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O sangue é um fluido de tonalidade vermelha brilhante a escura, viscoso, levemente alcalino, responsável por aproximadamente 7% do peso corporal. As numerosas funções do sangue incluem: 1. Suprimento de nutrientes, metabólitos e de oxigênio direta ou indiretamente às células 2. Transporte de produtos de degradação e dióxido de carbono a partir das células 3. Transporte de hormônios e outras substâncias reguladoras para as células e os tecidos 4. Manutenção da homeostasia, atuando como tampão para o equilíbrio acidobásico, participando na coagulação e na termorregulação, e atuando no equilíbrio osmótico dos líquidos corporais 5. Transporte de agentes humorais e células do sistema imune que protegem o organismo dos agentes patogênicos, de proteínas estranhas e de células transformadas. O plasma é uma solução aquosa que contém componentes de pequeno e de elevado peso molecular, que correspondem a 10% do seu volume. As proteínas plasmáticas correspondem a 7% e os sais inorgânicos, a 0,9%, sendo o restante formado por componentes orgânicos diversos, tais como aminoácidos, vitaminas, hormônios e glicose. As principais proteínas do plasma são: - Albuminas: Produzida no fígado, ela é responsável por exercer o gradiente de concentração entre o sangue e o líquido extracelular tecidual, ou líquido tissular. A albumina também atua como proteína transportadora; liga-se a hormônios, metabólito e fármacos e os transporta. - As alfa, beta e gamaglobulinas: As γ-globulinas, conhecidas como imunoglobulinas, correspondem ao maior componente da fração de O sangue é um tipo especial de tecido conjuntivo constituído por glóbulos. Células do sangue PLASMA globulina e atuam como anticorpos, uma classe de moléculas funcionais do sistema imune secretadas pelos plasmócitos. Já as globulinas não imunes (α- globulinas e β-globulinas), secretadas pelo fígado, ajudam a manter a pressão osmótica dentro do sistema circulatório e atuam como proteínas transportadoras para várias substâncias. Os reticulócitos consistem em eritrócitos imaturos, que acabaram de ser formados na medula óssea vermelha e foram encaminhados para a corrente sanguínea. Essas células contêm ainda certa quantidade ribossomos, os quais, quando corados, apresentam uma cor azulada devido à basofilia do RNA. Certos corantes, como o azul brilhante de cresil, precipitam o RNA, dando origem a uma delicada rede de material basófilo, que aparece bem corado em azul. Os eritrócitos ou hemácias dos mamíferos são células anucleadas desprovidas de organelas típicas. Funcionam apenas dentro da corrente sanguínea, na qual ligam o oxigênio para o seu suprimento aos tecidos e, em troca, ligam o dióxido de carbono para a sua remoção dos tecidos. A concentração normal de eritrócitos no sangue é de aproximadamente 4 a 5,4 milhões por microlitro (mm3), na mulher, e de 4,6 a 6 milhões por microlitro, no homem. MATURAÇÃO Durante a maturação na medula óssea, o eritrócito perde o núcleo e as outras organelas, não podendo renovar suas moléculas. O tempo de vida dos eritrócitos é de aproximadamente 120 dias. Contudo, a medula óssea produz continuamente novos eritrócitos para repor as células perdidas. ENVELHECIMENTO As hemácias envelhecidas (cerca de 90%) são, em sua maioria, fagocitados por macrófagos no baço, na medula óssea e no fígado. O restante elas (por volta de 10%) são degradados no meio intravascular. Se uma quantidade significativa de albumina extravasar dos vasos sanguíneos para o tecido conjuntivo frouxo ou for perdida do sangue para a urina nos rins, a pressão coloidosmótica do sangue diminui, e ocorre acúmulo de líquido nos tecidos, observado como um edema (tal aumento no líquido tecidual é mais facilmente observado pelo edema dos tornozelos no final do dia). Anemias: Baixa concentração de hemoglobina no sangue, ou pela presença de hemoglobina não funcional, o que resulta em oxigenação reduzida para os tecidos. Muitas vezes, a anemia é consequência de uma diminuição no número de eritrócitos. No entanto, o número de eritrócitos pode ser normal, mas cada um deles conter pouca hemoglobina. As anemias podem ser causadas por: (1) hemorragia; (2) produção insuficiente de eritrócitos pela medula óssea; (3) produção de eritrócitos com pouca hemoglobina; (4) destruição acelerada dos eritrócitos. Os sintomas comuns de anemia consistem em fraqueza, fadiga e perda de energia, dispneia, cefaleias frequentes, dificuldade de concentração, confusão mental, tontura, cãibras de perna, insônia e palidez. RETICULÓCITOS HEMÁCIAS O formato discoide do eritrócito facilita a troca gasosa, visto que um maior número de moléculas de hemoglobina fica mais próximo da membrana plasmática do que ficariam em uma célula esférica. Seu formato é mantido por proteínas estruturais do citoesqueleto e ligadas à membrana da hemácia. Os leucócitos são células incolores, nucleadas, de forma esférica quando em suspensão no sangue, responsáveis pela defesa celular e imunidade do organismo. São originados a partir de células-tronco hematopoiéticas na medula óssea ou em tecidos linfoides e permanecem temporariamente no sangue. Os leucócitos estão divididos morfologicamente em dois grupos: • Granulócitos: Possuem grânulos específicos por todo o citoplasma além de apresentarem a forma do núcleo irregular. Além dos grânulos específicos, essas células contêm grânulos azurófilos, que se coram em púrpura, e são lisossomos. Representados pelos neutrófilos, basófilos e eosinófilos. • Agranulócitos: Possuem poucos ou quase nenhum grânulo específicono seu citoplasma e possuem um núcleo com forma única, conferindo-lhe a classificação de mononucleares. Podem apresentar grânulos azurófilos, inespecíficos, presentes também em outros tipos celulares. Dentre os agranulócitos, temos os linfócitos e os monócitos. Os neutrófilos, também chamados de leucócitos polimorfonucleares, são os mais numerosos dos leucócitos, compreendendo de 60% a 70% da população total de leucócitos. Além dos grânulos específicos, essas células contêm grânulos A anemia falciforme é uma doença autossômica recessiva, causada pela mutação de um nucleotídeo no gene para a cadeia β da globina (um ácido glutâmico é trocado por uma valina). A hemoglobina com a valina incorporada, quando desoxigenada, polimeriza-se, fazendo com que o eritrócito adquira um aspecto de foice. Esse eritrócito não tem flexibilidade, é frágil e tem vida curta. O sangue torna-se mais viscoso, e o seu fluxo pelos capilares é prejudicado, com consequente deficiência de oxigênio para os tecidos e coagulação sanguínea. Essa doença prevalece entre os afrodescendentes, cujos antepassados viviam em regiões onde a malária era endêmica. NEUTRÓFILOS LEUCÓCITOS azurófilos, que se coram em púrpura, e são lisossomos. Representados pelos neutrófilos, basófilos e eosinófilos. Possuem poucos ou quase nenhum grânulo específicono seu citoplasma e possuem um núcleo com forma única, conferindo-lhe a classificação de mononucleares. Podem apresentar grânulos azurófilos, inespecíficos, presentes também em outros tipos celulares. Dentre os agranulócitos, temos os linfócitos e os monócitos. Os neutrófilos atuam na fagocitose e destruição de bactérias e fungos usando o conteúdo de seus diversos grânulos. Na circulação sanguínea, os neutrófilos não realizam fagocitose. Somente após saírem do vaso por diapedese e atingirem o tecido adjacente é que irão emitir pseudópodes, englobar os microrganismos e realizar fagocitose. Durante o processo de fagocitose ocorre um aumento no consumo de oxigênio pela célula com finalidade de produzir peróxido de hidrogênio (H2O2) e ânions superóxido (O2), ambos com alto poder microbicida. Oneutrófilo é uma célula em estágio final de diferenciação, realizando uma síntese proteica muito limitada. Apresenta poucos perfis do retículo endoplasmático granuloso, raros ribossomos livres, poucas mitocôndrias e complexo de Golgi rudimentar. Os eosinófilos são granulócitos menos numerosos, encontrados de 1% a 3% do total de leucócitos. Essas cé- lulas têm aproximadamente o mesmo tamanho dos neutrófilos, ou são ligeiramente maiores, possuem a forma do núcleo bilobulado, o citoplasma repleto de grânulos ovoides que tem afinidade pelo corante eosina, caracterizando dessa forma os grânulos de cor rósea ou alaranjado. Essas granulações são maiores do que as dos neutrófilos, medindo de 0,5 a 1,5 μm. Nos eosinófilos, o retículo endoplasmático, as mitocôndrias e o complexo de Golgi são pouco Os neutrófilos constituem a primeira linha de defesa do organismo, fagocitando, matando e digerindo bactérias, fungos e células mortas. O aumento do número de neutrófilos é denominado neutrofilia e frequentemente indica uma infecção bacteriana. Uma forma de neutrofilia benigna, no entanto, frequentemente está associada a estresse, exercício físico intenso ou ingestão de certos medicamentos à base de epinefrina e cortisona. A diminuição do número de neutrófilos denomina-se neutropenia e frequentemente é causada por tratamento farmacológico prolongado ou infecção viral. EOSINÓFILOS desenvolvidos. O conteúdo do grânulo específico é composto principalmente de um cristaloide, o internum, que é uma proteína básica, rica em arginina, que constitui 50% das proteínas do grânulo e é responsável por sua acidofilia. Esta proteína também é responsável pela defesa contra parasitas da doença de Chagas e da esquistossomose. Eosinófilos são ativados por interações com os anticorpos dos tipos IgG, IgA ou IgA secretora. A liberação de algumas substâncias pelos eosinófilos nos locais de reação alérgica modera os efeitos potencialmente deletérios dos mediadores vasoativos inflamatórios. O eosinófilo também participa de outras respostas imunológicas e fagocita os complexos de antígeno-anticorpo. Por conseguinte, a contagem de eosinófilos em amostras de sangue de indivíduos com alergia e infecções parasitárias geralmente está elevada, caracterizando o estado de eosinofilia. Os eosinófilos desempenham também importante papel na defesa contra parasitos helmínticos. Os corticosteroides (hormônios da camada cortical da adrenal induzem uma queda imediata na concentração de eosinófilos no sangue e nos locais de inflamação. Esses hormônios retardam a passagem dos eosinófilos da medula óssea, onde são produzidos, para a corrente sanguínea. Os basófilos constituem menos de 2% do total da população de leucócitos. São células que apresentam um núcleo volumoso, com forma retorcida e irregular, geralmente com o aspecto da letra S. O citoplasma é carregado de grânulos que se coram em corantes básicos e que são maiores do que os dos outros granulócitos, de modo que muitas vezes obscurecem o núcleo. Os basófilos são um tipo de glóbulo branco do sangue que desempenha algum papel na vigilância imunológica (como a detecção e destruição de cânceres em estágio muito inicial) e no reparo de feridas. Os basófilos podem liberar histamina e outros mediadores e participam do início das reações alérgicas. A membrana plasmática dos basófilos, assim como a dos mastócitos, apresenta receptores para IgE. O antígeno, ao se ligar à imunoglobulina IgE, provoca a extrusão dos grânulos dos basófilos de maneira semelhante ao que ocorre com os mastócitos, desencadeando uma reação anafilática em processos alérgicos. Os eosinófilos não são células especializadas para a fagocitose de microrganismos. Sua atividade defensiva é realizada pela liberação seletiva do conteúdo de seus grânulos para o meio extracelular e pela fagocitose e destruição de complexos antígeno-anticorpo. BASÓFILOS Os monócitos são as maiores células circulantes do sangue (15 a 22 μm de diâmetro nos esfregaços sanguíneos), e constituem de 3% a 8% da população dos leucócitos. Eles possuem um grande núcleo excêntrico, em formato de rim ou ferradura, o qual frequentemente tem uma aparência sabão”, e cujas extensões semelhantes a lóbulos parecem sobrepor-se uma as outras. O monócito faz parte do sistema mononuclear fagocitário ou sistema histiocitário. Para tal, após ser diferenciado na medula óssea, o monócito irá para o sangue circulante, permanecendo por apenas alguns dias e então, por diapedese, chegará aos tecidos, onde se diferenciará em macrófago. Os macrófagos fagocitam partículas estranhas e indesejáveis, produzem citocinas que são necessárias nas respostas inflamatórias e imunológicas e atuam na apresentação de antígenos aos linfócitos T para o seu reconhecimento. O aumento do número de monócitos circulantes denomina-se monocitose e pode sinalizar uma doença hematológica (como a leucemia mielomonocítica crônica), infecção causada por alguns tipos de bactérias e parasitas ou doença autoimune. A diminuição do número de monócitos circulantes, denominada monocitopenia, é raramente observada, podendo ser ocasionada pelo tratamento com corticosteroides Os linfócitos representam de 18 a 42% do total dos leucócitos, possui uma forma esférica de tamanho variável (diâmetro entre 6 e 8 μm), pouco citoplasma e um núcleo esférico que acompanha a forma da célula. Sua cromatina se dispõe em grumos grosseiros, de modo que o núcleo aparece escuro nos preparados usuais, característica que favorece a identificação do linfócito. Pode ocorrer uma diminuição do número dos basófilos (basopenia) como resposta tireotoxicose, reações de hipersensibilidade aguda e infecções. Em muitos casos de urinária há uma diminuição no número de basófilos na circulação sanguínea. Pode ocorrer um aumento do número de basófilos (basofilia) em pessoas com hipotireoidismo. Nas neoplasias mieloproliferativas (policitemia vera e mielofibrose), pode ocorrer um aumento considerável do número de basófilos. MONÓCITOS LINFÓCITOS São células pobres em organelas citoplasmáticas, contendo moderada quantidade de ribossomos livres, os quais atribuem ao citoplasma basofilia discreta, corando-se em azul claro. Os linfócitos são responsáveis pela defesa imunológica do organismos. Eles reconhecem moléculas estranhas existentes em diferentes agentes infecciosos, combatendo-as por meio de resposta humoral (produção de imunoglobulinas) e resposta citotóxica mediada por células. O tempo de sobrevivência dos linfócitos é muito variável; alguns vivem apenas alguns dias, enquanto outros vivem durante muitos anos.a maioria dos linfócitos encontrados no sangue ou na linfa representam células imunocompetentes recirculantes, isto é, células que desenvolveram a capacidade de reconhecer e de responder a antígenos e que estão em trânsito de um tecido para outro. Linfócitos T Representam 80% dos linfócitos circulantes, apresentam um longo tempo de sobrevivência e são assim denominados porque sua diferenciação ocorre no timo. Os linfócitos T podem ser do tipo citotóxico (ou “killer”) com atividade fagocitária e promoção da defesa celular direta (imunidade celular) ou, podem ser do tipo “helper” com atividade de reconhecimento de antígeno, participando da parte inicial do processo de defesa humoral (ou imunidade tardia), promovendo a ativação dos linfócitos B. Linfócitos B Constituem 15% dos linfócitos circulantes e são as células responsáveis pela imunidade tardia – quando em contato com os antígenos (superfície das bactérias ou do vírus), eles são ativados e se diferenciam em plasmócitos que irão produzir anticorpos específicos para combater os antígenos presentes nos microrganismos.Apresentam tempo de sobrevida variável. Linfócitos NK As células NK (natural killer) destroem células infectadas por vírus ou parasitas e células tumorais, sem prévia estimulação, ou seja, possuem uma resposta inata, diferente dos linfócitos T, cuja resposta é adquirida. As plaquetas são fragmentos anucleados com forma de pequenos discos, medindo cerca de 2 a 4 μm de diâmetro, derivados de células gigantes e indiferenciadas da medula óssea, os megacariócitos. São as principais responsáveis pelo processo de coagulação sanguínea e reparação da parede dos vasos sanguíneos, evitando perda de sangue. Normalmente, existem de 150 mil a 450 mil plaquetas O aumento do número de linfócitos no sangue denomina-se linfocitose e frequentemente está associado a infecções virais; nesses casos, há um aumento de linfócitos com diâmetro maior e cromatina menos condensada. Na leucemia linfoide crônica há linfocitose, mas estas células são pequenas e se rompem facilmente na confecção do esfregaço sanguíneo, gerando um aspecto “borrado”. O número reduzido de linfócitos denomina-se linfopenia ou linfocitopenia e geralmente está associado a terapia farmacológica prolongada ou imunodeficiência PLAQUETAS por microlitro (mm3) de sangue. As plaquetas permanecem no sangue por aproximadamente 10 dias. A membrana das plaquetas possui livre comunicação com seu interior através de um sistema de canais, de maneira esta, que facilita a liberação de moléculas ativas que são armazenadas nelas. Também possui um citoesqueleto de microfilamentos de actina e moléculas de miosina que, além de manter a forma discoide das plaquetas, também são os responsáveis pela formação de finos prolongamentos, os filopódios, e pela contração das plaquetas. As plaquetas têm um glicocálice espesso, com moléculas importantes para a adesão. No interior das plaquetas, há grânulos denominados alfa, delta e lambda, os quais carregam substâncias específicas: • Grânulos alfa: Fibrinogênio, fatores de coagulação, plasminogênio e fator de crescimento plaquetário – essas substâncias desempenham importante papel na fase inicial de reparo dos vasos, na coagulação sanguínea e na agregação plaquetária; • Grânulos delta: Serotonina, histamina, – que facilitam a adesão das plaquetas e a vasoconstrição na área do vaso lesado – ADP e ATP; • Grânulos lambda: Enzimas lisossômicas – atuam na reabsorção do coágulo durante os estágios mais avançados de reparação dos vasos. O número elevado de plaquetas no sangue (trombocitose) geralmente sinaliza inflamação ou trauma, mas tem pouco significado clínico. Já a trombocitemia essencial é uma doença rara caracterizada pela produção descontrolada de plaquetas, sendo um distúrbio hematológico grave e potencialmente fatal. O baixo número de plaquetas, denominado trombocitopenia, é uma consequência comum do tratamento farmacológico prolongado e de doenças infecciosas como a dengue hemorrágica, podendo ser fatal devido à propensão do paciente para lesões vasculares e hemorragias.
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