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SOBRE BENS - PARTE II

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DOS BENS 
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS: (Classificação adotada por Flávio Tartuce) 
• QUANTO À TANGIBILIDADE: 
A) BENS CORPÓREOS, MATERIAIS, TANGÍVEIS – Possuem existência corpórea. São percebidos 
pelos sentidos (móveis, imóveis). Podem ser tocados. Ex.: casa, carro 
B) BENS INCORPÓREOS, IMATERIAIS OU INTANGÍVEIS – Possuem existência abstrata, ideal, 
jurídica. Não podem ser tocados pela mão humana. Não têm existência materializável. Ex.: franquia, 
direitos autorais, hipoteca. 
IMPORTANTE: É importante tal divisão pois há uma diferença na forma de transmissão desses bens. Os 
bens corpóreos são transmitidos através de doação ou contrato de compra e venda; já os incorpóreos, por meio 
de cessão. 
Obs.: Não se pode adquirir os bens incorpóreos por meio de usucapião. 
• QUANTO À MOBILIDADE: 
A) BENS IMÓVEIS (ARTS. 79 A 81 DO CC) – Não podem ser removidos ou transportados sem a sua 
deterioração ou destruição. 
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. 
1. BENS IMÓVEIS POR NATUREZA OU ESSÊNCIA – Abrangem o solo e sua superfície, subsolo e 
espaço aéreo. Aquilo que for incorporado será considerado imóvel por acessão (art. 79, CC/02). Ex.: 
árvores que nascem naturalmente (tudo que se prende ao solo de forma natural) 
2. BENS IMÓVEIS POR ACESSÃO FÍSICA INDUSTRIAL OU ARTIFICIAL - tudo aquilo que o 
homem incorporar permanentemente ao solo, de modo que não se possa retirar sem destruição, 
modificação, fratura ou danos. Tais bens se originam de situações em que ocorreu a intervenção 
humana, como nas construções ou plantações, Ex.: edifícios, construções, sementes lançadas à terra. 
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: (devido ao fato de ser provisória a separação do solo) 
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para 
outro local; Ex.: casa de madeira. (lapso temporal em que esse imóvel está em trânsito e vai ser 
novamente imobilizado) 
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. (tira-se a 
porta de uma casa, conserta-se a porta e se coloca a porta novamente no local). 
3. BENS IMÓVEIS POR ACESSÃO FÍSICA INTELECTUAL - são os bens móveis que o proprietário 
mantém no imóvel de propósito para exploração industrial, ou seja, são os bens móveis que são 
imobilizados pelo proprietário, sendo tratados como PERTENÇAS ( tipo de bem acessório - art. 
93 do CC). Ex.: ar condicionado, máquinas agrícolas, escada de emergência, armários embutidos. 
(Tudo que é empregado intencionalmente para a exploração industrial, aformoseamento e 
comodidade) 
IMPORTANTE: ENUNCIADO 11 DO CJF/STJ - Não persiste no novo sistema legislativo a categoria dos 
bens imóveis por acessão intelectual, não obstante a expressão "tudo quanto se lhe incorporar natural ou 
artificialmente", constante da parte final do art. 79 do Código Civil. 
4. BENS IMÓVEIS POR DISPOSIÇÃO LEGAL – Por questões de segurança e proteção jurídica, a 
norma civil optou por tratar determinados bens como imóveis. Previsão no art. 80 do CC. 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; (Se o bem é imóvel, também será 
considerado imóvel o direito sobre ele e a ação judicial que o protege). Ex.: direito de propriedade é 
bem imóvel e a ação que protege esse direito 
II - o direito à sucessão aberta. (Art. 1784 CC - É o direito que os herdeiros possuem de participar 
de uma sucessão do momento do óbito até a partilha ou a adjudicação. É um direito abstrato porque o 
herdeiro não sabe ao certo o quanto lhe caberá, pois só receberá alguma coisa depois de pagas as 
dívidas) 
Seção II 
Dos Bens Móveis 
B) BENS MÓVEIS – Arts. 82 a 84 do CC – 
CONCEITO: Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, 
sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. 
1. BENS MÓVEIS POR NATUREZA OU ESSÊNCIA – são aqueles que podem ser transportados sem 
deterioração de sua substância, por força própria ou externa. Quando puder ser deslocado de um local 
para outro por força própria, é chamado de BEM MÓVEL SEMOVENTE. Ex.: Os animais são 
considerados como semoventes. 
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam 
sua qualidade de móveis; // readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio 
(Não têm mais serventia para um bem imóvel). 
Art. 84, 1ª parte – BENS MÓVEIS PROPRIAMENTE DITOS (CONSERVAM SUA MOBILIDADE 
POIS AINDA NÃO FORAM INCORPORADOS A UM BEM IMÓVEL) 
2. BENS MÓVEIS POR ANTECIPAÇÃO - são os bens que eram imóveis, (por sua natureza) mas, por 
uma atividade humana, foram mobilizados. Aqueles que a vontade humana mobiliza em função da 
finalidade econômica, como as árvores, frutos, pedras e metais. Estes, quando estão ligados ao imóvel 
(ao solo, por exemplo), são imóveis, mas quando separados para fins humanos, tornam-se móveis. Ex.: 
Os frutos separados antecipadamente; as árvores que são convertidas em lenha, a colheita de uma 
plantação 
Art. 84, 2ª parte – No caso de demolição, os bens imóveis podem ser mobilizados. 
3. BENS MÓVEIS POR DETERMINAÇÃO LEGAL – São os bens considerados móveis por vontade 
do legislador, embora sejam incorpóreos. Previsão no art. 83 do CC. 
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: (São bens incorpóreos tratados como bens 
móveis) 
I - as energias que tenham valor econômico; (energia elétrica) 
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; (ex.: penhor) 
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. (os direitos autorais reputam-
se, para os efeitos legais, como bens móveis. Uma ação de indenização para ressarcir dano moral e/ou 
material a direito autoral). 
IMPORTANTE: Segundo Tartuce, “Os navios e aeronaves são bens móveis especiais ou sui generis. Apesar 
de serem móveis pela natureza ou essência, são tratados pela lei como imóveis, necessitando de registro 
especial e admitindo hipoteca. Justamente porque pode recair também sobre navios e aviões, pelo seu caráter 
acessório e pelo princípio de que o acessório deve seguir o principal, a hipoteca, direito real de garantia, pode 
ser bem móvel ou imóvel.” (Manual de direito civil: volume único. Flávio Tartuce. 8.ed.rev,atual.e ampl. – 
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018. Pág. 213) 
• QUANTO À FUNGIBILIDADE – (Se o bem pode ou não ser substituído) 
A. BENS INFUNGÍVEIS – São os bens que possuem natureza insubstituível. Não podem ser substituídos 
por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade. A fungibilidade do bem deriva de sua própria 
natureza. (Um quadro de Portinari não pode ser substituído em razão de sua qualidade 
individual. Os bens infungíveis são chamados de personalizados ou individualizados). Ex.: Bens 
imóveis – sempre infungíveis. São personalizados. Possuem registro. Bens móveis infungíveis – uma 
obra de arte única; a edição rara de um livro; um touro premiado. 
Obs.: AUTOMÓVEIS – são considerados bens INFUNGÍVEIS por terem número de identificação (chassi). 
OBS.: No caso de empréstimo de bem infungível, há contrato de COMODATO. Chama-se comodante o que 
empresta e comodatário o que pega emprestado. 
B. BENS FUNGÍVEIS – ART. 85, CC - são os bens móveis que podem ser substituídos por outros da 
mesma espécie, qualidade e quantidade. Ex.: café, soja, minério de carvão, dinheiro, etc. 
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e 
quantidade. 
Obs.: No caso de empréstimo de bem fungível, tem-se MÚTUO, como o empréstimo de dinheiro. 
• QUANTO À CONSUNTIBILIDADE – 
A. BENS CONSUMÍVEIS –Art. 86 CC 
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância 
(consumíveis de fato), sendo também considerados tais os destinados à alienação(consumíveis de direito). 
Ocorre quando o bem móvel está sujeito à alienação. Ex.: carro na garagem de uma casa – bem 
inconsumível. Carro na agência para vender – consumível. 
Ex.: Consumíveis de fato – alimentos; Consumíveis de direito – (se o bem pode ou não ser objeto consumo, 
ou seja, se pode ou não ser alienado) 
Obs.: ALIENAR - transferir para outrem o domínio ou a propriedade de; alhear. 
B. BENS INCONSUMÍVEIS – são os bens que suportam uso continuado, reiterado, sem destruição 
imediata de sua substância, ainda que possa se destruir com o passar do tempo. Ex.: carro, roupa, 
panela, sofá, mesa. 
• QUANTO Á DIVISIBILIDADE – 
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição 
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. 
A) BENS DIVISÍVEIS - são os bens que podem ser fracionados em porções reais e distintas, formando 
cada qual um todo perfeito. Ex: saca de feijão. Pode ser dividida sem qualquer destruição. 
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por 
vontade das partes. 
B) BENS INDIVISÍVEIS – são os bens em que não se pode fracionar ou dividir, sob pena de não se 
formar um todo perfeito. Ex.: automóvel, livro. 
• QUANTO Á INDIVIDUALIDADE - 
A. BENS SINGULARES – são aqueles que, por si só, representam um valor patrimonial. São os bens 
considerados em sua individualidade, representado por uma unidade autônoma. Ex: um livro, uma 
casa, um boi. 
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos 
demais. 
Obs.: Segundo Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona Filho, os bens singulares são divididos em SIMPLES 
(quando as partes que o compõem encontram-se ligadas naturalmente) ou COMPOSTOS (quando a coesão 
de seus componentes se dá por ato humano). Ex.: Simples – uma árvore, um cavalo. Composto – um relógio, 
um avião. 
B. BENS COLETIVOS OU UNIVERSAIS – são os bens que, por serem compostos de vários bens 
singulares, formam um todo homogêneo. Ex.: O gado formado por diversos bois; uma floresta; uma 
biblioteca. 
A UNIVERSALIDADE PODE SER DE FATO – art. 90 CC – que consiste na pluralidade de bens 
singulares, reunidos pela vontade humana, com destinação comum. Ex.: rebanho, biblioteca. 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à 
mesma pessoa, tenham destinação unitária. 
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações 
jurídicas próprias. 
A UNIVERSALIDADE PODE SER DE DIREITO – art. 91 CC - é o complexo de relações jurídicas dotadas 
de valor econômico. Ex.: O patrimônio de uma pessoa física ou jurídica é uma universalidade de direito, da 
mesma forma que a herança, o espólio e a massa falida. 
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, 
dotadas de valor econômico. 
Obs.: Massa falida: Conjunto de bens e obrigações de uma empresa que faliu. Deve-se vender os bens para 
os credores, é considerado uma coisa só. 
• QUANTO À DEPENDÊNCIA EM RELAÇÃO A OUTRO BEM (BENS RECIPROCAMENTE 
CONSIDERADOS) 
A. BENS PRINCIPAIS – Art. 92, 1ª parte do CC - São os bens que existem por si mesmo, que têm 
existência própria. Ex.: O solo, a árvore em relação ao fruto. 
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja 
existência supõe a do principal. 
B. BENS ACESSÓRIOS – ART. 92, 2ª parte do CC – São os bens cuja existência e finalidade dependem 
de outro bem (principal). 
IMPORTANTE: Nos imóveis, o solo é o principal, sendo acessório tudo aquilo o que nele se incorporar 
permanentemente. Nos bens móveis, principal é aquele para a qual as outras se destinam, para fins de uso, 
enfeite ou complemento, uma joia, a pedra é acessório do colar. 
 
IMPORTANTE: Princípio Geral do Direito Civil – PRINCÍPIO DA GRAVITAÇÃO JURÍDICA – 
 
Os bens acessórios podem ser de vários tipos: 
• Frutos: São as utilidades que a coisa principal periodicamente produz e cuja percepção não diminui a sua 
substância. Ex.: café, cereais, frutos das árvores, crias dos animais, etc. 
Os frutos, quanto à origem, podem assim se classificar, de acordo com Gonçalves (2012): 
1. FRUTOS NATURAIS – são aqueles que decorrem da essência da coisa principal. São os que se 
desenvolvem e se renovam periodicamente, em virtude da força orgânica da própria natureza. Ex.: Frutos 
produzidos por uma árvore, cria dos animais 
2. FRUTOS INDUSTRIAIS - são os que aparecem pela mão do homem, isto é, os que surgem em razão da 
atuação do homem sobre a natureza. Ex. São os bens manufaturados. A produção de uma fábrica. 
3. FRUTOS CIVIS - são os rendimentos produzidos pelo bem, em virtude de sua utilização por outrem que 
não o proprietário. Decorrem de uma relação jurídica de natureza privada. Ex.: Os juros, aluguéis. 
 
• Produtos: São os bens acessórios que saem da coisa principal, diminuindo-lhe a quantidade e que não se 
renovam. Ex.: pepita retirada de uma mina, petróleo. 
 
• Pertenças – Art. 93 do CC: São os bens móveis que são afetados de forma duradoura ao uso, serviço ou 
aformoseamento de outro bem, sem que sejam considerados suas partes integrantes. Assim, 
as pertenças conservam a sua identidade e não se incorporam à coisa a que se juntam. Ex.: um trator 
destinado a uma melhor exploração da propriedade agrícola; os objetos de decoração de uma residência. 
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo 
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. 
ATENÇÃO!!! AS PERTENÇAS NÃO SÃO BENS ACESSÓRIOS E NÃO SEGUEM A REGRA DA 
GRAVITAÇÃO JURÍDICA. ASSIM, CASO O LOCADOR TENHA A INTENÇÃO DE ALUGAR SEU 
IMÓVEL COM TODOS OS BENS TIDOS COMO PERTENÇAS, PODERÁ FAZÊ-LO DESDE QUE 
EXPRESSAMENTE. 
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo 
se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. 
• Benfeitorias: São obras ou despesas realizadas pelo homem na estrutura da coisa principal, com o 
propósito de conservá-la (benfeitorias necessárias), melhorá-la (benfeitorias úteis) ou embelezá-la 
(benfeitorias voluptuárias). 
1. BENFEITORIAS NECESSÁRIAS - são essenciais ao bem principal e têm por fim conservar o bem 
ou evitar que se deteriore. Em locação de imóvel urbano: sempre indenizada, mesmo sem ter sido 
autorizada. Ex.: O conserto de infiltrações em uma casa, o reparo de um telhado. 
 
2. BENFEITORIAS ÚTEIS - são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa, tornando-a mais útil. 
Tem de ser autorizada para ser indenizada. Ex.: a construção de uma garagem, a instalação de grades 
protetoras nas janelas ou o fechamento de uma varanda são benfeitorias úteis, porque tornam o 
imóvel mais confortável, seguro ou ampliam sua utilidade. 
 
PS: As benfeitorias necessárias dão direito de retenção, já as uteis só se forem autorizadas. 
 
3. BENFEITORIAS VOLUPTUÁRIAS - são as de mero deleite ou recreio, que não facilitam o uso da 
coisa, mas que o tornam mais agradável. Não serão indenizadas, podendo ser levantadas pelo locatário 
ao fim do contrato, desde que sua retirada não afeta a estrutura nem a substancia do imóvel. Ex.: 
Colocar papel de parede nos quartos; as obras de jardinagem, de decoração ou alterações meramente 
estéticas. 
 
IMPORTANTE: A classificação das benfeitorias em necessárias, úteis ou voluptuárias não tem caráter 
absoluto, dependendo de análise casuística, pois uma mesma benfeitoria pode enquadrar-se em uma ou outra 
espécie, dependendo das circunstâncias. 
 
Ex.: Uma piscina em uma escola de natação é benfeitoria necessária. Já em uma residência, é benfeitoria 
voluptuária. 
 
PARTES INTEGRANTES: Maria Helena Diniz conceitua as partes integrantes como bens acessórios 
que se apresentam unidos aobem principal, formando com este último um todo independente 
(DINIZ, Maria Helena. Código Civil anotado . 15. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010). 
 As partes integrantes, assim, são desprovidas de existência material própria, embora mantenham sua 
integridade. Devem ser sempre analisadas levando em conta um outro bem. Incorporam-se ao bem principal 
para tornar possível o seu uso. São, dessa forma, bens que estão umbilicalmente ligados ao principal que, se 
forem separados do bem principal, este restaria incompleto 
Exemplos citados por Maria Helena Diniz: a lâmpada em relação ao lustre e a lente de uma câmera 
filmadora. Ambas – lâmpada e lente – não possuem a mesma funcionalidade se não estiverem ligadas ao 
principal – lustre e câmera. Outros exemplos: os pneus de um carro e as telhas de uma casa. 
ATENÇÃO: NÃO SE DEVE CONFUNDIR PERTENÇAS E PARTES INTEGRANTES! 
No livro “Código Civil para Concursos”, faz-se a seguinte observação: 
“Pertenças são bens que conservam sua individualidade e autonomia, mas encontram-se subordinados ao 
principal por razoes socioeconômicas ( uso, ao serviço ou ao aformoseamento), sem que exista algum tipo de 
incorporação àquele, como ocorre com as máquinas agrícolas e os animais de uma fazenda, aparelhos de ar 
condicionado, equipamentos de segurança eletrônica, elevadores, objetos de decoração, instalados em uma 
residência. Tradicionalmente são bens móveis, mas não há restrição a que sejam imóveis, desde que assim 
conste no registro imobiliário. Além disso, a relação de pertencialidade não desaparece quando 
transitoriamente ocorrer distanciamento do bem principal, uma vez que o vínculo estabelecido ocorre de ato 
de vontade do proprietário. Desse modo, os bens que se consubstanciam em pertenças podem ser removidos 
temporariamente para fins de limpeza, reparos ou manutenção preventiva, por exemplo.” (Código Civil para 
Concursos, 7.ed.rev.amp. e atual.-Salvador:Juspodivm, 2018, págs. 186 e 187). 
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo 
se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. 
Os acessórios, caso as partes não disponham em sentido contrário, seguirão o bem principal. As pertenças, por 
sua vez, conforme enuncia o artigo, estarão fora da negociação, a não ser que sejam mencionadas. Exemplo: 
Compra de uma fazenda. Os tratores que a compõem, para estarem incluídos, será necessária menção expressa. 
Já os celeiros, por serem bens acessórios, estão inclusos automaticamente. 
IMPORTANTE: BENFEITORIAS – 
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a 
intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. É imprescindível, para configurar benfeitoria, que os 
acréscimos ou melhoramentos sejam decorrentes de participação humana voluntária, e não decorrentes de 
eventos naturais. 
CUIDADO! Não se deve confundir benfeitorias com pertenças, já que as benfeitorias são introduzidas por 
quem não é proprietário e as pertenças são introduzidas por aquele que tem o domínio. 
- AS BENFEITORIAS E TUTELA DA POSSE - 
Art. 1.219, CC. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, 
bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem 
detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e 
úteis. 
Art. 1.220, CC. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe 
assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. 
- LEI DE LOCAÇÃO – LEI 8.245/1991 
Das benfeitorias 
Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias 
introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que 
autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. 
Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, 
finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel. 
- SÚMULA 335 DO STJ - Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das 
benfeitorias e ao direito de retenção.

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