montagem, pintura e acabamento. Um adesivo instalado no 10º veículo permitirá que outros 10 iniciem a montagem quando ele seguir para a pintura e assim por diante, até o fim da produção. Esse Kanban também é adotado nos supermercados para controle de estoque: quando comprado pelo cliente, o leite sofre baixa no sistema, indicando a necessidade de reposição. De tal forma, é feito um controle racional dos recursos financeiros, físicos e humanos, pois se evita a armazenagem das unidades em quantidade desnecessária, a ocupação ineficiente do espaço e o colaborador é dispensado da contagem, tarefa mecânica desempenhada mais rapidamente e com maior precisão pelo software. 9.3. Por que usar o Kanban? Esse método de gestão de tarefas é simples, mas muitos profissionais o acham simplista demais, incapaz de atender à estruturação complexa do projeto e defasado quando consideradas outras ferramentas de acompanhamento disponíveis. No entanto, a vantagem do Kanban está justamente na simplicidade. Entendendo o conceito e o funcionamento desse controle visual, você pode perceber que qualquer pessoa é capaz de interpretá-lo,independentemente de seu nível de escolaridade ou profissão, do pedreiro da obra com Ensino Fundamental incompleto ao engenheiro com doutorado. Portanto, ele estabelece uma linguagem universal com a equipe, tópico especialmente importante se considerarmos que 76% das empresas no mundo creditam o insucesso de seus projetos às falhas comunicativas, segundo pesquisa do Project Management Institute (PMI). Além da contribuição no gerenciamento de comunicações, o Kanban traz benefícios a todas as outras áreas de conhecimento do PMBOK, colaborando significativamente para sua empreitada. Aproveitando, confira quais são outros de seus benefícios. 42 9.3.1. Fluidez no trabalho A consulta a controles, tarefas e cronogramas de projetos consome tempo e pode se tornar um gatilho para que as pessoas desviem a atenção de seus afazeres ou do escopo, comprometendo o sequenciamento. Já com o quadro Kanban em local visível e de fácil acesso, basta o profissional fazer uma consulta breve por alguns segundos se quiser saber qual é o próximo passo. Com isso, as distrações são eliminadas e o trabalho flui sem interrupções, otimizando o desempenho da equipe e mantendo o colaborador focado. 9.3.2. Aumento de produtividade Tempo utilizado com o máximo de eficiência significa produtividade. Com o modelo japonês de sistematização das atividades, nenhum membro do seu time fica parado, simplesmente esperando pela próxima tarefa — afinal, os processos estão ali, completamente expostos e acessíveis a todos. Da mesma forma, ninguém fica sobrecarregado sem que você saiba e sem que possa agir rapidamente para amparar o colaborador. A percepção imediata do gerente possibilitada pelo Kanban contribui para a delegação de responsabilidades e aumenta o nível de satisfação do profissional, outro fator positivo para sua capacidade produtiva. 9.3.3. Foco nas prioridades Quando o cronograma do projeto é a sua principal fonte de consulta, você automaticamente tem em mãos todas as tarefas a serem realizadas ao longo do tempo, mas isso pode preocupar sua equipe antes da hora. O Kanban permite priorizar as atividades e manter o time focado naquilo que deve ser entregue primeiro, eliminando preocupações excessivas com diligências futuras. Assim, o colaborador foca no momento, desenvolvendo por completo sua potencialidade agora. O bê-á-bá é fundamental para a realização de afazeres mais complexos e desafiadores, então isso também evita erros. 43 9.3.4. Eliminação de gargalos Por vezes, as tarefas começam a se acumular sem você perceber, gerando um impacto negativo no prazo e na qualidade do projeto. O fato evidencia a necessidade de melhorar processos, de investir na capacitação da equipe e de redistribuir incumbências, por exemplo. Utilizando o Kanban, esses gargalos são facilmente identificados, pois há a visualização no quadro o fluxo das atividades. De tal forma, é possível ver se muitas placas estão sendo acumuladas em determinada etapa e adotar novas estratégias capazes de sanar as falhas ressaltadas. 9.3.5. Acompanhamento de desempenho O modelo japonês também é uma ótima maneira de acompanhar a entrega e o comprometimento da equipe, pois os prazos para a conclusão de cada tarefa ficam registrados nos cartões, admitindo a verificação periódica de seu cumprimento. Além disso, a própria fluidez dos post-its pelas etapas se transforma em um sistema de controle bastante eficiente, possibilitando que todos saibam como anda a produtividade individual e coletiva ao longo do tempo. 9.3.6. Aliado dos métodos ágeis O Kanban reflete os pontos cruciais com eficácia porque cada um tem seu prazo de conclusão. Ele pode ser dividido para mostrar as etapas a serem superadas em cada entrega, tornando-se o perfeito instrumento de monitoramento e de controle. Vale lembrar: além do tradicional quadro com cartões ou post-its, o método também pode ser utilizado de outras formas, integrado ao seu software de gerenciamento de projetos, por exemplo. Ainda, é possível aproveitar templates prontos a fim de facilitar o entendimento e o manuseio do quadro, permitindo que sua equipe trabalhe em conjunto independentemente de onde esteja cada membro. https://www.projectbuilder.com.br/blog/a-cultura-organizacional-e-o-gerenciamento-de-projetos-qual-a-relacao/ 44 9.4. Como colocá-lo em prática? O fato de ser simples não elimina a necessidade de utilizar o Kanban de modo estratégico e bem estruturado. Para tirar o máximo que esse método tem a oferecer, é indispensável entender quais são os passos essenciais para que ele entregue boa performance. Para ajudá-lo nessa tarefa, separamos algumas etapas de direcionamento para alcançar os objetivos com a técnica. Confira! Figura 13 - Quadro Kanban Fonte: https://i2.wp.com/gestaodesegurancaprivada.com.br/wp-content/uploads/Quadro- Kanban.jpg?w=720&ssl=1 9.4.1. Mapeie os processos A capacidade de se adaptar a diferentes necessidades é um dos destaques dessa metodologia. Para explorar esse aspecto da melhor maneira, o recomendado é realizar um mapeamento de todos os processos. A intenção é entender quais são as etapas de execução e em quais colunas é possível dividir o quadro visual. Como visto, uma abordagem simples inclui “a fazer”, “fazendo” e “feito”. No entanto, nem sempre isso reflete a realidade dos passos e dos times. Então, identifique de maneira completa todas as exigências quanto aos processos e como isso se encaixa nas responsabilidades delegadas. Desse https://i2.wp.com/gestaodesegurancaprivada.com.br/wp-content/uploads/Quadro-Kanban.jpg?w=720&ssl=1 https://i2.wp.com/gestaodesegurancaprivada.com.br/wp-content/uploads/Quadro-Kanban.jpg?w=720&ssl=1 https://www.projectbuilder.com.br/blog/mapeamento-de-processos/ 45 modo, há como entender quantas (e quais) colunas o seu quadro deve apresentar. 9.4.2. Defina o esquema visual e de priorização Depois de levantar quais serão as características essenciais, é o momento de pensar na parte da visualização. A ideia é garantir que a informação seja comunicada em questão de segundos, então tudo deve ser claro, direto e de fácil compreensão. Uma das dicas consiste em definir um padrão de cores, que seja simples de lembrar e de identificar. É o caso de estabelecer post-its de cores diferentes para cada time ou responsável. Também é possível determinar cores distintas de acordo com o grau de priorização. Assim, cada um saberá o que deve fazer apenas pelos estímulos visuais. Por falar em priorização, é importante estabelecer algumas regras. Vale definir, por exemplo, que certo time deve concluir todas as tarefas de uma coluna antes de partir para outra. Ainda pode ser o caso de determinar regras sobre o fluxo de atuação e que certas atividades devem passar à frente das outras. A ideia não é limitar a flexibilidade e a autonomia, mas dar um bom direcionamento sobre a maneira de agir. Assim, fica mais fácil garantir que todos utilizem o recurso da melhor forma. 9.4.3. Prepare a equipe A partir dessa definição estratégica, é o momento de “abrir o plano” de uso do Kanban para o time. Todos devem estar prontos para usar o melhor da ferramenta, então é essencial apresentar todas as regras e tirar as dúvidas que forem necessárias. Nesse preparo, também é relevante demonstrar como é crucial que a atualização dos processos aconteça em tempo real. Com o uso de um software, isso se torna mais fácil, mas ainda assim depende do “gatilho” dos colaboradores. Como outros profissionais e times se baseiam nas colunas para definir as próprias ações, é importante que todos criem bons hábitos de uso. https://www.projectbuilder.com.br/blog/entenda-a-importancia-da-priorizacao-de-tarefas-e-como-colocar-em-pratica/ https://www.projectbuilder.com.br/blog/importancia-de-um-software-para-priorizar-projetos-atraves-de-dados/
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