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Exemplo de Sentença Condenatória - Aplicação e Dosimetria da Pena

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Exemplo de sentença condenatória – aplicação e dosimetria da pena - Furto Qualificado – art. 155, §4º, CP.
Vistos etc. I - RELATÓRIO: Trata-se de ação penal proposta em face de XXXXXXXXXX, vulgo XXXXXXX, imputando-lhe, a prática da
conduta descrita no artigo 155, §4º, inciso I, do Código Penal, porque: ´No dia 01 de Fevereiro de 2014, em horário que não se
pode precisar, mas certo que antes das 16 horas, no interior da residência situada na Rua Principal de Lagoinha, s/nº, São João da
Barra, o denunciado, mediante destruição de obstáculo, ao passo que arrombou duas janelas da casa para conseguir entrar,
subtraiu um aparelho DVD da marca Inovox, um rádio portátil da marca Sony, um par de tênis da marca Asics, um chinelo Nike,
um relógio da marca Invicta, uma bolsa térmica da Itaipava, tudo de propriedade de Gustavo Rangel Silva. Restou apurado que o
denunciado, invadiu a casa de veraneio, mediante arrombamento, logrando êxito em subtrair os bens descritos alhures. Insta
registrar que Policiais Militares em diligências, obtiveram informações de populares que o denunciado estaria praticando vários
furtos naquela região. Assim, os milicianos dirigiram até a residência do denunciado, sendo autorizada a entrada pela mãe deste,
logrando apreender parte da res furtada da vítima. Registra-se que o denunciado confessou em sede policial a prática do crime.´
Pediu o parquet, em sua inicial, fosse julgada procedente a pretensão punitiva estatal, com a consequente condenação do Réu.
Registro de Ocorrência às fls. 03/05, declarações às fls. 06/07. Auto de apreensão às fls. 08/10 e de depósito às fls. 44/45. Laudo
de avaliação indireta dos bens às fls. 42. CAC do acusado à fl. 65. FAC do Réu às fls. 66/69. A denúncia foi recebida em
19/04/2017, conforme decisão de fl. 54. Devidamente citado (fls. 59), o Réu apresentou defesa prévia à fl. 70, alegando, em
síntese, que não praticou o delito. Manifestou-se o Ministério Público às fls. 71. Foi ratificado o recebimento da denúncia em
decisão de fls. 72. A vítima foi ouvida através de Carta Precatória, conforme fls. 83/5. Realizada audiência de Instrução e
Julgamento, nos termos da assentada de fls. 89, foi colhido o depoimento de uma testemunha de acusação e realizado o
interrogatório do réu, conforme mídia de fls. 90 O Ministério Público apresentou alegações finais às fls. 95/99 almejando a
condenação do Réu nas penas do Art. 155, §4º, I, do CP. A defesa do acusado apresentou alegações finais às fls. 100/107,
requerendo a absolvição do acusado por aplicação do princípio da insignificância, e na hipótese de condenação, o
reconhecimento do crime na forma tentada, o afastamento da qualificadora e ao reconhecimento da atenuante da confissão
espontânea. É o relatório.
Decido. II - FUNDAMENTAÇÃO: O processo comporta julgamento de mérito, eis que presentes os pressupostos processuais e as
condições para o exercício do direito de ação. Materialidade comprovada pelo Registro de Ocorrência às fls. 03/05, pelo auto de
apreensão às fls. 08/10, pelo Laudo de avaliação indireta dos bens às fls. 42, bem como pelos depoimentos prestados pela vítima e
pela testemunha arrolada pela acusação, conforme termo de depoimento de fls. 85 e 90, mídia de fls. 91. No mesmo sentido, a
autoria também é incontestável, uma vez que os depoimentos colhidos sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, somados aos
demais elementos dos autos, não deixam dúvidas acerca da autoria delitiva. Nessa cadência, o ofendido, declarou em seu
depoimento que a casa em que ocorreram os fatos havia sido arrombada, e levados os pertences; que arrombaram a janela dos
fundos, quebraram o vidro e conseguiram abrir; que levaram, roupa, tênis, sandália, alimentos, DVD, tudo que tinha na casa; que o
tênis foi achado na casa do acusado; que à época dos fatos, comentaram que o ladrão era um tal de Léo; que se dirigiu até a
delegacia e foram encontrados o tênis e o aparelho DVD. Outrossim, a testemunha YYYYYYYYY, policial militar, afirmou que estava de
serviço, e recebeu chamado para atender uma ocorrência de furto, que se dirigiu até a casa do acusado, que a mãe dele abriu a porta
e lá foi achado parte dos pertences furtados, que a vítima reconheceu os bens, que o tênis da vítima foi achado no quarto do
acusado, que o acusado era conhecido da guarnição. Insta salientar que, não deve ser reconhecida qualquer mácula no depoimento
do Policial Militar, já que em consonância com as demais provas colhidas nos autos, e, desta forma, forçosa a incidência da súmula 70
do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. As provas produzidas na instrução não deixam qualquer dúvida de que o réu foi o autor do
furto em questão. Os depoimentos coerentes e harmônicos entre si levam ao juízo de certeza necessário para um decreto
condenatório. Ademias, o acusado, confessou em seu interrogatório o furto nos termos narrados na denúncia. Diante desse
contexto, reputo comprovada a autoria do acusado. A tese defensiva que busca o reconhecimento do princípio da insignificância não
pode ser acolhida, posto que os bens apreendidos, ultrapassam o valor de R$800,00 (oitocentos reais -laudo de fls. 42), quantia que
não pode ser considerada insignificante para grande parcela da população. Ademais, no tocante a aplicação da modalidade tentada
para o crime em questão como pretende a defesa do acusado em suas alegações finais, entendo que a mesma não merece ser
reconhecida, isto porque o furto restou consumado, haja vista que, como é cediço o delito se consuma tão logo a coisa subtraída saia
da esfera de proteção e disponibilidade da vítima, entrando na do agente, o que aconteceu no caso, isto porque o réu foi abordado
por policiais após a subtração dos bens em sua casa.
Nesse diapasão, no caso em análise, a res furtiva esteve por período de tempo razoável na posse mansa e tranquila do
acusado, fora da esfera de vigilância da vítima Com relação à qualificadora referente ao rompimento de obstáculo, verifica-se
que restou comprovada pelo depoimento da vítima em Juízo, apesar de não haver laudo de rompimento de obstáculo nos
autos, que demonstra a materialidade do rompimento, motivo pelo qual forçoso reconhecer a incidência da qualificadora
prevista no inciso I, do §4º do art. 155 do Código Penal. Quanto à tese defensiva de furto privilegiado, verifico que assiste
razão a defesa. Considerando que o acusado é tecnicamente primário e o valor total do produto furtado, seja R$800,00
(fl.42), não alcançar o valor de 1 salário-mínimo, enquadro o mesmo na hipótese de furto privilegiado. Cumpre ressaltar que
não há qualquer óbice quanto à possibilidade de se reconhecer o furto privilegiado em concomitância com o furto
qualificado, pois nesse sentido posicionou o Superior Tribunal de Justiça ao editar o Enunciado nº 511, que assim dispõe: ´É
possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º. do art. 155 do CP nos casos de furto qualificado, se estiverem
presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.´ Na falta de qualquer
circunstância excludente de ilicitude ou de culpabilidade, reputo o réu XXXXXXXXXX incurso nas penas do art. 155, §4º, I, do
Código Penal.
III - DISPOSITIVO: Isto posto, JULGO PROCEDENTE a pretensão punitiva estatal e CONDENO, como condenado tenho, o
acusado XXXXXXXXXXX, como incurso nas penas do artigo 155, §4º, inciso I, ambos do Código Penal. Passo a dosar-lhe a
pena. 1ª Etapa: O acusado Leonardo agiu com dolo normal para o tipo do crime de furto qualificado. Atento à diretriz do
art. 59 do Código Penal, verifico que o acusado é tecnicamente primário (FAC de fls. 66/69). Nada restou apurado com
relação à personalidade do Réu. As circunstâncias e consequências do crime são próprias da figura típica reconhecida.
Dentro desse contexto, fixo a pena-base no mínimo legal em 02 (dois) anos de reclusão e 10 (dez) dias-multa. 2ª Etapa: Não
há circunstâncias agravantes a serem analisadas. Em favor do acusado a circunstância atenuante da confissão espontânea,
que não altera a pena, já fixada nomínimo legal. 3ª Etapa - Considerando tratar-se de réu primário e ser de pequeno valor a
soma dos produtos furtados, faço incidir a causa de diminuição da pena para a hipótese de furto privilegiado. Neste
contexto, reduzo a pena base fixada em 2/3, tornando-a definitiva a pena privativa de liberdade 8 meses de reclusão.
Tendo em vista que nada restou apurado quanto a situação econômica do réu, fixo o valor do dia-multa no mínimo legal
previsto no §1º do art. 49 do Código Penal, seja um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato,
devidamente corrigido, na forma do §2º do dispositivo legal supracitado. A pena deverá ser cumprida desde o início em
regime aberto, conforme autoriza o §2º, ´c´, do art. 33 do Código Penal. Tendo em vista que o apenado XXXXXXXXXX
preenche os requisitos do art. 44 do Código Penal (crime sem resultar violência ou grave ameaça contra a pessoa),
substituo a pena privativa de liberdade ora imposta por uma restritiva de direitos, aplicando ao réu, nos termos do §2º,
parte final, do art. 44 e dos arts. 45, 46 e 48 todos do Código Penal, a penas de prestação de serviço à comunidade,
devendo o réu realizar as atividades laborais determinadas pelas entidades indicadas pela CPMA . Face às penas aplicadas,
não há sentido em alterar o estado de liberdade do acusado, motivo pelo qual concedo-lhe o direito de recorrer em
liberdade. Fica o condenado sujeito ao pagamento das custas processuais. A multa fixada permanece devida integralmente.
Após o trânsito em julgado, expeça-se carta de sentença para execução das penas restritivas de direito ora impostas. Deixo
de fixar indenização mínima em prol do ofendido, tendo em vista que mais de 90% dos objetos furtados forma recuperados.
Intime-se a vítima para ciência do inteiro teor do julgado, como determina a Lei Adjetiva Penal. Publique-se, intimem-se e
comuniquem-se.

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