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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Prolapso dos órgãos genitais Deslocamento das vísceras no sentido caudal, em direção ao hiato genital. Decorre do desequilíbrio entre as forças que mantêm os órgãos pélvicos em sua posição normal e aquelas que tendem a impeli-los para fora da pelve. O descenço da parede vaginal anterior e/ou posterior assim como do ápice da vagina (cérvix/útero) ou da cúpula vaginal (pós histerectomia). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Importância do tema: - Adequação social; - Qualidade de vida: pode interferir nas atividades de rotina e saúde sexual; - Favorece afecções vulvovaginais e dermatológicas; - Acesso dificultado por medo e constrangimento; - O deslocamento dos órgãos pode resultar em incontinência urinária e outras disfunções da micção; A função vesicouretral envolve mecanismos complexos que se estendem desde o córtex cerebral até a musculatura vesicuretral, abrangendo mecanismos neurológicos e físicos, o sistema simpático e parassimpático, além de mecanismos voluntários e involuntários e mediadores citoquímicos; Preservação da função renal é aspecto importante da micção. - Prolapso de parede anterior (cistocele) é o que mais ocorre. - POP: prolapso de órgãos pélvicos. - Mulheres brancas têm um assoalho pélvico mais frágil. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Fisiopatogenia O suporte dos órgãos pélvicos depende de dois mecanismos principais: o tecido ligamentar, também chamado de fáscia endopélvica, e o diafragma pélvico (músculo elevador do ânus e coccígeo). O diafragma pélvico serve como um suporte para os órgãos pélvicos que repousam sobre ele. Na vigência de aumento da pressão abdominal, ocorre concomitantemente contração do músculo elevador do ânus, levando ao estreitamento do hiato genital (HG), que colabora na prevenção do prolapso genital. Quando ocorre lesão do músculo elevador do ânus, este perde sua capacidade de sustentação dos órgãos pélvicos, que passa a ser exercida pelo tecido ligamentar, o qual, por sua vez, após contínua tensão, passa a se distender, podendo levar ao prolapso genital. Sabe-se que, durante o parto vaginal, o músculo elevador do ânus tem distensão de 25% a 245%. Essa distensão pode acarretar lesão muscular, que é um fator de risco para o aumento do HG, importante na fisiopatologia do prolapso. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C - Sustentação: músculos. - Suspensão: ligamentos. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Quadro clínico Dor, desconforto ou sensação de peso. Exteriorização total ou parcial do útero e/ou paredes vaginais. Corrimento ou sangramento (úlceras de decúbito). Disúria, polaciúria e urgência miccional. Incontinência ou retenção urinária. Dificuldade às evacuações. A queixa mais comumente referida pela paciente com prolapso genital é a sensação de peso ou “bola na vagina”. Isso pode significar que ela já pode ter inclusive visualizado a saída do conteúdo prolapsado. Também ela pode referir pressão na pele ou dor lombossacra. Às vezes, ela refere que, durante a saída do prolapso no ato miccional ou defecatório, ela precisa recolocar o prolapso para dentro da vagina (redução manual), a fim de finalizar a micção ou defecação. Outros sintomas associados são: polaciúria, infecção urinária de repetição, esvaziamento urinário ou fecal incompleto, dispareunia, frouxidão vaginal e incontinência urinária de esforço. - No exame físico é possível identificar qual parede prolapso. Na primeira imagem, o dedo do examinador entra por baixo do prolapso = prolapso de parede anterior. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Classificação A necessidade de se registrarem os achados de exame físico em um padrão reprodutível e inteligível, com o objetivo de se estabelecerem critérios de gravidade para melhor intervenção terapêutica. As classificações mais utilizadas são: - Quantificação do prolapto de órgãos pélvicos (POP-Q) adotado pela ICS em 1996. - Classificação de Baden-Walker (subjetiva) classifica o prolapso em estáfios de 0 a 4. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Medidas 6 medidas dinâmicas (precisam da manobra valsava) e 3 medidas estáticas (não mudam se for feito força, tendo sempre a mesma medida). Ponto de referência é o hímen (ponto 0). Antes do hímen (para dentro da vagina) é negativo. Após o hímen (para fora da vagina) é positivo. Todos os valores em centímetros colocar régua dentro da vagina. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C A carúncula himenal é o ponto zero dessa classificação, sendo negativo o que estiver acima e positivo o que estiver abaixo. A mensuração é realizada em centímetros. Seis pontos de referência são usados: dois na parede vaginal anterior (Aa, Ba), dois na posterior (Ap, Bp), um no lábio anterior do colo uterino (C) e um no fundo de saco posterior, na inserção do ligamento uterossacro com a cérvix (D). O CP, o HG e o comprimento vaginal total (CVT) são também quantificados em centímetros, porém sem valores positivos ou negativos. Pontos dinâmicos: Aa: 3 cm para dentro da parede vaginal anterior (-3 cm) local de repouso fisiológico da bexiga sobre a parede anterior. Por definição, a variação do ponto Aa em relação ao hímen é de -3 a +3. É aferido em situação de manobra de Valsalva. Ba: Ponto de maior prolapso da parede vaginal anterior. É aferido em situação de manobra de Valsalva. - Na ausência de prolapso, o ponto Ba coincide com o ponto Aa: se não tiver prolapso Aa = Ba = - 3 cm. Ap: Ponto localizado na linha média da parede vaginal posterior, 3 cm proximal ao hímen. Por definição, a variação do ponto Ap em relação ao hímen é de -3 a +3. É aferido em situação de manobra de Valsalva. Bp: Ponto de maior prolapso da parede vaginal posterior. - Na ausência de prolapso, o ponto Bp coincide com o ponto Ap: se não tiver prolapso Ap = Bp. C: Ponto de maior prolapso do lábio anterior do colo (representa a região mais distal do colo uterino). É aferido em situação de manobra de Valsalva. D: Fundo de saco de Douglas ausente se histerectomizada (se ela não tem útero, ela não tem ponto D). É aferido em situação de manobra de Valsalva. Pontos estáticos: HG: Hiato genital (abertura do introito vaginal) Medida entre o meato uretral externo e o hímen na linha média da parede vaginal posterior. É aferido em situação de repouso da paciente. CP: Corpo perineal Estende-se da margem posterior do HG ao ponto localizado no meio do esfíncter anal externo. É aferido em situação de repouso da paciente. CVT: Comprimento vaginal total. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Diagnóstico Tratamento O tratamento do prolapso genital se divide em conservador ou cirúrgico, dependendo da vontade da paciente e de suas condições clínicas. O tratamento definitivo é sempre o cirúrgico, podendo ser obliterativo ou reconstrutivo, e várias técnicas foram descritas com as mais variadas taxas de cura e morbidade. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Não existe uma única técnica ideal; idade, presença de vida sexual, comorbidades associadas, desejo da paciente de operar e experiência do cirurgião são fatores que devem ser considerados. Tratamento conservador Pessários vaginais: são dispositivos inseridos na vagina para prover suporte estrutural a qualquer defeito apresentado no assoalho pélvico. Fisioterapia: o treinamento dos músculos do assoalho pélvico (TMAP) pode ser utilizado em mulheres com prolapso genital. Tratamento cirúrgico