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Avaliação e Reabilitação Neuropsicológica

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Interação em Psicologia, 2011, 15(n. especial), p. 47-58 
 
47 
 
Avaliação e Reabilitação Neuropsicológica: 
Desenvolvimento Histórico e Perspectivas Atuais 
 
 
Amer Cavalheiro Hamdan 
Ana Paula Almeida de Pereira 
Tatiana Izabele Jaworski de Sá Riechi 
Universidade Federal do Paraná 
 
 
RESUMO 
Este artigo tem por objetivo, a partir da compreensão histórica de como o campo da Neuropsicologia 
se constituiu, propor diretrizes para a pesquisa em avaliação e a reabilitação neuropsicológica no 
Brasil. A história da Neuropsicologia é apresentada através de três grandes temáticas: hipótese 
cardíaca versus hipótese cerebral, localizacionismo versus holismo e funcionalismo versus 
cognitivismo. Estes temas influenciaram as pesquisas em Neuropsicologia e delimitaram as práticas 
atuais na área. O presente artigo enfoca dois temas importantes na atualidade da Neuropsicologia, 
especialmente no Brasil: primeiro, o tópico da avaliação neuropsicológica no contexto do 
desenvolvimento humano e, segundo, a temática da reabilitação neuropsicológica em diversos grupos. 
O estudo sobre as diferenças no funcionamento cerebral nas diferentes faixas etárias, crianças e idosos 
é brevemente apresentado como campo relevante para a construção teórica e prática da 
neuropsicologia. Finalmente, as dificuldades encontradas em implementar intervenções em 
reabilitação no Brasil são discutidas. 
Palavras-chave: neuropsicologia; avaliação neuropsicológica; reabilitação neuropsicológica. 
 
 
ABSTRACT 
Neuropsychological Assessment and Rehabilitation: 
 Historical Development and Current Perspectives 
The present paper aimed to briefly present a historical view of Neuropsychology and later, to propose 
research topics in Brazil. Neuropsychology history encompassed at least three major themes: the 
cardiac hypothesis versus the brain hypothesis, localizationism versus holism and functionalism 
versus cognitivism. These themes influenced research in neuropsychology and based current practice. 
Furthermore, two important aspects of neuropsychology are discussed: neuropsychological 
assessment in different age groups and neuropsychological rehabilitation. Major topics involved on 
the study of the differences in brain functioning through life span are briefly presented and their role 
in building evidence-based practice and in supporting theoretical models is showed. Finally, several 
difficulties found in adapting neuropsychological rehabilitation to the Brazilian context are discussed. 
Keywords: neuropsychology; neuropsychological assessment; neuropsychological rehabilitation. 
 
A Neuropsicologia, num sentido lato, é o estudo 
das relações entre o cérebro e o comportamento e, 
num sentido stricto, é o campo de atuação profissional 
que investiga as alterações cognitivas e comportamen-
tais associadas às lesões cerebrais. Este estudo é reali-
zado mediante a aplicação dos conhecimentos advin-
dos das várias disciplinas acadêmicas que configuram 
o campo das neurociências (neuroanatomia, neurofisi-
ologia, neuroquímica e neurofarmacologia) e de atua-
ção profissional do psicólogo (psicometria, psicologia 
clínica, psicologia experimental, psicopatologia e 
psicologia cognitiva).
Os dois principais empregos da neuropsicologia 
são a avaliação e a reabilitação neuropsicológica. A 
avaliação neuropsicológica é realizada mediante a 
aplicação de uma bateria de testes psicométricos que 
procuram identificar o rendimento cognitivo funcio-
nal, a partir do conhecimento de suas relações com o 
funcionamento cerebral. A avaliação neuropsicológica 
permite investigar uma determinada função cognitiva 
para observar sua integridade ou comportamento. O 
foco da investigação são as funções cognitivas, tais 
como: memória, atenção, linguagem, funções executi-
vas, raciocínio, motricidade e percepção, bem como as 
Amer Cavalheiro Hamdan, Ana Paula Almeida de Pereira, & Tatiana Izabele Jaworski de Sá Riechi 
Interação em Psicologia, Curitiba, 2011, 15(n. especial), p. 47-58 
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alterações afetivas e de personalidade. Os objetivos da 
avaliação neuropsicológica são: (1) descrever e identi-
ficar alterações do funcionamento psicológico; (2) 
estabelecer o correlato neurobiológico com o resulta-
do dos testes; (3) determinar se as alterações estão 
associadas a doenças neurológicas e/ou psiquiátricas 
ou não; (4) avaliar as alterações através do tempo e 
desenvolver um prognóstico; (5) oferecer orientações 
para a reabilitação e o planejamento vocacional e/ou 
educacional; (6) oferecer orientações para cuidadores 
e familiares de pacientes; (7) auxiliar no planejamento 
e implementação do tratamento; (8) desenvolver a 
pesquisa científica; e (9) elaborar documentos legais. 
Os exames diagnósticos podem ser empregados em 
situações legais, tais como: interdições, absolvição ou 
detenção de pessoas, admissão e afastamentos previ-
denciários e trabalhistas e indenizações (também co-
nhecida como neuropsicologia forense). A avaliação 
neuropsicológica tem sido utilizada para investigar a 
organização do funcionamento cerebral e sua relação 
com as atividades comportamentais decorrentes de 
distúrbios específicos do cérebro (Hebben & Milberg, 
2002; Lezak, Howieson, & Loring, 2004). 
A reabilitação neuropsicológica é um processo em 
que pessoas com lesão cerebral, em cooperação com 
profissionais de saúde, familiares e membros da co-
munidade, buscam tratar ou aliviar deficiências cogni-
tivas resultantes de uma lesão neurológica. O objetivo 
da reabilitação neuropsicológica é capacitar pacientes 
e familiares a conviver, lidar, contornar, reduzir ou 
superar as deficiências cognitivas resultantes de lesão 
neurológica (Wilson, 2003a). 
Os conhecimentos produzidos pela neuropsicologia 
têm um amplo emprego na investigação científica e na 
aplicação destes conhecimentos no campo profissio-
nal. A investigação científica auxilia na busca de ex-
plicações sobre as relações entre o cérebro e o com-
portamento. Na atuação profissional, a avaliação e a 
reabilitação neuropsicológica contribuem para a iden-
tificação, documentação e tratamento das alterações 
cognitivas e comportamentais presentes em diversas 
situações onde o sistema nervoso central é afetado. O 
papel que a neuropsicologia desempenha dentro do 
contexto da psicologia, enquanto ciência e profissão, 
encontra-se vinculado a sua história. Assim, para 
compreender as perspectivas atuais da área, torna-se 
necessária uma breve revisão histórica. 
Este artigo tem por objetivo, a partir da compreen-
são histórica de como o campo da neuropsicologia se 
constituiu, propor diretrizes para a pesquisa em avali-
ação e a reabilitação neuropsicológica no Brasil.
Breve história da neuropsicologia 
Apesar da delimitação recente desta especialidade 
do conhecimento humano, o interesse pelo estudo da 
neuropsicologia é antigo. Desde a antiguidade, o ho-
mem buscou compreender as relações ente cérebro, 
comportamento e cognição. A história da neuropsico-
logia pode ser dividia em três grandes períodos: hipó-
tese cardíaca versus hipótese cerebral, localizacionis-
mo versus holismo e funcionalismo versus cogniti-
vismo. Esta divisão não se fundamenta nos períodos 
históricos clássicos, mas configura-se em torno de 
temas predominantes. Diversos autores têm relaciona-
do o desenvolvimento da neuropsicologia com os 
períodos históricos clássicos (Kristensen, Almeida, & 
Gomes, 2001; Pinheiro, 2005; Toni, Romanelli, & 
Salvo, 2005), perdendo o elemento central do estudo 
que é o desenvolvimento das visões e concepções 
acerca das relações entre cérebro, comportamento e 
cognição. Estas visões não necessariamente acompa-
nham a divisão cronológica dos períodos clássicos da 
história. Cada período do desenvolvimento da história 
da neuropsicologia é marcado por determinadas con-
trovérsias a respeito do entendimento da época sobre 
as relações entre cérebro e comportamento. 
Hipótese cardíaca versus hipótese cerebral 
O mais antigo documento datado sobre a história 
da Neuropsicologianão foi escrito, mas é um registro 
arqueológico. Na antiguidade, a curiosidade pelo cé-
rebro justificou o uso indiscriminado da craniotomia. 
Estudos arqueológicos, ao redor do mundo e em dife-
rentes culturas, identificaram inúmeros crânios trepa-
nados, cirurgias realizadas através de perfurações no 
crânio, alguns datando do período paleolítico e neolí-
tico (Feinberg & Farah, 1997). Por outro lado, o mais 
antigo documento escrito descrevendo a localização 
das funções mentais é um papiro egípcio chamado de 
Papiros de Edwin Smith (1600 a.C.), contendo a des-
crição de 48 indivíduos com lesões traumáticas. Estes 
papiros registram as primeiras tentativas de buscar a 
localização cortical das funções mentais mediante 
descrições das lesões cerebrais. 
A antiga controvérsia a respeito da origem das fun-
ções mentais radicava na polêmica em torno da hipó-
tese cardíaca versus hipótese cerebral. Os povos da 
antiguidade, em geral, eram adeptos da hipótese car-
díaca que enfatizava que toda a expressão mental dos 
indivíduos estava localizada no coração. No período 
grego clássico, houve as primeiras tentativas de orga-
nização sistemática desses conhecimentos. Platão 
(428-348 a.C.), filósofo grego, descreveu em detalhes 
Avaliação e Reabilitação Neuropsicológica: Desenvolvimento Histórico e Perspectivas Atuais 
Interação em Psicologia, Curitiba, 2011, 15(n. especial), p. 47-58 
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as relações entre o corpo e a alma humana. A primeira 
era a matéria, perene, mutável e, a segunda, a dimen-
são imaterial, eterna, que nunca muda. As verdades 
essenciais estavam localizadas na alma e eram acessí-
veis somente mediante especulações filosóficas. Aris-
tóteles (384-322 a.C.), filósofo grego e aluno de Pla-
tão, dividiu a atividade mental em certo número de 
a-
ginação, etc.), cuja sede era o coração. 
A hipótese cardíaca enfrentou grande resistência 
dos defensores da hipótese cerebral; estes defendiam a 
visão de que o cérebro era sede da mente. Entre eles, 
destaca-se Alcmaeon de Crotona (500 a.C.), filósofo e 
naturalista grego, que propôs que o cérebro seria o 
responsável pela localização de cada tipo de sensação. 
Outro importante opositor da hipótese cardíaca foi 
Hipócrates (460-377 a.C.), médico grego, considerado 
aos cuidados da saúde. Hipócrates afirmava que o 
cérebro era o órgão responsável pelo pensamento e 
pelas sensações. 
Pode-se perceber, no decorrer deste período, len-
tamente, que a hipótese cerebral predominou sobre a 
hipótese cardíaca. A concepção de Galeno (130-201 
a.C.), médico romano, fundamentou este predomínio 
da hipótese cerebral. A partir de estudos sobre o cére-
bro mediante a dissecação de animais (presumindo 
sua semelhança com os seres humanos) e cadáveres 
abandonados, Galeno contribuiu para a fundamenta-
ção da chamada Teoria Ventricular que afirmava que 
a mente estava localizada nos ventrículos cerebrais. 
Seus estudos apresentaram grande precisão e riqueza 
de detalhes anatômico-fisiológicos. As ideias de 
Galeno foram muito influentes em todo o período 
romano e boa parte da Idade Média; sua visão sobre a 
origem da atividade mental perdurou por mais de 
quinze séculos. 
No final do século XVII, René Descartes (1596-
1650), filósofo e matemático francês, defendeu um 
ponto de vista conhecido como dualismo cartesiano, 
ao estabelecer a separação entre a mente e o cérebro. 
Descartes escolheu a glândula pineal como a sede da 
alma, o lugar de encontro entre a mente e o corpo. No 
final desse período, a hipótese cerebral já não encon-
trava opositores, sendo predominante. 
Localizacionismo versus holismo 
O século XIX marca o nascimento da neuropsico-
logia enquanto campo do conhecimento humano. A 
hipótese cardíaca estava totalmente desacreditada e a 
hipótese cerebral estava plenamente estabelecida. 
Porém, muitas dúvidas persistiam. Quais as estruturas 
responsáveis pela cognição? Elas atuam em conjunto 
ou de maneira independente? Este período é marcado 
pela controvérsia entre localizacionismo versus ho-
lismo. 
O maior expoente do localizacionismo das funções 
mentais foi o médico alemão Franz Gall (1758-1828). 
Gall acreditava que as faculdades mentais encontra-
vam-se em estruturas cerebrais, havendo tantas estru-
turas cerebrais quantas faculdades ou processo men-
tais existissem. Para tanto, Gall correlacionou o grau 
de desenvolvimento desses órgãos com a formação de 
proeminências em partes correspondentes ao crânio, 
criando uma nova especialidade médica a frenolo-
gia. Para Gall, por meio da palpação manual dessas 
proeminências do crânio poderia se determinar a natu-
reza e as propensões futuras do indivíduo. Gall acredi-
tava na existência da localização cerebral circunscrita 
das funções mentais (Gall & Spurzheim, 1809). 
O maior opositor das ideias de Gall foi o fisiologis-
ta francês Jean Pierre Flourens (1794-1867). Flourens 
defendeu a visão holística da função mental, ou seja, 
que as funções mentais não dependiam de partes par-
ticulares do cérebro, mas sim que elas atuam envol-
vendo o cérebro como um todo. Esse autor não acredi-
tava que o cérebro fosse uma massa homogênia, mas 
que funcionava de modo integrado. 
A controvérsia entre localizacionistas e holistas 
acirrou-se com os trabalhos de Paul Broca (1824-
1880), médico francês que estabeleceu as primeiras 
correlações entre lesões cerebrais circunscritas e as 
patologias da linguagem (Feinberg & Farah, 1997). 
Por meio de estudos anatômicos, Broca descobriu que 
a expressão verbal estava associada ao terço posterior 
do giro frontal inferior esquerdo. Sua descoberta foi 
de grande importância, pois foi a primeira evidência 
da localização de uma função mental complexa. O 
neuropatologista alemão Karl Wernicke (1848-1909) 
conduziu estudos de grande importância para a com-
preensão da afasia. Wernicke (1874) descreveu casos 
em que a lesão de uma parte do cérebro, o terço poste-
rior do giro temporal superior esquerdo, determinava a 
perda da capacidade de compreensão da linguagem, 
enquanto que a linguagem expressiva motora perma-
necia intacta. Concluiu que essa região cerebral era 
responsável pela compreensão da linguagem. 
A controvérsia localizacionismo versus holismo 
das funções mentais ganhou novos contornos com os 
trabalhos pioneiros do psicólogo bielo-russo Lev 
Amer Cavalheiro Hamdan, Ana Paula Almeida de Pereira, & Tatiana Izabele Jaworski de Sá Riechi 
Interação em Psicologia, Curitiba, 2011, 15(n. especial), p. 47-58 
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Vygotsky (1896-1934). Vygostky apresentou uma 
análise inovadora sobre o funcionamento cerebral em 
relação às visões localizacionistas e holistas, advo-
gando que as funções das partes e do todo se encon-
tram organizadas em inter-relações funcionais com-
plexas que variam em conformidade com os diferentes 
estágios de desenvolvimento humano (Vygostky, 
1999). O neuropsicólogo soviético Alexander Luria 
(1902-1977) desenvolveu as ideias originais de 
Vygostsky, a partir do estudo do comportamento 
anormal dos pacientes com lesão cerebral (Luria, 
1981). Demonstrou a importância dos símbolos para a 
linguagem, afirmando que o cérebro é um sistema 
altamente diferenciado, cujas partes são responsáveis 
por aspectos desse todo e a linguagem é um elemento 
importante nesse processo. 
A concepção neuropsicológica de Luria afirma que 
o funcionamento cerebral ocorre com a participação 
conjunta de três blocos funcionais do cérebro. O pri-
meiro, bloco de ativação, é responsável pelo tônus 
cortical ou estado de ativação do córtex cerebral. A 
formação reticular, tanto a ascendente como a descen-
te, é a estrutura mais importante, sobretudo em suas 
conexões com o córtex frontal. O segundo bloco fun-
cional, o do input, é responsável pela recepção, moni-
toração e armazenamento da informação. Ocupa as 
regiões posteriores do córtex cerebral: lobos parietal, 
temporal e occipital, responsável pelas respectivas 
zonas táctil, cinestésica, auditiva e visual. O terceiro 
bloco, chamado de bloco de programação e controle 
da atividade,abarca os setores corticais situados no 
lobo frontal. Este bloco cumpre suas funções mediante 
relações bilaterais, tanto com as regiões posteriores 
(bloco do input) como com a formação reticular (blo-
co da ativação). É o bloco responsável pelo planeja-
mento, programação, regulação e verificação do com-
portamento intencional. Luria estabeleceu dois objeti-
vos para a neuropsicologia: (1) localizar as lesões 
cerebrais responsáveis pelos distúrbios do comporta-
mento para um diagnóstico preciso e (2) explicar o 
funcionamento das atividades psicológicas superiores 
relacionadas com as partes do cérebro. 
Funcionalismo versus cognitivismo 
O século XX é marcado pela consolidação da Neu-
ropsicologia como especialidade do conhecimento. A 
neuropsicologia cresceu muito a partir do final da 
primeira metade do século XX, conseguindo uma 
posição diferenciada da neurologia, da psicologia e da 
psiquiatria. O seu desenvolvimento foi significativo 
durante os períodos da I e da II Guerra Mundiais, pre-
cisamente devido à necessidade de reabilitar soldados 
com traumatismos crânio-encefálicos. Neste período, 
foram elaborados programas de reabilitação destina-
dos pela primeira vez às seqüelas cognitivas, que até 
então eram direcionados de forma fisioterápica, como 
seqüelas motoras. 
-se popular 
a partir do final da década de oitenta, no século XX. 
As tentativas para reabilitar pacientes com lesões ce-
rebrais existiram desde a antiguidade grega e egípcia, 
como evidenciam os Papiros de Edwin Smith. A era 
moderna da reabilitação de pessoas com lesão cerebral 
começou, provavelmente, na Alemanha, durante a 
Primeira Guerra Mundial, como resultado da sobrevi-
vência de militares com traumatismo craniano. A rea-
bilitação cognitiva progrediu durante a Segunda Guer-
ra Mundial, como desdobramento dos esforços de 
guerra na Alemanha, Inglaterra, União Soviética e 
Estados Unidos (Wilson, 2003). 
A neuropsicologia atual estuda os temas clássicos 
da psicologia atenção, aprendizagem, percepção e 
memória utilizando métodos da psicologia experi-
mental e do campo da psicometria para a construção 
dos testes. As modernas técnicas de investigação ce-
rebral (eletro encefalograma, tomografia computado-
rizada, ressonância magnética funcional) superaram a 
importância da avaliação neuropsicológica na locali-
zação das funções mentais. A controvérsia entre loca-
lizacionismo e holismo foi substituída pela discussão 
em torno de uma nova controvérsia: funcionalismo 
versus cognitivismo. Está controvérsia é essencial em 
relação à avaliação neuropsicológica e à construção 
dos testes psicológicos (Hebben & Milberg, 2002). 
As técnicas tradicionais de avaliação neuropsico-
lógica advêm da tradição funcionalista que considera 
que a predição do desempenho do indivíduo é o obje-
tivo primário da avaliação e o construto psicológico é 
secundário. A bateria Halstead-Reitan é um bom 
exemplo desta abordagem (Strauss, Sherman & Spre-
en, 2006). Por outro lado, os testes construídos na 
tradição cognitivista enfatizam primariamente o cons-
truto psicológico e a predição clínica como alvo se-
cundário da avaliação. O California Verbal Learning 
Test (Strauss, Sherman, & Spreen, 2006) foi criado 
primariamente empregando teorias da memória para 
investigar as alterações decorrentes de lesões cere-
brais. Em outras palavras, a controvérsia atual está 
relacionada a questões metodológicas e interpretativas 
resultantes dos processos de avaliação neuropsicoló-
gica (Hebben & Milberg, 2002).
Avaliação e Reabilitação Neuropsicológica: Desenvolvimento Histórico e Perspectivas Atuais 
Interação em Psicologia, Curitiba, 2011, 15(n. especial), p. 47-58 
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A história recente da identidade profissional do 
neuropsicólogo começou a ser estabelecida nos início 
dos anos 1970. Em 1967, foi fundada a International 
Neuropsychological Society (INS) por um grupo de 
psicólogos de vários países interessados nas relações 
entre o cérebro e o comportamento. Em 1975, um 
grupo de psicólogos americanos fundou a National 
Academy of Neuropsychology (NAN) para auxiliar na 
prática clínica dos neuropsicólogos. Em 1980, a neu-
ropsicologia foi estabelecida como uma área dentro da 
American Psychological Associacion (APA), através 
da Divisão 40 (Clinical Neuropsychology). Por fim, 
em 1996, a APA reconheceu a neuropsicologia como 
uma especialidade da psicologia (Hebben & Milberg, 
2002). No Brasil, a especialidade da neuropsicologia 
foi estabelecida pelo Conselho Federal de Psicologia 
em 2004, quando os objetivos da área e os quesitos 
básicos para a formação de especialistas neste campo 
foram delimitados. A neuropsicologia brasileira apre-
senta vários desafios tanto para os pesquisadores 
quanto para os profissionais da área. 
Em síntese, a partir da contribuição de diversos au-
tores, podemos reconstruir o percurso histórico da 
neuropsicologia em três diferentes períodos caracteri-
zados por diferentes controvérsias: hipótese cardíaca 
versus hipótese cerebral, localizacionismo versus ho-
lismo e funcionalismo versus cognitivismo. A neu-
ropsicologia continua a se desenvolver, aperfeiçoando 
cada vez mais os seus métodos de investigação e au-
mentando progressivamente o conhecimento sobre o 
funcionamento cerebral e suas relações com as pato-
logias do comportamento humano. A partir desta 
compreensão histórica, pode-se delinear a multiplici-
dade de temas de pesquisa de particular interesse tanto 
para fundamentar a prática da neuropsicologia no 
Brasil como para subsidiar o desenvolvimento teórico 
da neuropsicologia a partir de estudos comparados 
entre culturas diversas. 
Neuropsicologia na atualidade brasileira 
O presente artigo enfoca dois temas importantes na 
atualidade da neuropsicologia, especialmente no 
Brasil: primeiro, o tópico da avaliação neuropsicoló-
gica no contexto do desenvolvimento humano e, se-
gundo, a temática da reabilitação neuropsicológica em 
diversos grupos. 
As alterações das funções cognitivas e suas conse-
qüências para o comportamento humano ao longo da 
vida têm sido enfocadas em diversas pesquisas com 
populações de diferentes faixas etárias. A literatura já 
demonstrou que o funcionamento cerebral apresenta 
características distintas em função da idade do grupo 
investigado; no entanto, tais alterações e suas relações 
decorrentes de variáveis culturais, educacionais e so-
cioeconômicas ainda precisam ser melhor descritas. O 
campo da intervenção neuropsicológica no contexto 
brasileiro apresenta-se também como uma área que 
necessita de pesquisas, pois a utilização de protocolos 
trazidos de outras realidades culturais gera problemas 
técnicos e éticos que carecem de pesquisas que vali-
dem tais procedimentos. 
Neuropsicologia Infantil 
A neuropsicologia infantil tem a especificidade 
teórica e técnica voltada para a realidade e as peculia-
ridades da população infantil. A atuação é interdisci-
plinar, de trabalho conjunto com especialidades médi-
cas como a pediatria, neurologia, endocrinologia, in-
fectologia, fisiatria, ortopedia e psiquiatria, assim 
como com as demais áreas da saúde como fisioterapia, 
fonoaudióloga, serviço social, terapia ocupacional, 
musicoterapia e a própria psicoterapia. Porém, a área 
de trabalho da neuropsicologia infantil não é interli-
gada somente à área da saúde, mas também apresenta 
interface substancial com a educação. 
A necessidade de criar novos e específicos métodos 
multidisciplinares voltados para a infância, tanto no 
campo da saúde como na educação, são justificados 
mediante a diminuição significativa da mortalidade 
infantil em todo o mundo (World Health Organization 
& United Nations Children s Fund, 2004). Segundo o 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2009), a 
taxa de mortalidade infantil apresentou uma queda de 
30% na última década. Referente à última Tábua 
Completa de Mortalidade no país 2008/2009, os resul-
tados mostram que foi possível evitar cerca de 205 mil 
óbitos de menores de um ano de idade.O aumento nos investimentos das políticas públi-
cas na atenção primária às gestantes, a modernização 
biotecnológica das Unidades de Terapia Intensiva 
pediátricas, os novos fármacos e a humanização hos-
pitalar garantem a sobrevivência de muito mais crian-
ças. Crianças que certamente morreriam num passado 
recente, hoje não só sobrevivem como têm maiores 
expectativas de tempo de vida (Riechi, 2008). Com a 
diminuição da mortalidade infantil, observa-se o au-
mento da morbidade. O aumento do número de seqüe-
las é inversamente proporcional ao numero de mortes 
infantis. Esta recente condição de vida é acompanhada 
por diversas nova patologias neurológicas, psiquiátri-
cas, imunológicas, endócrinas, entre outras. Isto signi-
fica dizer que a satisfação do aumento da sobrevivên-
Amer Cavalheiro Hamdan, Ana Paula Almeida de Pereira, & Tatiana Izabele Jaworski de Sá Riechi 
Interação em Psicologia, Curitiba, 2011, 15(n. especial), p. 47-58 
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cia de crianças de risco é acompanhada por intensa 
preocupação com o desenvolvimento biopsicosocial 
das mesmas, das famílias, dos profissionais e da soci-
edade em geral. 
Certamente é reducionista pensar que as morbida-
des são apenas orgânicas. São crianças em desenvol-
vimento que necessitam de diferentes métodos de 
avaliação e diagnóstico multidisciplinares. Quadros de 
múltiplas seqüelas, algumas vezes evidentes outras 
bastante sutis são observados e, por vezes, transitó-
rios, outras vezes, precocemente limitantes. Altera-
ções de desenvolvimento que interferem na fala, na 
cognição, na motricidade, na afetividade e nas rela-
ções sociais e familiares. Com esta situação, os profis-
sionais da saúde e da educação, assim como as políti-
cas públicas e sociais, precisam alertar para o fato de 
que este contexto necessita de investimentos técnico-
científicos e econômicos através de iniciativas que 
reconheçam os riscos precocemente e que invistam 
em procedimentos na saúde, na educação e nas políti-
cas sociais. Isto é garantir a cidadania a estas crianças 
e, assim, concretizar a inclusão social. Desta forma, a 
neuropsicologia infantil investe no desenvolvimento 
de técnicas e métodos de diagnóstico precoce e ade-
quado a cada população. A antecipação na identifica-
ção de sinais indicadores das deficiências pode garan-
tir diagnóstica mais precoce e, conseqüentemente, 
intervenções com resultados significativamente mais 
favoráveis, pois vencer a corrida contra o tempo, para 
essas crianças e suas famílias, é apenas um dos gran-
des desafios futuros. Procedimentos com tais premis-
sas, tanto na saúde como na educação, são ações in-
clusivas. A inclusão social, cultural e escolar dessas 
crianças depende de ações precoces. Assim, a atuação 
da neuropsicologia caracteriza-se por mais uma ma-
neira da psicologia proporcionar ao ser humano, não 
somente, qualidade de vida como cidadania propria-
mente dita. 
A história da neuropsicologia infantil no Brasil 
confunde-se com a própria história da neurologia pe-
diátrica. Nas décadas de 1930 e 1940, ainda não exis-
tia a especialidade de neurologia pediátrica no país. A 
pediatria encontrava-se em formação e a neurologia 
mesclava-se com a psiquiatra (Reimão, 1999). A par-
tir da década de 60, a neurologia infantil ganhou um 
modelo próprio, oportunizando a abertura dos serviços 
espalhados pelo país, em equipes multidisciplinares, 
buscou um corpo próprio de conhecimento, destacan-
do-se como especialidade médica da neurologia clíni-
ca e da pediatria. Já a neuropsicologia infantil aguar-
dou até meados da década de 70 e início da década de 
80 para se desenvolver como área de conhecimento 
específico, diferenciando-se da própria neuropsicolo-
gia de adultos e idosos. 
A prática mais frequente e também inicial da neu-
ropsicologia infantil é o processo de avaliação. Avali-
ação neuropsicológica é o método de investigação 
para a análise de distúrbios cognitivos e comporta-
mentais produzidos por lesões, doenças ou desenvol-
vimento anormal do cérebro (Lezak, 1995). Qualifica 
e quantifica as funções mentais conservadas e com-
prometidas, através de situações experimentais padro-
nizadas que servem de estímulo ao comportamento. 
A identificação das áreas cognitivas fortes auxilia 
na compreensão de possíveis atividades compensató-
rias executadas pelo cérebro, por exemplo: crianças 
com altas habilidades mnêmicas e baixo raciocínio 
abstrato podem ter bons desempenhos em algumas 
avaliações matemáticas. Assim como também facilita 
na elaboração dos programas de reabilitação neuropsi-
cológica. É preciso se apoiar sobre as habilidades 
fortes da criança para alavancar as habilidades cogni-
tivas comprometidas; isto estimula a plasticidade ce-
rebral e motiva o paciente (Petermann & Lepach, 
2007; Riechi & Romanelli, 1997). 
Dentro dos objetivos específicos da avaliação neu-
ropsicológica infantil (ANI) está a identificação pre-
coce de transtornos cognitivos e desordens do desen-
volvimento e, como tal, alterações no processo de 
aquisição das habilidades. O termo precoce deve ser 
entendido como o mais cedo possível na história de 
vida da criança, portanto, dependerá do tipo de com-
prometimento cerebral, da idade e do próprio processo 
de formação da função. Habilidades mentais de gran-
de requinte cognitivo, como pensamento hipotético, 
relações espaciais e quase-espaciais, funções percep-
to-motoras, escrita e leitura são esperadas em idades 
mais avançadas. Desta forma, a identificação precoce 
do problema requer um tempo maior de desenvolvi-
mento, com maior exposição da criança ao meio. Do 
mesmo modo, desordens nas habilidades motoras ou 
de linguagem são mais rapidamente identificadas. A 
avaliação neuropsicológica infantil deve ser sensível 
ao conjunto dos sinais cognitivo-comportamentais 
demonstrados durante o desenvolvimento da criança, 
reconhecendo-o como uma desordem do processa-
mento neuropsicológico ou não. 
Nas lesões agudas, a compreensão precoce vai de-
pender muito do estado geral da criança, das condi-
ções técnicas e, principalmente, da decisão conjunta 
com a equipe multidisciplinar da adequação da ANI. 
Nos diagnósticos diferenciais, a ANI é uma contribui-
Avaliação e Reabilitação Neuropsicológica: Desenvolvimento Histórico e Perspectivas Atuais 
Interação em Psicologia, Curitiba, 2011, 15(n. especial), p. 47-58 
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ção preciosa no processo conclusivo interdisciplinar, 
diante de tantos novos quadros psiquiátricos e neuro-
lógicos, de diagnóstico clínico comportamental, como 
transtorno de humor, déficit de atenção e síndromes. 
Através da análise qualitativa da resposta às ativi-
dades propostas pelo instrumento de avaliação, o di-
agnostico diferencial é possível. O não desempenhar 
uma tarefa ou o mau desempenho da mesma pode ser 
tanto compreendido como apenas um atraso na aquisi-
ção da habilidade, própria do tempo pessoal de cada 
sujeito, como um erro propriamente dito, assim de-
monstrando uma dificuldade real. 
Avaliar é comparar. Quando se avalia uma criança 
existem duas formas de comparação. A primeira é a 
comparação das suas respostas com as de outras cri-
anças da mesma idade. Esta forma de comparação 
representa apenas o presente, o aqui e o agora, pare-
ando o desempenho do sujeito com a expectativa de 
resposta que se tem para a idade ou série escolar. A 
segunda forma de comparação interna entre os de-
sempenhos do próprio sujeito. Pareando os resultados 
das diversas habilidades avaliadas, é possível verificar 
a estabilidade ou não dos resultados. O resultado da 
primeira avaliação neuropsicológica serve então, de 
nível de base, fundamental para a comparação do de-
sempenho da mesma criança em momentos diferentes, 
seja por follow up medicamentoso, intervenção tera-
pêutica ou em neuropatias crônicas e evolutivas. 
A criança não é um adulto em miniatura. Este é um 
paradigma estrutural da prática clínica infantil. O ser 
criança tem características próprias que, na maioria 
das vezes, diferem muito do adulto. Enganam-se os 
profissionaisque estendem suas práticas clínicas de 
forma equivalente às crianças. O paciente infantil 
requer atenção redobrada em vários aspectos, desde o 
local de atendimento, a forma de recepção, o material 
utilizado e o vínculo efetuado. 
Uma das áreas de grande domínio do neuropsicó-
logo deve ser o neurodesenvolvimento. A construção 
de todo o sistema nervoso desde a concepção, a neu-
roembriogênese, o desenvolvimento cerebral nos dois 
primeiros anos e as diversas interferências biopsicos-
sociais (Moura-Ribeiro & Gonçalves, 2006). 
Já ao final da avaliação é imprescindível que haja 
uma correta contextualização biopsicossocial das in-
formações obtidas. Os dados sobre o histórico do neu-
rodesenvolvimento, o contexto socioeconômico, cul-
tural e educacional, as características familiares de-
vem ser associadas e integradas, como uma rede coesa 
de conhecimento sobre o desenvolvimento geral.
Considerando a complexidade do funcionamento 
cerebral, o refinamento que alcançou em tão poucas 
décadas a avaliação neuropsicológica é um fato notá-
vel. No entanto, quando se fala em neuropsicologia 
pediátrica, deve-se tomar alguns cuidados que a avalia-
ção de adultos dispensa, o que modifica a forma de 
manejo clínico. Consequentemente, a testagem neu-
ropsicológica desenvolvida para a população de sujei-
tos adultos pode não ser apropriada ao exame infantil 
(Lezak, 1995; Spreen & Strauss, 1998). 
Visualiza-se, então, uma segunda limitação da 
ANI, que diz respeito aos instrumentos de avaliação 
específicos para a população infantil. Muitos instru-
mentos podem ser utilizados como técnicas de levan-
tamento das características neuropsicológicas da cri-
ança dentre eles, os testes e baterias neuropsicológi-
cas. Se para a população adulta a utilização de testes 
já é uma questão delicada, tanto mais para a popula-
ção infantil brasileira (Urbina, 2004). 
Todo teste sofre influências socioculturais; por is-
to, a simples tradução de um material estrangeiro é 
absolutamente inadequada. Palavras e imagens que 
são muito claras e comuns às de outro país podem não 
ser familiar às crianças brasileiras. Outra dificuldade 
importante ainda pior, que merece um grande alerta, é 
a utilização das tabelas de normatização. A literatura 
neuropsicológica está repleta de materiais que indicam 
testes e trazem também as tabelas normatizadas dos 
escores, porém para os países de origem. Como é pos-
sível comparar uma criança brasileira, através do 
mesmo material, com uma criança europeia? Um bom 
material requer a normatização do instrumento para 
no mínimo a população brasileira; ainda assim, cabe a 
ressalva, com toda sua diversidade (Anastasi & Urbina, 
2000; Pasquali, 2001; Romanelli e cols., 1999). 
A ANI também é um importante instrumento de 
pesquisa que pode ser encontrada aplicada em popula-
ções variadas. Trabalhos publicados no mundo todo 
mostram a avaliação neuropsicológica utilizada nos 
mais diversos quadros como: lesões cerebrais agudas, 
HIV, epilepsia, distúrbios de aprendizagem, doenças 
metabólicas, câncer, parasitose, transtornos de lingua-
gem, nascimento pré-termo, más formações cerebrais, 
síndromes, paralisia cerebral e transtorno de atenção 
(Bender & cols, 2007; Dowell & Copeland, 1987; 
Hessen & cols, 2007; Silver, 2000; Silver & cols., 
2006; Tabaquim, 2002; Wachsler-Felder & Golden, 
2002).
Concluindo, a avaliação neuropsicológica caracte-
riza-se por ser uma das atividades da prática neuropsi-
Amer Cavalheiro Hamdan, Ana Paula Almeida de Pereira, & Tatiana Izabele Jaworski de Sá Riechi 
Interação em Psicologia, Curitiba, 2011, 15(n. especial), p. 47-58 
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cológica, prática esta de fundamental importância hoje 
dentro das equipes interdisciplinares de saúde e edu-
cação. Ela não se restringe ao uso de testes, mas utili-
za também outros instrumentos de diagnóstico que 
promovem a compreensão do funcionamento cerebral 
através da observação dirigida do comportamento. 
Contudo, é importante lembrar-se da criança como 
uma população específica e com características e ne-
cessidades particulares. O erro é pensá-la como uma 
extensão da população adulta; por isto, requer instru-
mentos e atuações muitos sensíveis e especializadas à 
infância. O cuidado com o teste e materiais escolhidos 
para a avaliação deve contemplar as características 
socioeconômicas e culturais da população alvo, a qua-
lidade quanto à precisão e validade do teste e o domí-
nio dos paradigmas teóricos do funcionamento cere-
bral por parte do avaliador. É na infância que a plasti-
cidade neurológica tem seu período mais expressivo, 
por isto, a avaliação neuropsicológica infantil gera um 
esquema de funcionamento dos sistemas cerebrais da 
criança num recorte específico e limitado de tempo, 
vislumbrando todo um processo de desenvolvimento 
biopsicossocial maior. 
A pesquisa aplicada à área da neuropsicologia 
infantil precisa refletir as temáticas anteriormente 
apontadas para subsidiar as intervenções junto a essa 
população, construir e adaptar procedimentos válidos 
e fidedignos de avaliação no contexto brasileiro e 
estabelecer as bases teóricas do desenvolvimento das 
funções neuropsicológicas. 
Neuropsicologia do envelhecimento 
Os avanços da medicina e as melhores condições 
de vida alcançadas em diversos países levaram ao 
aumento do número de pessoas idosas no mundo. 
Assim, o estudo dos fatores envolvidos no processo de 
envelhecimento vem recebendo maior atenção dos 
administradores públicos e dos pesquisadores de di-
versas áreas da saúde. A neuropsicologia tem contri-
buído de modo significativo para construir uma me-
lhor compreensão da cognição humana no contexto do 
envelhecimento normal e dos distúrbios neuropsicoló-
gicos correlacionados com esta faixa etária. 
Primeiramente, as pesquisas em Neuropsicologia 
na área buscaram estabelecer os critérios para diferen-
ciar o envelhecimento cognitivo saudável das neuro-
patologias prevalentes nesta faixa etária. Para tanto, 
instrumentos de avaliação neuropsicológica que enfo-
cam diferentes áreas da cognição foram utilizados 
(Knopman & Selnes, 2003). Os resultados até o mo-
mento apontam para a linguagem, a memória, a velo-
cidade de processamento de informação e os proces-
sos atencionais como domínios que, quando afetados, 
caracterizam os problemas nas atividades diárias rela-
tadas nos casos de patologias (Anderson, Ebert, Jen-
nings, Grady, Cabeza, & Graham, 2008; Siedelecki, 
Honig & Stern, 2008). 
Posteriormente, os estudos apontaram para alguns 
domínios cognitivos que parecem declinar durante o 
envelhecimento, como, por exemplo, a memória. No 
entanto, detectou-se que funcionalmente tal domínio 
pode não ser afetado significativamente, uma vez que 
a pessoa idosa desenvolve estratégias de processamen-
to cognitivo (mnemônicas, por exemplo) diferentes 
daquelas observadas em adultos jovens para a execu-
ção de atividades. Greenwood (2007) propõe que con-
comitantemente com as perdas estruturais observadas 
no sistema nervoso central durante o envelhecimento, 
ocorre uma reorganização funcional de caráter com-
pensatório através de alterações nas estratégias utili-
zadas na resolução de problemas. Embora esta propo-
sição ainda não tenha sido plenamente referendada, 
um número cada vez maior de evidências a apoiam. 
Outros estudos importantes no campo da neuropsi-
cologia do envelhecimento consistem na busca de 
melhor descrever o perfil cognitivo relacionado a 
quadros demências de diferentes etiologias (Baddeley, 
Kopelman, & Wilson, 2002; Mathias & Burke, 2009). 
Os dados neuropsicológicos, juntamente com imagens 
e dados da história médica do cliente, subsidiam o 
diagnóstico de uma patologia e, portanto, a adoção de 
procedimentos farmacológicos e a recomendações de 
intervenções comportamentais específicas encontram-
se vinculados às evidências advindas da avaliação 
neuropsicológica. Atualmente, esforços têm sido dire-
cionados à validação de procedimentos de avaliação 
que consigam detectar com maior precisão os diferen-tes déficits vinculados a cada neuropatia. 
Uma importante derivação dessa perspectiva de 
pesquisa teórica que considera a relação entre a plasti-
cidade neurológica/funcional e o contexto biopsicos-
social em que as pessoas estão inseridas constitui-se 
em outra linha de pesquisa importante: a reabilitação 
neuropsicológica (Winocur e cols., 2007). 
Reabilitação neuropsicológica 
Reabilitação neuropsicológica pode ser definida 
como o conjunto de intervenções que objetivam me-
lhorar os problemas cognitivos, emocionais e sociais 
decorrentes de uma lesão encefálica auxiliando a pes-
soa a alcançar maior independência e qualidade de 
vida (Wilson, 2003a). 
Avaliação e Reabilitação Neuropsicológica: Desenvolvimento Histórico e Perspectivas Atuais 
Interação em Psicologia, Curitiba, 2011, 15(n. especial), p. 47-58 
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Alexander Luria foi um dos primeiros autores a re-
latar seus esforços sistemáticos para reabilitação de 
pessoas com lesão encefálica após a Segunda Guerra 
Mundial (Boake, 2003). Os trabalhos de Leonard Dil-
ler, realizados no Centro Medico da Universidade de 
Nova York, com pacientes com acidente vascular 
encefálico que apresentavam problemas com escane-
amento visual, propiciou o desenvolvimento de pro-
gramas de treinamento específicos e representam ou-
tro marco na história da reabilitação neuropsicológica. 
Ben-Yishay (1996) desenvolveu uma visão holística 
para reabilitação neuropsicológica através da realiza-
ção de exercícios cognitivos, psicoterapia e atividades 
terapêuticas junto a este grupo. 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (World 
Health Organization, 2000), as doenças ligadas ao 
funcionamento cerebral constituem a maior causa de 
deficiências no mundo. A demanda por serviços de 
reabilitação neuropsicológica têm crescido considera-
velmente devido ao aumento dos recursos médicos 
oferecidos à população. No Brasil, porém, diversas 
dificuldades são observadas para que essa área se 
desenvolva, por exemplo: as ainda poucas instituições 
de ensino que oferecem capacitação nesta área da 
neuropsicologia, as dificuldades inerentes à área para 
delimitar protocolos baseados em evidências, a neces-
sidade de adaptar as estratégias de reabilitação utiliza-
das em outros contextos socioculturais à realidade 
brasileira e, ainda, a descoberta de indicadores ade-
quados à realidade brasileira para avaliar os progra-
mas de reabilitação que têm sido implantados. 
Wilson (1991) aponta que as dificuldades em de-
senvolver estratégias padronizadas de intervenção 
para cada distúrbio neuropsicológico relacionam-se 
com diversos fatores. Fatores importantes como a 
diversidade da população atingida, os diferentes tipos 
de lesões e as características particulares dos déficits 
observados fazem com que a avaliação dos programas 
de reabilitação seja um tópico complexo. Outro fator 
relevante é o fato de que existe ainda pouco consenso 
no âmbito da neuropsicologia quanto a teorias capazes 
de subsidiar a compreensão de como as funções neu-
ropsicológicas se desenvolvem e se organizam no 
contexto da população geral. Assim, a criação de es-
tratégias em reabilitação nem sempre estão fundamen-
tadas no conhecimento teórico que se tem sobre de-
terminada função ou patologia. 
As diferenças culturais e, portanto, a diversidade 
de demandas sociais e valores priorizados em diferen-
tes contextos afetam diretamente as metas estabeleci-
das nos diferentes programas de reabilitação. Este fato 
dificulta a avaliação dos programas de reabilitação 
através da comparação com resultados de outros pro-
gramas no mundo. Consequentemente, o estabeleci-
mento de parâmetros internacionais que priorizem 
determinados resultados comuns a todos torna-se inviá-
vel muitas vezes. 
Com o intuito de amenizar estas dificuldades, des-
de a última década do século XX, diversas iniciativas 
podem ser apontadas como tentativas de estruturar um 
corpo de conhecimento em reabilitação neuropsicoló-
gica que fundamente as intervenções na área. Cicerone 
e colegas (Cicerone, Dahlberg, Kalmar, Langenbahn, 
Malec, Berquist & cols., 2000) realizaram uma exten-
sa revisão bibliográfica e apresentaram estratégias de 
intervenção que a literatura propõe ao reabilitar no 
contexto de diferentes problemas neuropsicológicos. 
Vários autores publicaram obras que compilavam o 
conhecimento cientifico na área de modo mais organi-
zado (Christensen & Uzzell, 2000; Eslinger, 2002; 
Johnstone & Stonnington, 2001), o que facilitou tanto 
o ensino quanto a pesquisa em reabilitação. 
Wilson (2003b) propôs algumas diretrizes para 
nortear as práticas em reabilitação neuropsicológica: 
a) o processo de reabilitação é considerado como uma 
parceria entre as pessoas com lesão, suas famílias e os 
profissionais de saúde; b) o planejamento de objetivos 
tem se tornado um dos métodos mais usados para 
delinear o plano de reabilitação; c) os déficits cogniti-
vos, emocionais e psicossociais encontram-se conec-
tados e todos devem ser considerados durante os pro-
gramas terapêuticos; d) tecnologia representa uma 
parte importante na compreensão da lesão e na com-
pensação das dificuldades apresentadas por este gru-
po; e) reabilitação tem começado durante a terapia 
intensiva antes mesmo da estabilização das condições 
médicas do paciente; e f) compreende-se reabilitação 
cognitiva como uma área de atuação que necessita de 
uma vasta base teórica que incorpore diferentes mode-
los e metodologias derivadas de diversos campos da 
psicologia e neurociências. 
Vários procedimentos têm sido sugeridos como 
eficazes na reabilitação neuropsicológica. A imagina-
ção motora, ou seja, a simulação imaginada de movi-
mentos e a observação de movimentos têm sido estu-
dadas em pacientes após acidente vascular encefálico 
(AVE) e Holmes (2007) sugere-as como possíveis 
técnicas de reabilitação. Outro procedimento estudado 
baseia-se no efeito de geração que se caracteriza pelo 
fenômeno que os itens gerados pelos próprios indiví-
duos são melhor recordados quando comparados com 
itens fornecidos por outrem (Lengenfelder, Chiara-
valloti, & DeLuca, 2007). 
Amer Cavalheiro Hamdan, Ana Paula Almeida de Pereira, & Tatiana Izabele Jaworski de Sá Riechi 
Interação em Psicologia, Curitiba, 2011, 15(n. especial), p. 47-58 
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Uma variedade de tecnologias também é usada 
como auxilio na reabilitação de pessoas com proble-
mas neuropsicológicos. Por exemplo, a utilização de 
sistemas de mensagens curtas que auxiliavam a lem-
brar pacientes com esquizofrenia de suas atividades e 
compromissos diários. Estudos utilizando-se de siste-
mas computacionais para criar realidades virtuais que 
facilitam a aprendizagem de modo seguro e incenti-
vam a comunicação de pessoas com problemas de 
mobilidade também têm sido realizados. 
No entanto, ainda encontramos pouca uniformida-
de dentre os métodos de reabilitação neuropsicológica 
devido pelo menos a três fatores: as dificuldades me-
todológicas encontradas para verificar a eficácia dos 
procedimentos adotados; a diversidade das populações 
atendidas nos programas de reabilitação e a interdisci-
plinaridade inerente a área. Sohlberg e Mateer (1989) 
foram pioneiras ao proporem intervenções especificas 
em reabilitação neuropsicológica, porém, foram criti-
cadas devido à dificuldade que tinham tanto em rela-
cionar a ligação entre as intervenções práticas com 
modelos teóricos existente quanto em apresentar evi-
dências de resultados positivos vinculados com tais 
intervenções. 
Em 2008, um número especial da Rehabilitation 
Psychology debateu sobre as dificuldades metodológi-
cas encontradas em realizar pesquisas na área e apon-
tou a necessidade em se desenvolver estudos com 
desenhos mais adequados para cada tipo de investiga-
ção privilegiando a coerência teórica (Dunn & Elliott, 
2008) que incluiriam tanto metodologias de análise 
quantitativa como qualitativa de dados (Chwalist, 
Shah, & Hand, 2008; DeVries & Morris, 2008). Tuc-
ker e Reed (2008) ressaltam que, como a intervençãoem reabilitação constitui-se apenas como uma variável 
dentre várias que influenciam o funcionamento da 
pessoa ao longo do tempo, a pesquisa em psicologia 
da reabilitação deve se expandir para incluir diversas 
abordagens teóricas e metodológicas. Assim, metodo-
logias tradicionais, como o desenho de grupos clínicos 
com amostragem aleatória, estudos longitudinais (Fay, 
Yeates, Wade, Drotar, Stacin & Taylor, 2009) ou es-
tudo de caso (Mateer, 2009) seriam utilizadas junta-
mente com estudos meta analíticos (Babikian & Asar-
now, 2009) e pesquisas qualitativas para criar evidên-
cias que fundamentem as intervenções em reabilitação. 
CONCLUSÕES
A compreensão histórica do desenvolvimento da 
neuropsicologia no mundo e, mais especificamente, 
no Brasil traz à tona problemas teóricos e práticos na 
área que ajudam a formular diretrizes para a pesquisa 
em neuropsicologia no Brasil. 
Apesar da identificação de um número crescente 
de pacientes com problemas neuropsicológicos, a 
maioria das intervenções em reabilitação neuropsico-
lógica adotadas nos serviços de neuropsicologia no 
Brasil baseia-se em procedimentos utilizados em paí-
ses do primeiro mundo que ainda não foram adequa-
dos ao contexto brasileiro. As diferenças interculturais 
têm sido extensamente discutidas enquanto importan-
tes para subsidiar o processo decisório durante a reabi-
litação (Niermeier & Arango-Lasprilla, 2007; Uamoto, 
2005). Sendo assim, torna-se premente que o pesqui-
sador na área da avaliação e reabilitação neuropsico-
lógica considere estes fatores quando planeja seus 
estudos. A adaptação dos procedimentos de avaliação 
e intervenção neuropsicológica para a realidade brasi-
leira deve ser considerada como prioridade. 
A criação de parâmetros nacionais de avaliação de 
programas de reabilitação neuropsicológica através do 
amplo debate entre profissionais e clientes, assim 
como da realização de estudos sistemáticos sobre o 
tópico também se fazem necessárias. Tais parâmetros 
poderão subsidiar as políticas públicas de reabilitação 
e fundamentar a inserção do neuropsicólogo em equi-
pes interdisciplinares de reabilitação, o que ampliará o 
mercado de trabalho para o neuropsicólogo. 
O estudo do desenvolvimento neuropsicológico 
normal e do perfil neuropsicológico vinculado a dife-
rentes patologias deve continuar a ser aprofundado, 
uma vez que muitas questões permanecem sem res-
posta e a apresentação de evidências que norteiem as 
condutas profissionais adotadas nestes contextos ainda 
é necessária. 
Em suma, a teoria e a prática no campo da neu-
ropsicologia brasileira se complementam ao aponta-
rem os caminhos principais que a pesquisa na área 
precisa trilhar. Esforços conjuntos entre diferentes 
centros de pesquisa que utilizem uma multiplicidade 
de desenhos e métodos de pesquisa são necessários de 
serem desenvolvidos para conseguir viabilizar resul-
tados que subsidiem a prática da neuropsicologia no 
Brasil. 
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Sobre os autores: 
 
Amer Cavalheiro Hamdan Psicólogo, Mestre em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Doutor em 
Psicobiologia pela Universidade Federal de São Paulo. Professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná. 
Ana Paula Almeida de Pereira Psicóloga, Mestre e Doutora em Psicologia da Reabilitação pela University of Wisconsin. Professora 
do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná. 
Tatiana Izabele Jaworski de Sá Riechi Psicóloga, Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná, Doutora em Ciências 
Biomédicas pela Universidade Estadual de Campinas. Professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná. 
Endereço eletrônico: achamdan@ufpr.br; anapaula_depereira@yahoo.com; tatiriechi@hotmail.com

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