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Biomorfo 2 – Laís Nunes [2º semestre] TECIDO SANGUÍNEO O sangue (originado pelo tecido hemocitopoiético, mais conhecido como medula óssea vermelha), é um tecido altamente especializado, formado por alguns tipos de células, que compõem a parte figurada, dispersas numa substância intracelular liquida– o plasma -, que corresponde à parte amorfa. Os constituintes celulares são: glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos); glóbulos brancos (leucócitos) e as plaquetas (fragmentos do citoplasma dos megacariócitos da medula óssea); Está localizado no interior de alguns ossos, como da costela, clavículas, esterno e pélvica, ossos do crânio e nas epífises do fêmur e úmero num indivíduo adulto; Durante o início do desenvolvimento embrionário, no entanto, a produção de elementos figurados do sangue (hematopoese) é responsabilidade do saco vitelínico e, com a progressão da embriogênese, o fígado e o baço assumem tal função antes que a medula óssea entre em atividade plena; FUNÇÃO DO TECIDO SANGUÍNEO Transporte de nutrientes do sistema digestório; Transporte de produtos do catabolismo para excreção; Transporte de metabólitos, produtos celulares (Ex. hormônios e outras moléculas sinalizadoras) e eletrólitos para seu destino final; Transporte de O2 pela hemoglobina para o corpo; Transporte de CO2 pela hemoglobina ou pelo plasma (livre; HCO3-) para os pulmões; Regulação da temperatura do corpo; Manutenção do equilíbrio ácido-base e osmótico dos fluidos corporais; Via de migração dos leucócitos entre os vários compartimentos do tecido conjuntivo; Possibilita a troca de mensagens químicas entre órgãos distantes; Por conter muitos leucócitos, células que desempenham várias funções de defesa e constituem uma das primeiras barreiras contra infecções, percorrem constantemente o corpo, através da diapedese (é a saída ativa de leucócitos do sistema circulatório, por movimentos ameboides) indo rapidamente nos tecidos lesionados ou atacados por microrganismos, nos quais desempenham suas funções defensivas. Tipos de glóbulos Principais produtos Principais funções Eritrócitos Hemoglobina Transporte de O2 e de CO2 Plaquetas Fatores de coagulação do sangue Coagulação sanguínea Linfócitos: Neutrófilo (célula terminal) Grânulos específicos e lisossomos (grânulos azurófilos) Fagocitose de bactérias e fungos. Eosinófilo (célula terminal) Grânulos específicos, substâncias farmacologicamente ativas →Defesa contra helmintos parasitos; modulação do processo inflamatório →Participação em reações alérgicas →Ação antiviral Basófilo (célula terminal) Grânulos específicos contendo histamina e heparina →Liberação de histamina e outros mediadores da inflamação →Participação em reações alérgicas →Imunomodulação de linfócitos T Monócito (não é célula terminal) Lisossomos (grânulos azurófilos) →Diferenciação em macrófagos teciduais, que fagocitam, matam e digerem protozoários, certas bactérias, vírus e células senescentes →Apresentação de antígenos para linfócitos Linfócito B Imunoglobulinas Diferenciação em plasmócitos (células produtoras de anticorpos) Linfócito T (citotóxicos, supressores e helper) Substâncias que matam células. Substâncias que controlam a atividade de outros →Destruição de células infectadas. →Modulação da atividade de outros leucócitos Biomorfo 2 – Laís Nunes [2º semestre] leucócitos (interleucinas) Linfócito NK (natural killer cell) Não tem as moléculas marcadoras dos linfócitos T e B Ataca células infectadas por vírus e células cancerosas, sem necessitar de estimulação prévia Destruição de células tumorais e de células infectadas por vírus COMPOSIÇÃO DO SANGUE O sangue é formado por uma parte líquida na qual se encontram substâncias dissolvidas. Dentre estas moléculas, nutrientes, gases respiratórios, hormônios, excretas e drogas são transportadas de um órgão a outro. Além disso, os elementos figurados constituem a fração sólida do sangue, incluindo células (hemácias e leucócitos) e fragmentos de células (plaquetas). COMPOSIÇÃO DO PLASMA A porção fluida do sangue é chamada de plasma, componente fluído amarelado (matriz extracelular) onde as células, plaquetas, compostos orgânicos e eletrólitos estão suspensos ou dissolvidos, é responsável por aproximadamente 55% do volume total desse tecido; Os componentes de baixo peso molecular do plasma estão em equilíbrio, através das paredes dos capilares e das vênulas, com o líquido intersticial dos tecidos. Por isso, a composição do plasma é um indicador da composição do líquido extracelular; Constituído predominantemente por água (cerca de 90%); havendo ali também substâncias que são transportadas pelo sangue, como hormônios, nutrientes, gases e excretas; além de sais minerais, proteínas e as células sanguíneas; PROTEÍNAS DO PLASMA Proteínas Fonte Função Albumina Fígado Mantém a pressão osmótica colonial e transporta alguns metabólitos insolúveis. Globulinas →alfa e beta- globulinas →gamaglobulinas →Fígado →Plasmócitos →Transporta íons metálicos, lipídios ligados a proteínas e vitaminas lipossolúveis; →Anticorpos da defesa imunológica. Proteínas da coagulação (fibrinogênio, globulina aceleradora, protrombina etc) Fígado Formação de filamentos de fibrina Proteínas do complemento (C1 a C9) Fígado Destruição de microrganismos e início da inflamação Lipoproteínas do plasma →quilomícrons →lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL) → lipoproteínas de baixa densidade (LDL) →Células epiteliais do intestino; →Fígado →Fígado →Transporte de triglicerídeos para o fígado; →Transporte de triglicerídeos do fígado para as células do corpo; →Transporte de colesterol do fígado para o corpo. CÉLULAS DO SANGUE As células do sangue geralmente são estudadas em esfregaços preparados pelo espalhamento de uma gota de sangue sobre uma lâmina, esses esfregaços são corados com misturas especiais, que contêm eosina (corante ácido), azul de metileno (corante básico) e azures (corantes básicos de cor púrpura). Com essas misturas de corantes, as estruturas acidófilas tornam-se de cor rosa, as basófilas, de cor azul e as que fixam os azures, ditas azurófilas, de cor púrpura. ERITÓCITOS Também chamados de hemácias e/ou glóbulos vermelhos, são anucleados (nos mamíferos) e contém uma grande quantidade de hemoglobina responsável pela coloração vermelha (proteína responsável pelo transporte de O2 e CO2); Usam energia derivada da glicose; Ao contrário dos leucócitos, não saem do sistema circulatório, permanecendo sempre no interior dos vasos; Possui forma de disco bicôncavo é mantida por proteínas estruturais do citoesqueleto e ligadas à membrana da hemácia, como, por exemplo, espectrina, anquirina, actina, proteína; Duram cerca de 120 dias, sendo destruídos no baço, fígado e medula por macrófagos; Anormalidades ou deficiências dessas proteínas levam à formação de eritrócitos deformados, como ocorre, por exemplo, na esferocitose e eliptocitose hereditária; Biomorfo 2 – Laís Nunes [2º semestre] HEMOGLOBINA É formada por quatro subunidades, cada uma contendo um grupo heme ligado a um polipeptídio. O grupo heme é um derivado porfirínico que contém fe2+. Dessas variações das cadeias polipeptídicas, os únicos considerados normais são: as hemoglobinas A1, A2 e F; Hemoglobina A1 (Hb A1): representa cerca de 97%; Hemoglobina A2(Hb A2): representa cerca de 2% de um adulto normal; Hemoglobina fetal (Hb F): representa 100% da hemoglobina do feto e cerca de 80% nos recém- nascidos; sua taxa diminui progressivamente até o oitavo mês de idade, quando se alcança 1% é a porcentagem semelhante à de um adulto. ANEMIA As anemias são caracterizadas pela baixa concentração de hemoglobina no sangue, ou pela presença de hemoglobina não funcional, o que resulta em oxigenação reduzida para os tecidos, muitas vezes, a anemia é consequência de uma diminuição no número de eritrócitos, ou o número de eritrócitos pode ser normal, mas cada um deles conter pouca hemoglobina. Nesse caso, os eritrócitos se coram mal, e, por isso, este tipo de anemia é denominado hipocrômica. muitas vezes as anemias são manifestações de outras doenças subjacentes, elas podem ser causadas por: Hemorragia; Produção insuficiente de eritrócitos pela medula óssea; produção de eritrócitos com pouca hemoglobina; Destruição acelerada dos eritrócitos. Anemia falciforme: Essa doença é devida à mutação de um único nucleotídeo no DNA do gene para a cadeia beta da hemoglobina., o código GAA para ácido glutâmico é modificado para GUA, código da valina. A hemoglobina que se forma (Hb S) difere da normal apenas pela presença de valina em vez de ácido glutâmico na posição 6 das cadeias beta da hemoglobina. No entanto, as consequências desta substituição de apenas um aminoácido são imensas. A Hb S se polimeriza e forma agregados que conferem ao eritrócito uma forma comparável a um crescente ou uma foice, esse eritrócito falciforme não tem flexibilidade, é frágil e tem vida curta. O sangue se torna mais viscoso, e o fluxo sanguíneo nos capilares é prejudicado, levando os tecidos a uma deficiência em oxigênio (hipoxia). Pode também haver lesão da parede capilar e coagulação sanguínea. Anemias sideroblásticas: se desenvolvem quando a incorporação de ferro no grupo heme é bloqueada, resultando em um acúmulo de ferro na mitocôndria dos eritrócitos em desenvolvimento. Quando corados com azul da prússia, os depósitos de ferro aparecem como um anel ao redor do núcleo dessas células ainda imaturas. O bloqueio na incorporação do ferro pode ser devido a deficiências na atividade de enzimas envolvidas na síntese do grupo heme. Essas deficiências podem ser hereditárias (p. ex., porfiria) ou adquiridas (p. ex., envenenamento por chumbo). Esferocitose hereditária: um grupo de doenças das hemácias, geneticamente transmitidas, caracterizadas por hemácias esféricas e muito vulneráveis à ação dos macrófagos, causando anemia e outros distúrbios. A esferocitose é consequência de defeitos nas proteínas do citoesqueleto dos eritrócitos, que impossibilitam a manutenção da forma bicôncava. A remoção cirúrgica do baço melhora os sintomas da esferocitose hereditária, porque o baço contém grande quantidade de macrófagos e é o principal órgão em que as hemácias são normalmente destruídas Biomorfo 2 – Laís Nunes [2º semestre] PLAQUETAS São restos celulares originados da fragmentação de células gigantes da medula óssea, conhecidas como megacariócitos. As plaquetas promovem a coagulação do sangue e auxiliam a reparação da parede dos vasos sanguíneos, evitando perda de sangue sendo, por isso, também conhecidas como trombóticos que impedem a ocorrência de hemorragias. Normalmente, existem de 150 mil a 450 mil plaquetas por microlitro (milímetro cúbico) de sangue. Esses corpúsculos permanecem no sangue por aproximadamente 10 dias. Nos esfregaços de sangue, as plaquetas tendem a aparecer em grupos (aglutinação). Elas apresentam uma parte transparente, azul-clara, o hialômero, o qual contém grânulos corados em púrpura, que constituem o cromômero. As plaquetas têm um sistema de canais, o sistema canalicular aberto, que se comunica com invaginações da membrana plasmática da plaqueta, assim, o interior da plaqueta se comunica livremente com sua superfície, disposição que tem importância funcional por facilitar a liberação de moléculas ativas que são armazenadas nas plaquetas. O número elevado de plaquetas no sangue (trombocitose) geralmente sinaliza inflamação ou trauma, mas tem pouco significado clínico. Já a trombocitemia essencial é uma doença rara caracterizada pela produção descontrolada de plaquetas, sendo um distúrbio hematológico grave e potencialmente fatal. O baixo número de plaquetas, denominado trombocitopenia, é uma consequência comum do tratamento farmacológico prolongado e também de doenças infecciosas como a dengue hemorrágica, por exemplo, podendo ser fatal devido à propensão do paciente para lesões vasculares e hemorragias. A participação das plaquetas na coagulação do sangue pode ser resumida da seguinte maneira: Agregação primária: descontinuidades do endotélio produzidas por lesão vascular são seguidas pela absorção de proteínas do plasma sobre o colágeno adjacente. As plaquetas também aderem ao colágeno, formando um tampão plaquetário; Agregação secundária: as plaquetas do tampão liberam ADP, que é um potente indutor da agregação plaquetária, fazendo aumentar o número de plaquetas do tampão; Coagulação do sangue: durante a agregação das plaquetas, fatores do plasma sanguíneo, dos vasos lesionados e das plaquetas promovem a interação sequencial (em cascata) de cerca de 16 proteínas plasmáticas, dando origem a um polímero, a fibrina, e formando uma rede fibrosa tridimensional, que aprisiona eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Forma-se assim o coágulo sanguíneo, mais consistente e firme do que o tampão plaquetário. Um defeito hereditário na formação de uma das proteínas do plasma (fator VIII) resulta na doença hemorrágica conhecida como hemofilia; LEUCÓCITOS Também chamados de glóbulos brancos são células de formato circular, dotadas de núcleo e incolores; São responsáveis pela defesa do organismo, essas células reconhecem moléculas estranhas existentes em diferentes agentes infecciosos, combatendo-as por meio de resposta humoral (produção de imunoglobulinas) e respostas citotóxicas mediadas por células; No sangue são circulantes, correspondendo a 1% do volume sanguíneo; São produzidos na medula óssea, sendo originados através de células tronco, mas a maior parte deles é formada nos nódulos linfáticos, timo e baço, a partir de células que, originalmente provêm da medula óssea (linfoblastos), se diferenciam e amadurecem em um dos cinco tipos principais de leucócitos: neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos e linfócitos. Biomorfo 2 – Laís Nunes [2º semestre] Diversos tipos de leucócitos utilizam o sangue como meio de transporte para alcançar seu destino final, os tecidos; Alguns glóbulos brancos são capazes de sair dos vasos sanguíneos, passar entre as células da parede do vaso (fenômeno da diapedese) e se deslocar entre as células dos órgãos e tecidos, onde fagocitam os corpos estranhos; outros produzem anticorpos com função imunitária. A leucopenia, diminuição da quantidade de leucócitos pode ocorrer devido ao uso de determinados medicamentos, administração de quimioterápicos, como resultado de infecções, deficiência de produção ou destruição por anticorpos; A leucocitose, um aumento da quantidade de leucócitos, pode ser uma resposta a infecções, traumatismos, estresse ou do uso alguns medicamentos. Eles são classificados em dois grupos, os granulócitos e os agranulócitos. Granulócitos: têm núcleode forma irregular e mostram no citoplasma grânulos específicos que,ao microscópio eletrônico, aparecem envoltos por membrana. De acordo com a afinidade tintorialdos grânulos específicos, distinguem-se três tipos de granulócitos: neutrófilos, eosinófilos ebasófilos. Além dos grânulos específicos, essas células contêm grânulos azurófilos, que se coram em púrpura, e são lisossomos. Tipo celular Grânulos específicos Grânulos azurófilos Neutrófilo Fosfatase alcalina Colagenase (gelatinase) Lactoferrina Lisozima Proteínas básicas antibacterianas, não enzimáticas Lipocalina Fosfatase ácida α-Manosidase Arilsulfatase β--Galactosidase β-Glicosidase Catepsina 5'-Nucleotidase Elastase Colagenase Mieloperoxidase Lisozima Proteínas antibacterianas catiônicas Eosinófilo →Proteína catiônica eosinofílica →Peroxidase eosinofílica →Proteína básica principal →Neurotoxina derivada de eosinófilos Basófilo →Histamina →Peroxidase →Proteína básica principal →Sulfatado de condroitina A →Carboxipeptidase A →β-glicuronidase →Basogranulina →Proteína de Charcot - Leyden Agranulócitos: tem forma mais regular e o citoplasma não tem granulações específicas, podendo apresentar grânulos azurófilos, inespecíficos, presentes também em outros tipos celulares. Há dois tipos de agranulócitos : os linfócitos e os monócitos;
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