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Unidade V_ Decifrando a complexidade dos nossos tempos

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09/09/2022 10:55 Unidade V: Decifrando a complexidade dos nossos tempos
https://ceadgraduacao.uvv.br/conteudo.php?aula=unidade-v-decifrando-a-complexidade-dos-nossos-tempos&dcp=estudos-socioantropologicos&topico=05 1/15
Unidade V: Decifrando a complexidade dos
nossos tempos
1. Introdução
Diante da extrema complexidade dos tempos atuais, é impossível encontrar um pensador ou uma
teoria que explique todos os aspectos da vida contemporânea. Vivemos num mundo dominado pelo
capital financeiro dos grandes bancos internacionais, que mantém as pessoas e os governos
nacionais endividados e sem capacidade financeira de investir no desenvolvimento do próprio
povo. Nesse contexto, o Estado se ausenta e os poderes paralelos se fortalecem.
Os países são atravessados por todos os tipos de redes ilegais que se associam aos políticos e
estabelecem seu poder de modo clandestino e com a colaboração corrupta de agentes do Estado.
Plantas são classificadas como drogas, enquanto a indústria farmacêutica lucra bilhões viciando as
pessoas em antidepressivos, ansiolíticos e estimulantes.
Em meio a guerras de todos os tipos, disputas de poder político entre governos nacionais e grupos
militares rebeldes, multidões de refugiados se deslocando initerruptamente pelo mundo, massacres
cotidianos de mulheres, homossexuais, negros, indígenas... pessoas lutam pelos direitos das
minorias ou desenvolvem aplicativos e outras inovações que facilitam e melhoram a vida das
pessoas.
A vida em sociedade se tornou muito complexa e muitas são as variáveis disponíveis para analisá-
la. Neste tópico vamos dialogar com as grandes mentes que analisaram as questões e os dramas
humanos da contemporaneidade.
2. Os temas e os pensadores
contemporâneos
 
2.1. A Vida nas Grandes Cidades
No começo do século XX, Georg Simmel (1903) escreveu um ensaio intitulado As grandes
cidades e a vida do espírito, em que reflete sobre os impactos da urbanização na psicologia
humana. Nesse ensaio ele compara a mentalidade do indivíduo da cidade grande com a
09/09/2022 10:55 Unidade V: Decifrando a complexidade dos nossos tempos
https://ceadgraduacao.uvv.br/conteudo.php?aula=unidade-v-decifrando-a-complexidade-dos-nossos-tempos&dcp=estudos-socioantropologicos&topico=05 2/15
mentalidade do indivíduo de cidades pequenas e percebe uma grande diferença na maneira como
vivem e como pensam.
Segundo Simmel, “o fundamento psicológico sobre o qual se eleva o tipo das individualidades da
cidade grande é a intensificação da vida nervosa, que resulta da mudança rápida e
ininterrupta de impressões interiores e exteriores”.
Desde o diagnóstico dado por Simmel, ao longo do século XX, as cidades se tornaram o cenário de
uma onipresente poluição visual, poluição sonora das buzinas, dos motores, do fluxo intenso de
veículos, da aglomeração de pessoas em prédios, em ônibus, em festas. Nessa cultura urbana, as
pessoas vivem mergulhadas em seus smartphones, seus olhos brilham hipnotizados pelos
aplicativos e redes sociais viciantes, submetendo seus cérebros a um turbilhão ininterrupto de
informações.
Nas cidades, as pessoas geralmente trabalham em escritórios ou ambientes fechados e enfrentam
muito stress e cobrança por resultados. Segundo Rousseau, “o homem nasce livre, mas passa a vida
em cubículos”, e essa se tornou a realidade da maioria das pessoas que vivem amontoadas nas
cidades.
Tudo isso e muitas outras coisas que provocam uma sobrecarga de estímulos nervosos no cérebro
humano, levam as pessoas ao stress, ao desgaste físico e emocional e a muitas doenças
contemporâneas como a insônia, a ansiedade, a depressão, a síndrome do pânico, etc.
Se você mora numa cidade relativamente grande, como Vitória ou Vila Velha, provavelmente esse
cenário lhe é familiar e talvez você mesmo sofra de alguns desses males que descrevi acima. Você já
se perguntou por que criamos uma vida tão estressante e doentia como a nossa?
Além disso, Simmel (1903) aponta outra característica da vida na cidade e que se tornou uma
característica de nossos tempos:
Fique sabendo!
No livro Cubiculados: Uma história secreta do local de trabalho, o escritor e jornalista Nikil Saval
traça a história dos escritórios como locais de trabalho. Em quase 200 anos, o escritório mudou – e,
com ele, seu significado para os funcionários. De ambiente familiar a um local asséptico e sem vida.
De símbolo de status a área de isolamento e doenças relacionadas ao trabalho. Boa sugestão de
leitura!
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https://ceadgraduacao.uvv.br/conteudo.php?aula=unidade-v-decifrando-a-complexidade-dos-nossos-tempos&dcp=estudos-socioantropologicos&topico=05 3/15
“”As grandes cidades sempre foram o lugar da economia monetária, porque a multiplicidade
e concentração da troca econômica dão ao meio de troca uma importância que não existiria
na escassez da troca no campo. Mas a economia monetária e o domínio do
entendimento relacionam-se do modo mais profundo. É-lhes comum a pura objetividade no
tratamento de homens e coisas, na qual uma justiça formal frequentemente se junta com uma
dureza brutal. O homem pautado puramente pelo entendimento é indiferente
frente a tudo que é propriamente individual. (...) no princípio monetário a
individualidade dos fenômenos não tem lugar. Pois o dinheiro indaga apenas por aquilo que é
comum a todos, o valor de troca, que nivela toda a qualidade e peculiaridade à questão do
mero “”quanto“”.“”
Ao longo do século XX, vimos essa descrição de Simmel se tornar realidade em todas as cidades do
mundo. A vida corrida e brutalizada da cidade, a intensa troca comercial e os inúmeros estímulos
exigem um uso constante da razão e um afastamento das emoções; isso dificulta relações humanas
mais profundas, gerando um estado de indiferença e superficialidade, eliminando o senso de
comunidade; cada um vive em seu próprio mundo mental e o compartilhamento de experiências e
valores tem diminuído. Apesar de viverem em cidades aglomeradas, as pessoas se sentem solitárias.
2.2. Sob o Domínio das Grandes Corporações
No final do século XX, Ignacio Ramonet, doutor em semiologia e história da cultura pela Escola de
Altos Estudos de Paris, produziu um ensaio intitulado “O pensamento único e os novos senhores do
mundo”, em que denuncia, com potente argumentação, como instituições mais poderosas que os
Estados travam uma batalha histórica pelo domínio do bem mais precioso da chamada
“democracia” no final do século XX: a informação.
Numa época como a nossa, em que tudo se tornou informação, inclusive o dinheiro, quem quiser
ter poder deve buscar controlar a informação. O mundo das finanças, principalmente os grandes
bancos, se aproveitaram desse cenário e modelaram nossa vida econômica, e capturaram quase
todos os indivíduos através do crédito e da dívida.
Em suas palavras:
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https://ceadgraduacao.uvv.br/conteudo.php?aula=unidade-v-decifrando-a-complexidade-dos-nossos-tempos&dcp=estudos-socioantropologicos&topico=05 4/15
“”A transmissão de dados à velocidade da luz (300.000.000 m/s), a digitalização de textos,
satélites de telecomunicação, a revolução da telefonia, a generalização da Informática na
maioria dos setores de produção e serviços, a miniaturização dos equipamentos e sua
conexão em redes que cobrem todo o planeta, pouco a pouco modificaram de cima abaixo o
ordenamento do mundo.
Especialmente o mundo das finanças. Este reúne as 4 qualidades que fazem dele um modelo
perfeitamente adaptado à nova ordem tecnológica: é imaterial, imediato, permanente e
planetário. Atributos, por assim dizer, divinos e que, logicamente, dão lugar a um novo culto,
uma nova religião: a do mercado. Os intercâmbios de dados de um extremo ao outro da Terra
são feitos instantaneamente, noite e dia. As principais Bolsas de Valores estão vinculadas
entre si e funcionam continuamente. Sem interrupção. Enquanto, através do mundo, diante
de suas telas eletrônicas, milhares de jovens superdiplomadose superdotados, passam seus
dias colados ao telefone. São os experts da nova ideologia dominante: o pensamento único.
Aquele que sempre tem razão; tem de inclinar-se não importa diante de que argumentos.“”
Ainda segundo Ramonet (1995), há um conjunto de forças econômicas (grandes bancos,
grandes empresas, grandes redes midiáticas, petrolíferas, etc.) que trabalha incansavelmente para
expandir seu domínio econômico, político e midiático, visando ocupar todos os cantos do mundo e
impor sua política, seus produtos e seus hábitos de consumo. Quais as consequências dessa
imposição?
As 10 empresas da imagem monopolizam praticamente tudo o que consumimos.
Quando apenas 8 pessoas detêm uma riqueza equivalente ao acúmulo total da metade menos
favorecida do mundo, ou seja, 3,6 bilhões de indivíduos, devemos nos perguntar a quem interessa
esse jogo.
Clique aqui e veja o tamanho da desigualdade gerada pelo jogo econômico que jogamos
atualmente.
Clique aqui e veja o caso do Brasil.
https://www.dw.com/pt-br/oito-pessoas-det%C3%AAm-riqueza-equivalente-%C3%A0-de-metade-da-popula%C3%A7%C3%A3o-mais-pobre-do-mundo/a-37144810
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/22/politica/1506096531_079176.html
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2.3. Escravidão Moderna: uma Servidão
Voluntária?
2.3.1 A Escravidão pela Dívida
O fator primordial no contexto dessa economia utilitária imposta pelos grandes bancos, se dá pela
capacidade que tem o dinheiro de transformar a moralidade em uma questão de
aritmética impessoal, e ao agir dessa forma, acaba justificando situações que, de outra maneira,
pareceriam ultrajantes ou obscenas.
O tipo de sistema financeiro em que vivemos leva a uma impessoalização das relações humanas,
fazendo com que quase tudo seja mediado pela frieza dos números e pela quantificação da vida.
Um exemplo disso é que a maioria das pessoas não trabalha em algo que lhes dê prazer ou
satisfação; a maioria vende sua força de trabalho em troca de um salário que lhes permita viver ou
consumir. Para minimizar a insatisfação e a falta de significado que essa rotina impõe, muitos
atendem ao apelo consumista da mídia e se endividam.
Nas sociedades capitalistas (pós) modernas, a dívida se torna a maneira mais sutil e eficaz de
manter as pessoas numa lógica de escravidão cotidiana, como podemos perceber no padrão de
relações sociais que Graeber (2016) identifica nas pesquisas etnográficas de Adrian Vickers sobre
a ilha Indonésia de Bali.
Os balineses eram considerados um povo rude e violento, governado por nobres decadentes e
viciados em ópio, cuja riqueza vinha da venda de seus próprios súditos como escravos.
Para disfarçar suas intenções de escravizar, a nobreza agia de forma a que tudo se transformasse
numa festa, uma cortina de fumaça na teia cultural de significados, apropriando-se das famosas
rinhas de galo balinesas como maneira de renovar o comércio de escravos. Graeber (2016)
descreve abaixo o ritual social:
“”Os reis, inclusive, ajudavam a endividar as pessoas promovendo rinhas grandiosas nas
capitais. A paixão e a extravagância encorajadas por esse esporte provocador levavam
muitos camponeses a apostar mais do que podiam. Como ocorre com qualquer jogo de azar, a
esperança de obter riquezas e o drama da competição alimentavam ambições com as quais
poucos podiam arcar, e, no final, quando a última espora fincava no peito do último galo,
muitos camponeses já não tinham casa e família para as quais pudessem voltar. Juntos com
suas esposas e filhos, eles eram juntos vendidos para Java.“”
Esse jogo que promove a escravidão através da dívida, é ainda bastante praticado atualmente,
mas com a aparência do apelo sedutor ao consumo, veiculado pelos meios de comunicação de
massa, e as variadas ofertas de crédito oferecidas pelas instituições financeiras (cheque especial,
cartão de crédito), que bancam essas ‘extravagâncias’ encorajadas pelas mídias de massa. É a
“escravidão financeirizada”, glamourizada!
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Essa é a dinâmica do jogo que se processa: endivida-se a população com o apelo frenético,
imperativo e sedutor ao consumo e o acesso quase universal ao crédito. Diminui-se o ritmo do jogo
com crises eventuais e programadas, dificulta-se o acesso ao crédito para proteger os ‘castelos de
papel’ das instituições financeiras e os juros aumentam como que fechando os portões do castelo
aos ‘indesejáveis’ inadimplentes.
E esse jogo só pode ser legitimado por um Estado cúmplice, pois, em 2016, por exemplo, os cinco
maiores bancos do país tiveram desempenho extraordinário, seja em termos de intermediação
financeira (as principais contas dos bancos) ou de resultado operacional, mesmo com o cenário
econômico adverso que afetou todos os setores da economia¹. Promovendo esse jogo combinado
entre Mercado e Estado, o efeito social causado é a renovação do contingente de escravos e a
consequente objetificação das pessoas.
Além disso, o utilitarismo imposto pela relação entre Estado e Mercado, dificulta (para não dizer,
impossibilita) o estabelecimento de novos laços sociais que escapem ao padrão utilitário. Nesse
contexto, as relações humanas deixam de ser baseadas na colaboração e no afeto, e
passam a se basear na competição, na meritocracia e na acumulação de bens: com os
laços sociais enfraquecidos, ‘cada um tem seu dinheiro, conseguido com seu próprio esforço e
mérito, cada um tem suas dívidas e cada um que cuide de si e de seus problemas’.
Assim, há um afastamento afetivo entre as pessoas, e as obrigações mútuas em que elas se viam
implicadas, que geravam colaboração e proximidade, enfraquecem. Se aproveitando dessa brecha,
as instituições financeiras (bancos, financeiras, factorings, etc.) invadem o cotidiano das pessoas
oferecendo soluções que antes eram oferecidas pela própria comunidade, através dos laços sociais
que as pessoas estabeleciam.
Para muitas pessoas, essa imagem representa a satisfação de desejos. Para os críticos do consumismo, representa a
escravidão moderna.
Você sabia?
Segundo o jornal Estadão, uma pesquisa da empresa de recuperação de crédito Recovery, feita pelo
Data Popular em 2018, mostra que o brasileiro inadimplente deve, em média, três vezes o que
ganha e, em alguns casos, acumula até 20 dívidas diferentes. A maior parte das dívidas foi feita nos
três anos anteriores – período que coincide com o agravamento da crise econômica no País.
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Isso produz uma impessoalidade que superficializa as relações humanas e distorce o significado
comunitário de nossa existência; quase todas as relações passam a ser mediadas pelos interesses
dessas instituições financeiras, midiáticas e governamentais.
Para Zygmunt Bauman (2009), um dos efeitos de vincular a busca da felicidade ao consumo de
mercadorias, é tornar essa busca infinita e a felicidade sempre inalcançável. Se não é possível
alcançar uma felicidade duradoura, então a solução é continuar consumindo, na expectativa de que
a próxima compra conduza ao caminho da felicidade.
A grande jogada dos mercados e da publicidade, foi transformar o sonho da felicidade de uma vida
plena e satisfatória em uma busca incessante de “meios” para se chegar a isso.
2.3.2 A Escravidão do Trabalho
A violência constante e sistemática, necessária para arrancar o indivíduo de seu contexto a ponto de
transformá-lo num escravo, essa impessoalização que esvazia as relações sociais foi parcialmente
realizada pela Revolução Industrial e pelocrescimento das grandes cidades.
Atualmente, entre outros fatores, tal violência é produzida pela demanda por produtividade e
resultado nas empresas, diluindo as fronteiras entre tempo de trabalho e tempo de lazer e gerando
um cotidiano de trabalho ininterrupto. É a rotina de trabalho 24/7 (24 horas por dia, 7 dias por
semana), que elimina o tempo de interação entre as pessoas, que colocam suas forças e sua atenção
nas demandas do trabalho.
Pode parecer exagero para alguns, mas a OMS alertou para um alto índice de doenças psíquicas no
mundo todo. De acordo com dados da OMS, no Brasil existem 23 milhões de pessoas sofrendo com
transtornos mentais e que necessitam de algum atendimento em saúde, correspondendo a cerca de
12% da população brasileira. A maioria dessas doenças está relacionada a fatores ligados ao
trabalho.
Em 2016, 75.300 trabalhadores foram afastados por causa de depressão no Brasil; isso corresponde
a 37,8% de todas as licenças médicas apresentadas em 2017 e que deram direito a recebimento de
auxílio-doença em muitos casos.
Segundo o intelectual Jonathan Crary (2016),
“”(...) como já mencionei, muitas instituições no mundo desenvolvido funcionam há décadas
em regime 24/7 (24 horas por dia, 7 dias por semana). Mas só recentemente a elaboração, a
configuração da identidade pessoal e social foi reorganizada para ficar conforme a operação
ininterrupta de mercados, às redes de informação e outros sistemas. Um ambiente 24/7
aparenta ser um mundo social, mas na verdade é um modelo não social, com desempenho de
máquina – e uma suspensão da vida que não revela o custo humano exigido para
sustentar sua eficácia. (...) O tempo 24/7 é um tempo de indiferença, ao qual a fragilidade
da vida humana é cada vez mais inadequada, e onde o sono não é necessário nem inevitável.
Em relação ao trabalho, torna plausível, até normal, a ideia do trabalho sem pausa, sem
limites. É um tempo alinhado com as coisas inanimadas, inertes ou atemporais.“”
Os pais e mães, geralmente, passam o dia longe dos filhos, que não criam raízes emocionais e
afetivas muito fortes, o que nos descontextualiza e nos desenraiza, distanciando-nos uns dos
outros. Nesse contexto, a educação dos filhos acaba sendo promovida por instituições como a escola
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e a mídia, que primam pela disciplina e pelo estímulo consumista, enquanto a afetividade e a
proximidade parental se perdem.
E para completar o quadro de escravidão que essa lógica utilitária e quantificadora produz, Crary
(2016) argumenta que na contemporaneidade são gastos bilhões de dólares em pesquisas dedicadas
a reduzir o tempo de tomadas de decisões, a eliminar o tempo inútil de reflexão e
contemplação, sendo isso chamado de progresso na atualidade. Justamente o que causa o
encarceramento e o controle implacáveis do tempo e da experiência.
3. Antropologia do dom: uma reação à
escravidão atual
Em reação a esse design de forças na sociedade contemporânea, o paradigma da dádiva,
sistematizado por Alain Caillé em suas pesquisas, constitui uma das mais importantes
contribuições contemporâneas da Escola Francesa de Sociologia, pois atualiza a crítica moral ao
utilitarismo da sociedade moderna.
A crítica do utilitarismo econômico é fundamental para estes pesquisadores, pois promovem
uma moral coletiva justa para a vida social e que não é absorvida pela economia utilitarista,
baseada no crédito e na dívida, e que interessa apenas às grandes instituições financeiras citadas
acima.
A obra de Alain Caillé (2002) constitui uma contribuição fundamental para se entender o novo ciclo
de avanço crítico antiutilitarista da Escola Francesa de Sociologia no atual contexto de hegemonia
das teses neoliberais. Em diferentes textos, mas particularmente em Antropologia do dom: o
terceiro paradigma (2002), Caillé propõe uma virada paradigmática fundamental para as ciências
sociais.
O dom ou a dádiva tratam da presença de uma obrigação social forjada em três movimentos – a
doação, a recepção e a retribuição – que existiria, segundo Mauss, em todas as sociedades
tradicionais e modernas. Essa é a razão fundamental para a existência das alianças sociais que
geram a vida em comunidade, promovendo relações baseadas na confiança, na amizade e na
solidariedade. Segundo Graeber (2015),
09/09/2022 10:55 Unidade V: Decifrando a complexidade dos nossos tempos
https://ceadgraduacao.uvv.br/conteudo.php?aula=unidade-v-decifrando-a-complexidade-dos-nossos-tempos&dcp=estudos-socioantropologicos&topico=05 9/15
“Em economias da dádiva, argumentou Mauss, as trocas não têm as qualidades impessoais
do mercado capitalista: na verdade, mesmo quando objetos de grande valor trocam de mãos,
o que realmente conta são as relações entre os participantes; trocar é fazer amizades, ou
diminuir rivalidades ou comprometimentos, e apenas incidentalmente movimentar bens de
valor. Como resultado, tudo ganha uma carga pessoal, mesmo a propriedade: em economias
da dádiva, os objetos de riqueza mais famosos – heranças de família como colares, armas,
mantos de pena – sempre parecem desenvolver personalidade própria.
Numa economia de mercado ocorre o exato oposto. As transações são vistas apenas como
formas de pôr as mãos em objetos úteis; o ideal é que as qualidades pessoais do comprador e
do vendedor sejam totalmente irrelevantes. Como consequência, tudo, mesmo as pessoas,
começa a ser tratado como objeto também. (Considere desse ponto de vista a expressão “bens
e serviços”).”
Nessa perspectiva, a economia de mercado em que vivemos gera uma vida comunitária artificial,
líquida e sem gravidade; o foco sai das pessoas e das relações e vai para os objetos e a performance
virtual (curtidas, compartilhamentos, visualizações).
Essa economia de mercado, potencializada pela tecnologia, produz um sujeito individualista,
que se preocupa com seu bem-estar, com seu prazer, com suas necessidades e onde cada indivíduo
busca seus próprios interesses e foge de um contato mais profundo com a maioria das pessoas.
Buscando afastar-se dessa artificialização da vida, Caillé (2002) busca em suas pesquisas pelas
diversas culturas humanas, um fundamento empírico que revele a base das sociedades humanas.
Mais do que pensar em conceitos teóricos e hipotéticos que expliquem a realidade humana, Allain
Caillé, como bom antropólogo, quer buscar a explicação na realidade dos fatos, na maneira como as
pessoas realmente vivem. E ele parece ter encontrado.
Em suas palavras:
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De saída, a referência a Marcel Mauss nos tinha principalmente servido para sedimentar a
crítica do utilitarismo e do economicismo, corroborando a intuição, por si mesma evidente,
que na ação social, certamente entra cálculo e interesse, material ou imaterial, mas não há
somente isso: encontra-se também obrigação, espontaneidade, amizade e solidariedade, em
suma, dom. Mas, pouco a pouco, fomos levando sempre mais a sério, e desta vez de forma
positiva, a descoberta, que Mauss nos parece ter feito, de uma certa universalidade daquilo
que ele denominava a tríplice obrigação, para os seres humanos, de dar, receber e
retribuir. Ora, se Mauss estiver com razão, se a descoberta que ele fez tem fundamento
empírico, se com efeito, de maneira tão variável e incerta como se queira, em todas as
sociedades humanas – e para que elas se tornem justamente humanas – impõem-
se aos seres humanos a obrigação de dar, de mostrar-se generosos, de não
satisfazer o seu interesse próprio a não ser pelo desvio da satisfação do interesse
dos outros, então temos aí um ponto de partida fantástico, um fundamento enfim
encontrado – a “rocha”, dizia Mauss – tanto para asciências da história e da
sociedade como para a filosofia moral e política. Um ponto de partida e um
fundamento empírico, como já dissemos, mas convém insistir nesse ponto ainda mais porque
um dos principais defeitos das doutrinas individualistas-utilitaristas como a maioria das
doutrinas éticas correntes, é repousar sobre uma base puramente hipotética. Prisioneiras
deste viés especulativo original, elas devem necessariamente mostrar-se deficientes tanto na
explicação da ação social – sempre muito unilateral – como na prescrição moral – sempre
hiperbólica e desviante.
Espero que essas reflexões te ajudem a ressignificar tudo ao seu redor. As pessoas existem para
servir ao sistema? Ou o sistema deve existir para servir às pessoas?
Você já pensou que a maneira como fazemos negócios, consumimos, nos divertimos e pagamos
impostos podem estar nos transformando em escravos?
A quem interessa esse endividamento em massa? A quem interessa esse aprisionamento humano
em função do trabalho? A quem interessa esse adoecimento psíquico generalizado?
Esses autores nos propõem desconstruir o olhar que essa cultura econômica produziu em nós e
pensar a realidade a partir das necessidades humanas. E não permanecermos escravos de um
sistema que nos desumaniza.
O movimento por uma economia colaborativa, em vez de competitiva, é cada vez mais forte em todas as partes do mundo.
As crises econômicas têm feito as pessoas buscarem alternativas para além das possibilidades do neoliberalismo.
https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2018/09/aula_estsoc_top5_img03-768x511.png
09/09/2022 10:55 Unidade V: Decifrando a complexidade dos nossos tempos
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4. A questão das drogas
A humanidade tem uma longa história de convivência com os psicotrópicos. O uso dessas
substâncias psicoativas remonta há milhares de anos, sendo presentes na história da humanidade
em rituais religiosos, em festas, na rotina de trabalho e em diversos outros momentos de nosso dia
a dia. Além disso, a humanidade sempre utilizou essas plantas por seu enorme potencial
terapêutico e medicinal.
De acordo com o intelectual e pesquisador Pablo Ornelas Rosa (2018), estudioso do tema das
drogas e da segurança pública,
“”A palavra droga em espanhol, italiano e português, drogue em francês, drug em inglês e
droge em alemão, era utilizado desde o século XIV na Europa, provavelmente a partir de
1327, designando produtos secos ou um conjunto de substâncias naturais utilizadas
principalmente na alimentação e no tratamento médico. Algumas das principais riquezas
procuradas no Oriente e na América durante estes séculos foram as drogas, entendidas como
valiosas especiarias. (...) Outra possibilidade para situarmos o aparecimento da palavra
droga pode se dar através da perspectiva apresentada por Derrida (2005), que localizou suas
raízes a partir do conceito hipocrático de pharmakon, citado por Platão, que designava
substâncias vegetais, animais ou minerais produtoras de apenas um dos três diferentes
efeitos. Dependendo da quantidade ingerida ou aplicada à pessoa o seu efeito poderia não
apenas ser inócuo, mas também poderia agir como medicamento ou como um veneno.“”
Cannabis é a “droga” (planta) mais utilizada no mundo. Apesar de os primeiros registros de uso psicoativo da cannabis
datarem de 3000 a.C., essa planta foi tornada ilegal em quase todos os países do mundo somente no século XX, e
permanecem até hoje.
Você sabia?
O historiador grego Heródoto, em 450 a.c. registrou que a Cannabis Sativa, conhecida como
maconha, era queimada em saunas públicas na Grécia, para alterar a percepção dos
frequentadores. Segundo ele, o vapor causava um gozo tão intenso, que arrancava gritos de alegria.
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09/09/2022 10:55 Unidade V: Decifrando a complexidade dos nossos tempos
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No final do século XIX, essas substâncias foram estudadas por cientistas e médicos, como
Sigmund Freud. Filósofos e artistas, como o poeta Charles Baudelaire, faziam uso constante e
Baudelaire até escreveu sobre suas experiências, como em As confissões de um comedor de ópio e
Os Paraísos Artificiais. Aldous Huxley, famoso escritor inglês, escreveu o lendário “As portas da
percepção” como reflexão sobre suas experiências psicodélicas com mescalina e se tornou uma
referência intelectual para a geração hippie.
Somente no século XX é que começaram a surgir proibições ao uso dessas substâncias. Primeiro
ocorreu nos Estados Unidos, em 1948, e depois em mais de 100 países (Brasil entre eles), em 1961,
após os líderes americanos forçarem politicamente a proibição numa convenção da ONU.
Segundo Maria Lucia Karam, ex-juíza e pesquisadora criminalista, a proibição de algumas
substâncias psicoativas tem outras intenções que nada tem a ver com a saúde pública. Em suas
próprias palavras,
“”O proibicionismo, em uma primeira aproximação, pode ser entendido, como um
posicionamento ideológico, de fundo moral, que se traduz em ações políticas voltadas para a
regulação de fenômenos, comportamentos ou produtos vistos como negativos, através de
proibições estabelecidas notadamente com a intervenção do sistema penal – e, assim, com a
criminalização de condutas através da edição de leis penais –, sem deixar espaço para as
escolhas individuais, para o âmbito de liberdade de cada um, ainda quando os
comportamentos regulados não impliquem em um dano ou em um perigo concreto de dano
para terceiros.“”
Para entender um pouco melhor os interesses que cercam a lógica da proibição de substâncias
psicoativas, Carneiro (2005) nos esclarece a relação humana com essas substâncias ao longo do
tempo e suas apropriações históricas:
“”Ópio, cannabis, cogumelos, cactos, todas as formas de consumo de álcool, tabaco, café e chá
são algumas dessas substâncias e plantas que têm uma importância se não igual, superior às
plantas alimentícias, pois as drogas são alimentos espirituais, que consolam, anestesiam,
estimulam, produzem êxtases místicos, prazer intenso e, por isso, instrumentos privilegiados
de sociabilidade em rituais festivos, profanos ou religiosos. Os estímulos estéticos, ou seja, dos
sentidos, oferecem um programa do prazer para a vida humana. Os estimulantes sensoriais
são importantes substâncias como relevantes e múltiplos papeis culturais. Seu uso constitui o
imaginário da própria felicidade, numa conexão direta com o prazer sexual. Por tudo isso,
as drogas são também objeto de um imenso interesse político e econômico. Seu
domínio é fonte de poder e riqueza. Sacerdotes, reis, estados, a medicina e outras
instituições sempre disputaram o monopólio do seu controle e a autoridade na
determinação das formas permitidas de seu uso.“”
Controlar essas substâncias significa controlar o comportamento das pessoas, direcionando suas
ações no sentido dos interesses de quem as controla. Nessa perspectiva, a proibição de certas
substâncias e de certas condutas, seria uma nova forma de controle social.
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As consequências da guerra às drogas são inúmeras, todas danosas: orçamentos governamentais
bilionários jogados fora durante décadas, violência crescente atrelada ao crime organizado e
aumento constante das populações carcerárias, enquanto o consumo dessas substâncias não para
de crescer.
A guerra às drogas produziu uma guerra civil dentro de vários países, entre eles o Brasil. Segundo o
jornal O Globo, em 2016 o número de homicídios no Brasil chegou a 62.517 em um ano. De acordo
com o Atlas da Violência de 2018, produzido pelo Institutode Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Brasil é 30 vezes mais violento do que a
Europa, por exemplo. Só na última década, 553 mil brasileiros perderam a vida por morte violenta,
dando uma média de 153 mortes por dia.
As maiores vítimas dessa guerra civil não declarada são os moradores das favelas e periferias, onde
essa guerra de fato acontece, mas muitos policiais também são assassinados. Por isso, é necessário
repensar esse modelo proibicionista e repressivo de abordagem das drogas e valorizar a vida, a
conscientização dos indivíduos e a escolha individual.
Existem outras maneiras de pensar nossa relação com as drogas, até porque a proibição não impede
que elas estejam disponíveis nas ruas para qualquer um comprar.
Você sabia?
Existem muitos agentes da lei, como delegados, juízes, desembargadores e outros que defendem a
legalização e a regulamentação de todas as drogas. Segundo eles, a guerra às drogas gerou
resultados desastrosos, como o genocídio de moradores de favelas, aumento do consumo de
drogas e encarceramento em massa. Esses agentes da lei se uniram a uma organização chamada
LEAP (Law Enforcement Against Prohibition), e sua missão é:
A missão da LEAP BRASIL é contribuir para concretizar a legalização e consequente regulação e
controle da produção, do comércio e do consumo de todas as drogas, para assim pôr fim à
violência, às mortes, ao encarceramento massivo, à corrupção, às doenças e às demais violações a
direitos humanos fundamentais provocados pela falida, insana, nociva e sanguinária política
proibicionista de ‘guerra às drogas’.
O Uruguai é o primeiro país sul americano a discutir seriamente a legalização da maconha. Desde 2014, essa nação está
dando passos importantes na implementação da lei que legaliza, regula e controla o uso e o cultivo da maconha.
http://www.leapbrasil.com.br/
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Talvez regular esse mercado seja uma opção menos violenta. Outra solução, bem-sucedida em
Portugal, é colocar o problema das drogas debaixo das asas do Ministério da Saúde, não da Justiça.
Assim, o usuário e o vendedor deixam de ser caso de polícia e passam a ser caso de tratamento
médico. Colocar alguém na cadeia por usar drogas é muito mais caro do que tratá-lo. Manter um
traficante preso e sustenta-lo durante anos é muito mais caro do que dar a ele a possibilidade de
empreender nesse mercado.
Qual seria sua solução para esse problema global?
5. Conclusão
Infelizmente, não temos tempo nem espaço para tratar de todos os temas relevantes da atualidade.
Na verdade, a maioria ficou de fora, como a modernidade líquida estudada por Zygmunt Bauman, a
crise dos refugiados no mundo, a importância dos direitos humanos para uma convivência humana
pacífica, as causas e os danos da corrupção, entre outros temas.
A intenção de escolher os temas tratados foi lançar luz sobre certos aspectos que interferem
diretamente em nossas vidas e em nossas concepções de realidade, ditando às vezes o ritmo de
nossas vidas e até em nossos humores e emoções.
Conhecendo essas questões e refletindo a respeito delas, nos dá autonomia para entender a
realidade e fazer escolhas mais inteligentes.
6. Notas Complementares
¹ Desempenho dos bancos 2016 – DIEESE.
<https://www.dieese.org.br/desempenhodosbancos/2016/desemprenhoDosBancos2016.pdf>.
Acesso em: 20 de abr. 2018.
² Reportagem do site de notícias UOL, disponível em:
<http://atarde.uol.com.br/saude/noticias/1924792-depressao-sera-principal-causa-de-
afastamento-do-trabalho-no-mundo-diz-oms>.
7. Referências
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BAUMAN, Zygmunt. Arte da vida. Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.
CAILLÉ, Alain. Antropologia do dom. Petrópolis: Ed. Vozes, 2002.
CARNEIRO, Henrique. Transformação do significado da palavra “droga”: das especiarias coloniais
ao proibicionismo contemporâneo. In VENÂNCIO, Renato Pinto & CARNEIRO, Henrique (org.).
Álcool e Drogas na História do Brasil. Belo Horizonte: Ed. PUC-Minas, 2005.
CRARY, Jonathan. 24/7: Capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Ed. Ubu, 2016.
GOFFMAN, Erving. Ritual de interação: ensaios sobre o comportamento face a face. Petrópolis:
Ed. Vozes, 2012.
GRAEBER, David. O anarquismo no século XXI e outros ensaios. Rio de Janeiro: Rizoma
Editorial, 2015.
GRAEBER, David. Dívida: Os primeiros 5.000 anos. São Paulo: Ed. Três Estrelas, 2016.
MAUSS, Marcel. Ensaios de sociologia. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1981.
ROSA, P. O. Experimentações Sociológicas. No prelo.
SIMMEL, Georg. As grandes cidades e a vida do espírito (1903) DA SERVIDÃO MODERNA.
Disponível em: <http://www.delaservitudemoderne.org/portugues1.html>. Acesso em: 2 jun.
2018. 
KARAM, Maria Lucia. Drogas: legislação brasileira e violações a direitos fundamentais. Disponível
em: <http://principo.org/drogas-legislaco-brasileira-e-violaces-a-direitos-fundamentais.html>.
 Acesso em; 28 jun. 2018.
Youtube (25 de Junho de 2011). Criolo: Não existe amor em SP. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=0PfevkndCPU>. Acesso em: 25 jun. 2018.

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