Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL CONCEITO DE UNIÃO ESTÁVEL: Nas lições de Pablo Stolze: “a união estável como uma relação afetiva de convivência pública e duradoura entre duas pessoas, do mesmo sexo ou não, com o objetivo imediato de constituição de família.” O Direito Brasileiro preferiu consagrar as expressões companheirismo e união estável — para caracterizar a união informal entre homem e mulher com o objetivo de constituição de família —, em lugar da vetusta e desgastada noção de concubinato. O concubinato (relação entre amantes), não pode ser confundido com a união estável. Nas lições de Pablo Stolze: “A união estável, por seu turno, não se coaduna com a mera eventualidade na relação e, por conta disso, ombreia-se ao casamento em termos de reconhecimento jurídico, firmando-se como forma de família, inclusive com expressa menção constitucional (CF, § 3º do art. 226).” § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. ASPECTOS: A união estável é ato-fato jurídico, ou seja, não exige qualquer manifestação ou declaração de vontade para produzir efeitos, de modo que basta sua configuração fática para que haja aplicação das normas legais e, consequentemente, a relação fática converta-se em relação jurídica. Deverá ser proposta, perante o juízo da Vara da Família (se houver). STF reconheceu a união estável de casais homoafetivos e firmou o entendimento de que não há distinção legal no tocante às uniões homoafetivas. BASE LEGAL: Arts. 1.723, 1.725 e 1.726 do CC, pleitear-se-á a partilha entre as partes, do imóvel mencionado no problema, por eles adquirido e registrado apenas no nome de Pedro Coelho. OBJETIVO DA UNIÃO ESTÁVEL: constituição de família. A aparência de casamento, com finalidade de constituição de um núcleo estável familiar. Atenção ao diferenciar: o namoro — relação instável sem potencial repercussão jurídica — e uma relação de companheirismo — relação estável de família com potencial repercussão jurídica. EFEITOS PATRIMONIAIS DA UNIÃO ESTÁVEL: REGIME DE BENS. O CC acabou por adotar o regime da comunhão parcial de bens para disciplinar os efeitos patrimoniais decorrentes da união estável: “Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens”. CONVERSÃO EM CASAMENTO: O art. 1.726 do nosso Código Civil que a união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil. Vejamos o art. 1726 do CC. Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil. O Supremo Tribunal Federal decidiu, por maioria, que deve haver uma equiparação sucessória entre o casamento e a união estável, reconhecendo-se a inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil (STF, Recurso extraordinário 878.694/MG, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, publicado no seu Informativo n. 864). Tartuce ensina que: “Nos termos do voto do relator, “não é legítimo desequiparar, para fins sucessórios, os cônjuges e os companheiros, isto é, a família formada pelo casamento e a formada por união estável. Tal hierarquização entre entidades familiares é incompatível com a Constituição”. A tese firmada foi a seguinte: “No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do CC/2002”. Elementos caracterizadores essenciais da união estável: a) publicidade (convivência pública) - em detrimento do segredo, o que diferencia a união estável de uma relação clandestina; b) continuidade (convivência contínua), no sentido do animus de permanência e definitividade, o que diferencia a união estável de um namoro; c) estabilidade (convivência duradoura), o que diferencia uma união estável de uma “ficada”153; d) objetivo de constituição de família, que é a essência do instituto no novo sistema constitucionalizado, diferenciando uma união estável de uma relação meramente obrigacional. ATENÇÃO: I) A lei não exige prazo mínimo para a sua constituição, devendo ser analisadas as circunstâncias do caso concreto. II) Não há exigência de prole comum. III) Não se exige que os companheiros ou conviventes vivam sob o mesmo teto, o que consta da remota Súmula 382 do STF, que trata do concubinato e que era aplicada à união estável. SÚMULA 382: “A vida em comum sob o mesmo teto, ‘more uxorio’, não é indispensável à caracterização do concubinato” IV) Não há qualquer requisito formal obrigatório para que a união estável reste configurada. V) A união estável é desprovida de solenidade para a sua constituição. NAMORO QUALIFICADO E UNIÃO ESTÁVEL: Tartuce ensina: “não se pode confundir a união estável com um namoro longo, tido como um namoro qualificado, em expressão cunhada por Zeno Veloso. No último caso há um objetivo de família futura, enquanto na união estável a família já existe (animus familiae)”. COMCUBINATO: Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. Não constitui entidade familiar, mas uma mera sociedade de fato. Será constituída entre pessoas casadas não separadas, ou havendo impedimento matrimonial decorrente de parentesco ou crime. As partes são chamadas de concubinos. Não há direito à meação patrimonial, direito a alimentos ou direito sucessório. Na questão patrimonial, aplica-se a antiga Súmula 380 do STF, que consagra direito à participação patrimonial em relação aos bens adquiridos pelo esforço comum. A jurisprudência também tinha o costume de indenizar a concubina pelos serviços domésticos prestados. Porém, a tendência é afastar tal direito, conforme julgado publicado no Informativo n. 421 do STJ, de fevereiro de 2010. COMCUBINATO: Cabe ação de reconhecimento e dissolução de sociedade de fato, que corre na Vara Cível. Exemplo típico de concubinato envolve a amante de homem casado ou o amante de mulher casada, nas hipóteses em que os cônjuges não são separados, pelo menos de fato. União estável: Constitui uma entidade familiar. Pode ser constituída por pessoas solteiras, viúvas, divorciadas ou separadas de fato, judicialmente e extrajudicialmente. As partes são denominadas companheiros ou conviventes. Há direito à meação patrimonial (art. 1.725), direito a alimentos (art. 1.694) e direitos sucessórios. Cabe eventual ação de reconhecimento e dissolução da união estável, que corre na Vara da Família. EFEITOS PESSOAIS DA UNIÃO ESTÁVEL, art. 1.724 do CC/2002: Dever de lealdade. Dever de respeito ao outro companheiro, em sentido genérico. Dever de mútua assistência, moral, afetiva, patrimonial, sexual e espiritual. Dever de guarda, sustento e educação dos filhos. Dispõe o CC, sobre o tema: Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil. União homoafetiva ou união entre pessoas do mesmo sexo: No julgamento da ADPF 132/RJ e da ADI 4.277/DF, em 5 de maio de 2011, o STF entendeu pela aplicação, por analogia, de todas as regras da união estável heteroafetiva para a união estável homoafetiva. União homoafetiva foi reconhecida como família, com a incidência dos mesmos dispositivos legais relativos à união estável, por analogia. Nas lições de Flávio Tartuce:” Art. 1.723 do CC – A união homoafetiva deverá ser reconhecida quando se tratar de uma união pública, contínua e duradoura, estabelecida comobjetivo de constituição de família. A menção à distinção de sexos do comando deve ser afastada, como consta da decisão do Supremo Tribunal Federal.” “Art. 1.724 do CC – Os deveres da união estável entre pessoas de sexos distintos servem para a união homoafetiva: lealdade, respeito, assistência, guarda, sustento e educação dos filhos. Como há deveres em relação aos filhos, não há qualquer vedação para a adoção homoafetiva.” Art. 1.694 a 1.710 do CC – Os companheiros homoafetivos podem pleitear alimentos uns dos outros, incidindo os mesmos preceitos previstos para a união estável heterossexual. COMPETÊNCIA: Art. 53. É competente o foro: I - Para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: a) de domicílio do guardião de filho incapaz; b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; d) de domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha); (Incluída pela Lei nº 13.894, de 2019) II - De domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;
Compartilhar