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Prolapso de órgãos pélvicos (POP) Anatomia: A pelve feminina garante apoio aos órgãos pélvicos através da interação dos músculos do assoalho pélvico com os anexos do tecido conjuntivo e a pelve óssea. Os músculos levantadores do ânus são um par de músculos estriados, compostos pelas porções pubococcígea, puborretal e iliococcígea e fornece uma base firme de sustentação onde repousam os órgãos. A porção iliococcígea forma um arco entre as duas paredes laterais da pelve; a pubococcígea emerge no osso púbico de ambos os lados, se inserindo no cóccix (importante para a suspensão da parede vaginal); já a puborretal forma uma alça com origem no púbis. A atividade dos músculos levantadores do ânus eleva o assoalho pélvico e comprime a vagina, uretra e reto, de encontro ao osso púbico. Os ligamentos uterossacrais contribuem para o suporte apical, suspendendo e estabilizando o útero, o colo uterino e a parte superior da vagina. Além disso, estabilizam os órgãos pélvicos na posição correta, para que os músculos pélvicos façam um suporte adequado. A vagina é formada por um tubo fibromuscular, achatado e cilíndrico, que apresenta três níveis de sustentação, todos conectados por uma rede contínua de suporte da fáscia endopélvica. ✓ Nível 1: Constituído pelo complexo ligamento uterossacral/cardinal, que suspende o útero e a vagina superiormente ao sacro e à parede lateral pélvica. A deficiência desse nível contribui para o prolapso do útero e/ou do ápice vaginal. ✓ Nível 2: Constitui-se por ligações paravaginais ao longo do comprimento a vagina até a fáscia superior do músculo levantador do ânus e a fáscia tendínea do arco pélvico; a perda desse suporte contribui para o prolapso da parede vaginal anterior e lateral. ✓ Nível 3: Compreende o corpo perineal, a membrana perineal e músculos perineais superficiais e profundos, que sustentam o terço distal da vagina e o introito vaginal. A perda desse suporte anteriormente pode resultar em prolapso da parede anterior e posterior, alargamento do introito e deiscência perineal. Prolapsos de Órgãos Pélvicos Prolapsos de Órgãos Pélvicos Kathlyn Póvoa Definição: O prolapso de órgãos pélvicos é definido como o descenso da parede vaginal anterior e/ou posterior e o ápice da vagina (útero ou cúpula vaginal na mulher histerectomizada). Os sintomas podem ocorrer em qualquer idade, mas tem seu pico entre os 70 e 79 anos, e a disfunção do assoalho pélvico é mais importante em idosas, afetando ate 50% das mulheres nessa época da vida. Etiologia: multifatorial, podendo se desenvolver ao longo de anos Fatores de risco: • Idade avançada (perda do tônus e função da musculatura esquelética) • Multiparidade (possivelmente por lesões no musculo levantador do anus ou nervos locais – principalmente o pudendo- durante o parto). • Relacionados ao parto (alto peso do bebe ao nascer, período expulsivo prolongado, uso de fórceps, idade materna menor q 25 anos no 1º parto) • Aumento da pressão intra-abdominal (obesidade ou doenças como constipação crônica, DPOC e levantamento repetitivo de peso); • Histerectomia (depende da abordagem cirúrgica, idade da paciente, existência ou não de prolapso no momento da cirurgia); • Doenças genéticas que causem alteração do colágeno ou elastina (enfraquece da força de tensão da parde vaginal) • Espinha bífida oculta; • Raça (mulheres latinas e brancas tem 4-5x maior risco) • História familiar (aumenta em 2,5x o risco) Fisiopatogenia: O suporte dos órgãos pélvicos depende de dois mecanismos principais: o tecido ligamentar, também chamado de fáscia endopélvica, e o diafragma pélvico (musculo elevador do anus e coccígeo). Quando ocorre lesão do musculo elevador do anus, este perde sua capacidade de sustentação dos órgãos pélvicos, que passa a ser exercida pelo tecido ligamentar, o qual, por sua vez, após contínua tensão, passa a se distender podendo levar ao prolapso genital. Sabe-se que durante o parto vaginal, o musculo elevador do anus tem distensão de 25% a 245%, o que pode acarretar lesão muscular (por avulsão ou por estiramento muscular). Classificação: Sistema de quantificação do prolapso de órgãos pélvicos (POPQ): O método consiste em colocar dois pontos de referencia na parede vaginal anterior e posterior, um no colo uterino e outro no fundo de saco posterior, que é omitido em pacientes histerectomizadas. A carúncula himenal é o ponto 0 dessa classificação, sendo negativo o que estiver acima, e positivo o que estiver abaixo: Ponto AA: localizado na linha media da parede vaginal anterior, 3cm proximal do meato uretral externo, correspondendo aproximadamente à junção uterovesical. Pode ser de -3 a +3. É aferido em manobra de Valsalva. Ponto Ba é o ponto de maior prolapso da parede anterior, está entre o ponto A e o Ponto C. É aferido em Valsalva. Ponto C é o ponto de prolapso do colo uterino, ele que diz qual o maior ponto de prolapso cervical. Ponto Ap encontra-se a 3 cm para dentro na parede posterior e deve-se medir o quanto ele ficará para fora; Ponto Bp: é o ponto máximo de prolapso da parede posterior. Hiato genital (HG): medida entre o meato uretral externo e o hímen na media da parede vaginal posterior. É aferido em situação de repouso Corpo perineal: estende-se da margem posterior do HG ao ponto localizado no meio do esfíncter anal externo. É aferido em situação de repouso da paciente; Comprimento vaginal total: distancia da margem posterior do HG ao fundo de saco posterior (ponto D) ou cúpula da vagina (C) na mulher histerectomizada. É aferido em situação de repouso. Para medir esses pontos, utiliza-se um palito demarcado de 1 em 1 cm. Por meio da quantificação do prolapso pelos pontos de referencia citados, ele é dividido em cinco estágios para facilitar a descrição populacional: Na ausência de prolapso, os pontos Aa, Ba, C, D, Ap e Bp tem valores negativos. São os seguintes estágios: Estagio 0 Ausência de prolapso genital Estagio 1 Ponto de maior prolapso -1 Estagio 2 Ponto de maior prolapso entre -1 e +1 Estagio 3 Ponto de maior prolapso +2 e <CVT -2 Estagio 4 Ponto de maior prolapso >= CVT -2 Sistema Baden – Walker: Cada estrutura prolapsada é descrita individualmente através de graus. Os graus são definidos pela extensão do prolapso, de acordo com a observação ao exame físico. Menos preciso que o POPQ. GRAU 0 Posição normal de cada estrutura GRAU 1 O ponto de maior prolapso esta antes da carúncula himenal GRAU 2 O ponto de maior prolapso esta entre 1cm acima e 1 cm abaixo do hímen GRAU 3 O ponto de maior prolapso ultrapassou anteriormente a carúncula himenal, >1cm abaixo do hímen (Prolapso parcial) GRAU 4 Prolapso total Quadro clinico: As pacientes acometidas normalmente são assintomáticas, porém, outras apresentam sintomas relacionados à protrusão de estruturas, como protuberância ou pressão vaginal. Apesar disso, podem apresentar também sintomas específicos da estrutura afetada, como: • Disfunção urinaria (incontinência urinaria de esforço, dificuldade de esvaziamento de bexiga) • Disfunção defecatória (sensação de esvaziamento incompleto, urgência fecal, incontinência fecal, sintomas obstrutivos) • Disfunção sexual (interferência no orgasmo e satisfação sexual) Queixa comum: bola na vagina A gravidade dos sintomas não está diretamente relacionada ao estágio do prolapso. Diagnostico: • Queixas clinicas • Exame físico, incluindo inspeção, exame especular, exame reto-vaginal, exame neuromuscular. • US • Teste urodinâmico Tratamento: 1- Expectante/Observação: proposto em mulheres assintomáticas, e viável para as que toleram os sintomas 2- Conservador: 1ª opção para todas as mulheres com POP sintomático. a) Pessários vaginais: dispositivos de silicone inseridos na vagina para prover suporte estrutural a qualquer defeito apresentado no assoalho pélvico(exceto o distal). O sucesso depende da capacidade do paciente em usar corretamente e comparecer às avaliações. É recomendado preparo prévio da mucosa vaginal com cremes à base de estrogênios nas mulheres na pós menopausa. Ulceras, fissuras, dor local, desconforto são alguns dos motivos de abandono do tratamento. GRAU 2 GRAU 3 GRAU 4 O prolapso é uma condição progressiva, com quadros leves evoluindo para doenças mais avançadas. Porém, provavelmente o curso é progressivo até a menopausa, quando o grau do prolapso assume característica de progressão e regressão alternadas. b) Fisioterapia: o treinamento dos músculos do assoalho pélvico pode ser utilizado em mulheres com prolapso genital. Atraves dos exercícios as mulheres aprendem a contrair os músculos antes e durante os períodos de aumento da pressão intra abdominal, preenindo a deiscência do órgão 3- Cirúrgico: a- Tratamento reconstrutivo do compartimento anterior: correção sitio-especifica ou pelo uso de telas que diminuem as recidivas da cirurgia convencional b- Colporrafia anterior: incisionar a parede anterior da vagina na região do defeito central. Consiste em separar o resquício de fascia existente nas bordas laterais da ferida operatória e plicá-las centralmente. c- Tratamento reconstrutivo do compartimento posterior: via vafinal ou transanal. d- Colporrafia posterior: para defeitos centrais da fascia retrovaginal e- Reparo do defeito transverso: identifica defeitos transversos mais laterias ou próximos ao anel pericervical. f- Reparo transanal: realizado por coloproctologistas. g- Tratamento reconstrutivo do compartimento apical: obliterativo ou reconstritivo. h- Fixação do ligamento uterossacro i- Fixação sacroespinhal vaginal j- Preservação uterina ou não para correção do prolapso apical k- Uso de telas em cirurgias vaginais l- Tratamento obliterativo do compartimento apical
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