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1 Khilver Doanne Sousa Soares Pericardite Pericardite Os distúrbios pericárdicos mais importantes causam acúmulo de líquido, inflamação, constrição fibrosa, ou alguma combinação desses processos, geralmente em associação a outra patologia cardíaca ou uma doença sistêmica; a doença pericárdica isolada é incomum. Fonte: Site Centro de Cardiologia. Acessado em 14/01/2021. https://cardiologiahmt.com.br/pericardite- idiopatica/ Fonte: Site Cardio Aula. Acessado em 14/01/2021. http://blog.cardioaula.com.br/artigos- cardiologia/pericardite-aguda-e-recorrente/ A inflamação pericárdica pode ocorrer em decorrência de vários distúrbios cardíacos, torácicos ou sistêmicos, metástases de neoplasias remotas, ou procedimentos cirúrgicos cardíacos. A pericardite primária é incomum e quase sempre de origem viral. A maioria desencadeia uma pericardite aguda, mas algumas, tais como a tuberculose e os fungos, produzem reações crônicas. As principais causas de pericardite são: Causas de Pericardite Agentes Infecciosos Vírus Bactérias piogênicas Tuberculose Fungos Outros parasitas Causas Provavelmente Imunomediadas Febre reumática Lúpus eritematoso sistêmico Esclerodermia Pós-cardiotomia Síndrome pós-infarto do miocárdio (Dressler) Reação de hipersensibilidade a fármacos Outras Infarto do miocárdio Uremia Após cirurgia cardíaca Neoplasia Trauma Radiação Pericardite Aguda A pericardite serosa é tipicamente produzida por doenças inflamatórias não infecciosas, tais como febre reumática, LES e esclerodermia, além de tumores e uremia. Uma infecção nos tecidos contíguos ao pericárdio — por exemplo, a pleurite bacteriana — pode provocar uma irritação na serosa pericárdica parietal, suficiente para causar um derrame seroso estéril, que pode progredir para uma pericardite serofibrinosa e, por fim, para uma reação supurativa evidente. https://cardiologiahmt.com.br/pericardite-idiopatica/ https://cardiologiahmt.com.br/pericardite-idiopatica/ http://blog.cardioaula.com.br/artigos-cardiologia/pericardite-aguda-e-recorrente/ http://blog.cardioaula.com.br/artigos-cardiologia/pericardite-aguda-e-recorrente/ 2 Khilver Doanne Sousa Soares Em alguns casos, uma infecção viral bem definida e situada em outro local — infecção no trato respiratório superior, pneumonia, parotidite — antecede a pericardite e atua como foco primário da infecção. Obs.: é raro, geralmente em jovens adultos, que uma pericardite viral ocorra como uma infecção primária aparente que pode estar acompanhada de miocardite (miopericardite). Obs.2: Tumores podem causar uma pericardite serosa pela invasão linfática ou propagação contígua direta no pericárdio. Histologicamente, a pericardite serosa produz um infiltrado inflamatório leve na gordura epipericárdica, consistindo predominantemente em linfócitos; a pericardite associada ao tumor também pode apresentar células neoplásicas. A organização em aderências fibrosas ocorre raramente. Fonte: Site 3tres3. Os sinais da necropsia são consistentes com pericardite e serosite difusa causada pela bactéria Haemophilus parasuis. Esta patologia é frequente e também se conhece como Doença de Glasser. Acessado em 14/1/2021. https://www.3tres3.com.pt/atlas/pericardite-fibrinosa_100 A pericardite fibrinosa e a serofibrinosa são os tipos mais frequentes de pericardite; elas são compostas por um líquido seroso, variavelmente mesclado a um exsudato fibrinoso. Os sintomas da pericardite fibrinosa, tipicamente, incluem dor (aguda, pleurítica e dependente de posição) e febre; a insuficiência congestiva também pode estar presente. Um atrito pericárdico sonoro é o achado clínico mais notável. Obs.: uma coleção de líquido seroso pode, na verdade, evitar o atrito por meio da separação das duas camadas do pericárdio. A pericardite purulenta ou supurativa vem da infecção ativa provocada pela invasão de micróbios no espaço pericárdico; isso pode ocorrer em função da: • Propagação direta a partir de infecções vizinhas, tais como empiema da cavidade pleural, pneumonia lobar, infecções mediastinais, ou da propagação de um abscesso anular através do miocárdio ou da raiz da aorta; • Disseminação pelo sangue; • Propagação linfática; • Introdução direta durante uma cardiotomia. O exsudato varia de um líquido turvo fino a um pus evidente, com um volume de até 400 a 500 mL. As superfícies serosas estão avermelhadas, granulares e cobertas com exsudato. A resposta inflamatória intensa e a cicatrização subsequente frequentemente produzem pericardite constritiva, uma consequência grave. Os achados clínicos na fase ativa são semelhantes àqueles vistos na pericardite fibrinosa, embora a infecção evidente leve a sintomas sistêmicos mais acentuados, incluindo picos febris e calafrios. https://www.3tres3.com.pt/atlas/pericardite-fibrinosa_100 3 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: Site Anatpat Unicamp. Pericardite fibrinosa (exemplo de inflamação aguda pseudomembranosa cruposa). Acessado em 14/01/2021. http://anatpat.unicamp.br/pecasinfl7.html A pericardite hemorrágica possui um exsudato composto por sangue misturado com derrame fibrinoso ou supurativo; ela é mais comumente causada pela disseminação de uma neoplasia maligna ao espaço pericárdico. Nesses casos, o exame citológico do líquido removido por pericardiocentese frequentemente revela células neoplásicas. A pericardite hemorrágica também pode ser encontrada nas infecções bacterianas, nos pacientes com diátese hemorrágica subjacente e na tuberculose. A pericardite hemorrágica aparece com frequência após uma cirurgia cardíaca e, às vezes, é responsável por uma perda significativa de sangue ou mesmo por tamponamento, exigindo uma nova cirurgia. A importância clínica é semelhante àquela do espectro da pericardite fibrinosa ou supurativa. Fonte: Site Ulisboa. Pericardite sero-hemorrágica, num caso de doença do coração em amora. Observe-se a presença de sangue no saco pericárdico a as aderências, que, entretanto, se formaram entre os dois folhetos da serosa. O miocárdio apresenta-se congestionado. Acessado em 14/01/2021. http://www.fmv.ulisboa.pt/atlas/cardiovascular/paginas_pt/ cardio_042.htm A pericardite caseosa é, até que se prove o contrário, de origem tuberculosa; raramente as infecções fúngicas desencadeiam uma reação similar. Ocorre envolvimento pericárdico por disseminação direta a partir de focos tuberculosos dentro dos linfonodos traquebrônquicos. Obs.: a pericardite caseosa é um antecedente comum da pericardite constritiva, fibrocalcificada, crônica e incapacitante. Pericardite Crônica ou Curada Em alguns casos, há a produção apenas de espessamentos fibrosos nas membranas serosas (“placa do soldado”) ou aderências finas e delicadas que raramente causam distúrbios na função cardíaca. Em outros, a fibrose oblitera completamente o saco pericárdico na forma de aderências filamentosas (semelhantes a malha). Obs.: quase sempre essa pericardite adesiva não apresenta efeito na função cardíaca. A mediastinopericardite adesiva pode suceder a pericardite infecciosa, cirurgia cardíaca anterior ou irradiação do mediastino. O saco pericárdico está obliterado, e a aderência da face externa da camada parietal às estruturas circunjacentes dificulta a função cardíaca. Em cada contração sistólica, o coração exerce uma tração não apenas sobre o pericárdio parietal, mas também sobre as estruturas fixadas circunjacentes. Podem ser observados retração sistólica do gradil costal e do diafragma, pulso paradoxal e vários outros achados clínicos característicos. Ocasionalmente, a sobrecarga de trabalho aumentada provoca hipertrofia e dilatação cardíacas graves. Na pericardite constritiva, o coração é envolvido por um tecido cicatricial fibroso ou fibrocalcificado denso, que limita a expansão diastólica e o débito cardíaco, aspectos que http://anatpat.unicamp.br/pecasinfl7.htmlhttp://www.fmv.ulisboa.pt/atlas/cardiovascular/paginas_pt/cardio_042.htm http://www.fmv.ulisboa.pt/atlas/cardiovascular/paginas_pt/cardio_042.htm 4 Khilver Doanne Sousa Soares imitam a cardiomiopatia restritiva. Uma história prévia de pericardite pode ou não estar presente. O tecido cicatricial fibroso pode ter até 1 cm de espessura, obliterando o espaço pericárdico e, às vezes, calcificando; em casos extremos, ele pode assemelhar-se a um molde de gesso (concretio cordis). O débito cardíaco pode estar reduzido em repouso, mas, de modo mais importante, o coração apresenta pouca ou nenhuma capacidade de aumentar seu débito em resposta à maior demanda sistêmica. Os sinais de pericardite constritiva incluem sons cardíacos distantes ou abafados, pressão venosa jugular elevada e edema periférico. O tratamento consiste na ressecção cirúrgica da carapaça de tecido fibroso constritivo (pericardiectomia). ECG na Pericardite É interessante observar que o ECG é tão característico de pericardite que, isoladamente, permite o diagnóstico, independentemente de outros dados clínicos. As manifestações características de pericardite aguda no ECG são: supradesnivelamento difuso do segmento ST, infradesnivelamento do segmento PR e taquicardia sinusal. A elevação do segmento ST é consequente à lesão inflamatória subepicárdica do miocárdio adjacente ao pericárdio. Ao contrário da lesão isquêmica do infarto agudo do miocárdio, que causa comprometimento regional do coração, na pericardite, o supradesnivelamento de ST é difuso, ocorrendo em muitas derivações, com exceção de aVR. O segmento ST na maioria das vezes apresenta concavidade superior, adquirindo a morfologia denominada “ST feliz”, por analogia à figura “”. O infradesnivelamento do segmento PR decorre da lesão inflamatória na parede dos átrios. Essas duas alterações (supradesnivelamento de ST e infradesnivelamento de PR) concomitantes são patognomônicas de pericardite aguda porque caracterizam o comprometimento difuso, tanto atrial como ventricular, da membrana que envolve o coração. A taquicardia sinusal resulta do comprometimento da região epicárdica do miocárdio, contígua ao pericárdio, semelhante à de uma miocardite. De fato, em muitos casos ocorre miopericardite com predomínio da inflamação do pericárdio. Apesar das diferenças citadas, as alterações de ST-T de pacientes com pericardite podem simular infarto agudo do miocárdio, principal diagnóstico diferencial no ECG. O critério mais importante para esta distinção é a ausência de surgimento de ondas Q patológicas nos casos de pericardite. Além do infarto do miocárdio e da pericardite, várias outras condições podem determinar supradesnivelamento de ST: bloqueio do ramo esquerdo, sobrecarga ventricular esquerda, repolarização precoce (variante normal), vasoespasmo coronário (angina de Prinzmetal), aneurisma de ventrículo, síndrome de Brugada, miocardite, tromboembolismo pulmonar, hemorragia cerebral, hiperpotassemia e ferimento cardíaco. Assim, na suspeita de pericardite, a análise detalhada do ECG e o quadro clínico são importantes para excluir outras causas de elevação do segmento ST 5 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: Site Medicina NET. Acessado em 14/01/2021. http://www.medicinanet.com.br/conteudos/casos/4205/pericardite.htm Fonte: Site MSD Manuals. Pericardite aguda: ECG, estágio 1; Segmentos ST, exceto no aVR e V1, demonstram elevação côncava. As ondas T são essencialmente segmentos PR, exceto aVR e V1, que estão deprimidos. Acessado em 14/01/2021. https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/miocardite-e-pericardite/pericardite Fonte: Site Cardio Papers. Fases do ECG onde ocorrem as alterações características de pericardite aguda. Acessado em 14/01/2021. https://cardiopapers.com.br/ecg- na-pericardite-aguda/ http://www.medicinanet.com.br/conteudos/casos/4205/pericardite.htm https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/miocardite-e-pericardite/pericardite https://cardiopapers.com.br/ecg-na-pericardite-aguda/ https://cardiopapers.com.br/ecg-na-pericardite-aguda/ 6 Khilver Doanne Sousa Soares Estágios Alterações no ECG Estágio I (primeiras horas a dias) Elevações difusas do Segmento ST ( tipicamente concavidade para cima); Ondas T concordantes com desnivelamento do Seg ST; Depressão de ST em V1 ou aVR; Infra desnivelamento do segmento PR ( principalmente em V5 e V6 associado a elevação do segmento PR em aVR; ausência de desnivelamento de seg St recíprocos (imagem em espelho) Estágio II ( dias a várias semanas) Normalização do segmento ST e PR; achatamento da onda T Estágio III ( final da segunda / terceira semana) Inversão difusas de Onda T, geralmente após o segmento ST ter normalizado Estágio IV ( pode durar até 3 meses) Normalização do ECG ou persistência de Onda T negativa. Fonte: Site Cardio Papers. Acessado em 14/01/2021. https://cardiopapers.com.br/ecg-na-pericardite-aguda/ Doenças Autoimunes O sistema imunológico precisa primeiro reconhecer as substâncias estranhas ou perigosas antes de poder defender o corpo contra elas. Estas substâncias incluem bactérias, vírus, parasitas (como vermes), algumas células cancerígenas e até órgãos e tecidos transplantados. Estas substâncias possuem moléculas que o sistema imunológico é capaz de identificar e que podem estimular uma resposta do sistema imunológico. Estas moléculas são chamadas de antígenos. Os antígenos podem estar contidos dentro de células ou na superfície celular (como nas bactérias ou células cancerígenas) ou fazer parte de um vírus. Alguns antígenos como o pólen ou as moléculas de alimentos podem existir de forma autônoma. As células nos próprios tecidos da pessoa também possuem antígenos. Normalmente, o sistema imunológico reage apenas aos antígenos de substâncias estranhas ou perigosas e não aos antígenos dos próprios tecidos da pessoa. No entanto, às vezes o sistema imunológico funciona de forma incorreta, considerando os próprios tecidos do organismo como elementos estranhos e produzindo anticorpos anômalos (denominados autoanticorpos) ou células imunológicas que vigiam e atacam determinadas células ou tecidos do organismo. Esta resposta é denominada reação autoimune. Resulta em inflamação e dano tecidual. Estes efeitos podem constituir uma doença autoimune, mas muitas pessoas produzem quantidades tão pequenas de autoanticorpos que não chegam a desenvolver uma doença autoimune. Ter autoanticorpos no sangue não significa que uma pessoa tenha uma doença autoimune. Existem muitas doenças autoimunes. Algumas das doenças autoimunes mais comuns incluem a doença de Graves, artrite reumatoide, tireoidite de Hashimoto, diabetes mellitus tipo 1, lúpus eritematoso sistêmico (lúpus) e vasculite. Outras doenças que se acredita serem autoimunes incluem a doença de Addison, polimiosite, síndrome de Sjögren, esclerose sistêmica progressiva, muitos casos de glomerulonefrite (inflamação dos rins) e alguns casos de infertilidade. Referências KUMAR, V.; ABBAS, A.K.; FAUSTO, N.; ASTER, J.C. Robbins & Cotran Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. FRIEDMANN, Antonio Américo. Eletrocardiograma típico de pericardite. Diagnóstico e Tratamento, São Paulo, v.22, n.3, p.119-120. SERODIO, João Fernandes. et. al. Etiologia, Tratamento e Prognóstico da Pericardite Aguda. Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Amadora, v.27, n.1, p.22-27. https://cardiopapers.com.br/ecg-na-pericardite-aguda/
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